2 – Amante
por Dietrich“Eu canto à Xena, a Princesa Guerreira, a defensora dos injustiçados, a guerreira em redenção. Eu canto a Xena, meu amor e minha paixão, minha….” Largo o pergaminho e suspiro, resignada e frustrada com a palavra que ainda falta nesse pergaminho. Minha amante.
Já faz uma semana que finalmente abrimos nosso coração uma para a outra. E não é que não tenhamos nos beijado, não é que eu não tenha dormido em seus braços e sentido o calor de seu corpo. E nunca canso de dizer o quanto a amo e meu coração se alegra ao ver como ela se ilumina quando o falo. Mas ela ainda não é minha amante.
Hoje, por exemplo, quase morro de desejo e frustração. Estávamos acampadas na beira de um rio, e ela tinha acabado de pescar e estava se secando enquanto eu preparava a frigideira e o fogo. Enquanto os peixes assavam, ficamos sentadas na beira do rio o apreciando, ela recostada num tronco de árvore e eu recostada nela. Me deixei levar pela paz do momento, apenas fechei os olhos e descansei em seus braços, imensamente feliz de agora poder fazer isso, estar junto dela sempre que eu quisesse.
A senti beijar suavemente meu ombro, e logo após meu pescoço e o topo da minha cabeça. Em resposta me virei para beijar seus lábios e passei uma de minhas pernas por sobre a dela, para poder ficar frente a frente e a beijar do jeito que eu queria. Como tantas outras vezes, o beijo se intensificou, e tudo que eu queria e precisava era ela. E como outras vezes, ela fez menção de interromper quando minha paixão estava à beira de se tornar incontrolável. Mas dessa vez eu não deixei. Quando ela fez questão de se afastar, fiz questão de puxá-la, quando ela tirou os braços de minha cintura eu os coloquei de volta e a beijei com todo o fervor de que era capaz.
Quando ela afastou novamente os lábios dos meus quase gritei de frustração, mas logo após os senti em meu pescoço, não da forma suave de antes, mas com a mesma intensidade com que beijara meus lábios e uma de suas mãos saíra de minha cintura e subira para acariciar a base do meu seio. Sua boca agora estava em meu pescoço, em meu colo, suas mãos me percorriam sem destino e eu não podia evitar de gemer alto, o nome dela em meus lábios, eu estava tão entregue que tinha perdido a noção de onde estava. Eu podia a ouvir gemer também, senti seus dentes arranharem meu ombro, suas unhas na parte desnuda de minhas costas….
– Gabrielle, o peixe está queimando!
De repente, ela estava virando o peixe na frigideira e eu estava sentada sozinha, trêmula, sem forças e sem palavras, o corpo inteiro em chamas, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir.
Novamente eu terei que tomar providências para conseguir o que eu quero dessa mulher.
XENA
Oh Gabrielle, Gabrielle! Será que você tem ideia do que está provocando?
Eu a amo tanto! E a última coisa que quero é a magoá-la ou machucá-la de alguma forma. Eu também a desejo tanto que, por mais que nossos dias juntas sejam tão lindos e cheios de amor, são também uma pequena tortura que tenho de vencer dia a dia. Tenho que vencer a ânsia de tomá-la tão intensamente quanto desejo, de fazê-la minha, totalmente minha, de devorar cada pedaço seu.
Sei o suficiente sobre ela para saber que não tem experiência nos aspectos mais carnais do amor. Óbvio que ela sabe o que é desejo e paixão e é claro que ela me quer e quer que eu a tome, mas ainda assim… Eu fui uma Conquistadora, uma pessoa que conheceu o sexo associando-o ao poder e a dominação, aos seus aspectos mais selvagens e instituais. Nunca conheci o sexo relacionado ao amor. E por mais que a ame da forma mais pura que jamais amei alguém, quando a vejo, quando a toco e beijo, quando sinto seu corpo, tudo que me desperta vem com a carga desse passado.
Mas sei que ela não me deixará escapar impune por muito tempo.
Quando menos percebo ela está ao meu lado e retirou a frigideira do fogo.
– Deixa o peixe pra lá, Xena.
Eu apenas sorrio, resignada. Olho para ela e o olhar dela é meio desesperado.
– Xena, você não me quer?
Fico chocada com a pergunta. Como ela poderia imaginar isso?
– Porque eu quero tanto fazer amor com você – ela diz.
Ela não poderia ser mais direta do que isso. Não me deixa escapar mesmo…
– Gabrielle… Eu te quero e te desejo mais que tudo.
– O que a está impedindo?
– Tenho medo de te machucar.
– Você não vai me machucar.
– Gabrielle… não entenda de forma errada o que vou falar. Não estou tentando te diminuir ou te tratar como criança, nem ser condescendente, mas o meu passado…
– Quantas vezes tenho que dizer que não me importo com seu passado?
– Gabrielle! Por favor, me escute. Você sabe, eu já estive com outros homens e mulheres e sei que você não esteve.
Ela fica calada por um tempo, parecendo chateada. Depois fala:
– Então você acha que não vou dar conta? Acha que vou te decepcionar?
– Gabrielle, não é isso. Sei que você é perfeita pra mim. Eu que tenho medo. O sexo que conheci no meu passado estava sempre ligado a violência, ao poder. Não sei se posso te amar de um jeito que te satisfaça.
Dessa vez ela sorri.
– Você me subestima mesmo hein Xena? Eu estou contigo há mais de dois anos e a vi lutando, eu conheço sua fúria, eu conheço sua luz e sua escuridão. E eu sei que isso vai refletir quando estivermos juntas. Eu não tenho medo Xena, eu confio no nosso amor e você deve confiar também. Mas eu preciso… eu preciso ter você, Xena, e preciso que me tenha! Não aguento mais não!
O tom frustrado com que ela fala isso é quase engraçado e acabo rindo um pouco. Ela ri também, mas me olha de uma forma bastante predadora.
– Está rindo de mim princesa guerreira? Vamos ver por quanto tempo.
– Gabrielle…- digo num tom de aviso.
– Xena… você vai dar uma chance pra gente. Agora mesmo.
E antes que eu tenha tempo de reagir, ela está sobre mim, me beijando com ardor. Faço internamente a promessa que a amarei da forma mais terna que conseguir, que farei tudo para não a machucar, mas estou tão insegura que preciso falar.
– Gabrielle prometa… prometa que não me deixarámachucá-la nem fazer nada que você não queira.
– Eu prometo. Mas tenho certeza que não vou precisar te avisar de nada – e dizendo isso, ela volta a me beijar, e eu me entrego àquele beijo.
GABRIELLE
Oh, deuses, a sensação do corpo dela sobre o meu.
Finalmente entendi seus receios e a convenci a superá-los. E ela está aqui me amando. Ela me beija ardorosamente, depois para um minuto e olha em meus olhos.
– Te amo Gabrielle…. – e posso ver todo o amor em seus olhos. Me emociono tanto que mal consigo respondê-la.
– Você é minha vida Xena… quero ser sua.
O jeito com que me olha me tira completamente a respiração. Seus olhos percorrem meu rosto, descem pelo meu corpo, como que antecipando. Ela morde o lábio inferior e suspira, uma de suas mãos sobe lentamente pelo meu estômago até alcançar o primeiro nó que amarra meu top. Minha respiração não tem mais controle. Ela olha em meus olhos.
– Oh, Gabrielle… – e se inclina para me beijar.
E me beija a boca, mas não apenas. Seus lábios e sua língua descem para minha mandíbula, me beijam e me sugam, e descem para meu pescoço fazendo o mesmo. E enquanto ela faz isso, ao mesmo tempo vai desatando os nós de meu top, até que ele está aberto e uma de suas mãos está sobre meu seio.
Cada movimento da boca dela me faz contorcer e a sensação da mão dela em meus seios é algo que não posso colocar em palavras. Meu corpo se revolve sem controle, minha boca é uma cascata de barulhos incompreensíveis.
– Você é deliciosa, Gabrielle – me diz a voz dela, baixa e rouca em meu ouvido e sinto seus dentes arranharem minha nuca, e a puxo contra mim. Seu traje de couro roça meu abdome e meus seios e eu acho a sensação incrível, mas quero sentir a pele dela. Busco os cordões da vestimenta e começo a puxá-los até que eles afrouxam.
Ela então senta sobre mim, como se estivesse montada e eu a observo despir o traje lentamente, sem tirar os olhos de mim. Então ela o deixa cair, ficando apenas com sua roupa de baixo. A visão é tão poderosa e sensual que mordo minha boca para conter um gemido de prazer e ânsia. Ela não tira os olhos dos meus olhos, um sorriso travesso em seu rosto. Acho que ela vê meu sofrimento e está aproveitando.
– Xena… – digo meio suplicante
Ela se ajoelha com uma perna entre as minhas, e puxa meus braços de modo a me erguer um pouco e tira meu top. Então, ainda sem tirar os olhos dos meus, ela tira minha saia e minha roupa de baixo, até que estou completamente nua sob seu olhar.
Ela olha minhas pernas, meu sexo, meu abdome, meus seios, me olha inteira, até chegar em meus olhos e só aquele olhar já me excita ainda mais. Ela morde os lábios de novo.
– Gabrielle… você vai ser minha.
Antes que eu pudesse pensar numa resposta, sua boca está em meus seios, sugando-os lentamente e com suavidade. O barulho que sai de mim é tão alto que devo ter espantado algum pássaro, ou assustado algum animal errante. Agarro seus cabelos e meu corpo se mexe por si só enquanto suas mãos, tão grandes e fortes, massageiam meus seios e sua língua circula meus mamilos, me causando sensações que não imaginei serem possíveis. Posso escutar os gemidos dela também e ergo a cabeça um pouco para a observar. Vejo a expressão em seu rosto, e parece que ela sente tanto prazer quanto sinto.
Minha mão desce até a roupa de baixo dela e começo e puxá-la pra baixo, quero ela inteiramente minha. Num gesto que me surpreende um pouco ela puxa e rasga a própria roupa e a atira pra longe. Então me puxa e cola inteiramente o corpo no meu e me beija novamente. Uma de suas pernas está entre as minhas e roça diretamente em meu sexo prestes a explodir e também posso sentir a umidade dela em minha coxa. Tudo isso junto com a sensação do seu corpo nu roçando no meu, seus seios nos meus, me faz chegar muito perto do meu limite.
Desço minha mão até sua perna e a pressiono com mais força contra meu sexo, minha necessidade já fora de controle. Meus quadris se mexem tanto que já estou completamente suada e ela também se mexe no meu ritmo, sinto sua boca mais uma vez beijando meu pescoço e meu colo.
A perna dela se afasta por menos de um segundo e rosno de frustração, mas logo sua mão está lá onde mais preciso, e sua boca está novamente em meus seios. Ela massageia meu sexo num ritmo que vou ditando com meus movimentos, e que vai ficando cada vez mais intenso e frenético, até que não aguento mais e grito seu nome enquanto meu corpo explode por inteiro.
– Oh Gabrielle…você é tão perfeita – ela me diz enquanto estou perdida em meu êxtase.
Eu não consigo ter forças para responder, pois estou apenas começando a respirar de novo. E quando penso que vou finalmente recobrar meu fôlego, sinto a boca e a língua dela sugando a parte interna de minhas coxas e logo meu corpo se agita novamente.
– Xena… – o nome dela é a única coisa que consigo dizer e minha voz mal me sai.
Sua boca continua percorrendo o caminho de minhas pernas até chegar ao meu sexo ainda inchado, onde de repente sinto sua língua, quente, molhada, macia, circulando muito lentamente o meu clitóris, numa cadência constante.
Tenho certeza que meu grito foi ouvido no Olimpo.
Sua língua e seus lábios começam a beijar e sugar lentamente meu sexo, de forma compassada e constante, sempre voltando para o meu centro de prazer naqueles movimentos circulares enlouquecedores. Eu não consigo parar de me arquear e dizer seu nome, e minhas mãos estão perdidas em seus cabelos, acariciando-a. Ela segura minhas coxas com força enquanto me lambe e me chupa e quando menos espero estou gozando em sua boca, não uma vez, mas tantas vezes que perco a conta e penso que vou desmaiar, e a única coisa que me mantém na terra é gritar o nome dela para todos os deuses e mortais ouvirem.
Muito lentamente ela vai diminuindo o ritmo até parar e vem beijar minha boca. Eu mal consigo corresponder de tão fraca que estou, mas me encanta sentir meu próprio gosto em sua boca.
– Gabrielle…você está bem meu amor?
Eu não consigo responder, então apenas sorrio. Abro os olhos e vejo que ela sorri pra mim também.
– Vou julgar isso como um sim – ela me diz. Então ela se deita de lado e me puxa para abraçá-la e assim ficamos até eu recuperar minha fala.
– Xena… – digo suavemente
– O que foi meu amor?
– Isso foi maravilhoso.
Ela sorri e beija o topo da minha cabeça.
– Você é perfeita, Gabrielle.
Eu a olho nos olhos, meio extasiada. A amo tanto!
– Me senti tão amada Xena. Não sei do que você estava com medo.
Ela me olhou por um momento e correu os dedos por meus cabelos.
– Eu apenas confiei no nosso amor, como você disse. Acho que devo aprender a escutá-la sempre. Tem certeza que não a machuquei de forma alguma?
– Certeza absoluta. Você só me fez sentir coisas boas – a pergunta dela me faz refletir um pouco sobre algumas coisas que percebi, mas decido conversar com ela apenas depois. Um passo de cada vez, Gabrielle, alerto a mim mesma.
– Então sou a mulher mais feliz do mundo – ela responde.
– E eu também – beijo-lhe o nariz – Xena?
– O que?
– Será que podemos dormir um pouco?
Ela ri com a pergunta.
– Ainda é cedinho Gabrielle!
– Eu sei, mas por algum motivo estou com muito sono.
Ela me abraça e me beija nos lábios.
– Vem cá, vamos tirar um cochilo.
Sinto o sorriso dela antes de finalmente ir para o reino de Morpheu.
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