3 – Inteiro
por DietrichXENA
Ela é tão linda assim, adormecida, com esse sorriso de felicidade nos lábios. Não posso evitar de me sentir orgulhosa de ter conseguido fazê-la feliz. Pude amá-la, pude tê-la, sem deixar todos os meus instintos surgirem de uma vez só. Acho que nunca me senti tão feliz como naquele momento.
É tudo tão perfeito que parece um sonho. Gabrielle está em meus braços! Ela é meu amor! Minha amante! Me sinto como se fosse uma adolescente apaixonada e minha vontade é de gritar isso para todo o mundo. Repito muito baixinho, para não acordá-la, a frase que sei que vai definir minha vida daquele momento em diante.
– Eu te amo, Gabrielle.
Penso em tudo que acabou de acontecer entre nós. Gabrielle podia ser alguém inexperiente quando o assunto era sexo, mas, pelos deuses, ela tinha uma sensualidade tão natural e desinibida que confesso que me surpreendeu um pouco. Todos os seus gestos, seus movimentos, o jeito que me olhava, como suas mãos me puxavam com força, como seus dedos me acariciavam, os sons que fazia… aposto que ela não fazia ideia do quanto estava me levando à loucura mesmo sem eu estar buscando minha saciação, e sim a dela.
Penso no quanto isso me fez chegar incrivelmente perto de liberar o animal luxurioso que há em mim. Apesar de eu ter ficado feliz e satisfeita com a forma que fizemos amor, não posso deixar de me preocupar. Ela é sensual demais para que eu possa resistir sempre.
Ou devo apenas fazer o que ela disse e confiar no nosso amor?
Creio que não tenho mais escolha a não ser isso. Já sou dela e ela é minha. Rezo aos deuses para que eu jamais a magoe.
Mas não é hora de pensar nisso. Hoje vou apenas apreciar o seu sono. Então fico a observá-la adormecida, e aquela felicidade louca começa a me invadir de novo.
– Te amo, Gabrielle.
GABRIELLE
Ontem tudo se concretizou. Xena era agora tudo que eu queria que ela fosse. Minha guerreira, meu amor, minha amante. Minha vida.
Hoje posso acordar em seus braços, lhe dizer bom dia com um beijo nos lábios. Não preciso mais de desculpas para tocá-la. Posso falar que a amo e ainda tenho a sorte de ouvir ela dizer que me ama também e tem tanto amor em seus olhos, e tanto carinho em seus gestos que eu fico completamente extasiada.
Ontem, nos amamos de novo ao cair da noite. Foi tudo novamente tão maravilhoso e intenso, tão incrível! Dessa vez, me atrevi a tocá-la, pude sentir sua umidade escorrer por meus dedos, a ouvi dizer meu nome com paixão e abandono, vi sua expressão perder-se em êxtase e não acredito que haja uma visão mais linda nesse mundo. Prometo pra mim mesma que me atreverei cada vez mais. Quero fazer Xena se sentir da mesma forma como ela faz eu me sentir. Mas ainda tenho tanto a aprender… e tenho uma excelente professora.
Falta apenas uma pequena e última coisa que me incomoda. É o quanto ela se segura quando está fazendo amor comigo. Ela me olha com desejo, sem dúvida, mas dá pra perceber algo mais em seus olhos. Uma fúria, uma agressividade, uma violência que sei que ela segura quando está comigo por medo de me machucar.
Mas, embora a violência de Xena seja algo que às vezes discordo quando estamos nas lutas do dia-a-dia, a ideia de ver essa fúria quando faz amor comigo me excita profundamente. Só de imaginar seus braços tão fortes, seu olhar feroz sobre mim enquanto me toma… preciso encontrar uma forma de despertar isso nela.
Eu a quero inteira. Quero sua luz e sua escuridão, quero amá-la por completo. Primeiro, porque é exatamente assim que amo. Segundo, porque sei que, embora não admita, ela precisa desse amor que é incondicional, que não é parcial, para continuar a jornada de redenção que motiva sua vida. E eu tenho exatamente o que ela precisa, pois a amo por inteiro.
Penso tudo isso enquanto ela está fora buscando nosso café da manhã. Hoje à noite a farei me ter como quero que me tenha. Não temos muito tempo, pois prometi à Ephiny que voltaríamos para a cerimônia de coroação e já estamos a mais de uma semana fora da vila das amazonas. Mas Ephiny vai ter só um pouco mais de paciência, e ela sabe que é por uma boa causa, pois expliquei algumas coisas a ela antes de nos despedirmos. Eu confesso que ri do olhar de “até que enfim!” que ela me lançou.
Mas hoje eu despertarei a fúria da minha guerreira. Ela não vai me escapar.
XENA
Hoje foi um dia tranquilo e agradável. Logo após o café da manhã, cavalgamos um pouco no caminho de volta à vila das amazonas e encontramos uma bela clareira cheia de grama e flores silvestres. Decidimos acampar lá pelo dia e prosseguirmos no outro. Nesse ritmo encontraríamos as amazonas amanhã perto do meio-dia, se fizéssemos bom caminho.
Passamos a tarde inteira na clareira, apenas aproveitando a presença uma da outra. O tempo estava fresco, o sol ameno. Ficamos deitadas juntas, conversando e namorando. Eu não pude deixar de me surpreender comigo mesma. Eu, que até aquele momento só conhecia a luxúria estava hoje experimentando um amor totalmente diferente. Sim, ela estava em meus braços, e trocamos vários beijos e carinhos, mas nenhuma necessidade urgente e insaciável se apoderou de mim. Era maravilhoso simplesmente estar com ela e meu coração se sentia preenchido de uma forma que jamais se sentira antes.
Acho que a coisa mais próxima disso que um dia senti na vida, foi quando ainda era uma criança, e tudo que conhecia era o amor de minha família, a vida camponesa, o cheiro de comida recém-feita no fogão, os risos de meus irmãos enquanto brincávamos. Mas isso estava tão distante, e sequer era uma lembrança. Era mais a fantasia de uma inocência que penso um dia ter tido, mas que foi dilacerada pela vida sanguinária que levei.
Estar com Gabrielle é como estar em um lar aconchegante e cheio de amor. É estar em casa. Ela é tudo que preciso.
Há um momento em que apenas nos olhamos, sem dizer palavra, mas nossos olhos dizem tudo. Ela me olha de forma tão linda que mal consigo acreditar em minha sorte, a sorte de ter o amor de alguém como ela. Ela acaricia lentamente meu rosto.
– Você é a mulher mais linda que já vida na vida, Xena.
Eu rio da forma encantada e devotada que ela fala isso.
– São seus olhos, Gabrielle.
– Não, você é maravilhosa. Acho que vou morrer de ciúmes de você.
– Ah, quer dizer que você é ciumenta, é?
– Como não ser, se tenho uma deusa ao meu lado? Todo mundo olha pra você, pensa que não vejo?
Acho graça de como Gabrielle é ignorante dos próprios encantos.
– Me olhando? Gabrielle, você não percebe como olham pra você também?
– Ai Xena, quem é que vai me olhar eu estando perto de alguém como você?
– Pois eu lhe garanto que muita gente olha, eu sempre reparei. Eu mesma vivia olhando.
– Mas não tem perigo nenhum Xena, porque sou só sua.
– Eu digo o mesmo.
E perdemos a tarde inteira nessas conversas bobas de amor. Eu, Xena, a Destruidora de Nações, tendo conversas bobas de amor numa clareira florida. As Parcas são mesmo imprevisíveis.
Quando está perto de escurecer eu me levanto para buscar a lenha necessária para fazer a fogueira. Enquanto preparo o jantar, vejo que Gabrielle escreve em um pergaminho com um sorriso muito peculiar nos lábios.
– Tenho medo de perguntar o que está se passando na sua mente agora – digo num tom brincalhão.
– Ah, devia ter mesmo – ela me responde me lançando um olhar que só posso descrever como completamente cheio de segundas intenções.
Eu apenas sorrio e ergo uma sobrancelha pra ela, realmente com um pouco de medo de saber o que estava se passando naquela cabecinha fértil. Embora só a ideia de fazer amor com ela, de senti-la e prová-la de novo já estivesse me deixando excitada, eu ainda lutava com aquela sombra do monstro furioso que vivia dentro de mim.
Ela não parou de escrever até o jantar ficar pronto, e o comeu calada e pensativa ainda com aquele sorriso misterioso nos lábios. O que aquela mulher estava aprontando?
Namoramos um pouco depois do jantar, e logo ela falou que estava com sono e queria dormir. Fiquei um pouco frustrada, pois estava louca pra fazer amor com ela, mas queria respeitar o tempo de Gabrielle, então simplesmente me deitei de lado e ela se aconchegou em minhas costas, colada em mim.
Não se passou um minuto e senti ela puxando os cordões do meu traje de couro e logo seus lábios estavam em minhas costas, beijando e sugando minha pele e suas mãos baixavam as alças da minha roupa deixando suas intenções muito claras. Os beijos dela despertaram imediatamente a paixão dentro de mim e me virei para ficar de frente a ela, imediatamente capturando seus lábios com os meus, primeiro num beijo terno, depois num beijo apaixonado e intenso.
Xena, me diga que sou sua – a ouço falar apaixonadamente. O monstro se agita dentro de mim.
– Você é minha Gabrielle. Só minha – tento dizer de uma forma não muito agressiva e possessiva, mas algo escapa em minha voz. Enquanto a beijo acabo mordendo seus lábios com um pouco de força e ela geme e se arqueia.
– Completamente? – ela fala, meus lábios estão sugando a pele de seu pescoço.
– Completamente minha – e a mordo novamente e ela segura minha nuca e me arranha, me empurrando com força contra sua pele, e a sugo e mordo de forma que sei que deixará marcas. Meus sentidos estão alertas, sinto que meu controle está se esvaindo. Tento me conter um pouco. Mas o que Gabrielle fala não ajuda:
– Me tome Xena, do jeito que você quer, me tome, me faça sua.
O som que sai da minha boca é quase animalesco.
– Gabrielle….
Dessa vez eu não a beijo, eu devoro sua boca. Meus dentes arranham seus lábios, sua língua, sua mandíbula. Sinto que não consigo mais me conter. Estou tão tomada de paixão que mal consigo desatar os nós do seu top, então em minha impaciência acabo rasgando-o. Praticamente arranco sua saia e sua roupa de baixo e lá está de novo Gabrielle nua sob mim, tão menor que eu, parecendo tão vulnerável e entregue que o pouco controle que me restava desaparece. Tiro minha própria roupa num átimo e minha ânsia de devorá-la me toma completamente.
Enfio meus dedos em seus cabelos e puxo sem cerimonias sua cabeça para trás, deixando seu pescoço totalmente a minha disposição. Eu o sugo e mordo com força, sabendo que a marcaria, mas não me importava mais. Me banqueteio em sua pele e o fato que ela agarra minha nuca com uma mão e me aperta ainda mais, e que suas unhas estão arranhando meus ombros e minhas costas me deixa cada vez mais louca. Minha coxa está encostada em seu sexo e posso sentir sua umidade apenas crescendo.
Antes que eu pudesse pensar duas vezes eu tenho um dedo na entrada dela. Sinto o impedimento de sua virgindade, mas ela joga os quadris pra frente, empurrando meu dedo ainda mais profundamente, e logo não há mais empecilhos ali. Gabrielle arqueja, mas não para de mover os quadris contra minha mão e eu não paro de penetrá-la.
Eu vejo que ela está perto de seu êxtase e interrompo meus movimentos, tirando meu dedo, ela grunhe de frustração. Pego rapidamente o lençol enrolado que estava a um canto e a deito de costas pra mim apoiando seu quadril no lençol. Vejo que ela tenta se virar para me olhar mas eu agarro seus cabelos e viro seu rosto para o chão enquanto minha boca suga e morde cada centímetro de suas costas.
– Xena, sim, oh deuses!
Mais uma vez enfio meu dedo dentro dela e ela começa a se lançar contra minha mão com força. Minha outra mão aperta sua bunda e a arranha, eu deixo marcas vermelhas ali, os movimentos dela se tornam mais intensos.
– Mais um, Xena, por favor – ela suplica.
– Você quer mais, Gabrielle? – minha voz está tão selvagem que pareço aquela Destruidora de apenas alguns anos atrás
– Sim Xena, por favor, não aguento…
Eu paro o movimento dentro dela e me curvo até minha boca estar em sua orelha. Mordo e sugo seu lóbulo e falo numa voz rascante:
– Peça novamente. O que você quer? – movimento meu dedo dentro dela apenas uma vez e ela se contorce inteira.
– Oh Xena.. pelos deuses…
– O que quer Gabrielle? – puxo seus cabelos e arranho seu pescoço com meus dentes mais uma vez.
– Mais um Xena… mais forte… mais…
Eu enfio mais um dedo dentro dela e ela joga a cabeça pra trás num grito apaixonado, e se movimenta na minha mão. Sinto-a se contraindo sobre meus dedos, sinto sua umidade molhar minha mão. Ela está suada, vermelha e arfante e aquela visão me deixa completamente sem restrições.
– É isso que você quer? – digo movendo meus dedos com força dentro dela.
– Deuses, sim! – ela grita.
Meus dedos movem-se dentro dela no ritmo que ela marca que ganha cada vez mais força e intensidade. Tiro meus dedos dela por um segundo e a ponho de frente a mim novamente, apenas para penetrá-la de novo com a mesma força. Minha boca desce até onde estão meus dedos e começo a sugá-la ao mesmo tempo que a penetro e Gabrielle começa a gritar quando o primeiro orgasmo chega até ela. Ela puxa meus cabelos praticamente com a mesma força que eu a possuo. Eu não paro até senti-la gozar continuamente em minha boca, minha mão livre aperta e arranha suas coxas que tremem descontroladamente. Não me dou por satisfeita até ela puxar minha cabeça com força pra cima até sua boca, onde me beija apaixonadamente e sussurra.
– Xena, meu amor, eu te amo mais que tudo!
Aquela é a frase que me retorna de volta aos meus sentidos. Retiro suavemente meus dedos de dentro dela.
– Gabrielle…- fico imediatamente preocupada – eu te machuquei?
– Xena… tenho fé que um dia vai parar de me perguntar isso. Você não me machuca. Eu amo você inteira. Eu amo sua ternura e amo sua fúria. Amo sua gentileza e sua paixão violenta. Eu te amo por completo. Eu queria que me tomasse assim.
– Você queria?
– Achei que se me colocasse bem submissa e vulnerável você acabaria cedendo aos seus instintos.
– Ah, então você me manipulou?
Ela riu travessamente.
– Um pouco?
– Gabrielle… – digo num tom de advertência – não está arrependida?
– Xena, pelo amor dos deuses, você não sabe ler o meu corpo?
Eu rio com a resposta.
– Então vou supor que gostou.
– Eu amei. Não tenha medo da sua luxúria, eu não tenho. Eu não só posso aguentar como eu adoro.
– Você está me saindo muito safada e atirada, Gabrielle.
– Você não viu nada ainda – ela diz num sorriso matreiro.
Estou tão encantada que não tenho palavras. Nunca tive palavras. Tenho apenas aquelas que amo dizer.
– Te amo, Gabrielle.
– E eu te amo, Xena.
EPÍLOGO
Xena e Gabrielle finalmente chegam à vila amazona para a cerimônia de coroação. Lá Gabrielle passa a máscara da rainha para Ephiny.
– Isso pertence a você – diz Gabrielle – Melosa gostaria que você a tivesse.
– Aceitarei com uma condição – diz Ephiny – só usarei na sua ausência. Pela lei amazona, você ainda é a rainha.
– Rainha Gabrielle… – diz Gabrielle, e se vira pra Xena com um olhar maroto – uma Rainha Amazona vence uma Princesa Guerreira?
Xena não se faz de rogada.
– Você quer mesmo descobrir?
E assim tudo ganhou um significado completamente novo.
FIM
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