Fanfic / Fanfiction Penumbra grega - Uma marquesa na casa

-O que foi isso, Xena? -Gabrielle perguntou para Xena que agora estava em sua frente com um cálice de vinho na mão e um sorrisinho travesso no rosto.

Depois da cerimônia, todos foram levados para o salão de festa para aproveitarem de um pequeno baile informal em comemoração as novas investiduras. Os poucos nobres que participavam estavam espalhados e num canto reservado Xena conversava com Gabrielle e Delia. A garota ainda não tinha acreditado no que havia acontecido, ela estava incrédula e não sabia o que iria acontecer.

-Você é herdeira direta de Delia agora.- A imperatriz respondeu ainda com um sorriso sacana e bebeu seu vinho.

-Mas eu não tenho o seu sangue, duquesa.- Disse Gabi afoita para a senhora.

-Querida, existem dois tipos de ser herdeiro de alguém. Sendo parente ou por investidura. A diferença é que sendo parente não precisa da autorização da imperatriz para ser herdeiro. – Disse Delia.

-Por que eu?- Gabi perguntou humildemente e em tom baixo.

-Eu estou velha e sem filhos, querida. Se eu morrer, não quero que minha fazenda seja deixada aos fantasmas.- Delia continuou.- E temos essa questão da Guerra, eu não irei conseguir acompanhar a imperatriz nas campanhas.

Os olhos de Gabi se encheram de água e não pode se controlar, abraçou Delia que recebeu o gesto com carinho e afagou as costas da menina. 

-Você foi a minha primeira e melhor escolha, querida.

-Obrigada.- Com um choro emocionado, Gabi falou.

-Não é só a mim que tem que agradecer. A imperatriz autorizou sua investidura.

Gabi levantou a cabeça e olhou para Xena que continuava bebendo. Sem pensar duas vezes, a jovem com cara de choro abriu os braços e abraçou a imperatriz. Xena correspondeu e esfregava sua mão livre nas costas dela. Nesse momento os olhos da imperatriz percorreram o salão e notou vários curiosos a observando. Xena nunca havia sido vista abraçando alguém, então aquela cena era inusitada.

-Vamos lá… Por que está chorando?- Xena olhou para o rostinho molhado da garota e perguntou tranquilamente.

Gabi desencostou o rosto do ombro de Xena e secou as lágrimas.

-Eu nunca imaginei uma coisa dessa. Eu era escrava até umas luas atrás e agora…- Engoliu o choro. -…e agora eu tenho tanto..- Ela voltou a encostar o rosto em Xena e chorou. A imperatriz afagou a cabeça loira com cuidado para não desapontar o belo coque e sorriu para Delia.

-Olhe para mim.- Gabi obedeceu.- Não chore. Você é a mulher mais linda desse salão, vai ficar com o rosto vermelho …- Xena secou as lágrimas debaixo dos olhos de Gabi com a costa dos dedos.

-Para você, marquesa.- Uma voz nova apareceu na pequena roda e Gabi olhou para trás.

-Gabi, essa é a esposa do duque de Loyola, senhora Rita.

-Beba um pouco de água.- Rita deu um cálice para Gabi e a jovem aceitou.

Rita era jovem assim como seu marido, ela tinha uma aparência doce e delicada. Xena deduziu que a moça se sentiu comovida com as lágrimas de Gabrielle e resolveu ser gentil. As duas já haviam conversado algumas vezes, mas nada demais, porém agora, Gabrielle tinha futuros espólios, título e era a mais próxima da imperatriz. Se havia alguém que ela gostaria que se aproximasse de Gabrielle, era Rita e não alguma outra interesseira.

-Obrigada pela gentileza.- Gabrielle agradeceu a duquesa.

-Não a de que, marquesa.- Gabi deu um risada sem graça e secou o canto do lábio.

-Por favor, me chame só de Gabrielle. Eu não tive momento nenhum para pensar nesse título novo.- A garota respondeu sem graça.

-Como queira, Gabrielle. Acredito que vossa majestade não se importará se eu te roubar algumas marcas de vela, não é?- Rita falou com uma pitada de humor.

-Me roubar?- Gabi ficou confusa e olhou para Xena.

-Acho que tem algumas damas querendo conhecer você, Gabrielle.- Xena ergueu seu cálice na direção de um grupo de duquesas que olhavam para elas. -Vá até lá fazer amigas. Delia vai ficar extremamente feliz em te apresentar cada uma delas.

-Tá bem…- Gabi ainda tímida respondeu.

-Venha, querida.- Delia passou a mão no braço de Gabi e elas se retiraram. 

-Majestade.- Um homem careca e já de idade apareceu com seu herdeiro.

-Duque.- Xena cumprimentou o duque de Pilos.

-Seria muito incômodo se conversássemos sobre política?- O duque ofereceu.

-De forma alguma, o senhor acha que tem algo de interessante para me falar?- Xena conhecia cada duque da liga. Ela sabia a forma que cada um falava e se oportunava dos momentos. O duque de Pilos em especial era o tipo de homem que comia e bebia muito em bailes e não se dava ao trabalho de falar sobre política.

-Eu gostaria de saber se vossa majestade tem interesse em aliados nessa guerra.- O duque falou com a boca cheia de vinho e Xena ergueu uma sobrancelha.

Xena viu naquele momento a oportunidade de introduzir seu filho em assuntos do reino e olhou para o outro lado do salão. Seu olhar foi diretamente em Solan que dava risada e bebia com o duque de Loyola. Em determinado momento ele pareceu sentir um arrepio na nuca e seu olhar explorou o ambiente, foi quando notou os olhos azuis gelados de sua mãe em cima dele. Xena ergueu um dedo e fez um comando para ele ir até ela. O garoto pediu licença ao duque e caminhou.

-Duque, esse é Solan, meu filho. 

-É um prazer em conhecê-lo, alteza.- Disse o homem.

-O prazer é todo meu, duque.

-Esse rapaz é o filho do duque de Pilos, Marques Luca.

-Prazer em conhecê-lo, alteza.- O rapaz que tinha a mesma idade de Solan o reverenciou.

-O prazer é meu.- Solan estava estranhando a idade do garoto em comparação a seu pai e Xena percebeu.

O duque havia tido doze filhos, dois homens e dez mulheres. Porém a família do duque possuía a tradição de entregar as mulheres para casamentos e os homens herdarem os espólios do pai. Nesse caso, o filho mais velho do duque faleceu a poucas luas e como possuía somente mais um filho homem, ele foi até Corinto às pressas investir o menino como seu herdeiro. Luca era o mais novo dos dozes filhos e agora, futuro duque.

-Solan, o duque quer conversar conosco sobre um possível aliado para essa guerra.

-Isso mesmo. Vossa majestade deve se lembrar de minha filha Luna, não? 

Xena sentiu um frio na barriga quando ouviu o nome que a verões não era mencionado.

-Claro que me lembro. Ela se casou com um Vizir, não é? 

-Exatamente. Acontece que ele possui interesse econômico nessa guerra, majestade.

-E por que um Árabe teria interesse econômico em uma guerra civil grega?- Xena falou com um certo ressentimento.

-Ele possui tecnologia de guerra para nos oferecer e tem grande interesse em apresentá-las para a liga do Peloponeso.

Aquilo realmente era algo interessante para Xena. Até então os exércitos gregos não possuíam muita tecnologia e o confronto da primavera seria inteiramente direto. Se Xena tivesse algo que pudesse aniquilar o inimigo de longe, ela pouparia muitas vidas.

-Vou ficar muito feliz em analisar esse assunto em uma reunião longa e cansativa.- Xena sorriu e o duque ficou mais do que feliz.

-Acredito que sua majestade e meu genro se darão muito bem, ambos possuem ideias visionárias e ele é o homem que pode patrociná-las.

Eles ficaram um bom tempo conversando e de minutos em minutos, Xena olhava na direção de Gabrielle. A garota parecia estar se divertindo e bebendo bastante. Ela era o centro da roda e as duquesas pareciam fascinadas com ela. Xena sentiu uma pontada de ciúmes. Sua possessividade era algo que incomodava as vezes, porém nesse caso, não havia intenção de marcar território.

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Gabrielle ria e conversava com as duquesas que ao todo eram seis. Duas eram bem mais velhas e as demais já compunham a nova geração de nobres da liga. Gabi estava se sentindo agitada por causa do vinho e seu rosto tinha um sorriso frouxo.

Vira e mexe ela olhava para trás para ver o que Xena estava fazendo e desde a hora que saiu de perto da imperatriz, a mulher não parava de conversar com o duque.

-Quem é ele?- Gabrielle perguntou para as mulheres.

-É o duque de Pilos.- Respondeu Rita.

-Por que ele está em Corinto? Faz tanto tempo que eu não via nem sombra dele.- Falou a duquesa de Acaia.

-Ele veio investir o filho mais novo como herdeiro, o mais velho morreu.- Disse outra duquesa.

-Fico me perguntando o que ele vai fazer se esse jovem morrer, tudo o que sobrou foram as filhas.- A duquesa de Delfos.

-Qual o problema delas serem mulheres?- Disse Gabi que prestava muita atenção.

-Nenhum, mas o duque é preconceituoso demais. Ele só confia seus espólios nos homens da família.- Disse Delia.

-Ele não tem esposa?- Perguntou Gabi mais uma vez.

-Ela faleceu logo depois que o último filho nasceu.

-Ouvi dizer que aquela filha dele que se casou com o Árabe está em Pilos com o marido.

-Será? Por que eles sairiam de tão longe?- Disse a duquesa de Mantineia.

-Talvez ele queira se envolver na guerra.- A duquesa de Tessália que era tão mais velha quanto Delia respondeu.

-Eu ouvi que a filha do duque de Pilos está muito mais bonita do que quando partiu da Grécia.

-Pois eu ouvi que ela está usando aquelas pinturas Árabes (maquiagem) para cobrir os roxos dos socos que leva do tal marido.- Disse Delia.

Gabrielle estava assustada com a quantidade de fofocas que estava acontecendo naquele momento. Como podia a notícia correr tão rápido daquela maneira?

-É verdade que falam que os Árabes são mais agressivos?-  Perguntou uma.

-Total.- Respondeu outra.

-Quem é essa mulher?- Perguntou Gabrielle e as demais ficaram em silêncio.

-Ela se chama Luna. É uma das mulheres mais lindas que já pisou em Corinto.- Disse Rita.

-Tão linda que até a imperatriz tentou a sorte- A duquesa de Tessália falou e levou um cutucão de Delia.

-E ela teve sorte?- Gabi perguntou.

-Elas passaram um tempo juntas, mas o duque aterrorizou a menina e mandou ela o mais longe possível.- Rita falou com receio.

A minoria das mulheres ali sabiam que a Imperatriz e Gabrielle estavam tendo algo.

-Minha mãe me disse uma vez que se Luna mandasse a imperatriz comer terra, ela comeria.- Falou outra duquesa.

Gabrielle tomou um bom gole do seu vinho e tentou ao máximo controlar o ciúmes.

-Foi essa garota que vivia recebendo jóias da imperatriz, não?- Falou outra.

-Acho melhor as desinformadas saberem que Gabrielle é namorada da imperatriz.- Disse Rita. A notícia foi tão inesperada que Gabi afogou com o vinho.

A garota tossia e tossia e várias pessoas do salão olharam para ela. Delia tirou o cálice da mão dela e Rita deu leves tapinhas nas costas da jovem.

-Acho que chega de vinho por hoje, não?- Xena apareceu e as mulheres se assustaram assim como Gabi.

Xena levantou os braços de Gabi e soprou levemente o rosto dela para ajudar a respiração normalizar. Calmamente Gabi parou de tossir e abaixou os braços. A garota estava vendo duplicado e naquele instante notou que havia bebido demais. 

-Espero que tenham se divertido bastante, senhoras. Mas essa pessoinha precisa descansar agora. Tenham uma boa noite.- Xena se despediu e saiu do salão ajudando Gabrielle a se firmar.

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Xena entrou no quarto e Gabi estava andando com dificuldades. 

-Por que bebeu tanto assim, querida?- Xena falou.

-O que eu sou pra você?- Gabi com a voz arrastada falou e Xena não entendeu a pergunta.

-Hein?

Gabrielle bateu no peito de Xena e cambaleou.

-Se eu te mandar comer terra você come?- Gabrielle perguntou e continuou estranha.

-Eu não.- Xena falou seca e em seguida deu risada. Ela não entendeu nada, então julgou ser culpada da bebida a desorientação de Gabi.

Gabi tentou empurrar a imperatriz, mas sua mão escorregou do ombro de Xena e Gabi caiu nos braços da morena.

-Vem… hora de deitar.- Xena pegou Gabi no colo e levou ela para a cama. Tirou o vestido dela e colocou na garota uma de suas camisas de linho que estava em cima da cama. Gabi já estava de olhos fechado e simplesmente apagou.

Xena ficou um tempo olhando o rosto adormecido de Gabi e beijou levemente a garota, em seguida saiu do quarto e voltou para o salão.

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Na manhã seguinte, a claridade incomodou os olhos de Gabi. Ela os abriu levemente e franziu o cenho. Onde raios eu estou? Pensou Gabi e notou que seu corpo estava quente.

Xena estava esquentando ela. A cabeça da mulher estava colada em sua nuca e Gabi podia sentir a respiração suave da imperatriz. As pernas estavam entrelaçadas e um braço da morena descansava em sua cintura.

Gabi sentiu sua cabeça levemente pesada e uma tontura incomum. Ela olhou para frente vidrada em nada e aos poucos sua consciência começou a aparecer. Se eu me mexer, Xena vai acordar. A mente da garota passeava de forma enevoada pelos eventos da noite passada. Eu bebi demais. Nossa, como eu bebi. Por um instante ela se lembrou da conversa que teve com as duquesas e a pontada de ciúmes a tocou novamente.

Tudo indicava que Xena era muito apaixonada pela tal Luna e não fazia questão de esconder. Fazia das tripas ao coração pela garota e para todos o sentimento dela ficou claro. Gabrielle se sentia especial, mas sua insegurança a deixava pensar bobagens. Tinha medo de estar confundindo as coisas e no fim das coisas ser só sexo o que Xena procurava. A primeira abordagem da imperatriz havia sido essa, não? A primeira vez que a conquistadora notou Gabrielle, a garota estava nua no meio do aposento real graças aquela confusão patética e todas as outras vezes a imperatriz tentou seduzi-la. E se Xena realmente fosse a mulher fria das histórias que havia lido na biblioteca? E se ela queria somente o corpo de Gabi e nada mais?

Xena não possuía a fama de Conquistadora a toa. Ela tinha um jeito único e singular de conquistar e depois despojar a conquista.

Afinal, o que Xena queria?  

Ela sente ciúmes de mim, não é? Mas ela é a imperatriz. Tem o ego inflamado e acha que tudo pertence a ela.

Mas ela me chama de amor, não é? Mas só no sexo… Ela sabe que eu estou apaixonada e quer me ver gozar.

Ela me beija…. mas ela além de tudo é famosa por ter o beijo mais sedutor da Grécia.

O que eu faço?

-O que foi?- Xena perguntou no ouvido de Gabi. A jovem nem notou que estava pressionando a mão da imperatriz de nervoso. -Está se sentindo mal? – Xena levantou a cabeça e olhou Gabi.

Xena notou o rosto amargurado de Gabrielle e não precisou mais do que aquilo para saber que de fato tinha algo de errado.

-Esse nosso envolvimento….Tem algum propósito? Existe alguma expectativa?- Gabi perguntou olhando com preocupação pra Xena.

-Uau… Eu não sabia que a bebida te deixava tão reflexiva.- Xena deitou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos.

-Você me confunde, Xena.- Gabi não moveu um músculo. Ela estava se sentindo um pouco tonta ainda.

-Confundo?- Xena ainda deitada falou.

-O que quer de mim afinal? Somente se distrair?- Xena levantou a cabeça de novo e apoiou no ombro da Gabi.

-Eu não entendi, Gabi…- Xena falou com uma expressão confusa e inocente. -Eu pensei que eu já tivesse deixado isso claro. 

-Claro para quem?

-Você acha que eu dou espaço para qualquer pessoa na minha vida? Você acha que eu tenho paciência com qualquer pessoa? Acha mesmo que coloco qualquer um na minha cama e durmo de conchinha?-  Xena parecia chateada. -Eu tenho 45 verões. Eu não tenho mais tempo para distrações. -Gabi ficou em silêncio.

-Eu pensei que nós estivéssemos namorando.- Xena tocou o ombro de Gabi com a boca e olhou para ela com os olhos brilhantes. 

Gabi então sorriu e associou a figura da imperatriz com uma criança pedindo um doce para a mãe.

-Que bobagens ouviu ontem pra ter acordado insegura hoje?- Xena continuou.

-Eu…não ouvi bobagens.

-Você perguntou ontem se eu comeria terra por você.- Gabrielle gargalhou e se deitou de barriga para cima. Xena se deitou no ombro da garota e teve seu cabelo enrolado nos dedos finos.

-Eu estava com ciúmes… As duquesas estavam falando de uma tal de Luna.

-Hum.- Xena exclamou.

-”hum” o que?

-Eu já não vivo mais no passado, Gabrielle. Eu estou tentando me tornar diferente a cada dia para não ser mais a Imperatriz de antigamente. Essa garota foi a maior desilusão que eu já tive.

-Se você a visse hoje… o que faria?

-Esfregaria você na cara dela.- Xena deu risada e levou uma palmada. Em seguida a imperatriz se apoiou em seu cotovelo e olhou Gabi. -Você não está de ressaca?

-Não sei…toda vez que mudo de posição a tontura piora.

-Você me deixou na mão ontem.- Xena olhava de forma safada para Gabi.-Eu tinha planos incríveis para nós.

-Sinto muito…-Gabi sorriu e acariciou o rosto de Xena.

-Nunca mais te deixo beber.

-Por favor.- Gabi riu. 

Xena se levantou e pegou chá que estava na mesa. Depois que Gabi deixou de ser escrava, Xena acabou arrumando outra criada.

A imperatriz preparou o chá e levou até a cama. Gabi apoiou sua cabeça em outro travesseiro para ficar com o pescoço alto e bebeu devagar. Enquanto saboreava a bebida, Xena a olhava com muito carinho, a deixava sem graça.

-O que foi?- Gabi perguntou com as bochechas levemente coradas.

Xena tirou a caneca dela e se abaixou. Beijou os lábios de Gabrielle devagar e em seguida pegou a pequena mão branca. Colocou a palma na direção do seu coração e fez ela sentir seu batimento.

-Sabe o que ele está dizendo?- Xena sussurrou.

-Não.- Gabi sussurrou de volta.

-Ele acha que te ama.

Gabi ficou em silêncio, os batimentos de Xena aumentaram e os olhos azuis não pareciam estar mentindo. Gabrielle aproximou mais o rosto das duas e falou:

-Ele acha o que?

-Acha que te ama. 

Gabi sorriu e em seguida tampou a boca. Ela não queria chorar, mas que outra reação podia se esperar de uma jovem de 21 verões que ouviu pela primeira vez na vida aquelas palavras.

-E quando ele vai ter certeza?- Gabi disse tentando não chorar.

-Eu não sei, mas por agora, ele quer te amar para sempre.-  Xena falou baixo.

-Você está me derretendo toda.- Gabi falou e fechou os olhos.

-Gabi…-Xena chamou e a garota abriu os olhos. -Seu coração não está dizendo nada?

-Ele está dizendo que tem certeza que te ama.- A garota sussurrou e as duas se beijaram profundamente.

-Eu te amo.- Xena repetiu.

-Eu também te amo.- E voltaram a se beijar.

Elas ficaram um tempo daquela forma, por mais que Gabrielle não estivesse mal, ela também não estava muito bem. Beijos leves não pioraram seu enjoo, mas quando tentou se levantar, sentiu-se ruim e Xena preferiu não forçar.

-O que significa ser sua namorada.- Gabi agora estava agora deitada no ombro de Xena.

-Significa que você é minha.- Disse a imperatriz orgulhosa.

-Mas para as outras pessoas? O que significa para elas a namorada da imperatriz- Xena ficou pensativa por um tempo e então prosseguiu.

-Significa que você é uma rainha em potencial.

-E como uma rainha em potencial tem que se comportar?- Gabi estava preocupada com a forma que deveria agir na frente dos outros.

-Eu não acho que as pessoas esperam por uma rainha, querida.- Xena falou aquilo e sentiu que Gabi ficou magoada. – Sinto muito, mas eu acho que eles não irão ter problema algum com uma rainha depois que eu vencer essa guerra. – Gabi ficou em silêncio por um tempo. -Eu prometo que vou chutar o traseiros dos meus inimigos de uma forma tão épica, que quando tudo isso acabar, você vai poder ser minha rainha e usar uma coroa tão brilhante quanto a minha.- Xena falou e beijou a testa de Gabi.

-Até lá eu tenho autorização em ser reconhecida como a namorada da imperatriz?

Xena estava com medo de reconhecer Gabi como sua consorte, ela tinha medo de seus inimigos tentarem machucar Gabrielle para atrapalhar a guerra. Tinha medo até mesmo de seus aliados machucarem Gabi para que Xena não perdesse o foco na luta. Mas além de tudo, não queria fazer Gabrielle se sentir como segunda opção, não queria ter que escondê-la, até mesmo porque as pessoas já estavam comentando.

-Claro que tem.- Xena beijou Gabi mais uma vez e tentou disfarçar sua preocupação. -Você tem sim.

No fim das contas, Xena teria que vencer duas guerras. A de seus inimigos e a guerra da aceitação. Teria que proteger seus aliados e sua amante. Essa sem dúvidas ia ser a guerra mais difícil até hoje.