Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

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Xena e Gabrielle estavam sentadas ao lado de uma fogueira. Xena estava prestando mais atenção do que o normal no que a barda falava.

– Xena quando você está triste seus olhos ficam claros como o céu; quando você está feliz eles ficam num tom mais escuro e quando você está com raiva, eles se tornam gélidos e impenetráveis, mas às vezes eles ficam quentes e faiscantes como se você conseguisse derreter um bloco de gelo só com um olhar.
– Uau, nunca pensei que meus olhos mudassem tanto assim ou que você reparasse nisso.
– Eu já escrevi sobre eles um tempo atrás.
– Escreveu?
– Uhum, mas não é nada de mais.

Gabrielle levanta do lado de Xena e fica olhando para cima contemplando as estrelas.

– Onde você está guardando seus pergaminhos falando nisso?
– Os deixei com Afrodite, achei que fosse mais seguro do que andar com eles por aí.
– Você deixou todos com ela?
– Não Xena, apenas alguns.
– O pergaminho que você escreveu sobre meus olhos está com você?
– Por quê?
– Eu posso ver?
– Hum. Acho que sim.

A barda levanta e vai até a bolsa onde guardava os seus pergaminhos favoritos. Xena observava cada movimento que ela fazia e a cor do seu cabelo refletida na luz da lua. Gabrielle estava voltando com o pergaminho e Xena se deparou com um olhar que passava do verde ao dourado, e ela também sabia o que a sua barda sentia apenas pelo seu olhar. Gabrielle caminhava mais devagar que o normal, seu olhar tinha um misto de receio e alegria e quando seus olhos se cruzaram algo dentro de ambas fez seus corações dispararem.

Gabrielle volta para onde estava sentada e coloca o pergaminho no colo de Xena.

– É esse daqui.
– Eu queria que você lesse para mim.

A guerreira devolve o pergaminho para a barda deixando a sua mão deslizar por sobre a pele da mão de Gabrielle. O toque foi tão suave que fez ambos os corações acelerarem. Gabrielle desvia o olhar e começa a desenrolar o pergaminho.

– Xena eu escrevi este pergaminho quando eu fui ferida por aquela flecha envenenada. Eu estava delirando e febril, então se algumas coisas estiverem confusas me dá um desconto.
– Com certeza eu vou gostar.

“Às vezes penso que seria bom apagar você da minha memória e outras vezes, queria você dentro de minha alma. Sinto meu corpo inteiro trêmulo e minhas mãos geladas como se estivesse morta e a única coisa que garante que eu esteja viva é a velocidade desesperadora com que meu coração bate quando meu olhar encontra o seu. Sinto como se toda a eternidade fosse pouco tempo para conseguir apagar você de mim. Você não foi vento, foi uma tempestade devastadora mudando meu mundo e tudo que eu era. E seus olhos passeiam pelos meus sonhos; vejo seu rosto suplicante quando olha para mim com um terrível medo que eu morra, e depois os vejo simplesmente estáticos, me olhando como se apenas com a força que deles emana conseguisse fazer tudo ficar bem. E chego a acreditar que realmente vai ficar. É como se o azul deles me levasse para outra dimensão, um mundo onde tudo é simples. E mesmo com toda a dor que sinto em meu corpo e a fraqueza que faz minhas mãos tremerem, pensar em seus olhos me obriga a continuar viva para que meu olhar encontre o seu de novo…”

Xena estava estática olhando para Gabrielle que parecia surpresa com a força das próprias palavras.

– Nossa, eu não me lembrava de ter escrito isso tudo, eu achava que não ia sobreviver e não conseguia parar de pensar que alguma coisa poderia te machucar.
– Não consigo imaginar minha vida sem você. Na verdade não suportaria se acontecesse alguma coisa.

Elas se olham como se quisessem falar algo que estava preso dentro delas e por um momento o que ambas sentiam era extremamente forte e sem dúvida era muito mais que apenas amizade. Era algo mágico, algo que fazia ambas serem pessoas diferentes. E perguntas perambulavam em suas mentes.

“Será que é amor? Será que ela me ama? Eu devo fazer algo? E se ela não sentir o mesmo? Eu não posso correr o risco de perdê-la.”

Gabrielle segurava o pergaminho como se nele estivesse escrito verdades que nem mesmo ela tinha se dado conta. Xena mantinha uma expressão séria no rosto como se estivesse resolvendo uma estratégia de batalha. Não contendo mais a ansiedade Xena se vira de frente para Gabrielle com um rosto determinado e sedutor, seus olhos como Gabrielle descrevera antes estavam quentes e faiscantes.

Xena se aproximou mais e gentilmente segurou a mão da barda, entrelaçando seus dedos, depois levou a outra mão ao rosto de Gabrielle e suavemente o acariciou.

A barda respirou fundo ao sentir a aproximação. Elas sabiam que palavras não poderiam descrever aquele sentimento e fizeram o que os lábios já estavam implorando há muito tempo. O gosto e a sensação das línguas se tocando era algo esplêndido, longe de qualquer outra coisa que qualquer uma das duas já tivesse sentido. Era mágico. Não era um beijo normal. Era como se toda a felicidade estivesse guardada e escondida em cada pedacinho daquelas bocas e quando respirar se tornou extremamente necessário os lábios se separaram e elas permaneceram com as testas encostadas, respirando e tentando acalmar seus batimentos e o calor que dominava seus corpos.

– Nossa! Você sentiu isso Xena?
– Não sei se o que você sentiu deixou suas pernas tremendo igual as minhas.
– Pode apostar que sim.
– Gabrielle eu preciso lhe confessar uma coisa.
– Pode falar Xena.
– Eu não gosto de você como antes, tudo o que eu sentia mudou, e você precisa saber que eu te amo mais que a minha própria vida.

A barda pela primeira vez na sua vida ficou sem palavras. Simplesmente não sabia o que dizer a não ser a verdade incontestável que seu coração gritava.

– Eu… Te… AMO!

Gabrielle se jogou sobre Xena capturando seus lábios fazendo as duas caírem no chão forrado por folhas secas. Xena segurou Gabrielle pela cintura e correspondeu ao terno beijo.

– E eu que achava que era feliz sem conhecer o gosto desses lábios.
– E eu que pensava que nunca mais fosse sentir algo tão maravilhoso quanto o que eu estou sentindo agora. Com esse beijo você me devolveu à vida Gabrielle.
– E eu comecei a viver Xena. Estamos quites.

Elas se beijaram apaixonadamente. As mãos de Xena passeavam pelas costas da barda, seus corpos estavam cada vez mais unidos e o beijo de terno se tornou provocador de arrepios. Os corpos estavam sedentos de desejo e procuravam saciar sua fome um no outro. Gabrielle desce sua boca até o pescoço de Xena fazendo um caminho molhado por sua jugular e depois sobe até sua orelha esquerda e salpica a região de beijos e sussurros. Todos os pelos do corpo de Xena estão arrepiados e ondas de calafrios vão e vêm pelo seu corpo fazendo a guerreira morder os próprios lábios.

Xena olha desafiadoramente para Gabrielle que treme ao encontrar um olhar quase selvagem nos olhos de sua amada. Xena segura os ombros de Gabrielle e com um giro quase imperceptível fica em cima dela que sorri majestosamente ao contemplar a mulher que ama, e Xena se perde nesse sorriso que a obriga a unir seus lábios a ele. O beijo era divertido e extremamente sexy; as pernas de Xena estavam entrelaçadas às de Gabrielle e parecia se encaixar perfeitamente nelas. O momento foi ficando cada vez mais intenso. Mãos, pernas, e corpos pareciam uma coisa só. No meio de tudo isso Xena se afasta com uma determinação apenas vista nas suas mais difíceis batalhas e começa a falar ainda ofegante e sempre acariciando o rosto de sua amada.

– Não precisamos ter presa Gabrielle. Temos todo o tempo do mundo para ficarmos juntas. Não quero apressar as coisas. Eu quero que seja perfeito para você meu amor.

Gabrielle tinha a respiração descompassada também, mas concordou com Xena, afinal de contas elas acabaram de ficar juntas e não custava nada deixar cada coisa acontecer no seu tempo.

– Você tem razão Xena. Temos todo o tempo do mundo.

A guerreira levanta e estende uma mão para levantar a barda. Elas arrumam as peles para dormirem ao lado do resto de brasas acinzentadas que era a fogueira e fazem uma grande cama de casal. Deitam uma de frente para a outra. A lua cheia brilha no céu agora com mais intensidade sem o brilho do fogo, deixando mesmo no escuro tudo perfeitamente visível. Gabrielle parecia tentar decorar cada mínimo detalhe do rosto de Xena que apenas ficava apreciando a coisa mais linda que já tinha lhe acontecido.

– Que tipo de olhar eu estou fazendo agora Gabrielle?
– Humm… Esse é um que eu nunca tinha visto, mas apostaria todos os meus dinares que é esse olhar que consegue fazer qualquer mortal ficar completa e loucamente apaixonado por você. E o meu olhar o que te diz Xena?

Gabrielle propositalmente passa a língua nos lábios. Seus olhos parecem grandes esmeraldas com a luz da lua, quase como um gato selvagem.

– Seus olhos dizem que você sabe o efeito que eles causam em mim e como eu tenho de ser forte para resisti-los.

Gabrielle se aproxima tocando o abdômen de Xena que estava usando apenas seu vestido de couro sem a pesada armadura.

– Não seja forte. Não tente resistir. Porque eu não estou conseguindo. Eu…

Antes que Gabrielle terminasse de falar Xena toma seus lábios como se eles fossem a porta para os Campos Elísios. Seus corpos reagem como um encaixe perfeito se fundindo, suas coxas friccionam o meio da perna uma da outra fazendo a temperatura em seus corpos aumentar. Xena leva sua mão aos seios de Gabrielle que respira pesadamente ao sentir o toque e beija a guerreira mais intensamente, movimentando seu quadril contra a coxa de Xena. A guerreira estava no seu limite, ela queria devorar sua barda, saborear cada pedaço daquele corpo, mas não queria assustar Gabrielle com seu desejo. A barda também queria sentir o quanto o amor delas poderia ser forte e intoxicante. Elas se olharam por um momento em total cumplicidade como se conseguissem depois de tanto tempo realmente saberem o que queriam.

– Eu te amo Xena. Acho que sempre amei. E nos seus braços é o meu lugar.
– Você é a luz da minha vida. Sempre pensei em conquistar impérios, mas você é muito mais do que pensei um dia ter, é como se eu tivesse o mundo.

Xena gira seu corpo ficando em cima de Gabrielle mantendo sua perna junto ao sexo da barda. Seus cabelos negros caíam em volta de seu rosto e seu sorriso era magnífico, como uma criança com um segredo bom demais pra esconder.

Gabrielle se perdia naquele olhar. Ele fazia cada parte do seu corpo arder de paixão, principalmente no meio de suas pernas. Ela queria mais que apenas beijos, ela queria sentir o corpo de Xena junto ao seu, queria ser inteira dela, sem restrição, sem dúvida, sem medo. E sem pensar duas vezes ela começa a descer as alças da roupa de Xena que observa o que Gabrielle tenta fazer com uma sobrancelha levantada. Ela também começa a soltar os cordões que mantinham o top de Gabrielle preso. Ambas sorriem convidativamente.

Xena ajuda Gabrielle a tirar seu próprio vestido e puxa as últimas cordas do top da barda. Elas se olham como nunca tinham feito antes, tudo podia ser tocado agora e não apenas apreciado à distância e em silêncio. Seus seios brilhavam e os corpos cintilavam um azul marinho pelo efeito da luminosidade prateada que emanava da lua. Os corpos estavam unidos de novo e ambas acabaram de tirar a roupa uma da outra. Era uma sensação indescritivelmente boa demais, como um sonho ou miragem no deserto que a qualquer momento poderia deixar de ser real. Seus corpos estavam febris de tão quentes, os seios se tocando, cada arrepio e sensação de êxtase era dominante.

Xena segura forte as coxas da barda e seu quadril; depois faz um caminho com as pontas dos dedos do pescoço de Gabrielle passando pelos seus seios, abdômen e delicadamente até o centro das pernas de sua amada. Gabrielle faz a mesma coisa levando sua mão à região mais molhada daquele delicioso corpo. Todos os movimentos que Xena faz são repetidos pela barda. Elas se tocam intimamente deslizando seus dedos por toda a extensão de seus sexos dando atenção especial ao ponto sensível.

Xena pressiona a entrada de Gabrielle e desliza seus dedos para dentro da barda que joga sua cabeça para trás à procura de ar. Ela faz o mesmo em Xena que começa a fazer movimentos de vai e vem delicado com seus dedos. As duas estavam penetrando uma o sexo da outra arrancando gemidos e palavras de amor; elas estavam no seu limite e extremamente excitadas e com poucos movimentos tiveram um orgasmo que fez seus corpos estremecerem e ficarem sem forças.

Xena estava deitada ao lado de Gabrielle com os olhos fechados e respirando fundo. Gabrielle olhava para as estrelas com um sorriso lindo de orelha a orelha.

– Uau… Isso foi… Nossa.
– É Gabrielle foi maravilhoso.

Xena levanta das peles e apoia a cabeça em seu braço olhando o corpo de Gabrielle ainda suado e nu, seu sorriso branco e o brilho de seus olhos. Ela acaricia o rosto da barda que sorri como se fosse a noite de solstício.

– Posso te fazer uma pergunta meu amor?
– Pode sim Xena.
– Você se arrepende de ter feito isso?
– Eu sempre sonhei desde criança que um príncipe apareceria em um cavalo branco e me levaria para um castelo onde fossemos felizes para sempre.
– Um pouco diferente do que aconteceu. Então você se arrepende…
– Espera eu terminar de falar Xena. Você é a minha princesa com um cavalo bege que me levou embora e acabou de me mostrar como eu quero que seja meu feliz para sempre. Acho que consegui muito mais do que um dia sonhei para mim.

Os olhos da guerreira brilhavam e seus lábios cobriram os de Gabrielle.

Dormiram abraçadas como há tempos queriam. E finalmente seus corações sossegaram, e mesmo não tendo se dado conta que eram almas gêmeas elas sabiam que os seus corações já pertenciam uma a outra, assim como seus corpos.

***

Na manhã seguinte Xena acorda com uma sensação horrível, como se algo estivesse errado, algo com Gabrielle. Sua cabeça está girando como se ela estivesse sob o efeito de alguma droga analgésica ou tivesse levado uma boa surra. Com muita dificuldade a guerreira abre os olhos e vê que a sua amada não está e que todo o acampamento estava destruído. Argo estava com marcas profundas de chicotadas que cortaram seu lombo, mas que não fizeram a égua sair de perto da sua dona. Xena sabia que apenas uma coisa a faria não perceber tudo que havia ocorrido: era o veneno do sono, um líquido que fazia qualquer pessoa que sentisse seu cheiro desmaiar imediatamente não conseguindo sentir ou escutar nada.

Poucas vezes a guerreira ficava desesperada, mas foi inevitável lágrimas brotarem de seus olhos quando viu marcas de sangue no chão, sangue que deveria ser de Gabrielle.

Mesmo não conseguindo pensar direito olhou em volta tentando achar alguma pista de quem poderia ter feito isso. Um pedaço de pergaminho chamou sua atenção. Correu até ele.

“Eu sabia que a princesa guerreira um dia ia ter uma fraqueza, mas não sabia que seria uma fraqueza loira e deliciosa. Espero que tenha aproveitado enquanto pode. O sangue dela será um presente meu a você.”

Os olhos de Xena fecharam assim como seu punho sobre o pedaço de papel. Era mais sério do que ela pensava. Isso não era um sequestro, era vingança. E a vida do amor da sua vida corria mais perigo que nunca.

2

Enquanto Xena colocava sua armadura, imagens de homens batendo em Gabrielle se misturavam com as lembranças da noite passada onde finalmente ela teve o amor da sua vida em seus braços e lágrimas ainda escapavam teimosamente de seus olhos.

Ela levanta e caminha até Argo e examina seus machucados.

– Desculpe por isso garota. Juro que quem fez isso vai se arrepender. Vou te deixar em um lugar seguro e vou procurar Gabrielle.

Argo agita a cabeça e bufa como se entendesse o que Xena falava, e não concordava com ela.

– Você não pode ir junto, vai ser perigoso e estou disposta a fazer qualquer coisa para recuperá-la.

A guerreira leva Argo a um estábulo e procura por pistas na cidade. Ela sabia que a pessoa que fez isso a conhecia e não seria tonto o suficiente para tentar esconder Gabrielle em qualquer lugar e ela não tinha tempo a perder. Se dirigiu até a única taberna que tinha na cidade. Foi logo ao balcão e agarrou o dono do estabelecimento pelo pescoço.

– Eu vou perguntar apenas uma vez. Minha amiga foi capturada por alguém. Você sabe de alguma coisa?

O homem estava com medo e não falava nada. Xena aplica o golpe no seu pescoço e o homem começa a falar imediatamente.

– Ele me falou que você viria aqui. Que deveria estar desesperada como você está.
– Quem fez isso?
– Por favor, retire o golpe. Não consigo respirar.

Xena retira o golpe e coloca o homem no chão.

– Para onde ele a levou?
– Eu não devia te contar, mas sei o que ele faz com as garotas que leva para aquele lugar; elas nunca voltam.
– Mas quem é ele? Para onde a levou?
– Ele disse que no passado você quase o matou, humilhou e roubou seus homens para o seu exército, mas me lembro que ele tinha uma cicatriz no rosto bem grande.

A pele de Xena estava pálida e seus olhos demonstravam raiva e medo ao mesmo tempo.

– Eu sei para onde ele a levou, uma caverna… Vou precisar de um cavalo.
– Pegue o meu.

A caverna onde Gabrielle estava era muito úmida; seus braços estavam dormentes por estarem amarrados há muito tempo, seus olhos e boca estavam vendados e a única coisa que a barda conseguia escutar eram passos que caminhavam na sua direção.

O homem se aproxima e retira as faixas dos olhos e boca da barda. Ele tem uma cicatriz grotesca no rosto.

– Hum… Vejo que Xena tem bom gosto. Olhe para você: jovem, bonita, músculos torneados.
– Quem é você?
– Sou um velho amigo da sua namoradinha. Confesso que me assustei quando vi vocês juntas ontem à noite. Sempre achei que Xena gostasse de homens viris, mas acho que me enganei.
– Quando ela te achar vai acabar com você.
– Eu estou contando com isso.
– O que você quer dizer?
– Assim que Xena te encontrar ela fará qualquer coisa para te salvar. Até tirar a própria vida.
– NÃO! Você não pode fazer isso. Peça qualquer coisa. Eu faço qualquer coisa mais não a machuque.
– Posso pedir qualquer coisa mesmo?

Com os olhos vermelhos de tanto chorar Gabrielle movimenta a cabeça concordando.

– A única coisa que eu quero é ver a dor nos olhos dela. E você já está causando isso pelo simples fato de estar aqui. Vou apenas deixar você mais apresentável para ela.

O homem sai por um instante e volta com um chicote.

– Se você pudesse medir seu amor por Xena, de 0 a 100, quanto seria?
– Meu amor por ela é infinito. Não caberia dentro de limitações numéricas.
– Vou entender isso como um 100.

O homem se aproximou de Gabrielle segurando seu rosto e o lambendo. Espero que não desmaie antes do 100. Ele segurou forte o chicote e começou a bater contra as costas da barda.

– Quando doer avisa.

O homem gargalhava enquanto castigava as delicadas costas.

***

Xena cavalgava desesperadoramente. O cavalo não corria tão rápido quanto Argo, mas mesmo assim corria contra o tempo. Ela agia como no seu passado, a morte pairava a sua volta e o medo de perder Gabrielle torturava sua alma. Ao chegar à frente da caverna seu chakram derruba os quatro homens que estavam de vigia. Ao chegar dentro da caverna sua espada estava encharcada de sangue que escorria manchando o chão.

– 29… 30… 31… Nossa! Além de linda você é bem resistente.

Gabrielle embora estivesse chorando de tanta dor não fazia nenhum barulho. Nenhum grito ou gemido. Seus olhos estavam embaçados, mas pode ver Xena entrando na grande caverna e mesmo com toda a dor ela sorriu ao ver a guerreira. Quando Xena viu Gabrielle uma máscara de horror tomou conta de seu rosto. A espada caiu de sua mão e lágrimas invadiram seus olhos.

– Já chega! É a mim que você quer. Solte-a.
– Olá velha amiga. Você chegou antes do que eu imaginava. Nem acabei de arrumar meu presentinho para você.

O homem olhava para as costas de Gabrielle que sangrava com total satisfação e felicidade.

– O que você quer Sirius?
– Hum. Vejo que ainda lembra o meu nome Xena.
– Devia ter acabado com você quando tive a chance.
– Guardas!!!
– Acho que não sobrou nenhum.
– Então acho que essa será uma reunião de amigos apenas.

Xena tentou se aproximar, mas o homem apontou a sua espada para o pescoço de Gabrielle fazendo Xena congelar no lugar.

– Sirius não faça isso. Não machuque mais ela. Por favor.
– A princesa guerreira esta pedindo, por favor?
– Deixe que ela vá embora e faça o que você tem que fazer comigo.
– Tenho uma idéia melhor. Eu quero que você se amarre com aquelas algemas presas na parede. E eu te conto o que nós iremos fazer.
– Primeiro solte ela.
– Xena… Xena… Acho que você não está entendendo. Ou você faz isso ou eu vou matá-la agora mesmo antes que você possa sequer fazer alguma coisa.

A guerreira não tinha outra escolha a não ser fazer o que ele mandava. Usar o chakram era perigoso demais porque Sirius sempre ficava atrás de Gabrielle.

– Agora você já me tem presa Sirius, solte Gabrielle.
– Agora que você está presa eu posso falar quais são meus planos. Eu iria simplesmente matar Gabrielle na sua frente e depois fazer a mesma cicatriz que você fez em meu rosto com essa sua linda espada. Você me tirou tudo no passado, mas acho que agora eu estou te tirando muito mais do que você me tirou, afinal de contas um exército com um pouco de empenho se faz. Já um verdadeiro amor…
– Eu juro que se você fizer alguma coisa a ela o Tártaro vai ser um parque de diversão para você Sirius.
– Xena, você está presa, a sua namoradinha nem consegue ficar em pé. O que você vai fazer? Chorar até me matar afogado?

Gabrielle olhava Xena nos olhos. A dor era tanta que era muito difícil falar.

– Xena, aconteça o que acontecer, eu te amo.

Xena se debatia nas algemas de ferro, mas sabia que qualquer tentativa de fuga resultaria na morte de Gabrielle.

O homem via que isso estava deixando Xena totalmente apavorada, uma cena que ele jamais imaginou ver.

– Pensando bem Xena, eu não vou matar Gabrielle. Não posso me dar ao luxo de desperdiçar um corpo tão lindo. E preciso descobrir o que tem nesse corpo que fez você se apaixonar tanto.
– Nem pense em tocar nela seu bastardo.

O homem simplesmente ignora Xena e desamarra Gabrielle forçando seus braços para trás. A barda se debatia e tentava fugir, mas parou quando um soco fez sua cabeça ficar zonza e desabar no chão inconsciente. A guerreira parecia um animal selvagem, nunca tinha sentido tanta raiva em toda a sua vida. Ela não sentia mais o seu corpo, não sentia dor, apenas via aquele homem olhando o corpo de Gabrielle pensando que tipo de fantasia podia realizar com ela.

Xena dobra seus dedos contra a corrente e desloca seus dois dedões. Sirius estava tirando as calças e falava coisas que nem mesmo Xena se atreveu a escutar.

Quando o homem se aproximou de Gabrielle sentiu dois golpes certeiros no seu pescoço que o imobilizaram na mesma hora. Ele olhou para cima e viu Xena, suas mãos estavam sangrando e seus olhos estavam como a antiga guerreira que ele conheceu, impiedosos e mortíferos.

Ela o puxou para longe de Gabrielle.

– Você sabe que tem apenas trinta segundos de vida, mas como eu prometi quando eu acabar com você o Tártaro (inferno) vai ser um parque de diversão.

A guerreira retirou o golpe e os gritos de Sirius podiam ser escutados a milhas de distância.

***

Gabrielle estava deitada em uma cama na mesma taberna onde Xena tinha conseguido as informações do seu paradeiro. Suas costas estavam cobertas com uma pasta branca e folhas. Xena estava apenas com um vestido branco. Sua armadura estava secando na janela. Ela teve que lavá-la depois que se livrou de Sirius.

A guerreira ainda continuava com uma expressão sombria no rosto que só se desfez quando escutou Gabrielle levantando rapidamente.

– Xenaaaaa…
– Calma meu amor, eu estou aqui. Como está se sentindo?

Gabrielle abraça a guerreira e começa a chorar.

– Nunca tive tanto medo em toda minha vida. Pensei que ele fosse te matar. O que aconteceu depois que eu desmaiei? Ele fez alguma coisa comigo…?
– Não Gabrielle, nunca deixaria alguém fazer isso com você. NUNCA. Ele não tocou em nenhum fio de cabelo seu.

A guerreira abraçava a barda delicadamente por causa de seus machucados nas costas.

Depois do susto Gabrielle se lembrou da dor que sentia e soltou um pequeno grito; logo em seguida Xena procurou em suas costas achando o ponto de pressão fazendo a dor diminuir drasticamente.

– Você logo vai estar bem meu amor. Eu prometo. Agora tente dormir um pouco.

Embora as feridas fossem muitas não eram profundas e com a mistura de ervas e seiva de plantas no outro dia Gabrielle já estava muito melhor.

O sol brilhava quando Xena tirava as últimas ataduras das costas de Gabrielle.

– Daqui alguns dias você não sentirá mais dor e com essa pasta não ficará cicatriz.

A barda se levanta para ficar de frente para a sua amada e cruza os braços sobre seu peito, já que estava apenas com a sua saia.

– Você salvou minha vida de novo Xena.
– Você foi muito corajosa, e foi por minha culpa que eu quase te perdi. Meu passado sempre vai voltar e perseguir o que eu sou agora, e o que eu mais amo.
– Você tem razão, seu passado vai voltar e eu vou estar aqui para enfrentarmos juntas. Eu te amo Xena.
– Eu também te amo. Que medo de te perder!
– Eu também meu amor.

Xena segura o rosto de Gabrielle e a beija ternamente, como se fosse o primeiro beijo. A barda corresponde ao beijo entrelaçando suas pernas na cintura da guerreira.

– Xena aquela tina está com água quente?
– Está sim. Eu fui buscar a água enquanto você dormia para você poder tomar um banho.
– Você acha que nós duas cabemos nela?
– Hum… Só existe um jeito de descobrir.

Xena tira seu vestido e solta as amarras da saia de Gabrielle. Levanta com ela ainda entrelaçada na sua cintura e caminha cuidadosamente até a tina.

A tina de madeira é grande o suficiente para que elas fiquem confortáveis. Seus corpos estavam se tocando o tempo todo. Gabrielle beija a mão de Xena e vê marcas roxas, quase pretas em seu dedão, e percebe que a outra mão tem marcas iguais. Ela segura as duas mãos de Xena que apoiavam suas costas.

– O que aconteceu com os seus dedões? Eles estão quebrados? E essas marcas roxas em suas mãos?
– Não estão quebrados. Eu tive de deslocá-los para conseguir sair das algemas e os outros roxos acho que foi porque exagerei um pouco com Sirius.
– Não vou perguntar se ele está vivo porque eu mesma o teria matado.
– Gabrielle não vamos mais falar disso. O pior já passou e eu ainda tenho você comigo.
– Sempre. E pra sempre.

Gabrielle aperta ainda mais suas pernas contra a cintura de Xena, fazendo a guerreira sentir o seu sexo contra seu abdômen. A guerreira respira fundo com a sensação que isso lhe causa.

– Não consigo imaginar ninguém te tocando. Sentindo o que eu estou sentindo agora.
– E nunca mais ninguém sentirá a não ser você minha princesa guerreira.

Os lábios de Gabrielle estavam levemente inchados e cortados, mas seu sorriso era radiante.

– Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Elas estavam mais unidas que nunca. E mais uma vez se amaram, delicadamente e intensamente. Elas sabiam que nos seus caminhos decisões difíceis e problemas sempre estariam presentes, mas que sempre poderiam contar uma com a outra, porque agora mais que nunca seus corações batiam juntos.

Fim

Nota