Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

– Aah! – gritei levantando a espada por cima da cabeça para bloquear o ataque pelas costas e afastando com um empurrão a lâmina metálica de meu corpo.
– Ei, você deveria estar protegendo minhas costas! – gritei a Atrius.

Pude ver que meu capitão tinha seus próprios problemas e tentei não começar a rir de nossa situação. Tínhamos idade suficiente para ter gerado qualquer um dos jovens homens e mulheres que nos cercavam, mas estávamos nos ajustando estupendamente para que não nos dessem uma surra muito grande. Atrius estava combatendo contra duas mulheres soldados, cuja perícia com a esgrima teria parado para admirar se não estivesse tão ocupada.

– Olha, custa um pouco compadecer-me de você nestes momentos – arquejou Atrius – Francamente, apanhe só, Conquistadora! – acrescentou, enquanto recebia uma direita no queixo, atitude que faria a futura oficial pagar muito caro.

Comecei a rir e segui em frente, ainda que por fim sentisse a idade à medida que a fadiga se apoderava de meus músculos. Ainda que soubesse que amanhã pagaria caríssimo por esse excesso de esforço, o certo era que neste momento estava me divertindo muito. Acima de qualquer outra coisa, eu era uma guerreira, e quase nada me dava tanto prazer como um bom combate, ainda que rara vez confessasse.

Trabalhava com duas espadas, atacando com uma de lâmina curta enquanto parava golpe após golpe com minha espada longa. Lancei uma patada à esquerda, sem ver, mas senti como minha bota se afundava em carne branda. Ao mesmo tempo ouvi um gemido e uma lufada de ar que se desprendia de um par de pulmões. Pela minha visão periférica vi que um jovem soldado caía de joelhos.

Os recrutas finalmente perceberam que teriam de trabalhar juntos. Este era o motivo de que Atrius e eu submetíamos nosso corpo a essa agonia. Os aspirantes a oficiais tendiam a ser um bando de arrogantes e quase sempre imaturos. Este pequeno exercício lhes ensinava que tinham mais possibilidades de alcançar a vitória se trabalhassem com seus homens. De repente, dois e três deles começaram a colaborar em seus ataques e antes que pudesse evitar, varreram minhas pernas para o ar.

Quando minhas costas golpearam o chão, o impacto me fez perder a espada curta, enquanto que um chute na mão lançava minha outra espada a vários metros de distância. O jovem sorriu vitorioso. Mais tarde lhe diria que isto foi sua ruína. Eu estava deitada de costas, tentando recuperar o fôlego, e então ele ergueu a espada com as duas mãos para enfiar a lâmina em minha garganta. Tudo que se pode esperar nesse tipo de situação é que a adrenalina não domine o jovem recruta e que ele pare efetivamente a estocada antes de lhe atravessar a pele. Observei seu estilo e sua postura enquanto a espada se aproximava de mim e detectei nesse instante qual era seu ponto fraco.

Juntei as mãos repentinamente, pegando a parte plana da lâmina entre as palmas. Movi-me rapidamente, antes que o jovem soubesse sequer o que estava acontecendo. Com toda a força que consegui dar a meus braços e ombros, empurrei bruscamente para frente e para cima. A empunhadura da espada correu até ele e o golpeou no queixo.

Girei a espada, agarrei a empunhadura e, com a suficiente agilidade que me restava nas pernas, levantei-me de um salto do chão. O homem ainda estava cambaleando para trás e apertei a mandíbula por empatia. Com certeza sentia que todo o seu rosto era um imenso nervo exposto ao ar enquanto o sangue brotava da fenda que tinha no queixo. Ficaria surpresa se não tivesse mordido a ponta da língua. Abaixando-me, lancei uma de minhas longas pernas contra seus pés e ele caiu ao chão.

Fiz a espada girar na mão, uma-duas-três vezes, soltando o grito de guerra que fazia o sangue gelar no corpo do inimigo. Os olhos do homem caído se puseram como pratos quando a espada desceu direto para sua cabeça. No último segundo, virei para a direita e afundei a lâmina na relva macia, apenas a um fio de cabelo de distância da orelha do soldado. Meu peito arfava com o esforço, a adrenalina corria por meu organismo e então ouvi a aclamação. Os demais recrutas haviam se colocado atrás e aplaudiam.

Imediatamente fiz um gesto para que um curador atendesse o menino caído. Quando o levaram, um pouco cambaleante do campo de treinamento, se deteve diante de mim. Sequei da boca a água que bebi de um odre perto e apertei o braço do jovem. Este sorriu, mostrando que lhe faltava um dente e tinha a boca ensanguentada.

– Foi uma honra, Senhora Conquistadora. Tudo o que dizem sobre vós é verdade, é uma poderosa guerreira. Mas achava que vencia. – o jovem oficial balançou a cabeça, perplexo.

Apertei seu antebraço e o felicitei.

– Esteve perto, rapaz. Nunca deixe que seu adversário veja que você sabe que ganhou. Vi essa expressão em seus olhos quando ergueu a espada. A idéia de perder fez que me esforçasse mais.
– Sim, Senhora Conquistadora. – sorriu um pouco trêmulo e o levaram do campo de treinamento.

Os demais oficiais se reuniram em volta de Atrius e de mim e lhes oferecemos uma crítica sobre seu desempenho. Foi então quando o ouvi, e o sangue me gelou nas veias.

*******

Depois que a Conquistadora a deixou para ocupar-se de seus assuntos em outro lugar, Gabrielle passou algumas marcas escrevendo em seus pergaminhos. A jovem escrava já sabia quando viu Nicos qual era a notícia. Sabia como quase todos os escravos do palácio, o astuto plano de sua senhora para apanhar o administrador, Demetri. A maioria dos homens e mulheres livres não era como sua ama. Tratava os escravos como gado, como a uma propriedade que ignoravam até que fossem necessários. Por isso, falavam sem dissimulação diante de seus escravos, sem dar-se conta de que havia seres humanos inteligentes dentro do corpo daqueles submetidos à escravidão. Os escravos sabiam mais do que ocorria no palácio que a própria Conquistadora. Gabrielle já sabia que Demetri fugira. A jovem tinha sentimentos muito desencontrados a este respeito.

Na realidade, o que esse homem fizera afetava esta pequena escrava por motivos muito pessoais, mas nunca o contara a ninguém. Para que incomodar-se? No fim das contas, era uma escrava, a escrava da Senhora Conquistadora… Muito apreciada, mas escrava, não obstante.

A loirinha caminhava pelo conhecido corredor que levava aos aposentos de Anya. Refletia sobre a idéia de pertencer a Xena e, sobretudo o que recentemente descobrira sobre os sentimentos da Conquistadora por ela. Gabrielle não ousava dizer a sua ama que estava perdidamente apaixonada por ela. Entretanto, por um momento, quando estavam sós em seu quarto, estava certa de que Xena esteve prestes a declarar isto.

Pelos deuses, estou perdendo a cabeça? Xena a Conquistadora, tão bela como é, jamais se apaixonaria por alguém como eu… Não é? E depois, não se esqueça de que é uma escrava.

As reflexões de Gabrielle a levaram à noite anterior. Chorara muitíssimo, mas quando Xena não pode expressar seus sentimentos, para a jovem escrava lhe pareceu errado, para não dizer até perigoso, ser a primeira a confessá-lo. Se a Conquistadora não era capaz de jamais confessar esses sentimentos, Gabrielle estava condenada a uma vida de solidão. Amando e sendo amada, mas sem poder dizê-lo nunca… Gabrielle sonhara toda sua vida com alguém que lhe dissesse essas palavras. Sabia que fosse qual fosse o destino que Xena escolhesse para sua relação, ela serviria e amaria a Conquistadora de boa vontade.

Quase sempre seus sonhos resultavam proféticos, nunca de uma maneira exata, mas desde pequena, absorvia detalhes de sua estadia no reino de Morpheus que ocorriam quando estava desperta. Às vezes passavam muitas estações entre uma visão e outra, mas desde que entrara no palácio de Corinto, começara a ter revelações que a deixaram muito confusa. Nunca até agora tivera uma premonição com um objeto, mas isso também havia acontecido. Sonhara com a amabilidade desta mulher conhecida como a Conquistadora, com sua atenção. Fazia pouco, Gabrielle vira Xena declarando seu amor enquanto estavam juntas, mas como isso não havia acontecido, agora punha em dúvida a fé em seus sonhos. Um pesadelo, em particular, a assustava de uma forma inimaginável. O atribuíra ao plano de Morpheus de perturbar seu sono, mas a cena desconcertante se repetiu no dia em que susteve o punhal de Xena em suas mãos. Ao levar a adaga para sua ama, Gabrielle viu de novo seu pesadelo, desta vez com todo o luxo de detalhes escabrosos em sua mente. Viu que Xena, de costas para a pequena escrava, se virava de repente e lançava o punhal contra sua garganta.

Gabrielle tratou de esquecer essa imagem mental. Agora, era feliz como não lembrava nunca de ter sido. Xena era muito boa com ela e a mulher alta reconhecera que havia algo mais entre elas que uma mera relação envolvendo ama e escrava. Xena tornava realidade as pequenas esperanças e os sonhos da pequena loira ao lhe dar materiais e liberdade para escrever. Talvez, com o tempo, pensou Gabrielle, poderia convencer a Conquistadora para que falasse de sua vida. O maior presente de Xena não foi material, na opinião de Gabrielle. O melhor presente foi dar para Gabrielle a consciência sobre si mesma. Alguns o chamariam confiança, até orgulho, mas o que quer que fosse, a jovem escrava gozava da sensação de que tinha certo valor, ainda que fosse apenas para sua pouco comunicativa ama.

A jovem escrava estava tão enredada em suas reflexões que não viu a figura que lhe bloqueava o passo até que quase se chocou com ela.

– Ahhh, a puta da Conquistadora.

A voz deteve Gabrielle de chofre. Ergueu o olhar aterrorizado até o homem que tinha em seu caminho. Seus olhos se moveram por todo o corredor, como a procura de alguém que pudesse ajudá-la. Athena, por favor, não me deixe morrer… Ainda não… Não agora que estou tão perto.

– Não se incomode em buscar ajuda putinha bonita… Aqui não encontrará ninguém disposto a lhe ajudar.

Gabrielle observou a expressão dos olhos de Demetri. Já vira esse olhar antes, uma mistura de loucura e alegria, uma mistura explosiva. Olhou de novo à sua volta, pensando em uma maneira de escapar, ou até em uma forma de acalmá-lo. Estava tão perto de Xena. As colunas abertas do segundo pavimento davam a um parapeito que percorria todo o muro do palácio. Podia ouvir os ruídos da cidade e dos soldados que treinavam no campo, justamente embaixo.

Antes que pudesse mover-se, Demetri estendeu a mão e a agarrou pelo pescoço, apertando até que Gabrielle começou a arfar sem ar, agarrando sua mão para tentar afastá-la. Ele soltou-a, virou-a e puxou-a contra seu peito. Apertou seu sexo contra seu traseiro num gesto provocativo.

– Agora a farei minha escravinha. – disse com lascívia.

Gabrielle fechou os olhos com força. Homens como este já a haviam tomado em outras ocasiões, mas doía apenas um pouco e então acabava. Se desse a Demetri o que queria, talvez não fizesse nada mais. Sentiu que o homem tocava seu seio, tentando abrir a blusa que usava. Não era que a tocasse com brusquidão – coisa pior havia sofrido. Tampouco era a idéia de ser tomada contra sua vontade – isso também já havia acontecido. Era o fogo que de repente prendeu todo seu ser. A sensação de que isso estava errado.

De repente, Gabrielle sentiu o ardor que saía de seu interior. Era como um calor que começava com uma pequena faísca até se converter em um incêndio. Tentou ceder e deixar que ocorresse, tentou separar sua mente de seu corpo até que passasse a humilhação. Não pode. Ao longe ouviu uma voz que começava a acompanhar esse fogo que tinha no ventre. A voz lhe dizia que não tinha porque aceitar esta sorte, que não merecia ser tratada assim. No fim das contas, era a escrava pessoal da Senhora Conquistadora. Tudo ocorreu muito depressa, mas a vozinha interna não demorou em converter-se na voz de Xena. Nas coisas que dissera Xena… Que lhe ensinara…

Permita que lhe deixe bastante claro, Gabrielle. Você pertence a mim… Da próxima vez que alguém… Quem quer que seja se exceda com você… A toque de qualquer maneira, quero que grite, brigue, chutes, o que precise para chamar minha atenção. Então eu cuidarei da situação. Compreende Gabrielle? Assim é, Gabrielle, pertence a mim… É que não sabe se defender?

As palavras que Xena lhe dissera se agitavam revoltas em seu interior, frases e retalhos de conversas que tinha gravado na memória. Finalmente, a jovem escrava sentiu que o fogo explodia transformado em indignação. Ela pertencia a Xena… A Xena e a mais ninguém. Ninguém mais tinha esse direito!

– Não! – Gabrielle cravou o cotovelo nas costelas de Demetri e o homem soltou seu braço.

A ação repentina, especialmente por parte desta escrava, pegou o homem totalmente desprevenido. Grunhiu quando o cotovelo o alcançou com força pela segunda vez.

Dando uma patada para trás com o calcanhar, Gabrielle sentiu que seu pé entrava em contato com a canela do homem. Demetri uivou de dor e soltou totalmente a jovem. Gabrielle não esperou e correu direto ao muro exterior.

Sentiu que Demetri estava perto e via que o muro exterior estava se acabando. Quando já estava ficando sem terreno, olhou até o pátio do palácio. Ali, no campo de treinamento, estava Xena com seus soldados. Consciente do risco que corria com o que estava pensando, Gabrielle sabia que podia sofrer um castigo certo ou a morte nas mãos de Demetri. Justo quando Gabrielle chegou ao final do muro, Demetri a alcançou, rodeou sua cintura com obraço e a puxou para dentro. Ela se prendeu com as mãos na beirada de pedra e gritou com todas as suas forças.

– Xeeeennnaaa!

O gritou estridente reverberou pelas paredes circundantes.

*******

O som congelou minha medula e quando dirigi o olhar até sua origem, vi Gabrielle debruçada sobre o parapeito e Demetri que a agarrava e a arrastava para dentro do palácio.
Comecei a correr antes que se desvanecesse o último eco. Ouvi o palavrão que Atrius soltou antes de me alcançar, seguido por nossa classe de recrutas. Perdi todo o vestígio de pensamento racional. Não podia nem pensar nem maldizer – podia apenas concentrar-me em chegar até Gabrielle. Subi os degraus de três em três e de quatro em quatro até chegar ao segundo piso.

Ali estava Demetri, com o passo cortado por uns soldados na outra extremidade do corredor. De repente, quase todos os soldados do palácio estavam reunidos neste ponto e isso me preocupou. Meu ex-administrador segurava Gabrielle colada a ele, apontando um punhal para sua garganta. Se não conseguisse que alguns destes soldados retrocedessem, Demetri poderia matar Gabrielle por pura diversão.

Obedecendo a um rápido gesto de minha mão, todos nós afrouxamos o passo, enquanto Demetri se virava de um lado a outro e Gabrielle tentava soltar-se. Isso me surpreendeu bastante, mas achei que lhe ensinara bem. Como não tinha para onde ir, Demetri acabou arrincoado contra a parede de pedra. Foi deslizando por ela, até se colocar diante de uma grande porta de madeira, e agitou o puxador, mas descobriu que estava fechada com pestilo pelo outro lado.

– Não pode escapar Demetri. – disse com calma. – Seria conveniente que admitisse isso e acabasse do modo mais indolor possível. Solta a menina. – continuei com tom tranquilo.
– Ah, não, Senhora Conquistadora… – disse e percebi a expressão perigosa de demência escrita em seus olhos. – Primeiro verá como morre dessangrada.

Vi que empurrava ligeiramente a ponta do punhal, rompendo-lhe a pele. Um lento e fino fio de sangue começou a brotar por debaixo do queixo de Gabrielle, resvalou por seu colo e se perdeu no decote oculto debaixo da blusa rasgada. Ela fez uma careta de dor e quando me olhou, vi o medo em seus olhos.

Nem tive tempo de lutar contra a besta. De repente, aí estava, a escuridão que me rodeava, consumindo-me e controlando meus atos. O sangue do colo de Gabrielle e sua roupa rasgada me enviaram numa espiral a esse abismo. Só que desta vez permanecia uma mínima parte de mim. Necessitaria de um desapego total, uma frieza até, para levar isto a um bom fim. Precisaria de toda minha inteligência para enganar um louco.

Uma vez mais, com a mão, fiz um gesto a Atrius, que imediatamente se pôs a sussurrar ordens. Podia ser apenas eu, ninguém mais. Se eu queria salvar esta mulher, a única em toda minha vida que se apoderara de meu coração teria de jogar com sua vida. E assim, afastei o último que restava de Xena e me entreguei a tudo o que chegara a detestar de mim mesma.

– Não acredita seriamente que o deixarei escapar sem mais, não é, Demetri? – perguntei enquanto avançava devagar.

O homem puxou a mão para trás, expondo mais o pescoço de Gabrielle.

– Cortarei seu pescoço, juro!
– Esqueça ela. – respondi, fazendo um gesto displicente com a mão. – Estou falando de você. Certo, mate a escrava. Olhe a sua volta. – fiz uma pausa enquanto ele obedecia. – Que sensação acredita que terá quando o esfolarem vivo, Demetri? – perguntei, com um sorriso malévolo nos lábios.
– Significa tanto assim pra você, hein? – sorriu agora, pensando que a jovem me importava tanto que faria que sua morte fosse lenta e dolorosa.
– Não dou a mínima para essa escrava, porra! – gritei. Agora estava a um metro de distância. – Você roubou a mim… A MIM!

De repente ficou confuso, como pude ver em seus olhos. Perguntava-se se no fim das contas apoderar-se da jovem foi uma manobra tão inteligente, afinal. Era como se pudesse ler sua mente. Sabia o rumo que seguiria seu cérebro antes dele. Agora, estava pensando que era um truque. Colocaria-me à prova.

Fiquei ali, braços cruzados sobre o peito, cravando-lhe um olhar malévolo. Ergueu a mão e rezei em silêncio a qualquer deus a quem não tivesse ofendido em excesso nos últimos vinte verões para que evitasse um sofrimento excessivo para Gabrielle e para que esta me perdoasse quando tudo isto tivesse terminado. Fez um corte rápido com o punhal no braço de Gabrielle, onde tinha a blusa rasgada. A jovem gritou de dor pelo corte de dez centímetros, que começou a sangrar profusamente.

Fiquei ali imóvel, controlando todos os músculos de meu corpo. Sequer apertei a mandíbula nem mudei o ritmo de minha respiração… Nada. A besta era tão imune às emoções como um cadáver e agora reinava absoluta. Olhei para ele pestanejando com olhos inexpressivos e vi que os do homem aumentavam o terror. Mas ainda não estava seguro.

– A matarei! – afirmou, com muito menos veemência que antes.
– Pois mate-a. – respondi categoricamente.
– O farei! – agora estava histérico e com razão. Dava-se conta de que se aproximava o fim e se perguntava como podia ter calculado tão mal as coisas.
– Você me ouviu? – gritei a pleno pulmão, dando as costas ao louco e levantando as mãos com gesto de efeito momentâneo. – Mata essa puta!
– O que? – suspirou Demetri em voz alta.

Teria apenas esta oportunidade e, agora que estou aqui sentada escrevendo sobre isso, sei que parece que demorei uma eternidade para lográ-lo, mas nada poderia estar mais longe da verdade. Precisei de apenas um piscar de olhos. Sabia… Ou melhor, a besta sabia o que faria Demetri. Era um sentido sobrenatural – se era uma qualidade inata ou uma maldição dos deuses, isso provavelmente eu nunca saberei.

Demetri se deteve um instante, perguntando-se como era possível que seu plano tivesse funcionado tão mal. Desceu ligeiramente a mão que segurava o punhal que apontava para a garganta de Gabrielle e somente nesse instante, nessa dobra do tempo, soube que tinha de agir.

Ainda estava de costas para o louco e me virei. Enquanto me virava, levei a mão ao cinto e com um movimento veloz, saquei meu sempiterno punhal de sua capa. O movimento foi rápido, rápido demais para detê-lo ou para que a vítima o antecipasse. Como estava lhe dando as costas, não estava certa de onde ele estava; apenas o percebia. Durante todo este tempo, rezei para que Gabrielle fosse tão rápida quanto me parecia.

Tudo aconteceu com apenas um movimento, sem aparente esforço. A mão que segurava a arma abriu o caminho e, ao girar o corpo, o punhal foi direto para Gabrielle. Pelos deuses, esta jovem é verdadeiramente a outra metade de minha alma, lembro que pensei quando virou a cabeça para um lado, permitindo que meu punhal afundasse na garganta de Demetri.

Seu punhal caiu ao chão de pedra e lembro que usei toda minha força para afundar a lâmina em seu pescoço. Ele tossiu e arquejou; seus olhos se puseram em branco e seu sangue saltou a borbotões sobre Gabrielle e sobre mim. Lembro que todo o meu corpo tremia enquanto continuava cravando a lâmina, ainda que já não pudesse ir mais longe. Ouvia todos os sons à minha volta, mas estava presa nas garras do poder. A única coisa que dava voltas em minha mente era que este homem tentou tirar o que era meu.

Senti uma mão em meu braço e senti que um rosnado saiu retumbando por meu peito.

– Gabrielle, não! – ouvi a voz de meu capitão, mas a mão que rodeava meu braço o apertou.
A mão se transferiu para meu rosto e ouvi essa voz suave.
– Xena? Xena?

Esses dedos suaves seguravam meu queixo e tensionei a mandíbula, lutando contra o sentimento. Rendi-me e a mão conseguiu virar meu rosto. Por fim, meus olhos encontraram o foco, como se captassem esta visão pela primeira vez. Uns profundos olhos verdes me atraíram e me prenderam, enquanto sentia que alguém soltava meus dedos da empunhadura da adaga.

– Gabrielle. – consegui dizer e a resposta foi um leve sorriso de agradecimento.

Deu-me igual o que parecesse. Agarrei a mulher e a envolvi em meus braços com força. Enquanto me puxava, me virei e vi o corpo de Demetri, suspenso na morte, empalado na porta de madeira com meu punhal.

Acenei para Atrius, que tinha no rosto a incredulidade total.

– Chama o curador. – disse, lembrando-me do braço de Gabrielle, e então a levei comigo de volta a nossos aposentos.

*****

Comecei a sentir no momento em que a segurei entre meus braços a contração dos músculos, o calor abrasador que surgia de meu ventre até pousar entre minhas pernas. Senti que o ritmo de minha respiração mudava e assim que estávamos na intimidade de nossos aposentos, me colei a ela.

Gabrielle se apoiou na porta e a beijei. Não se parecia com nenhum beijo que tivéssemos compartilhado até então. Era poderoso e urgente, brusco e intensamente carnal. Senti a mão de Gabrielle em minhas costas, agarrando um punhado de tecido de minha camisa, apertando-a com força na mão. Tinha apenas um desejo, uma meta, e quando me detive um instante para deixar que meu cérebro alcançasse minha libido, reconheci a sensação – luxúria de combate.

Pelos deuses, quanto tempo fazia que eu não sentia algo assim! Dei-me conta de que era porque fazia muito tempo que não lutava com paixão por algo; que não estava em uma batalha, arriscando a vida, por nada que desejasse de verdade ou acreditasse que era meu destino manifesto obter e possuir. Isso era o que sempre chamava a escuridão em meu interior. Por muito que me esforçasse, nunca conseguia vencer o demônio quando se apresentava para saciar sua luxúria depois de um combate.

O corpo de Gabrielle se colocou tenso contra o meu e de repente, afastou o rosto de meus lábios e empurrou-me com os braços.

– Xena, eu te amo! – exclamou.

As palavras foram como um golpe e literalmente retrocedi um passo cambaleando pelo peso do ataque. Gabrielle caiu de joelhos e ouvi o medo em sua voz, medo e uma grande tristeza.

– Perdoe-me minha senhora.

Senti que a onda de ardor e paixão desaparecia do meu corpo no mesmo instante. Por todos os deuses, quem imaginaria? Quem poderia imaginar que depois de todas as estações que passara sofrendo, tentando controlar meu lado escuro, a cura se achava nesta pequena escrava que tinha aos meus pés? A pressão da adrenalina se acalmou e senti que a besta se perdia no nada.

– Que a perdoe por dizê-lo… Ou por senti-lo? – perguntei com um fio de voz.

Ela abaixou ainda mais a cabeça, sem dúvida esperando o castigo imediato que parecia ter a certeza de que cairia sobre ela.

– Por senti-lo minha senhora.

Fiquei ali por uns segundos, quase sem querer acreditar em sua resposta. Ajoelhei-me devagar e a endireitei, mostrando-me mais cuidadosa com seu braço ferido que antes. Estreitei-a um momento entre meus braços e beijei levemente sua testa.

– Gabrielle, achei que havia lhe dito para que me chamasse de Xena. – disse suavemente, sorrindo.

Tentou sorrir, mas eu sabia que havia somente uma coisa que poderia lhe dizer para acalmar seu medo. Era a única coisa que sabia com certeza nesta vida.

Abracei-a mais, friccionando minha bochecha sobre a suave textura de seu cabelo.

– Eu te amo, Gabrielle. – sussurrei. – Com todo o meu coração, eu te amo.

Se alguma vez desejei contemplar o rosto de um anjo, meu desejo se fez realidade quando me afastei ligeiramente. O rosto de Gabrielle era a encarnação da alegria e em seus olhos verdes havia um novo resplendor.

Passei rapidamente da idéia de sexo ao simples desejo de estar perto de Gabrielle. Levei-a ao quarto e usei com delicadeza um pano úmido para limpar o sangue que havia salpicado seu rosto. Ajudei-a a tirar a roupa e coloquei a túnica e então comecei a limpar a ferida de seu braço. Uns golpes na porta exterior interromperam meu trabalho.

– Adiante. – gritei para que me ouvissem na outra sala.

O jovem guarda do palácio, Aristes, entrou na sala. Deteve-se diante da porta aberta do quarto, provavelmente assombrado de ver-me ajoelhada diante de Gabrielle, ocupando-me de sua ferida.

– O capitão Atrius deseja saber se precisa de ajuda aqui, Senhora Conquistadora.
– Preciso sim. Onde está Kuros? – perguntei, pois queria ver meu curador.
– Está atendendo o senhor Demetri, Senhora Conquistadora.

Quando me levantei, vi que Aristes retrocedia, preparando-se para o que se avizinhava.

– Atendendo Demetri? À merda, já não pode ajudá-lo! Diga-lhe que venha aqui imediatamente, onde está a paciente viva! – fui levantando o tom de voz à medida que me aproximava do jovem.

Aristes saiu correndo do quarto e voltei muito carrancuda para Gabrielle, ajoelhando-me de novo diante dela.

– Xena… – Gabrielle estendeu o braço são e pos a mão em minha face. – Estou bem.

Sorri encabulada.

– Eu sei. – virei o rosto para dar um beijo na palma de sua mão.
– Senhora Conquistadora… – ouviu-se a voz de Kuros atrás de mim.
– O braço dela. – fiz um gesto ao homenzinho para que entrasse no quarto. – Um punhal. – expliquei simplesmente.

Acomodamos Gabrielle contra alguns almofadões na cama e o curador examinou a ferida com atenção.

– Sim, parece que precisa de uns pontos. – olhou-me expectante.
– Bem – fiz um gesto com as mãos – Pois comece.

Sabia por que me perguntava isso. As pessoas nem sempre se preocupavam em dar tratamento médico aos escravos. Às vezes era mais fácil e mais barato comprar outro escravo saudável que tratar de um enfermo ou ferido.

Comecei a dar voltas pela habitação nervosa e cada murmúrio de dor de Gabrielle me fazia voltar à cama para olhar. Detestava ter que reconhecer, mas ver Gabrielle assim me dava medo. Demonstrava o quão rápido poderia desaparecer tudo. Na última vez que me aproximei para ficar atrás do curador, devo tê-lo empurrado inadvertidamente com o joelho. Ouvi seu suspiro exasperado justamente antes que levantasse o olhar para mim.

Murmurou algo ininteligível e me afastei de novo, até que ouvi o leve gemido de Gabrielle. Inclinei-me por cima do ombro de Kuros para ver o que estava fazendo.

– Senhora Conquistadora! – o homenzinho renunciou por fim e se deteve.
– Que? – tentei dizer com ar inocente.
– A Senhora Conquistadora se importaria de não tapar a luz? – disse com bastante veemência.
– Rabugento… – disse em voz baixa, mas acho que os dois me ouviram.
– Xena, por favor, vem aqui. – pediu-me Gabrielle, indicando o outro lado da cama.

Estendeu a mão e a peguei entre as minhas, sentando-me com cuidado no outro lado da cama. Observei os pontos diminutos e precisos que iam cosendo sua pele e lembrei o quanto doía. Mas me alegrei ao pensar que Kuros sentia suficiente estima por Gabrielle para lhe aplicar o tipo de sutura que deixava a cicatriz menor.

– Dói, não é? – perguntei suavemente.
– A verdade é que quase não sinto desde que Kuros me passou o unguento. – contestou.
– Que unguento? – olhei para o curador esperando a resposta.
– Adormece temporariamente a área. Uso-o para as crianças e as jovens bonitas. – o homem mais velho sorriu para Gabrielle com ar paternal.
– Tem um unguento que faz isso? – levantei uma sobrancelha tão alto quanto possível, olhando iracunda para o homem. – Por que nunca o passou em mim?
– Bem, vós sois uma guerreira, Senhora Conquistadora, e francamente, é dificílimo de fazer. Se o usasse toda vez que precisasse de pontos, não me restaria nada.
– Escuta Kuros…
– Xena? – interrompeu Gabrielle.

Meu comportamento mudou no mesmo instante.

– Sim, Gabrielle… Posso fazer algo por você… Trazer-lhe algo?
– Xena, faria uma coisa por mim se lhe pedisse?
– Claro amor. – fiz uma pausa e beijei a mão que continuava segurando entre as minhas.
– Promete?
– Sim. – disse rindo levemente por suas perguntas. – Tudo o que tem de fazer é pedir.
– Certo. Quer esperar na outra sala até que termine? – perguntou Gabrielle, com tanta sinceridade que demorei um par de segundos para me dar conta de que falava sério.

Senti que os músculos de meu rosto se afrouxaram e de repente me senti como uma criança repreendida.

– Certo. Farei por você. – estendi a mão com delicadeza e afastei a franja dourada da testa, para lhe dar um terno beijo. – Mas não por ele. – apontei para meu curador com o polegar.

Gabrielle soltou um risinho e apertou minha mão e pensei que com isso de ser objeto de tal carinho, tanto fazia que Kuros pensasse que estava completamente dominada. Sequer me importava que espalhasse essa fofoca por todo o palácio.

Levantei-me para fazer o que Gabrielle me pedia e me detive no umbral que separava o dormitório da sala externa. Virei-me uma vez mais.

– Talvez se precisar de algo, tem certeza que quer que eu…?
– Sim! – disseram os dois em uníssono.

Tentei reunir toda a dignidade possível, me ergui e passei à outra sala.

– Em mim nunca põe unguento. – resmunguei baixinho.

*****

– Parecemos um par de suporte de livros. – disse zombando para a jovem sentada diante de mim na grande banheira.

Mostrei nossos braços – o meu com uma cicatriz que já estava se curando, o de Gabrielle, o oposto, com seus pontos. Sorriu, mas percebi o cansaço em seus olhos. Decidimos ficar no banho quando terminamos de nos limpar e lavar o cabelo. Puxei Gabrielle para que se reclinasse contra meu peito.

– Tenha cuidado de não molhar muito o braço. – a adverti.
– Você cuida muito bem de mim. – respondeu Gabrielle, apoiada em meu ombro.
– Eu não fiz um bom trabalho hoje. – respondi.

Gabrielle se virou ligeiramente, para poder ver a expressão em meu rosto. Acho que queria saber se eu realmente estava brincando ou não. Para mim não era nenhuma brincadeira.

– Xena, hoje salvou minha vida.
– Gabrielle, o perigo que correu foi culpa minha. Temo que ao me amar não seja a última vez.  – respondi, acariciando suavemente seu precioso rosto.
– É um preço que eu estou disposta a pagar… Se me permitir. – acrescentou, pegando minha mão com a sua e levando-a devagar aos lábios.

Inclinei-me e substituí minha mão por meus lábios. Deuses, que suavidade! O terno beijo se estendeu e se converteu em dois e então em três. Quem pensaria que a simples ternura poderia despertar tal paixão? Nunca achei possível que pudesse me sentir tão absolutamente saciada com umas carícias tão amorosas e compassivas. Até Gabrielle.

– A amo de verdade, Gabrielle. – sussurrei, beijando-a de novo. – Quero demonstrar-lhe o quanto. Está tudo bem? – perguntei enfim.

Gabrielle assentiu com a cabeça e a levantei nos braços sem dificuldade ao erguer-me e sair da banheira. Alternarmos-nos para secar uma a outra e depois voltei a colher a pequena mulher em meus braços.

– Xena – disse rindo – Eu posso andar.
– Sim, mas isto dá muito mais gosto. – respondi com um sorriso meio torto.
– Mmmm, sim que dá. – replicou, colando os lábios contra meu pescoço.

Depositei Gabrielle na grande cama e estiquei todo o longo corpo ao seu lado, acariciando sua pele com os dedos, passando por todo seu formoso corpo, detendo-me para excitar e acariciar as áreas que sabia lhe dava prazer. Gabrielle arqueou o corpo com as carícias, fechando os olhos, confiando-me seu prazer mais uma vez. Quando desci a cabeça para roçar seus lábios com os meus, colei meu corpo no dela e comecei a me perguntar para quem era este prazer.

– Pelos deuses, como é maravilhosa! – continuei acariciando-a preguiçosamente, deixando que meus dedos fossem baixando.

Meus lábios percorreram seu queixo, desceram por seu colo e regrassaram a sua orelha, onde mordisquei e chupei um lóbulo perfeito. Deslizei a mão por suas costelas, peguei o seio por debaixo e passei o polegar por cima de seu mamilo, cuja carne se endureceu rapidamente sob a leve carícia.

– Xena… – disse com um suspiro ofegante e me enchi de emoção ao ouvir meu nome pronunciado com um tom o mais parecido com um gemido que Gabrielle emitira jamais.

Coloquei meu corpo sobre o de Gabrielle, acomodando meu peso em cima, mas apoiando a maior parte desse peso nos cotovelos e nos braços. Gabrielle arqueou o corpo para colar-se a mim e gemi em voz alta por nós duas. Uma vez mais, desci a cabeça para tomar os lábios de Gabrielle com os meus, recreando-me no sabor da jovem. Deslizei devagar a língua pelo lábio inferior da mulher – uma simples promessa dos prazeres que podia lhe oferecer com essa língua. Quando me afastei, Gabrielle subiu as mãos, as enredou em meu cabelo molhado e me puxou para beijar-me outra vez com paixão.

– Ah, ah, ah… – sorri, soltando-me do abraço da pequena mulher. Gabrielle ficou confusa até que coloquei os braços por cima da cabeça, evitando com cuidado a área ferida, e a fiz segurar a cabeceira de madeira com os dedos. – Lembra amor… Se soltar, eu paro. – sorri.

Ela sorriu e desci por seu pescoço, usando os lábios, a língua e até os dentes para avançar por sua garganta. Não pude evitar sentir-me satisfeita ao notar que seu pulso batia rápido.

– Quero que todos saibam que você pertence a mim. – grunhi e meti a terna carne na boca, chupando longo tempo com força.

Gabrielle começou a ofegar.

– Oh, deuses, sim! – gritou.

O som da paixão de Gabrielle surpreendeu as duas. Sorri.

– Então isto significa que gosta?

Ela balançou a cabeça, com o rosto ruborizado por uma combinação de desejo e vergonha.

Comecei a excitá-la delicadamente, passando os dedos pelos mamilos eretos. Beijei o seio em volta da ponta endurecida, tocando-lhe a carne escura somente com meu cálido alento.

– Xena… – Gabrielle se agitava debaixo de minhas carícias.
– É isto o que quer amor? – perguntei.

Sem esperar resposta, meti um dos mamilos endurecidos na boca e o chupei primeiro devagar, acariciando a sensível carne com a língua, e então sugando com firmeza. Gabrielle gemeu levemente, pois não estava acostumada a se expressar verbalmente. Pelos deuses, poderia gozar só escutando os sons maravilhosos que está fazendo. Antes de passar ao outro seio, subi e me aproximei de sua boca, onde depositei um terno beijo.

– Pode fazer todo o ruído que quiser amor. – a tranquilizei.

Tomou-me a palavra quando coloquei o joelho para separar suas pernas delicadamente e colei minha coxa na cálida umidade que havia ali.

– Deuses, Xena! – gemeu.
– Você está tão molhada! – contestei. – Pelos deuses, sabe o gosto que isso me dá?

Fui descendo, deslizando a boca e a língua pela superfície plana do estômago de Gabrielle, cuja pele acetinada se tensionava e relaxava pela expectativa. Afastei mais suas pernas apertando a parte interna das coxas com a mão, e acomodei os ombros entre elas. Inalei profundamente, deixei que a boca se enchesse de água com o aroma embriagador da paixão de Gabrielle e movi a cabeça, primeiro para a direita, depois para a esquerda, beijando a parte interna de suas coxas. Meu corpo tremia diante da deliciosa espectativa de saborear finalmente este presente que para mim valia mais que o tesouro sumério.

Pus as mãos debaixo do quadril de Gabrielle, atraindo-a para minha boca ansiosa. Passei a língua por todo seu sexo e senti como seu corpo estremecia enquanto suas mãos se aferravam à barra de madeira da cabeceira com mais força.

Gabrielle abriu mais as pernas, para me incentivar, e então eu não pude mais me conter, afundei a língua nessa doçura. O quadril de Gabrielle imediatamente se levantou para colar-se em minha língua. Deixei que movesse o quadril contra minha boca por uns instantes e então a baixei com delicadeza até a cama, aberta de par em par para meu prazer, e também o seu.

Deixei que minha língua vagueasse explorando as delicadas pregas e me deleitei nos gemidos constantes de prazer vindos de Gabrielle. Recreei-me em suas texturas e seu sabor e senti que seu quadril começava a se mover seguindo seu próprio ritmo. Percebi que meu quadril se movia contra o colchão e gemi sobre a suave carne úmida que tinha na boca quando meu clitóris roçou o lençol de seda.

Comecei a acariciar suavemente a protuberância oculta, agora inchada de necessidade. Senti que o corpo de Gabrielle começava a tremer descontroladamente, que abria mais as pernas e que os músculos de suas coxas se estiravam carregados de tensão. Enfiei um dedo e depois dois, penetrando sem parar nas profundidades encharcadas de Gabrielle, sem deixar de mexer a língua sobre seu centro.

– Deuses, por favor… Mais… – exclamou ofegante.

Controlei tenazmente os desejos de meu corpo e senti uma cãimbra nos músculos abdominais, pelo esforço de evitar a explosão que sentia iminente. Penetrei Gabrielle com três dedos e ela tentou empurrar todo seu corpo contra mim, para alcançar o orgasmo.

Enfim senti como arqueava as costas e a rodeei com um braço forte para controlar seu quadril, afundando mais o rosto e succionando com força, enquanto minha língua se movia rapidamente sobre o clitóris inchado.

Quando as ondas do orgasmo caíram sobre ela, Gabrielle gritou meu nome uma e outra vez e se contraiu sobre meus dedos, enquanto que seu corpo estremecia convulsivamente quando um segundo orgasmo explodiu rapidamente em seu interior. Não demorei muito para atingir meu orgasmo ao ouvir Gabrielle gritar de paixão pela primeira vez. Desabamos quando os últimos vestígios de energia desapareceram de nossos músculos esgotados.

Enquanto gabrielle jazia exausta, por fim subi e a beijei com ternura, abraçando-a. Gabrielle acariciou meu pescoço com o nariz, aparentemente incapaz de falar. Tentou um par de vezes, mas acabou por render-se.

Ri suavemente, jogando o lençol sobre nós.

– Eu sei meu amor… Eu sei. – disse em resposta à emoção que não conseguia expressar.

Coloquei-a mais cômoda e sorri e dei graças a qualquer deus que ainda estivesse em minha vida quando ouvi a voz sonolenta de Gabrielle sussurrar sobre meu peito.

– Eu te amo, Xena.

Nota