Depois de horas caminhando pela estrada enevoada, decidimos parar para descansar. O cansaço pesava sobre nós, mas havia algo mais no ar, uma tensão palpável que não podíamos ignorar. Sentamos em um pequeno círculo, tentando encontrar algum conforto na presença uns dos outros.

Eu observei Agatha, que estava sentada um pouco afastada, perdida em pensamentos. Havia uma tristeza em seus olhos, uma dor que parecia não ter fim. Eu sabia que ela carregava um fardo pesado, mas não tinha certeza do que se tratava até aquele momento.

Enquanto nos acomodávamos, senti uma presença ao nosso redor, como se não estivéssemos sozinhos. Um arrepio percorreu minha espinha, e percebi que as sombras ao nosso redor estavam se movendo de maneira estranha, como se estivessem vivas.

— Vocês sentem isso? — perguntei, olhando para Xena ao meu lado.

Xena assentiu, seus olhos fixos nas sombras dançantes.

— Não estamos sozinhos. Algo mais está aqui.

Foi então que Agatha quebrou o silêncio, sua voz baixa e carregada de emoção.

— Quando invocamos a bruxa verde, deixamos uma porta aberta. As Sete de Salem… elas estão aqui.

Um murmúrio de preocupação percorreu o grupo. As Sete de Salem eram mais do que uma lenda; eram as filhas das bruxas do coven de Agatha, aquelas que ela havia matado acidentalmente quando o coven a julgou por usar magia proibida. A culpa e a dor em sua voz eram inconfundíveis.

Agatha continuou, sua voz tremendo levemente.

— Eu queria poder… para trazer Nick de volta. Meu filho. Ninguém o levou por causa do Darkhold, mas o Darkhold foi uma consequência da sua perda. Eu pensei que poderia encontrar uma maneira de desfazer o que foi feito.

Eu senti um aperto no coração ao ouvir suas palavras. A dor de Agatha era palpável, e eu não podia deixar de sentir empatia por ela. Eu podia imaginar a perda de um filho, pois eu mesma havia perdido Hope, minha filha. Hope se tornou uma entidade maligna e matou Solan, o filho de Xena. Essa era uma dor que deixara marcas profundas em meu coração.

— Agatha, nós vamos enfrentar isso juntas — disse Xena, sua voz firme e cheia de determinação. — Não vamos deixar que as Sete de Salem nos destruam.

Eu assenti, sentindo a força da determinação de Xena me envolver. Sabíamos que o caminho à frente seria difícil, mas estávamos juntos, e isso nos dava esperança.

Enquanto nos preparávamos para o que estava por vir, eu não podia deixar de pensar que, apesar de tudo, ainda havia uma chance de redenção para Agatha. Talvez, ao enfrentar as Sete de Salem, ela pudesse encontrar a paz que tanto buscava.

Xena se levantou de repente, seus olhos brilhando com uma determinação feroz. Embora estivesse descalça e desarmada, sua presença era imponente. As sombras ao nosso redor começaram a se solidificar, revelando as figuras das Sete de Salem, suas presenças ameaçadoras e cheias de rancor.

— Fiquem atrás de mim! — Xena ordenou, sua voz firme e autoritária.

As Sete de Salem avançaram, suas formas etéreas se movendo com uma graça sobrenatural, quase como animais nas sombras. Elas se moviam em perfeita sincronia, uma mente coletiva que tornava seus ataques ainda mais perigosos e imprevisíveis.

Xena, sem sua espada, rapidamente avaliou o terreno ao seu redor. Seus olhos captaram um toco de madeira caído no chão, e com um movimento ágil, ela o pegou, girando-o em suas mãos como se fosse uma extensão de seu próprio corpo.

Ela se lançou contra as bruxas, usando o toco como uma arma improvisada. Seus movimentos eram rápidos e precisos, mas a mente coletiva das Sete de Salem parecia antecipar cada golpe, desviando e contra-atacando com feitiços que cintilavam no ar como relâmpagos.

— Elas pensam como uma só! — Agatha gritou, sua voz cortando o caos da batalha. — Precisamos surpreendê-las!

Xena rolou para o lado, evitando por pouco um feitiço que explodiu o chão onde ela estivera momentos antes. Ela sabia que precisava de uma estratégia diferente, algo inesperado para quebrar a coordenação das bruxas.

Inspirada pelas palavras de Agatha, eu me levantei, sentindo a energia do momento me envolver. Lembrei-me do kung fu que havia aprendido, a disciplina e a força que vinham de dentro. Com um grito de determinação, entrei na luta, movendo-me como um pássaro em voo.

Meus movimentos eram rápidos e precisos, cada golpe e chute fluindo como uma dança. Ataquei uma das bruxas, usando a força do meu corpo para desviar seus ataques e contra-atacar com precisão. A bruxa tentou me atingir com um feitiço, mas eu me esquivei, girando no ar e aterrissando com graça.

Xena e eu lutávamos lado a lado, uma sincronia perfeita entre o toco improvisado e meus punhos. Decidimos mudar nosso padrão de ataque, alternando entre movimentos rápidos e inesperados, tentando confundir a mente coletiva das bruxas.

A estratégia começou a funcionar. As Sete de Salem hesitaram, suas formas vacilando sob a pressão de nossos ataques combinados e imprevisíveis. Sabíamos que não podíamos desistir, que cada segundo contava na luta pela sobrevivência e pela redenção de Agatha.

No meio do caos da batalha, a voz de Agatha se ergueu acima do tumulto, carregada de emoção e determinação.

— Não foi minha culpa que suas mães morreram! — ela gritou, sua voz ecoando com a dor do passado. — Mas não vou ficar parada vendo meu novo coven morrer!

Com um olhar decidido, Agatha pegou um pedaço de pau lascado do chão, segurando-o como um punhal improvisado. Ela se juntou a nós na luta, movendo-se com uma agilidade surpreendente. Juntas, Xena, Gabrielle e Agatha formaram uma frente unida, cada uma usando suas habilidades únicas para enfrentar as Sete de Salem.

Xena, com seu toco de madeira, desferia golpes precisos, enquanto Gabrielle, com seus movimentos de kung fu, atacava com graça e força. Agatha, com seu punhal improvisado, atacava com uma ferocidade alimentada pela determinação de proteger aqueles que amava.

Uma a uma, as Sete de Salem começaram a cair, suas formas dissipando-se nas sombras de onde vieram. A batalha estava virando a nosso favor, mas o perigo ainda não havia passado.

No meio da confusão, Alice, que lutava para controlar sua magia, tentou ajudar. Em um momento de desespero, ela lançou um feitiço na direção de uma das bruxas, mas seu controle era instável. O feitiço ricocheteou, atingindo Agatha em vez disso.

Agatha, instintivamente, puxou o poder de Alice para si, uma reação involuntária que ela não conseguiu controlar. O choque de energia foi devastador. Alice caiu no chão, seus olhos arregalados em surpresa e dor, enquanto a vida se esvaía dela.

O silêncio caiu sobre o campo de batalha, o horror do que havia acontecido pairando no ar. Agatha ficou paralisada enquanto olhava para Alice, a culpa e a tristeza estampadas em seu rosto.

— Não… — sussurrou Agatha, sua voz quebrada pela dor.

Xena e eu nos aproximamos, sentindo o peso do momento. A vitória sobre as Sete de Salem havia sido amarga, manchada pela perda de Alice. Sabíamos que, apesar de tudo, precisávamos seguir em frente, mas o preço que pagamos naquela noite nunca seria esquecido.

O silêncio que se seguiu à morte de Alice era pesado e sufocante. As outras bruxas do grupo olharam para Agatha com desprezo, seus olhares carregados de julgamento e medo. A lenda de Agatha como uma assassina de bruxas, um conto sussurrado em covens ao longo dos anos, parecia ganhar vida diante de seus olhos.

Agatha permaneceu imóvel, o pedaço de pau ainda em sua mão, enquanto a culpa e a tristeza a consumiam. Ela sabia o que os outros pensavam, podia sentir o peso de seus olhares acusadores. Mas, naquele momento, duas figuras se destacaram, permanecendo firmes ao seu lado.

Xena e Gabrielle se aproximaram de Agatha, suas expressões cheias de compreensão e solidariedade. Elas sabiam que a verdade era mais complexa do que as lendas, que Agatha não era a vilã que muitos acreditavam ser.

— Não foi culpa dela — disse Xena, sua voz firme e autoritária, cortando o silêncio. — Todos nós vimos o que aconteceu. Foi um acidente.

Gabrielle assentiu, colocando uma mão reconfortante no ombro de Agatha.

— Agatha lutou ao nosso lado. Ela arriscou tudo para nos proteger. Não podemos esquecer isso.

Apesar das palavras de Xena e Gabrielle, o desprezo nos olhos das outras bruxas não vacilou. A tensão no ar era palpável, e Agatha sabia que precisaria de mais do que uma simples defesa para mudar suas opiniões.

— Precisamos seguir em frente — disse Xena, sua voz cortando a tensão. — Este lugar não é seguro. Temos que nos mover antes que mais perigos nos encontrem.

Com relutância, o grupo começou a se reorganizar, preparando-se para deixar o local. A morte de Alice pairava sobre eles como uma sombra, um lembrete sombrio dos riscos que enfrentavam. Agatha, ainda carregando o peso da culpa, seguiu em silêncio, sabendo que o caminho à frente seria difícil, mas determinada a provar seu valor.

Enquanto nos afastávamos, eu não podia deixar de sentir que, apesar das dificuldades, ainda havia esperança. A jornada estava longe de terminar, e sabíamos que precisaríamos uns dos outros para enfrentar os desafios que ainda estavam por vir.

O caminho à frente seria difícil, mas Agatha estava determinada a provar seu valor. Enquanto nos afastávamos do local da batalha, o peso da morte de Alice ainda pairava sobre nós, uma sombra que não podíamos ignorar. No entanto, havia uma centelha de esperança em nossos corações, uma determinação silenciosa de que, juntos, poderíamos enfrentar qualquer desafio.

A jornada continuou em silêncio, cada um de nós perdido em seus próprios pensamentos. O terreno era acidentado, e a névoa que nos envolvia parecia se tornar mais espessa a cada passo. As árvores ao nosso redor eram altas e antigas, suas copas formando um dossel que bloqueava a luz da lua, mergulhando-nos em uma penumbra inquietante.

Conforme avançávamos, o ar parecia mudar, carregado de uma energia que nos fazia arrepiar. Era como se o próprio mundo estivesse nos observando, esperando para ver o que faríamos a seguir. Sabíamos que estávamos nos aproximando de algo importante, um lugar onde o passado e o presente se encontrariam.

Finalmente, as árvores se abriram para revelar um cemitério antigo, suas lápides cobertas de musgo e história. A névoa se movia entre as pedras como um rio silencioso, e o ar estava pesado com o cheiro de terra e tempo. Este era o lugar onde enfrentaríamos nossos demônios, onde cada um de nós seria testado.

Rio, a personificação da Morte, estava lá, esperando por nós. Sua presença era ao mesmo tempo reconfortante e desafiadora, um lembrete de que o tempo de enfrentar nossas verdades havia chegado. Ele nos observou em silêncio, seus olhos refletindo as verdades que cada um de nós precisava confrontar.

Sabíamos que este era o momento decisivo, o ponto em que nossas histórias se entrelaçariam em um clímax inevitável. Com um último olhar entre nós, avançamos, prontos para enfrentar o que quer que o destino nos reservasse.

Xena foi a primeira a se adiantar, seu coração batendo forte enquanto as sombras ao seu redor começavam a se transformar. Elas se moldaram em figuras familiares, rostos que ela conhecia bem — as almas daqueles que ela havia matado ao longo de sua vida. Cada rosto era um lembrete doloroso de seu passado violento, de suas escolhas impiedosas e dos caminhos sombrios que havia trilhado.

As sombras não eram apenas visões; elas se moviam e falavam, sussurrando acusações e lembranças de batalhas passadas. Xena sentiu o peso esmagador de suas ações, como se cada alma estivesse exigindo justiça. A dor e a culpa ameaçavam consumi-la, mas ela se manteve firme, sabendo que este era um teste de sua verdadeira força.

Rio se aproximou, sua presença calma e autoritária cortando o tumulto das sombras. Ele olhou para Xena, seus olhos refletindo compreensão e desafio.

— Você não é mais a mulher que fez essas escolhas — disse Rio, sua voz suave mas firme, ecoando como um trovão no silêncio. — O que você fará com esse conhecimento?

Xena fechou os olhos por um momento, respirando fundo enquanto buscava dentro de si a força que sempre a guiou. Ela sabia que seu passado não podia ser apagado, mas também sabia que cada erro, cada batalha, havia moldado quem ela era agora. Uma guerreira, sim, mas também uma protetora, uma redentora.

Com um gesto firme, Xena ergueu a cabeça, seus olhos brilhando com uma determinação feroz. Ela olhou para as sombras, não com medo, mas com compaixão e compreensão. Sabia que poderia usar o conhecimento de seu passado para fazer o bem, para corrigir as injustiças que ainda assombravam o mundo.

Gabrielle, sempre ao seu lado, colocou uma mão reconfortante em seu ombro, oferecendo apoio silencioso. Juntas, elas formavam uma força inquebrável, unidas por um amor que transcendeu o tempo e o espaço.

— Eu aceito meu papel — declarou Xena, sua voz firme e clara. — Como guardiã do tempo, uma bruxa do tempo, estou destinada a corrigir grandes injustiças e proteger os inocentes. Meu passado me ensinou a lutar, mas meu presente me ensina a curar.

Com essas palavras, as sombras começaram a se dissipar, suas vozes silenciando enquanto aceitavam a verdade de Xena. Ela havia passado no teste, não apenas como guerreira, mas como uma mulher que havia encontrado redenção e propósito.

Com as sombras finalmente dissipadas ao redor de Xena, ela deu um passo para trás, sentindo o apoio inabalável de Gabrielle ao seu lado. O olhar de Xena encontrou o de Gabrielle, e em um gesto silencioso de confiança e amor, ela encorajou sua companheira a enfrentar seus próprios demônios.

Gabrielle avançou, o coração pesado com as lembranças que sabia que teria que confrontar. As sombras ao seu redor começaram a se agitar, formando imagens vívidas de momentos que ela preferia esquecer. Cada cena era um lembrete doloroso de suas dúvidas e arrependimentos, especialmente o dia em que não conseguiu ressuscitar Xena. A culpa era uma sombra constante em sua vida, uma lembrança do que ela considerava seu maior fracasso.

As sombras sussurravam, trazendo à tona suas inseguranças, mas Gabrielle se manteve firme. Ela sabia que precisava enfrentar essas verdades para encontrar a paz que tanto buscava. Rio se aproximou, sua presença calma e reconfortante, enquanto olhava profundamente nos olhos de Gabrielle.

— Você sempre foi a luz na escuridão — disse Rio, sua voz suave mas cheia de autoridade. — O que você vê quando olha para trás?

Gabrielle fechou os olhos por um momento, permitindo-se sentir o peso de suas escolhas. Mas, ao mesmo tempo, ela sentiu a esperança que sempre a guiou, a força que vinha do amor inabalável que compartilhava com Xena. Ela percebeu que, apesar de não ter conseguido ressuscitar Xena naquele dia fatídico, seu amor era a verdadeira ressurreição, uma força que transcendeu a morte e as uniu de maneiras que ela nunca poderia ter imaginado.

Com um suspiro profundo, Gabrielle abriu os olhos. Ela olhou para Rio, sua voz firme e cheia de convicção.

— Quando olho para trás, vejo amor e aprendizado. Meu amor por Xena é eterno, e juntas, encontramos nosso propósito. Somos mais fortes por causa de nossas falhas, e é isso que nos torna capazes de lutar por justiça.

Xena se aproximou, suas mãos encontrando as de Gabrielle, um gesto de apoio e amor incondicional. Juntas, elas se tornaram bruxas do tempo, unidas em sua missão de corrigir injustiças e proteger os inocentes. Elas sabiam que, juntas, poderiam enfrentar qualquer desafio, guiadas por um amor que transcendeu o tempo e o espaço.

As sombras ao redor de Gabrielle começaram a se dissipar, aceitando a verdade de sua jornada. Ela havia encontrado a paz que tanto buscava, não apenas como companheira de Xena, mas como uma mulher que havia descoberto sua própria força e propósito.

Lilia hesitou, seu coração pesado com a incerteza e o medo. Ela sempre foi vista como a louca, a que falava fora de hora, a portadora de maus presságios. Seu dom, que deveria ser uma bênção, muitas vezes parecia uma maldição, uma fonte constante de dor e isolamento.

Mas, apesar de suas dúvidas, Lilia deu um passo à frente. As sombras ao seu redor começaram a se agitar, formando imagens de seu passado, de momentos em que suas visões trouxeram mais dor do que alívio. Cada cena era um lembrete de sua luta interna, de como seu dom a isolava dos outros.

As visões eram intensas, sua mestra, seu coven, suas mortes… cada uma trazendo à tona a dor e a culpa que Lilia carregava. Ela sempre se sentiu responsável, acreditando que seu dom deveria ter sido suficiente para mudar o destino. Mas, no fundo, ela sabia que o tempo e o destino eram forças que nem mesmo uma vidente poderia controlar completamente.

Rio se aproximou, sua presença calma e reconfortante, enquanto olhava profundamente nos olhos de Lilia. Ele sabia que ela precisava de orientação, uma nova perspectiva sobre seu papel no mundo.

— Você é como o Anjo da História — disse Rio. — O que você fará com esse conhecimento?

Lilia fechou os olhos, permitindo-se sentir a dor e a culpa, mas também buscando a sabedoria que vinha de seu dom. Ela percebeu que seu papel não era mudar o curso dos eventos, mas entender e guiar aqueles ao seu redor. Seu dom era uma bênção, uma oportunidade de oferecer clareza e direção em tempos de incerteza.

Com um suspiro profundo, Lilia olhou para Rio, sua voz firme e cheia de convicção.

— Eu vejo agora que meu papel é observar e proteger, não mudar o destino. Meu dom é uma janela para o que foi e o que pode ser, e com ele, posso ajudar os outros a encontrar seu caminho.

As sombras ao redor de Lilia começaram a se dissipar, aceitando a verdade de sua jornada. Ela havia encontrado a paz que tanto buscava, não apenas como vidente, mas como uma mulher que havia descoberto seu verdadeiro propósito.

Com essa nova compreensão, Lilia se juntou ao grupo, pronta para enfrentar o que quer que o futuro reservasse, sabendo que seu papel era vital na jornada que ainda estava por vir.

Com Lilia encontrando aceitação e propósito em seu dom, o grupo se remexeu, sobrando apenas os três que se entreolhavam. Jeniffer hesitou antes de dar seu passo à frente, o peso de suas ações passadas pesando em seus ombros. As sombras ao seu redor começaram a se agitar, formando imagens das mulheres que sofreram por causa de seus cremes. Cada rosto era um lembrete doloroso das consequências de suas escolhas, da dor que ela inadvertidamente causou.

A culpa era esmagadora, uma sombra constante que ameaçava consumi-la. Jeniffer sempre se orgulhou de seu trabalho, mas agora via como sua ambição havia cegado seu julgamento. Ela se sentia perdida, sem saber como poderia reparar o dano que havia causado.

Rio se aproximou, sua presença calma e reconfortante, enquanto olhava profundamente nos olhos de Jeniffer. Ele sabia que ela precisava de uma nova perspectiva, uma maneira de transformar sua culpa em algo positivo.

— Você tem o poder de curar — disse Rio, sua voz suave mas cheia de autoridade. — O que você fará com esse dom?

Com lágrimas nos olhos, Jeniffer permitiu-se sentir a dor e a culpa, mas também a esperança de redenção. Ela percebeu que o perdão precisava começar dentro de si mesma, que ela tinha a capacidade de transformar seu conhecimento em algo que pudesse realmente ajudar os outros.

Determinada a fazer a diferença, Jeniffer decidiu retornar à sua verdadeira vocação como médica. Ela sabia que poderia usar seu conhecimento para salvar vidas, para curar em vez de causar dano. Com essa decisão, ela se perdoou, aceitando que todos cometem erros, mas que é a maneira como escolhemos corrigi-los que realmente importa.

As sombras ao redor de Jeniffer começaram a se dissipar, aceitando a verdade de sua jornada. Ela havia encontrado a força para se perdoar e a determinação para usar seu dom para o bem.

Com essa nova compreensão, Jeniffer se juntou ao grupo, pronta para enfrentar o que quer que o futuro reservasse, sabendo que seu papel era vital na jornada que ainda estava por vir. As sombras que os cercavam estavam quase completamente dissipadas, mas ainda havia dois desafios pessoais a serem enfrentados.

O jovem sabia que seu momento havia chegado. Ele começou a tremer, consciente de que ele e Agatha eram os últimos a enfrentar suas sombras, e que Agatha jamais iria antes dele. Ele sabia disso com uma certeza inabalável.

No fundo do bolso, ele sentia o peso do sigilo que carregava. Era um símbolo de proteção, um artefato que o impedia de ser reconhecido por aqueles que poderiam lhe fazer mal. Mas ele também sabia que, para atravessar o Caminho das Bruxas e emergir do outro lado, precisava se apresentar como quem realmente era.

William Kaplan, como seus pais o chamavam, ou Billy Maximoff, a identidade que ele sentia ser verdadeiramente sua. A vida de Billy havia sido interrompida pelos eventos do Colapso do Hex de Wanda, a Feiticeira Escarlate, e ele ainda lutava para reconciliar essas duas partes de si mesmo.

As sombras ao seu redor começaram a se agitar, refletindo suas dúvidas e medos. Ele viu visões de si mesmo, fragmentado entre duas identidades, sem saber qual delas era a verdadeira. A pressão de escolher um caminho era esmagadora, mas ele sabia que precisava enfrentar essa verdade para seguir em frente.

Rio se aproximou, sua presença calma e reconfortante, enquanto olhava profundamente nos olhos do jovem. Ela sabia que o desafio de Billy era sobre identidade e aceitação.

— Quem você escolhe ser? — perguntou Rio, sua voz suave mas cheia de autoridade. — O que você fará com o poder que possui?

A pergunta de Rio ressoou profundamente em Billy, mas antes que ele pudesse responder, Rio continuou, sua expressão se tornando mais séria.

— Você sabe que o que fez não é apenas errado, é ilegal em termos de magia. E é meu dever punir você, Maximoff.

Billy sentiu um frio percorrer sua espinha. Ele sabia que suas ações no passado, influenciadas pelo caos do Hex, tinham consequências que ele ainda não havia enfrentado completamente. A culpa e o medo ameaçavam dominá-lo, mas ele também sabia que este era o momento de se redimir.

Com um suspiro profundo, Billy fechou os olhos, permitindo-se sentir a confusão e a dor, mas também a esperança de encontrar seu verdadeiro eu. Ele percebeu que não precisava escolher entre William Kaplan e Billy Maximoff; ele podia ser ambos, integrando suas experiências e poderes em uma identidade única e poderosa.

Abrindo os olhos, agora cheios de determinação e clareza, Billy encarou Rio com firmeza.

— Eu escolho ser Billy Maximoff, e usarei meu poder para corrigir meus erros e proteger aqueles que amo. Estou pronto para enfrentar as consequências e aprender com elas.

Rio olhou para Billy com uma expressão de pesar, mas sua voz era firme e inabalável.

— É meu dever como guardiã da vida tomar esse corpo de você, Billy. Ele não te pertence.

Antes que Billy pudesse responder, Agatha deu um passo à frente, sua presença poderosa e determinada.

— Você não vai fazer isso outra vez, Rio. Não de novo. Deixe esse menino ir…

Rio suspirou, sua expressão suavizando por um momento enquanto olhava para Agatha.

— Agatha — disse Rio, sua voz carregada de tristeza — se você se interpor, eu vou precisar de um corpo… você conhece as regras.

Agatha encontrou o olhar de Rio, seus olhos brilhando com determinação e tristeza.

— Conheço. Essas regras são cruéis e frias, Rio. Leve o meu corpo e deixe esse menino viver.

Rio hesitou, sua expressão revelando a luta interna que travava. Ela sabia o que significava aceitar o sacrifício de Agatha, mas também sabia que as regras eram implacáveis.

— Você não entende o que pede, Agatha!

— Eu entendo sim, Rio. Eu quero viver ao seu lado… e reencontrar Nick ao seu lado…

A declaração de Agatha pairou no ar, carregada de emoção e sacrifício. Ela estava disposta a dar tudo para proteger Billy, para garantir que ele tivesse a chance de viver sua vida plenamente.

Rio fechou os olhos por um momento, absorvendo o peso da decisão que precisava tomar. Ela sabia que aceitar o sacrifício de Agatha significava perder alguém que ela também amava, mas a determinação dela era inabalável.

Finalmente, Rio abriu os olhos, sua expressão suavizada pela compreensão e pela dor.

— Muito bem, Agatha. Se é isso que você deseja, eu aceitarei seu sacrifício. Mas saiba que isso não é um adeus. É apenas um novo começo. E assim elas se beijaram. E Agatha ao receber o beijo não de Rio, mas da Morte, fechou seus olhos.

Agatha assentiu, um sorriso triste mas resoluto em seus lábios. Ela sabia que estava fazendo a escolha certa, e que, de alguma forma, encontraria paz ao lado de Rio e Nick.

Com essa decisão, as sombras ao redor de Billy e Agatha começaram a se dissipar, aceitando o sacrifício e a verdade de suas jornadas. O grupo estava pronto para enfrentar o que quer que o futuro reservasse, sabendo que o amor e o sacrifício eram as forças mais poderosas de todas.

Com o sacrifício de Agatha, o grupo encontrou a força para seguir em frente. Xena e Gabrielle, agora bruxas do tempo, partiram em sua nova missão, corrigindo injustiças através das eras. Elas sabiam que, juntas, poderiam enfrentar qualquer desafio, unidas por um amor que transcendeu o tempo e o espaço.

O corpo de Alice foi levado por Rio, um gesto de respeito e cuidado, enquanto o grupo deixava o cemitério, sabendo que, apesar das perdas, haviam encontrado um novo propósito e uma nova esperança. O caminho as levou para uma nova travessia, elas voltaram para Westview, mas Xena e Gabrielle entraram num vortex e foram para novas aventuras.

Nota