CAPÍTULO 1
por Maia CCAPÍTULO 1
Quando Gabrielle acordou naquela manhã, não achou que o dia seria tão esquisito. Já tinha uma semana que ela e Xena rumavam à Atenas para acompanhar o casamento de um conhecido de longa data da guerreira, e até o momento o maior incidente da viagem foi a chuva repentina que as forçou a parar numa estalagem na beira da estrada. Nada em particular apontava ou dava a entender à loira que talvez ela terminasse aquele dia presa de ponta-cabeça com um bicho máquina apontando um desentupidor para ela.
Como ela tinha chegado ali mesmo?
Um homem aleatório apareceu na estalagem, ensopado e bêbado, gritava a plenos pulmões que tinham o roubado e ele se vingaria. Xena não pareceu se abalar, dava mais um gole em seu vinho e só observava a comoção que começou a se desenrolar quando o homem puxou um dos bêbados do balcão e começou a esmurrá-lo.
– Talvez a gente devesse ir pra outro lugar? – A loira perguntou tirando a caneca de vinho de sua mesa na hora que um terceiro indivíduo bêbado decidiu usá-la como arma e arremessá-la ao outro lado do salão atingindo os outros brigões.
– Nessa chuva? Não tem nada por perto pelos próximos 2 dias. – Com a mesma tranquilidade que Xena demonstrava bebendo seu vinho, ela chutou para longe delas um dos bêbados que quis puxá-la para confusão. – Sem falar que Argo precisa de um descanso.
– Eu sei Xena, mas você acha uma boa ideia dormir no mesmo lugar que esses caras? – Gabrielle apontou para o bêbado que começou a briga e que agora estava puxando o cabelo de outro homem enquanto era enforcado por um terceiro que a essa altura já não tinha as calças e berrava algo sobre odiar cerveja quente.
– O quê, isso? Daqui a pouco eles dormem Gabrielle!. – Xena esboçou um sorriso de lado enquanto levava a caneca de volta a boca.
A porta do bar se abriu mais ou menos na mesma hora que o dono da estalagem começou a bater nos bêbados com seu cinto mandando-os sair de sua propriedade. A princípio a mulher pareceu se distrair com a confusão, mas não demorou muito para que ela visse Xena e Gabrielle e decidisse se aproximar, puxou uma cadeira e sentou entre elas.
– Noite agitada né?
– Só o de sempre. – Xena respondeu dando mais um gole em seu vinho, fez um gesto para um dos funcionário do bar para que ele trouxesse mais vinho para ela e para a mulher que acabara de chegar.
– Você está sozinha? É perigoso por aqui, o pessoal é meio… Esquentado. – Gabrielle perguntou, enquanto outros fregueses, um pouco menos bêbados, ajudavam o dono do bar a botar pra fora os brigões.
– Ah, não… – A mulher começou a falar enquanto o garçom puxava uma nova mesa para as mulheres. – Obrigada – Ela agradeceu quando ele lhe entregou sua caneca, então se virou para Gabrielle. – Na verdade, eu meio que me perdi do meu amigo.
– Se perdeu?
– Bem, mais ou menos… Eu meio que… Surgi aqui.
Xena e Gabrielle se entreolharam.
Gabrielle se sentiu um pouco desconfortável, normalmente ela não hesitaria em ajudar uma mulher que está sozinha perdida no meio do nada, mas aquela mulher em particular a incomodava. Usava roupas estranhas, tinha um sotaque esquisito e parecia deslocada de tudo ao redor dela. Xena com certeza já tinha percebido isso, tudo naquela mulher gritava uma coisa: perigo.
– A gente pode te ajudar a achar o seu amigo. – Xena disse.
– Ah! Eu agradeço, mas não precisa, as coisas perto de mim são meio… Estranhas. – A mulher disse bebendo um gole de vinho.
– Então está tudo certo! Eu sou Gabrielle e essa é Xena a gente costuma lidar com coisas estranhas! – Gabrielle disse segurando as mãos da mulher e sorrindo.
– Ahn, Rose, Rose Tyler.
– Você acha que seu amigo está por perto? – Xena perguntou.
– Ele tem que estar… Se não eu não estaria entendendo vocês – Rose disse mais pra si mesma do que para as mulheres.
Antes que Xena e Gabrielle pudessem se questionar o que a outra loira quis dizer com isso, um som curioso se fez ouvir, algo que nenhuma das duas poderia dizer ao certo o que era e, seguido dele, um estrondo muito forte, junto de um tremor que apesar de leve, era o suficiente para se sentir pelo chão.
– Zeus está com raiva hoje!
Xena se levantou, espada em punho e foi para a janela.
– Xena?
– Isso não foi um raio.
– Como assim? – Gabrielle perguntou, indo para a janela junto de Xena.
Não era fácil ver qualquer coisa fora das instalações da estalagem, estava escuro e a chuva ainda caía forte. Mas tinha algo, alguma coisa que Gabrielle não tinha certeza do que era, mas com certeza havia algo. Era relativamente grande e azul e agora estava tombado de lado no chão, não estava perto o suficiente para se dizer com certeza o que era, mas também não estava longe demais para desaparecer na escuridão. Estava ali, logo após a estrada de terra batida, junto ao início da floresta, uma caixa.
– O que é aquilo?
– Eu não sei, mas nossa nova amiga parece estar animada por ter achado. – Xena disse apontando para Rose Tyler, que corria em direção a enorme caixa azul tombada no chão.