Capítulo 4
por Officer KirammanGabrielle acorda numa cabana da aldeia amazona, ela busca a figura de Xena ao seu lado, mas ela está sozinha. Ela levanta-se da cama e corre para o lado de fora da cabana, encontrando Ephiny perto dali.
-Como você está, minha Rainha? – pergunta a Amazona.
-Ephiny… Eu…O que aconteceu? Onde está Xena? Por que tem uma pira funerária sendo preparada?
Ephiny lhe olhou com estranheza como se estivesse medindo as palavras diante de uma Gabrielle mentalmente instável.
-Gabrielle…você…não se lembra?
-Lembrar…eu..
Gabrielle olha para baixo e vê em sua cintura o chakram pertencente à Xena. Seus olhos se arregalam, fitando a pira funerária a ser acesa. Nela está a espada de Xena.
-Xena? Ephiny…como…
Mas antes que Ephiny pudesse responder Gabrielle correu para a cabana real das amazonas e gritou a plenos pulmões:
-AFRODITE, apareça por favor!
A deusa apareceu numa explosão cintilante.
-Eu sinto muito Gabrielle – seu olhar tinha uma tristeza genuína.
-Por que eu a perdi de novo? Parece que tudo que faço culmina sempre na mesma coisa.
-Minha pequena, você sabe quanto tempo se passou?
-O que…? – Gabrielle levou a mão ao seu próprio pescoço e notou que seu cabelo estava curto novamente.
-Com Solan vivo vocês viveram em paz por alguns anos. Você não se sacrificou para matar Esperança porque ela já havia morrido. Vocês não foram atormentadas pelas visões de uma cruz em Roma, e sequer foram para Roma. Os Romanos foram combatidos aqui na Grécia, Ephiny foi salva por Xena e Brutus está morto. Como não morreram na cruz, não estiveram no céu ou no inferno e tampouco foram revividas. Callisto não foi redimida e Xena não ganhou um novo bebê.
-F-foi Callisto quem matou Xena? Porque se foi eu juro que eu vou…
-Não, Gabrielle, não foi Callisto.
-Quem foi? Eu preciso vingá-la ou minha existência não fará mais sentido. – gritou a barda com lágrimas e ódio em seus olhos.
-Você, Xena e Solan formaram uma família linda por um tempo… Até Ares resolver interferir. – disse Afrodite com pesar. – Meu irmão… Ah, aquele cabeça dura passou a encher a cabeça do jovem Solan com um monte de ideias distorcidas sobre como Xena o abandonou quando bebê e sobre como na verdade ela nunca havia mudado. Solan ficou intoxicado pela influência de Ares e se tornou o protegido dele, sendo alimentado pelo poder da guerra. Vocês tentaram de tudo, mas quanto mais tentavam, mais o perdiam. Com apenas 17 anos, ele já se tornou um guerreiro tão cruel quanto Xena foi no passado, então não existia outro jeito senão impedi-lo.
-Mas…Xena… Ela…
-Ela lutou contra Solan pra tentar pará-lo. Mas você sabe…como é difícil sacrificar um filho, Gabrielle. Ela não conseguiu dar o golpe final.
-Você está dizendo que Solan matou Xena?
-Sim, e agora está indo atrás dos Centauros para matar cada um daqueles que um dia foram aliados do pai dele. Ele entende que a única figura parental que deve honrar agora é Ares… Eu…sinto muito por meu irmão estar envolvido nisso – disse a deusa com pesar verdadeiro em seu olhar.
-Pelos deuses… O que eu faço? Por que quanto mais tento arrumar as coisas, mais elas dão errado?
-Gabrielle, você é a única que pode impedir Solan. Seja lutando contra ele ou… Usando os pergaminhos mais uma vez.
-Eu sinto que tudo isso foi uma armadilha. Eu pedi a sua ajuda, mas de nada me serviu os pergaminhos estarem encantados. Tudo sempre volta ao mesmo lugar, eu perdendo Xena por causa de uma de nossas crianças.
-Eu sinto muito pequena… Eu queria poder ajudar mais, mas os Destinos sempre foram traiçoeiros. Você precisa escolher, entre matar Solan ou ler os pergaminhos mais uma vez.
-Se eu fizer certo uma última vez… Essa é minha única chance de ter Xena de volta. – Constatou Gabrielle com lágrimas nos olhos. Ela então deu as costas para a deusa e andou até a cabana onde suas coisas estavam guardadas. Cuidadosamente revirou seus escritos até achar um bem específico, o pergaminho que escreveu na noite anterior ao desaparecimento de Xena.
Ela o começa a ler, com as lágrimas caindo sobre as linhas marcadas no couro e então novamente sente seu corpo e sua consciência sendo arremessados através do fluxo temporal. Seus olhos estavam fechados e ela sentia o barulho de alguns pássaros cantando. O calor fazendo seu cabelo grudar em sua testa a fazia perceber que era dia. Lá estava ela, na manhã do desaparecimento de Xena.