Tomada de medo e exaustão, Gabrielle abriu os olhos e olhou diretamente para o lugar onde Xena e Eva dormiam. Ali estavam elas, ressonando tranquilas. Gabrielle esfregou os olhos sentindo uma onda massiva de alívio tomar seu coração, mas inúmeras perguntas inundando sua cabeça. O que viveu tinha sido real ou um sonho? Havia realmente voltado ao passado e vivido aqueles desdobramentos todos de escolhas diferentes?

Gabrielle levantou-se, cutucou as poucas brasas restantes na fogueira reavivando-as e sentou-se olhando fixamente as pequenas chamas que renasciam. Sua cabeça agitada, tomada pela dúvida e pela confusão.

-Afrodite… – chamou com um pouco de insegurança, mas a deusa não apareceu de imediato.

Gabrielle respirou fundo tentando acalmar seus pensamentos e tentou mais uma vez.

-Afrodite!

Uma luz começa a brilhar perto dela, mas a deusa do amor não aparece. No lugar dela, o espírito de Eli se forma, ostentando um sorriso compassivo diante do olhar chocado de Gabrielle.

-Eli…você?

-Olá Gabrielle. Senti saudades. – disse o guia espiritual.

-Eu também. Eu estou tão perdida… A minha mente está…me confundindo.

-Dê mais crédito a si mesma, Gabrielle. A sua mente lhe levou exatamente para onde você precisava.

-Como você sabe? I-isso foi real? Foi um sonho induzido pelos Destinos?

-Não… Não pelos Destinos – sorriu Eli. – Você sabe, os caminhos da vida nem sempre são gentis ou justos, mas… Não é reconfortante saber que tudo aconteceu exatamente como tinha que acontecer?

-Então…Isso quer dizer que não importa o que eu fizesse, não faria diferença? Tudo aconteceria da mesma forma?

-Ah não, absolutamente não. Você com certeza tem o PODER de mudar qualquer coisa a respeito da sua vida futura. Mas se você tivesse mais caminhos para seguir, como saberia qual o correto?

-Eu não sei. Sinto que nunca tive outras opções.

-Todos têm. Sempre têm. Mas o instinto humano nos faz decidir de um jeito ou de outro, emocionalmente ou racionalmente. Veja, todas as suas visões nunca aconteceram, mas era desdobramentos do que poderia ter acontecido. Como você se sente a respeito das suas decisões, sabendo como elas teriam culminado?

-Aliviada. Mas isso não torna o caminho menos doloroso – lamentou Gabrielle.

-Dor é apenas o universo lhe dizendo que você está viva.

-Isso estranhamente parece algo que Ares diria.

Eli apenas riu.

-Cuide delas, Gabrielle – Eli disse sinalizando para Eve e Xena com a cabeça. – Elas são o seu presente e o seu futuro. – e com isso desapareceu.

Gabrielle sorriu um pouco triste, porque queria ter tido mais tempo, havia tantas perguntas que gostaria de poder ter feito a Eli, mas logo sua atenção foi tomada por uma Xena que levantava-se em um pulo sacando sua espada.

-GABRIELLE. – a guerreira gritou, mais alto que pretendia, fazendo Gabrielle sorrir balançando a cabeça. – Quem estava aqui?

-Ninguém. Eu estava apenas falando sozinha. – ela disse, para uma Xena com um olhar desconfiado não muito convencida – Era apenas uma nova história que eu repassava em minha cabeça para escrever mais tarde.

Ambas foram interrompidas por um chorinho de Eve. Gabrielle sinalizou para Xena ficar tranquila e foi ela mesma até Eve, pegando-a no colo e a embalando suavemente. Eve agitou suas pequenas mãozinhas delicadas no ar, mas agora essa visão não trazia mais recordações sombrias para Gabrielle. Traziam apenas uma promessa de futuro e de cura para feridas antigas que não assustavam mais.

Nota