Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

    Capítulo 5

    Foi bastante fácil para Ronnie caminhar dentro da exclusiva boutique e selecionar um vestido para si mesma, porém completamente diferente foi selecionar algo para Rose usar. Ficou sentada durante mais de uma hora ali observando a modelo provar diferentes combinações de blusas e saias, calças e vestidos. Nada lhe parecia adequado.

    “Talvez se me dissesse exatamente o que a senhorita procura, Srta. Cartwright?”. A gerente inquiriu.

    “Não tenho muita certeza de como explicar, mas nenhum destes funcionará”. Ronnie agitou uma mão no aparador de roupa. A mulher mais velha olhava a sua cliente particular e franziu o cenho.

    “O que acontece com estes? Talvez possamos resolver o que a senhorita está procurando de qualquer maneira”.

    “Não há nada de mal neles só que não são os adequados”. Apertou a ponta de seu nariz. “Talvez só devesse olhar ao redor e ver se há algo que eu goste”.

    “Claro”. A gerente da boutique agitou seu braço. “Mônica ficará feliz de modelar algo que a senhorita deseje”.

    Ronnie caminhou através das estantes das caras roupas, lhes dedicando apenas uma olhada qualquer ao passar. Colocado em um canto, quase lhe passa desapercebido e de fato não estava inclusive certa do que a fez olhar naquela direção. Estendeu a mão e tirou o vestido para olhá-lo. Em uma tonalidade abaixo de um vivo azul, a seda brilhava com beleza e suavidade. O tecido se reunia em elástico na cintura antes de alargar-se outra vez. Ronnie imaginou que este chegaria abaixo dos tornozelos de Rose, facilmente cobrindo os moldes. “Este”, anunciou, atraindo a atenção da gerente.

    “Gostaria que Mônica o modelasse?”.

    “Isso não será necessário. Isto é o que quero”. Deu uma olhada na etiqueta do tamanho. “Sim, este será perfeito”.

    ********

    O jeep fez seu caminho através de um tráfego de um dia festivo. Uma olhada no relógio do rádio disse à executiva que eram quase onze horas. Havia estado até agora na boutique e na joalheria. Agora estava fora do shopping lutando com outros compradores por pequenas coisas que precisava, como presentes. Estava a uma milha do shopping quando uma esquina, completamente cheia de árvores, lhe capturou o olhar. Desviou a Cherokee para a esquerda e passou através dos corredores de pinheiros e bálsamos apoiados acima contra os corrimões de madeira. Detectou um vendedor comerciante baixo robusto que correu até seu lado.

    “Em que posso ajudá-la hoje?”.

    “Quero uma árvore linda cheia de braços e com uma robusta copa”. Ronnie deu uma olhada desaprovadora no grupo diante dela.

    “Temos outras mais bonitas lá trás”, ele disse, gesticulando até os pinheiros mais altos reclinados contra os estabones¹ na corrente do fosso que corria ao longo da parte traseira do estacionamento. “Que altura a senhorita procura?”.

    A testa de Ronnie se franziu enquanto tentava imaginar qual era a altura das árvores de sua casa. “Alto. Mais de oito pés”.

    “Oh, bem então”. Seus olhos se iluminaram ainda mais e acelerou o passo. “Temos uns lindos de nove e dez pés”.

    Ronnie localizou uma árvore de dez pés que parecia querer arrebentar dos lados às cordas que a sustentavam. O homem chamou seu filho para que a ajudasse, mas este precisou de um pouco da ajuda da forte mulher para acomodá-la na parte superior do jeep. Destacada sobre a frente, a corda branca corria da frente a lateral. Um par de cordas fizeram o mesmo na parte traseira. Uma vez completamente assegurada, Ronnie continuou sua viagem ao centro comercial. Pressionou o botão escaneando o rádio e o deixou em uma estação que tocava música festiva. Quando os Carpenter cantavam Merry Christmas, Darling vamos, Ronnie se perdeu nos fascinantes sons e harmonias. Sem pensar sobre isso, começou a cantar. Sua rica voz de contralto se misturou com os últimos tons magníficos de Karen. Ignorou as diferentes olhadas que lhe eram lançadas pelos outros motoristas, preferindo em lugar disso se perder na canção. Mesmo depois de entrar no estacionamento, deixou o carro funcionando até que a canção terminou.

    ********

    As canções do dia de festa foram trazidas através dos alto-falantes, acrescentado ao costumeiro barulho da multidão. Todos tinham bolsas em suas mãos e tinham pressa em terminar suas compras. Ronnie colou sua bolsa mais próxima a seu corpo e se dirigiu até Macy. Alguns ‘vales presentes’ e suas compras estariam feitas. Quando se moveu através da multidão apressada, viu a loja de Natal, um armazém aberto somente para os dias de festas vendia de tudo desde luzes até enfeites ouropel de cada possível desenho. Os atendentes se alteravam entre as vendas por telefone e a observar os ladrões. Ronnie pegou uma cesta de compras e começou a enchê-la com habituais enfeites. Rápido a cesta ficou cheia, mas ainda não havia terminado. Depois de pegar um atendente para ajudá-la, Ronnie passou a maior parte de uma hora escolhendo coisas de bom gosto e coisas divertidas para converter sua rígida residência em um lugar festivo. Justo quando deu a atendente seu cartão de crédito, notou que um artigo havia sido passado desapercebido. “Oh, espere. Preciso disso também”. Apontou com um elegante dedo a um artigo em questão. Quando o raminho de muérdago² foi acrescentada a suas compras, Ronnie pensou no possível benefício de ver Rose debaixo deste. “Acrescente mais alguns, por favor?”.

    ********

    “Vamos tentar novamente”, Karen disse suavemente, colocando as mãos em posição.

    “Não, espere, por favor”. Rose chorava. “Não podemos fazer isto mais tarde?”.

    “Srta. Grayson, a senhorita tem que esticá-las pelo menos duas vezes ao dia”.

    “Eu sei”, disse limpando uma lágrima de seu rosto. A porta se abriu e Ronnie entrou com várias bolsas de compras em suas mãos.

    “O que está acontecendo?”.

    “Eu, está tudo bem”, Rose murmurou, envergonhada pelas gotas que continuavam descendo por seu rosto. Levantou o olhar e viu a preocupação na cara de Ronnie. “Tenho que esticá-las e isso dói”.

    “Deixe-me tentar”, disse Ronnie, substituindo as mãos de Karen pelas suas. A jovem mulher olhou quando a enfermeira explicava como esticá-las corretamente. Satisfeita sabendo o que estava fazendo, a executiva olhou de novo para Rose. “Acha que está pronta?”.

    Ela assentiu, seus olhos transmitiam seu medo à dor. “Será delicada?”. Estava ainda indecisa, mas havia algo tranqüilizador sobre o calor das mãos de Ronnie em seu pé.

    “Eu juro”. As palavras faladas de maneira suave a banharam com um sentimento de confiança. Ela fechou os olhos e se concentrou na sensação dos fortes dedos em sua pele. Devagar levantou sua perna ao ponto onde sentiu subir a parte traseira de sua coxa. “Vamos Rose… isso mesmo, só um pouco mais agora”. Sentia seu membro ser levantado mais alto e lutou com o impulso de lutar contra isto. “Está indo muito bem, Rose. Acha que podemos ir um pouco mais acima? Só um pouco mais”.

    Levantou lentamente sua perna até que não pôde mais agüentar a dor. Debilmente se deu conta de que era o mais alto que havia conseguido chegar, mas isso era insignificante neste momento. “Por favor,…”.

    “OK, agora relaxe. Agora nós vamos abaixar”. Os olhos de Rose estavam fechados firmemente e se agarrou fervorosamente nas palavras e ao calmante tom de Ronnie. “Aí estamos, quase lá”. Rápido o lençol cumprimentou seu tornozelo e ela expirou fortemente. “Como se sente?”.

    Rose abriu os olhos com surpresa diante da proximidade da voz e se encontrou olhando fixamente nos intermináveis intensos olhos azuis. “Isto dói”.

    “Sim, mas já acabou”. Ronnie levantou o olhar a Karen. “Acho que terminamos por hoje. Tenho uma festa aqui esta noite e temos que nos prepararmos. Há algo mais que tenha que ser feito?”.

    “Só banhar a Srta. Grayson”.

    “Oh”. Rose olhou de uma mulher a outra. “Posso me lavar sozinha se alguém trouxer água e toalhinhas para mim”. Tentava dizer com seus olhos a sua amiga, que era isto o que preferia fazer. Ronnie assentiu compreendendo.

    “Ok. Acho que podemos cuidar de tudo, Karen. A veremos amanhã”.

    Rose relaxou com as palavras de Ronnie, até que recordou o resto delas… Uma festa aqui esta noite, nós temos que nos prepararmos. “Oh Deus, a festa”.

    “Não se preocupe com isso”, a mulher de cabelo escuro disse, caminhando até o banheiro. “Pegarei as coisas que precisará para se lavar e então poderá se vestir”. O som da água correndo no banheiro se misturou com as palavras.”Vou trazer todas as outras coisas do carro e encontrar uma base para a árvore”. Voltou com as toalhinhas, o sabonete, e o pedaço de pano. “Acho que está na água-furtada. Precisa de algo antes que eu saia?”.

    “Não, tudo está bem”. Rose manteve seu sorriso até que a mulher mais velha saiu do quarto. Suas pernas palpitaram pela terapia física, mas o pânico eliminou a dor. Uma festa. Uma festa cheia de estranhos. Uma festa cheia de estranhos da classe alta. Uma festa cheia de estranhos de classe alta parentes de Ronnie. A camisa de Dartmouth se encontrou fora do corpo e sobre a cama. Rose sentia a pressão se construindo dentro de si. Oh Deus, por favor, não me deixe fazer algo que a envergonhe. O ensaboado pedaço de pano se moveu sobre seus braços e ombros enquanto pensava nos possíveis desastres que poderiam acontecer na noite. Suas pernas poderiam ser golpeadas acidentalmente, poderia derramar uma bebida, ela poderia dizer as coisas incorretas, tudo isso e uma dezena de outras coisas passaram por sua mente enquanto continuava se limpando.

    Estava justo terminando quando Ronnie bateu na porta. “Posso entrar?”.

    “Um minuto”. Cobriu seus seios com a toalha fofa. “OK”.

    Ronnie entrou com uma bolsa em uma mão e o vestido mais maravilhoso que Rose jamais havia visto em sua vida.

    “É lindo!”, sussurrou assombrada.

    “Alegro-me que goste. Trouxe todas as coisas que vai precisar usar com ele assim agora é uma boa hora para vestir-se”. Ronnie se aproximou da cama e deixou a bolsa. “Então poderá me ajudar com as outras coisas que preciso que sejam feitas”. Procurou na bolsa e tirou a roupa íntima de renda, arrancou a etiqueta do preço facilmente. “Eu, hum… trouxe um que fecha na frente”. Ronnie lhe deu o sutiã e rapidamente se virou e remexeu na bolsa. “Achei que seria mais fácil para você”.

    “Sim, será. Obrigada”. Não estava certa de como tomar o que lhe parecia ser timidez misturada com entusiasmo de sua amiga. Ronnie parecia quase nervosa. Pegou o sutiã e passou suas gemas dos dedos por sobre o enfeite de encaixe. Eram taças baixas recortadas, desenhadas para serem usadas com algo que mostrasse o decote e não tinha enchimento, não é que precisasse de alguma ajuda nesse departamento. Rose estava muito cômoda com seu busto 36C que havia começado só recentemente a inclinar-se. Olhou a etiqueta tamanho 36B. Bem, este pode ainda caber, decidiu, que a faria parecer um pouco mais peituda. Deixou cair à toalha e deslizou os braços através das alças antes de encaixá-lo. “Este é adequado, obrigada”, disse, atraindo a atenção de Ronnie que estava distante concentrada no recibo de compras estudando-o.

    “Oh, que bom. Não estava certa de que tamanho trazer. Precisa ajustar as alças?”.

    “Realmente, sim”, Rose se incorporou o melhor que pôde, quando Ronnie se sentou a seu lado na cama e deslizou seus dedos debaixo das delgadas alças.

    “Deixe-me saber quando as sinta adequadamente”, disse. A mulher loira assentiu e tentou concentrar-se na tarefa em mãos. “Um pouco mais forte… não, um pouco menos que isso… sim, assim está bem”. Colocou sua mão no lado de seu seio direito e comprovou o ajuste. Sim, se sentia apropriado. Ronnie pegou o outro lado e repetiu o processo. O resultado final era exatamente o que Rose pensou que seria. Seus seios se levantaram com o encaixe do sutiã, fazendo-os parecer maiores.

    “Hum… gostou? Ainda posso sair e conseguir um diferente se não gostou”.

    “Não, não. Está muito bom, de verdade”. Assegurou. “Realmente, não pensei que alguma vez possuiria um tão bonito”. Levantou o olhar para ver um sorriso na cara de Ronnie. “É muito amável de sua parte, obrigada”.

    “Oh, há mais”. Regressou a bolsa e tirou uma pequena sedosa e delicada camiseta com calcinhas iguais. “Tive que adivinhar o tamanho para estas também, mas deve estar próxima”.

    Com a ajuda da mulher mais velha, Rose abriu a pequena camiseta e a colocou sobre sua cabeça acomodando-a bem. Ruborizou-se envergonhada quando Ronnie a ajudou a colocar a calcinha, incapaz de assumir a tarefa sozinha até que estivesse a pequenos centímetros de ser subida? “Como conseguiremos colocar o vestido?”.

    “Fácil. No entanto, temos que lhe colocar primeiro na cadeira de rodas”.

    Sentando-se em nada mais do que em roupa íntima na cadeira de rodas, Rose esperou pacientemente enquanto Ronnie reunia os forros do tecido azul. “Levante seus braços”. Ela o fez e logo o vestido estava colocado. Isto feriu a curva de seus tendões por ter se inclinado quando o fecho foi subido e colocado ao redor de sua cintura, mas foi bem rápido. Um novo par de grandes meias cobriu seus pés e tornozelos. “É o melhor que posso fazer. Não acho que sapatos ou algo assim possam caber em cima do molde”.

    Ronnie deu um passo para trás para admirar sua obra. Tinha boas razões para estar orgulhosa. Rose era uma visão, inclusive com os pontos ainda de maneira proeminentes exibidos em sua bochecha direita. Seu cabelo dourado caia livremente sobre seus ombros, criando a aura que cativava a mulher mais velha. O belo azul ressaltava a clara pele e, além disso, acentuava outros encantadores traços. Olhando a visão diante dela, Ronnie não podia negar por mais tempo que estava sentindo uma atração pela jovem mulher. “Você está linda”, disse, com tristeza, sabendo internamente que nunca poderia atuar sobre esses sentimentos. As verdadeiras circunstâncias do acidente haviam arruinado qualquer oportunidade para isso.

    “Obrigada”, Rose respondeu. Percorreu sua mão pelo maravilhoso tecido. Era tão delicado, tão lindo. Um nó se formou em sua garganta e se encontrou piscando rapidamente. Era óbvio que Ronnie havia tomado grande cuidado em escolher a roupa. Inclusive nem quis pensar no quanto custou tudo para sua rica amiga. “Tudo é perfeito… isso é tudo…”.

    “Hei, se isto realmente é demais para você, resolverei algo mais”, Ronnie disse gentilmente, se ajoelhando ao lado da cadeira.

    “Não, posso fazer isto. Eu…”. Soluçou e levantou sua cabeça, convencida que tinha suas emoções sob controle. “Contei-lhe sobre minha vida. Nunca desejei ir a festas ou usar lindas roupas como estas. Dei-me por vencida em tentar entender o porquê de você estar me ajudando, mas isto ainda incomoda um pouco às vezes”. Apertou a mão maior apoiada sobre a sua. “Sei que lhe agradeço o tempo todo e parece que com o que choro encheria um grande chapéu, mas não posso lembrar que alguém tivesse sido tão boa comigo”. Rose abaixou os suaves olhos verdes parcialmente escurecidos pelas naturais longas pestanas. “Você é uma mulher muito especial, Verônica Cartwright”.

    “Você é quem é especial”. Ronnie contra-atacou, apertando a mão debaixo da sua. O relógio do seu avô na sala de estar tocou com a chegada do ápice da hora. “Melhor terminar de trazer tudo para dentro e me trocar. Os decoradores e o bufê chegaram logo”. Levantou-se. Contrariada tirou sua mão de entre as de Rose. “Quer ir até a sala de estar e ficar ali?”.

    “Acho que gostaria de ir até lá, se não estiver lhe estorvando. Seria agradável olhar como instalam tudo”.

    “Bem”, Ronnie sorriu e agarrou os punhos da cadeira de rodas. “Vou lhe colocar para trabalhar então. Pode dirigir o tráfego e assegurar que os enfeites sejam colocados uniformemente na árvore”.

    “Árvore? Comprou uma árvore?”. Os olhos de Rose se iluminaram com entusiasmo.

    “Hei, posso não querer dar uma festa, mas se vou ter que fazê-la, vou fazê-la corretamente. Além disso, não gostaria de uma árvore de Natal?”.

    “Eu, hum… sim, isso seria muito lindo”. Não havia imaginado que Ronnie enfeitaria tudo baseado em suas conversas anteriores, mas agora… “Uma árvore será muito lindo”.

    Ronnie decidiu que o sorriso que recebeu valia todas as árvores do mundo. “Maravilhoso. Vamos preparar este lugar”.

    *********

    Maria experientemente controlou o tráfego de bufê e decoradores. As ligações para a leva de pessoas necessárias ou adicionais tomadas para serem conectadas foram resolvidas com facilidade pela experiente governanta. Se isto eram tachinhas para pendurar as serpentinas ou a minibomba de vapor para limpar algo derramado sobre o tapete, ela estava um passo a frente deles. Inclusive o assunto Tabitha havia sido resolvido. Felino, alimento, caixa de areia, e uma bolsa de catnip, foram agora prudentemente escondidas na lavanderia. Com sua cadeira afastada em um canto da sala de estar, Rose permanecia afastada, porém ainda assim podia manter um olhar sobre a simetria das decorações da árvore. Com Maria ocupada e Ronnie em nenhum lugar visível, os decoradores recorriam a ela uma e outra vez para as instruções sobre onde colocar este enfeite ou essa série de luzes. Rose tentou pensar em como sua amiga gostaria que estivesse. Decidiu que com um só toque de perspicácia acrescido ao elegante atrativo seria agradável aos olhos.

    Ronnie parou na metade das escadas e ficou boquiaberta com o que via. Um conjunto colorido de enfeites azuis, amarelos e vermelhos acentuava os ramos da árvore, nenhuma área chamava mais atenção que a outra, os enfeites de oropel estavam cobertos em tiras de luzes em sua totalidade, com o mesmo sentido de simetria. As séries de luzes multicores piscavam e brilhavam intensamente com exceção de uma coleção. As luzes azuis e vermelhas enlaçadas formavam um desenho de dupla espiral da base até a ponta, atraindo a atenção a tradicional estrela que estava ali. A árvore era absolutamente perfeita.

    Lentamente, sua cabeça girou percorrendo o resto do efeito. Os enfeites estavam dispostos sobre o cômodo, transformando este em um cálido e acolhedor espaço. Retorcidas serpentinas de vermelho e verde margeavam o lugar, velhos enfeites familiares pendurados neles como campainhas. Ronnie sorriu quando o sentimento de nostalgia a inundou lhe atravessando e as imagens das festas da infância se sobrepuseram sobre a moderna cena.

    A anfitriã não era a única atônita no silêncio. Rose levantou o olhar e se encontrou não podendo afastar seus olhos da beleza na escada. O vestido de veludo ia até o joelho e era na mesma tonalidade que o cabelo de Ronnie. Um colar de ouro de pontos altos e um cinto combinando acentuavam os pendentes e a pulseira de diamantes, dando cor ao conjunto. Um toque de vermelho realçava o brilho natural de seu rosto e uma bonita tonalidade chamava de maneira coincidente, sempre Rose, enfatizava seus lábios e unhas. O suave veludo se rebaixava cuidadosamente na frente, perfeito para as ocasiões familiares e as mangas três quartos realçavam cada movimento de seus longos braços. Verônica Cartwright estava, numa palavra…Linda. Quando Rose viu os olhos azuis a olhando fixamente, desviou o olhar, envergonhada por ter sido surpreendida a olhando. Envolvida em suas próprias inesperadas emoções, não percebeu que Ronnie a estava também olhando fixamente.

    Ronnie desceu as escadas, todavia ainda encantada pelo milagre realizado em sua sala de estar. “É perfeito”, disse quando chegou ao lado da jovem mulher.

    “Vi a caixa de velhos enfeites e pensei que seria agradável colocá-los onde todos pudessem vê-los e recordá-los. Espero que tenha razão. Deu cor ao completo lugar em vez de só a um canto da árvore”.

    “Essa foi uma idéia maravilhosa e amei isto”. Deu um sorriso reservado só para Rose. O relógio de seu avô soou. “Minha mãe estará aqui a qualquer momento”. Ronnie se ajoelhou junto à cadeira. “Às vezes minha mãe pode ser um pouco desagradável. Tentarei mantê-la longe de você. Não se esqueça de que lhe disse que Susan era uma mexeriqueira. Tenho que andar de um lado a outro e falar com todos, mas tentarei passar a maior parte do tempo próxima de você”. O som de uma limusine parando na entrada filtrou-se até elas. “Essa deve ser provavelmente ela e a tia Elaine agora”.

    Segundo o esperado, Beatrice Cartwright chegou com sua irmã mais nova Elaine. Beatrice tomou seriamente seu papel de matriarca, sentindo esta como a posição mais importante de todas, inclusive acima da posição da presidenta de Cartwright Corporation. Quando chegou a porta deu ordens aos decoradores e esquadrinhou o trabalho do bufê. Enquanto Ronnie estava ocupada escutando as petições de sua mãe sobre a festa, Elaine deambulou entrando para a sala de estar e avistou Rose.

    “Olá”.

    “Olá”.

    “Elaine McCarthy, tia de Ronnie”. Estendeu sua mão de unhas muito bem feitas.

    “Rose Grayson. Sou… uma amiga de Ronnie”. Devolveu o gesto. Elaine tirou seu cachecol vermelho revelando seu tingido cabelo castanho.

    “Bem…” disse a mulher mais velha, dando uma olhada. “Parece que Ronnie fez um trabalho meio decente”. Alcançou sua abarrotada bolsa e tirou uma cigarrilha de prata. “Estou surpresa que a festa seja aqui este ano. Conseguiu evitar as últimas reuniões das duas famílias”. Uma pressão no botão do isqueiro de prata e o cigarro brilhou a vida. “Sabe onde estão os cinzeiros?”.

    “Hum, não eu não”, Rose respondeu, esperando que a mulher pudesse levar o asqueroso cheiro de seu vicio para outra parte.

    “Bem, não preciso dele neste instante. Então, diga-me, o que aconteceu?”.

    “Um carro me atropelou”. Moveu-se em sua cadeira, incomodada com a lembrança.

    “É uma pena. Mas acho que o seguro é para isso. Espero que tenha um bom advogado”. Elaine exalou, enviando uma onda de fumaça na cara de Rose. “Meu avião atrasou cerca de vinte minutos para chegar a Albany. Eu posso dirigir através da neve sem nenhum problema, não entendo por que os pilotos se queixam tanto por causa desta. Não é que eles tenham que fazer uma parada repentina ou algo assim”. A fumaça se suspendeu no ar, forçando Rose a piscar rapidamente para manter as lágrimas ao limite. “Acho que as pessoas sempre precisam de algo para se queixar”.

    Rose pensou em mostrar o erro do pensamento da rica mulher, mas decidiu não falar nada. “Acho que sim”, disse, esticando sua cabeça ao redor para procurar Ronnie.

    “Exatamente!”. Elaine disse emocionada, seus movimentos faziam com que as cinzas caíssem no tapete.

    “Oh, deixe-me encontrar um cinzeiro para a senhora”. Rose agarrou as rodas de sua cadeira e se preparou para fazer sua saída.

    “Por que se incomodar em fazer isso agora?” Elaine virou sua atenção a um garçom que passava. “Com licença, eu não vejo nenhum cinzeiro por aqui”. Seu condescendente tom não passou desapercebido nem para Rose nem para o jovem homem.

    “Lhe trarei um em seguida, senhora”, ele respondeu.

    “E não acho que prejudicaria em nada se alguém começasse a atender o bar”. Girou sua atenção de novo à mulher loira. “Realmente, você acha que os pagamos para que fiquem parados por aí”. Outra cinza caiu sobre o tapete. “Quando meu marido Richard era vivo, os trabalhadores nunca pensavam em folgas. Sabiam de onde vinham seus cheques, então os malditos sindicatos vieram à frente…”. Elaine fez uma pausa o tempo suficiente para puxar uma cadeira, com eficácia cortando qualquer pensamento de fuga que Rose pudesse ter tido.

    Ronnie não ia melhor na cozinha. “Mãe…”.

    “Agora não há nada de mal em dizer a verdade, Verônica”. Deu uma olhada ao redor do lugar. “A geladeira deve ficar oposta ao fogão, não junto a ele. É por isso que nós tínhamos outro espaço no outro lado do cômodo”.

    “É fácil para Maria trabalhar com ela aqui”. Ronnie havia se esquecido que sua mãe não havia estado ali desde o verão passado quando a redecorou.

    Beatrice se afastou de sua filha. “Céus evitar que Maria tenha que caminhar alguns passos para pegar a manteiga! Isto não aborrecia sua mãe quando ela trabalhou para nós”. Sacudiu a cabeça descartando-o. “Linhas de código, Verônica. Adverti-lhe sobre as linhas de código”.

    “Não acho que mover a geladeira dez pés constitui linhas de código, mãe”.

    “Tenho certeza de que para você não, querida”. Os pêlos da nuca de Ronnie se eriçaram com o tom. “E o que você conseguiu mudando a cozinha? Maria ainda pede seu aumento anual? Certamente que sim. Tenho certeza disso…”. Apontou para a área de cozinhar e o lava-louças. “… foi idéia sua”.

    “Por que não vamos ver a árvore? Fizeram um bonito trabalho na decoração dela”.

    “Veremos”. Ronnie de maneira renuente seguiu sua mãe para fora da cozinha.

    Rose viu as duas entrarem na sala de estar, Ronnie mostrou os diversos enfeites. “Viu como os enfeites de quando Susan, Tommy e eu éramos crianças estão colocados? Isso não é agradável?”.

    “Muito agradável, Verônica”. Pela primeira vez desde que entrou na casa, Beatrice realmente sorriu. “Lembro, cada ano que vocês me davam um enfeite. Acho que algumas tradições familiares são destinadas a cair pela beira do caminho”. Virou-se e viu sua irmã e uma mulher em uma cadeira de rodas. “Ah, aqui está você, Elaine. E quem temos aqui?”.

    “Mãe, Rose Grayson. Rose, minha mãe, Beatrice Cartwright”. A voz de Ronnie continuava sendo agradável, mas seus olhos se fecharam por causa da onda de fumaça que se levantava da placa de vidro que era utilizada como um cinzeiro.

    “Encantada em lhe conhecer, senhora Cartwright”, a jovem mulher disse.

    “Grayson… Grayson…” A testa enrugada se sulcou no pensamento. “Não me lembro de nenhum Grayson. O que aconteceu com seu rosto? E o resto de você?”.

    “Sofri um acidente”.

    “Oh”, disse. “Pobrezinha. Um rosto tão bonito arruinado assim”. Beatrice se moveu para olhar melhor à bochecha direita de Rose. “Bem, não perca a esperança, querida. É assombroso o que uma cirurgia plástica pode fazer atualmente”.

    Rose baixou o olhar a seu colo, desejando estar na companhia de Tabitha neste momento em vez de estar sujeita a essa tortura. Não viu o olhar de empatia que lhe era dado por Ronnie. “Estou só feliz de estar viva”.

    “Claro”, a matriarca disse secamente antes de virar de frente a sua filha. “Assim a trouxe para nossa familiar festa de Natal?”.

    Rose não estava certa do que lhe incomodou mais, o fato de que Beatrice falava como se ela não estivesse ali ou que, com só algumas poucas palavras, a mulher mais velha a fez se sentir como mais que uma estranha. De repente uma cálida mão pousou em seu ombro. “Rose está hospedada comigo enquanto se recupera”.

    “Não pode sua própria gente cuidar dela?”.

    “Ela é uma amiga, mãe, e uma hóspede em minha casa”. A mão em seu ombro deu um rápido apertão antes de se retirar, um tranqüilizador gesto que a mulher loira apreciou grandemente.

    Beatrice olhou para sua filha e assentiu. “Claro, Verônica. Não tínhamos maneira de saber que você tinha companhia. Estou certa de que o bufê pode colocar um prato extra”.

    “Tenho certeza que ele pode”. A primeira vista, Ronnie parecia tranqüila, mas o aperto constante de sua queixada não passou desapercebido para Rose.

    “Bem…”. Beatrice olhou para sua irmã. “Elaine, acho que há muito vermelho nos ramos de baixo. Venha me ajudar a mostrar a essa gente como enfeitar corretamente uma árvore”.

    Elaine fez unicamente um gesto de pura intenção de tirar seu cigarro. “O problema não está nas esferas, está nas luzes”. Deixou sua bolsa no chão ao lado da cadeira de Rose. “Seja lindinha e mantenha um olho nisto para mim. Não quero carregá-la de um lado a outro”. Afastou-se sem esperar uma resposta.

    “Você está bem?” Ronnie perguntou uma vez que as mulheres mais velhas estavam fora de alcance. Podia só imaginar o que Elaine havia dito a Rose antes que ela e sua mãe tivessem entrado na sala.

    A jovem mulher aspirou fundo antes de responder. “Elas são absolutamente um par, não é?”.

    “Tentei lhe avisar”.

    “Não estava exagerando”. Levantou o olhar nos intensos olhos azuis. “Ronnie, se vai ser um problema, posso entrar na lavanderia. Não me importo, de verdade”.

    “Teria que ter lhe deixado escapar quando podia”, disse se desculpando. “Desgraçadamente elas já lhe viram. Você está metida nisto junto comigo, até que o último convidado vá embora”. Inclinou-se e sussurrou de maneira conspiradora, “Bem-vinda ao mundo dos ricos e presunçosos”. O som da campainha anunciou a primeira de uma onda de chegadas. “Acho que é hora de conhecer o resto da família”.

    ********

    Os que haviam planejado comparecer assim como os que decidiram depois de descobrir que a festa seria na casa de Ronnie, chegaram em grupos de dois e três parentes. Limusines e carros de luxo alinhados ao longo do caminho de entrada enchiam a área do estacionamento enquanto que os táxis ainda deixavam os assistentes. A era da eletrônica permitiu que as notícias viajassem rapidamente e a palavra era que o lugar seria esta noite na velha mansão Cartwright.

    Susan e Jack chegaram quase uma hora mais tarde do esperado. A ruiva se uniu a sua mãe e irmã enquanto que seu marido se dirigiu ao bar. “Que multidão”, disse alegremente quando se aproximou.

    “Sim, começa a ser um êxito”, respondeu Beatrice. “No entanto, seu irmão não chegou ainda”.

    “É uma pena”, murmurou Ronnie antes de beber um gole de sua taça de champanhe.

    “Que foi isso, querida”.

    “Nada, mamãe”, deu uma olhada pela sala. “Com licença, tenho que ir atender a meus convidados. Susan pode ajudar a cumprimentar aos que estão chegando”. As longas pernas a levaram para longe antes que elas pudessem responder.

    O canto oposto à árvore parecia ser um bom lugar para que Rose se escondesse. As pessoas paravam, investigavam sobre o que lhe havia acontecido, davam-lhe compassivas olhadas e iam embora. Ela havia estado escutando oculta uma conversa sobre a história de um enfeite em particular quando viu Ronnie moveu-se através da multidão. Os olhos azuis lhe sorriram calorosamente quando a alta anfitriã se dirigia em sua direção. “Como você está?”.

    “Bem. É essa sua irmã?”. Apontou para uma ruiva que estava parada ao lado de Beatrice.

    “Humm”. Ronnie bebeu um gole, permitindo que as minúsculas bolhas fizessem cócegas em seu nariz dando uma olhada. “Todos parecem que estão se divertindo. Ouvi mais de um fazer um elogio pelos enfeites. Estender os velhos enfeites ao longo das tiras realmente foi uma boa idéia”.

    “Obrigada”. Rose sorriu timidamente e olhou ao redor da sala. “Uma grande multidão”.

    “Sim, alguns deles foram realmente convidados. Susan disse que haveria cerca de uns quarenta e já estamos bem mais além desse número”. Ronnie provou do champanhe outra vez. “Onde está a sua?”.

    Rose baixou sua voz e deu uma olhada, não desejando ser ouvida por casualidade. “Não achei que deveria… você sabe, com o Percocet e tudo mais”. Sentia-se muito sozinha em uma sala cheia de estranhos, mas inclusive não poder unir-se a eles em um simples brinde a fazia se sentir ainda mais isolada.

    “Oh… não pensei nisso”. Ronnie deu uma olhada e fez sinal a um garçom, afastando-se um passo dela no processo. O barulho da multidão e a música festiva tornaram impossível para Rose ouvir o que ela estava dizendo. Alguns sussurros mais e a elegante anfitriã regressou a seu lado.

    Já vi esse olhar em você antes. O que estará lhe acontecendo? Ela perguntou em voz alta. “Está tudo bem?”.

    “Está. Só tive que me ocupar de algo”. Recuperou sua taça. “Então você conheceu a todos?”.

    “Creio que sim. Parece que estive dizendo ‘atropelada por um carro’ ao longo de toda à noite”. A ferida mulher deu um breve sorriso. “Tem um pequeno garoto correndo ao redor…”.

    “Tyler”.

    “Sim, ele é lindo. Bem, ele esteve aqui antes. Pisou sobre a mesinha de café antes que pudesse pará-lo e me perguntou se meus pontos doíam”.

    “Pisou…”. Ronnie olhou além dela para comprovar se havia algumas marcas esfregadas com força. “Ele caminhou sobre minha mesinha?”.

    Rose sorriu a sua amiga. “Não se preocupe, fiz com que ele descesse, mas antes que eu o fizesse, ele se inclinou e beijou minha bochecha”.

    “Ele o que?”.

    “Ele beijou minha bochecha. Disse que sua mãe fazia isso a seus boo-boos”.

    “Tyler fez isso?”.

    “Sim, não é isso doce?”. Olhou como a expressão de Ronnie se transformou de incômodo a uma de prazer com o agradável ato.

    O garçom chegou com uma longa taça cheia de um líquido amarelo. “Aqui está sua bebida, Srta…”.

    “Eu não…”. Rose parou quando viu o olhar no rosto de Ronnie. “Quero dizer, obrigada”. Talvez ela queira outra bebida sem que alguém saiba sobre isso, pensou quando pegou a taça. O garçom sorriu e se afastou para se ocupar dos outros convidados.

    “É cerveja inglesa de gengibre. Achei que gostaria de beber algo que parecesse ao champanhe”, a mulher mais velha disse, tomando um gole da sua.

    “Sim, isto é perfeito”, Rose respondeu, levando a taça a seus lábios. As minúsculas bolhas do refresco faziam cócegas em seu nariz como supões que o champanhe faria. A mesma cor, era quase perfeita. A cerveja inglesa de gengibre era tão suave na cor que ninguém poderia suspeitar que era algo diferente do que os outros estavam bebendo.

    Uma mulher mais velha de vestido azul parou para falar com a anfitriã, dando a Rose a oportunidade de olhar sua amiga. Ronnie sorriu e parecia muito amistosa, mas sua linguagem corporal dizia uma história diferente. A executiva movimentava-se de um pé a outro e seus olhos se lançavam ao redor como procurando por um escape. Obviamente, havia algo a cerca desta particular pessoa que Ronnie não gostava. A mulher mais velha continuou falando, mantendo Ronnie presa pelo momento. Rose decidiu que gostava da maneira que essa tonalidade em particular do lápis labial se via em Ronnie. A discreta abertura no vestido preto de veludo revelou que a alta mulher escolheu usar uma liga e meias nesta noite ao invés de calças. Aposto que essas não vêm de uma embalagem plástica, pensou para si mesma. Unhas perfeitamente manicuradas davam suaves batidas na taça de champanhe num desconhecido ritmo quando a conversa entre Ronnie e a mulher de azul se prolongou. Olhando ao redor da sala, Rose não pôde evitar se perguntar outra vez por que ela estava aqui. Não é que alguém como ela carecesse de companhia, Rose sabia que uma das razões da grande multidão era a presença de Ronnie. Havia escutado muito sobre as conversas ao longo da noite admitindo isso. Então, por que alguém como você ia querer alguém como eu ao redor? Perguntou-se silenciosamente.

    A mulher em azul finalmente encontrou outro alguém com quem falar e Ronnie estava novamente uma vez mais ao lado de Rose. “Essa é Agnes, a esposa de Frank”.

    “E Frank é…”. Tentou, mas havia muitos Cartwrights para lembrar.

    “O primo, do lava-jato”.

    “Oh, correto. É ele quem enganou em seus impostos?”.

    “Todos fazem provavelmente isso, mas ele está formando-se na arte”. Ronnie deu uma olhada dissimulada. “Como sabe disso?”.

    Ela sorriu. “O homem com o topete e o que está com o cigarro estavam falando e eu os ouvi comentando sobre isso”. Deu um envergonhado sorriso. “Estava sentada justo aqui e eles ali. Não pude deixar de ouvir isso”.

    “Então o que irá acontecer quando eu quiser informação, hein?”.

    “Acho que depende da informação”, respondeu com um sorriso.

    “Ok”, Ronnie colocou as mãos no braço da cadeira de rodas e se ajoelhou de modo que só Rose pudesse ouvi-la. “E, o que estavam dizendo sobre a festa? Sei que o que me disseram, mas o que disseram uns aos outros?”.

    O sorriso de Rose se ampliou muito. “Todos estão entusiasmados em como agradável está, estão dizendo que lhes fazem recordar as festas de anos atrás. Você está ganhando muitos elogios”. Não deixou de perceber o olhar de orgulho que cruzou o rosto de Ronnie.

    “De modo que eles realmente estão se divertindo?”.

    “Sim, maravilhosamente bem, realmente. Ouvi mais de uma pessoa dizer que desejavam que a fizesse todo ano”.

    Ronnie olhou ao redor. “Sabe, é agradável ver a família inteira aqui outra vez. É como quando papai estava vivo”.

    Rose colocou sua mão na mão da mulher mais velha. “Realmente sente saudades dele, não é?” Olhos azuis consideraram seriamente antes de receber um quase imperceptível movimento da cabeça.

    “Ele desfrutava destas festas”. Ronnie virou o olhar até a árvore. “Natal era sua data favorita”. Retrocedeu lembrando o passado com todos ou vendo as crianças abrindo seus presentes. Seu rosto adquiriu um olhar distante. “Costumava tirar o projetor e a tela e mostrar velhos filmes caseiros”. Houve uma longa pausa e Rose bateu com a palma da mão na mão de sua amiga em um silencioso apoio. “Sim, sinto saudades”. Ronnie levantou-se, retirando a mão de debaixo da mão menor. “Ele teria gostado disto”.

    Um alvoroço próximo da porta atraiu sua atenção. “Droga”.

    Rose observou a transformação diante dela. Lábios pressionados fortemente, olhos apertados em aberta intimidação, músculos da queixada apertados… Tudo próximo do aspecto de Ronnie dizia que esta estava pronta para problemas.

    Girando sua cabeça, Rose viu o que havia capturado a atenção de sua amiga. “Esse é Tommy?”. Ronnie assentiu, estudou o homem que se atreveu a voltar depois do fiasco da noite anterior. Observando em seu cabelo loiro escuro, seus penetrantes olhos azuis e o corpo atlético, decidiu que, era bem parecido com o resto da família. Era difícil para reconciliar a imagem diante dela com o maníaco desbocado que havia movido com um puxão a mesinha de mogno de café.

    “Não posso acreditar que ele tenha vindo”, finalmente disse depois de um minuto.

    “É teatro, você já sabe”. Ronnie disse. “Ele sorrindo e então tudo é lindo e agradável. É encantador com mamãe e Susan… e alguém mais que seja bastante idiota para cair nisto”.

    “O que vai fazer?”. Não podia imaginar Ronnie o enfrentando diante da família inteira na festa de Natal, mas Rose também não podia vê-la agüentando sua presença durante todo à noite.

    “Acho melhor ir até lá e cumprimentar meu irmão”. Estendeu-lhe sua taça. “Vigie isto para mim. Volto em alguns minutos”.

    “Ronnie…”. Disse, pegando a taça. “Você ficará bem?”.

    “Parte de estar em minha posição é ter que ser agradável com gente com quem não posso suportar. Se não vou até lá, mamãe pensará que o estou desprezando”.

    Rose a viu se afastar, pensando no difícil que tinha que ser para Ronnie ser agradável com seu irmão depois das palhaçadas da noite. Fez uma silenciosa oração para que a noite terminasse bem.

    Quando Ronnie se dirigia até seu irmão, sentiu uma baliza em seu vestido. Voltou e baixou o olhar para ver uma redonda cara lhe sorrindo.

    “Olá prima Ronnie”.

    “Olá Tyler”, respondeu, agachando-se a seu nível. “Como você está? Está passando bem?”.

    “Sim”. Ele lhe estendeu um pequeno biscoito coberto com polvilho vermelho. “Há muitas coisas para comer”.

    “Então você gosta dos biscoitos, hein?” Envolveu um longo braço ao redor dele. “Foi muito amável de sua parte dar um beijo em Rose”. Tyler sorriu timidamente e colocou o doce festivo em sua boca.

    “Siff voff beija os boo-boos, melhornf”, ele mastigou, expelindo as migalhas de biscoito com cada sílaba.

    Ronnie o puxou e lhe deu um abraço. “Isso espero”. Levantou-se e revirou seu cabelo.

    “Você é um bom garoto, Tyler”. Girou para ir, mas ele puxou o veludo outra vez. “O que foi?”.

    “Sabe onde fica o banheiro?” Agarrou-se para enfatizar sua urgência.

    “Hum, venha”. O agarrou e se moveu rapidamente através da sala, não parando até que chegaram no escritório. “Nesse lugar”. Apontou para a porta.

    Enquanto esperava para levá-lo novamente a festa olhou o Percocet sobre a mesinha junto à cama. Oh, não acho que isso seja uma boa idéia, pensou para si, agarrando o frasco plástico de cor café. Uma vez que Tyler terminou, o enviou novamente a sala de estar e colocou o medicamento na parte superior do gabinete dos medicamentos, certa de que este estaria bem ali em cima fora do alcance de qualquer pequena mão curiosa. Com a tarefa acabada, voltou à sala de estar e se preparou para cumprimentar seu irmão.

    “Oh, aí vem Ronnie”, disse Susan.

    “Bom, não sei onde esteve todo esse tempo”, disse a matriarca em um tom de desaprovação.

    “Desculpe. Tive que ajudar o Tyler a encontrar o banheiro”, disse Ronnie quando se aproximou. Com um movimento da cabeça cumprimentou seu irmão. “Olá Tommy”.

    “Olá irmã, como você está?”. Inclinou-se e beijou sua bochecha. “Cadela!” Sussurrou antes de dar um passo atrás. “Esse vestido ficou maravilhoso em você, não é mamãe?”.

    “É muito bonito, mas muito escuro”. Estendeu uma mão e puxou a manga aveludada. “Você deveria usar cores mais suaves, Verônica”.

    “Acho que ela está encantadora”, ele disse, apoiando totalmente sua irmã mais velha. “Ronnie é linda não importa o que use”.

    Oh é isso, descarrega grosso, filho de uma cadela, pensou para si mesma. “Você também está muito bem esta noite, Tommy. Roupa nova?”.

    “Pois é, sim. Não pensei que algo que tivesse era bastante bom para esta noite”.

    “Estou certa disso”. Olhos azuis atiram adagas no homem de cabelo loiro escuro.

    “Depois de tudo, creio que esta é a primeira vez que permitiu a família entrar aqui novamente desde que tomou posse desta”. Deu um sinistro sorriso, atrevendo-se a empurrá-la.

    “Acho que tudo está muito bem aqui esta noite”, Susan chiou. “Gosto da forma em que pendurou todos os enfeites ao redor. Todos param para olhar. Quero ver um que fiz no terceiro ano. Ronnie pode me ajudar a encontrá-lo?”.

    “Sim. Acho que está por ali”, disse, agradecida pelo escape oferecido.

    Andaram através da multidão até que um brilho de cabelos dourados capturou o olhar de Susan. Imediatamente a ruiva estava mudando de direção. “Aonde vai?” Ronnie perguntou.

    “Conhecer a infame Rose Grayson”, respondeu. “Tia Elaine disse que ela foi atropelada”.

    “Susan…”.

    “Agora, que classe de anfitriã eu seria se passasse e não a cumprimentasse como a todos?” Seus olhos brilharam com a travessura.

    “Pensei que eu fosse a única anfitriã da festa. É minha casa”.

    “Como seja”, a ruiva replicou, obviamente não interessada em tontos detalhes técnicos como esses. “De qualquer maneira, realmente devo conhecê-la”. Sentiu uma firme mão lhe agarrar o antebraço.

    “Não se atreva a fazê-la passar por uma de suas famosas inquisições”. Ronnie diminuiu seu aperto, mas só um pouco. “Quero dizer, ela é um pouco tímida”.

    “Como se supõe que vou me interar de algo sobre uma pessoa se não lhe faço perguntas?”. Susan brincou, mas a séria olhada na cara de sua irmã a fez reconsiderar. “Só quero cumprimentá-la, não vou lhe perguntar sobre cada detalhe pessoal de sua vida”.

    “Promete?”.

    “Prometo”.

    A mulher ferida estava terminando sua cerveja inglesa de gengibre quando viu as irmãs se aproximando. “Rose, gostaria de lhe apresentar minha irmã, Susan Cartwright”.

    “Irmã mais nova”, a ruiva corrigiu. Estendeu sua mão. “Ouvi falar muito sobre você, Rose. É agradável finalmente lhe conhecer”. Para dizer a verdade, Susan havia interrogado sua mãe e sua tia na busca de informação sobre a misteriosa mulher. Olhou na fileira de pontos e disse. “É uma pena, um rosto tão bonito”.

    “Susan, acho que Alexandra está por aí em alguma parte. Você não há vê a tempos”.

    A intenção de Ronnie de afastar sua irmã fracassou. “Não, vá em frente, irmã. Ficarei aqui e conversarei com Rose”. Pegou a taça vazia que Rose havia deixado na mesinha de café. “Isto vai deixar um anel. Ronnie, não tem algum porta-copos?”.

    “Clar…”. Com o rabo de olho captou a envergonhada olhada no rosto de sua hóspede. Foi então que ocorreu a Ronnie que Rose talvez não estivesse acostumada a usar porta-copos. “Realmente, acho que todos estão sendo usados”.

    “Acho que isso realmente não importa. Maria pode tirar os anéis mais tarde”. Susan cruzou em frente à cadeira de rodas saltando a mulher e se sentando solenemente na mesinha de café numa posição muito mais cômoda para interrogar sua desconhecida vítima. “Então me conte, Rose, como conheceu Ronnie?”.

    “Eu, humm…”. Olhos verdes levantaram o olhar aos azuis, pedindo ajuda.

    “Ela era uma irmã da fraternidade em Pi Epsilon Gamma”, Ronnie soltou abruptamente.

    “De verdade?” Susan olhava para Rose e para sua irmã uma e outra vez. “Mas parece muito mais jovem que Ronnie”.

    “Hum… eu saltei um par de séries na escola”, a jovem mulher disse.

    “Oh, isso é bom. De qualquer maneira, deve ter sido uma estudante do primeiro ano quando Ronnie estava no seu último ano”.

    “Era”, Rose respondeu, ainda intercambiando olhadas de desespero com sua amiga. Não estava certa da razão exata da mentira, mas entendia que não havia forma de voltar atrás agora.

    “De onde você é?”.

    “Bem… cresci ao redor de Albany”. Tinha medo de mentir e mencionar uma cidade com a qual a viajada ruiva estivesse familiarizada.

    “Mesmo? Bem, Ronnie e eu fomos a academia de San Sebastián”.

    “Casa dos tigres”, Rose falou, atraindo um sorriso de Susan. Estava agradecida agora pelas horas passadas na biblioteca lendo os jornais locais.

    “Sim. Era a animadora principal no ano em que fomos as campeãs do estado”.

    “Que esporte?”.

    “Basquete por certo”, a ruiva disse, suas sobrancelhas se levantaram levemente. “Estou surpresa que não soubesse disso. Ronnie jogava…” Olhou sua irmã de forma zombadora.

    “Joguei na defesa”, disse Ronnie, silenciosamente desejando que alguém, qualquer pessoa se aproximasse para distrair Susan.

    “Sim, foi assim. Estive em toda conferência naquele ano, não é? Toda a estatal”.

    “Toda a estatal”, a ruiva repetiu, não se preocupando particularmente sobre os detalhes. “De qualquer maneira, suficiente sobre Ronnie. Então o que aconteceu? Ouvi que teve um acidente automobilístico”.

    “Realmente, um carro me atropelou”.

    “Quer dizer que andava e foi atropelada?”.

    “Sim”.

    “Isso é terrível. Assim está paralisada ou algo parecido?”.

    “Susan”, Ronnie a repreendeu. “Seu tornozelo esquerdo e ambas pernas estão quebrados”.

    “Isso deve doer bastante, não?”.

    “Bem… sim”. Rose não podia imaginar por que alguém faria uma pergunta tão tonta. “Minhas pernas estão quebradas muito seriamente”.

    “Isso é uma verdadeira pena. Bem, pelo menos é bastante afortunada de ter Ronnie cuidando de você”.

    “Muito afortunada”, Rose concordou. “Não sei o que teria feito sem ela”. Deu um sorriso a sua amiga, uma ação que Susan não deixou de notar. A ruiva levantou-se e alisou sua saia. “Bem, se as duas me dão licença, tenho que alternar. Foi agradável lhe conhecer, Rose. Estou certa de que logo nós nos veremos outra vez”.

    “Foi um prazer lhe conhecer também”.

    “Ronnie, pode me ajudar na cozinha um momento?”. Susan perguntou com uma melodiosa voz, a classe que sempre fazia os nervos de sua irmã mais velha chiarem.

    “Realmente…”.

    “Isto só lhe tomará um minuto”. Agarrou o cotovelo coberto de veludo e puxou Ronnie a afastando de Rose até a cozinha, deixando a mulher mais jovem só com seus pensamentos.

    O serviço de bufê e Maria ocupavam a cozinha, não lhes permitindo privacidade. Susan olhou para a porta da lavanderia. “Aqui dentro”.

    “Você não vai querer entrar aí”, Ronnie a avisou, mas tarde demais. Sua irmã abriu a porta para revelar uma irritada monte de pelúcia alaranjada e branca.

    “Mrrow!”.

    “Você tem um gato?”.

    “Não fique parada aí. Ela vai sair”. Deu a sua irmã mais nova um empurrão e fechou a porta atrás delas.

    “Dirá a mamãe que tem um gato? Susan perguntou.

    “Ela saberá em mais ou menos vinte segundos após você sair deste lugar”, disse Ronnie consciente. “Então sobre o que quer falar? Como se eu já não soubesse”.

    “Ela não era uma irmã da fraternidade. Apostaria minha Bentley que inclusive nunca foi a Dartmouth”. Susan se reclinou contra a porta fechada, um sorriso envaidecido cruzou seus lábios. “Sabe o que penso, Ronnie?”. Continuou sem esperar uma resposta. “Penso que isto é uma repetição do que aconteceu em Stanford”.

    “Não sabe do que está falando. Rose é só uma amiga a quem estou ajudando a sair de uma dificuldade. Isso é tudo”.

    “É mesmo? Você lhe dá um trabalho, seguro… ela está vivendo com você?”.

    “Ela está hospedada comigo enquanto se cura”.

    “Oh, então isto é um arranjo temporário?” Susan baixou o olhar ao desesperado gato que tentava conseguir a atenção de Ronnie. “Este é dela ou seu? Ou pertence a ambas?”.

    “Pare com isto, Susan. Tabitha é a gata de Rose, não há nada acontecendo entre nós duas, e esta discussão se acabou”. Passou por sua irmã e agarrou a maçaneta da porta.

    “Ronnie”, colocou sua mão no ombro da mulher mais alta. “Diga o que quiser, mas há mais nisso do que só ajuda a uma amiga“. Enfatizou a palavra, deixando claramente que não acreditava que esse era o título apropriado para a mulher loira.

    “Pense o que quiser, irmã, mas agora mesmo há uma sala cheia de pessoas as quais preciso atender. E Susan?”.

    “Sim?”.

    “Não acho que Jack ficaria muito contente de ouvir falar de André, não é?”. Ronnie disse, jogando a única carta do trunfo que tinha contra sua irmã. Houve um momento de silêncio na lavanderia antes que Susan assentisse, aceitando a tácita ameaça.

    “É melhor que isto não exploda em sua cara, Ronnie. Não pode permitir-se outro incidente como Christine”.

    “Eu sei”, a mulher de cabelo escuro disse enfaticamente.

    Ronnie passou o resto da noite mantendo distância de onde quer que seu irmão estivesse. Por sorte parecia que o jovem homem vaidoso não tinha interesse em conhecer a mulher da cadeira de rodas. Isto permitiu que passasse a maior parte de seu tempo debruçada ao redor de sua hóspede. O tempo passava lentamente e a bebida corria solta. Ronnie havia subestimado a capacidade de sua família para consumir álcool. Tommy parecia estar resolvido a se afastar da bebida, seu sorriso e atitude amável permaneceram constantemente ao longo da celebração. Mas cada vez que ele a olhava, o sorriso girava a um sorriso aberto envaidecido que ela respondia com uma resplandecente ameaça. Um intercâmbio de olhares a tinha a beira de explodir quando ouviu Rose tranqüilamente participar com o resto dos cantores de Natal.

    “… fa la la la la, la la la la. Tis the sea son to be jolly, fa, la la la la”.

    “Don we now our gay apparel”, Ronnie interveio, unindo seu rico contralto ao alto de Rose.

    “Fa la la la, la la la la”, cantaram juntas. “Troll the ancient Yuletide carol, Fa la la la la, la la la”. A canção terminou muito rápido para a mulher de cabelo escuro quando o relógio do avô soou para anunciar a última hora. Como se esperava, a música parou e vários convidados começaram a se despedir.

    “Suponho que a festa está terminando. Melhor brincar de anfitriã”, Ronnie disse, com seus sentimentos misturados acerca da noite. Era agradável ver todos tão felizes e estar recordando os anteriores dias de festa. No entanto, a presença de Tommy e os comentários de sua mãe, fizeram com que desejasse ter insistido para que eles levassem a cabo esta festa a outro lugar. Porém… Teria sido agradável compartilhar outra canção com Rose, se lamentava enquanto tomava seu lugar próximo à porta, colando um sorriso em sua cara e desejando que todos tivessem uma viagem segura até em casa.

    Cada decigrama de sua concentração foi tomada para manter seu sorriso quando Tommy apareceu diante dela. “Bonita festa, irmã”.

    “Lamento que não possa ficar mais tempo”, disse sem um rastro de sinceridade. “Suponho que o verei amanhã no escritório?”.

    “Não posso, Ronnie. Estarei no campo todo o dia, mas irei, se conseguir um minuto me aproximo e lhe cumprimento. Olá, Mamãe”. Beatrice e Elaine apareceram forçando Ronnie a engolir o comentário que ela desejou dizer.

    “Mamãe, indo embora tão rápido?”.

    “São quase onze horas, Verônica. Ainda temos que deixar Elaine no Hilton”.

    “Poderia deixar a tia Elaine lá”, ofereceu Tommy amavelmente.

    “Oh, isso é tão amável de sua parte, querido, mas o chofer pode levá-la. Não desejaria ser uma carga para você”. Beijou seu filho na bochecha. “Ele é como seu pai, não é Elaine?”.

    “Muito”, a irmã da matriarca concordou, muito a contragosto de Ronnie.

    “Bem, deixe-me pelo menos escoltar a duas encantadoras senhoras até seu carro”. Enganchou seu braço através de sua mãe. “Boa noite, Ronnie. Divirta-se. Devemos fazer isto outra vez”.

    “Boa noite, mamãe”, disse, ignorando o comentário de seu irmão. Beijou a oferecida bochecha e deu um passo atrás. “Tia Elaine, foi agradável lhe ver”.

    “Para mim, também, querida”. Tommy e as duas mulheres saíram ao frio exterior da noite. Ronnie inspirou profundamente e depois soltou o ar, sentindo a manta pesada do estresse que a havia coberto toda à noite escapando-lhe”.

    Ronnie comprovou todas as portas e fixou o sistema de alarme uma vez que todos já haviam se ido. “Fico feliz que tenha terminado” Apagou as luzes da árvore de Natal e virou-se para estar de frente a Rose. “Então. Essa é minha família. O que acha?”.

    “Com certeza eles são muitos”, Rose respondeu. “Tyler é agradável”.

    “Ele é muito jovem para ser um snob”. Ronnie olhou seu tapete. “Olha isso. Sabia que alguém ia queimá-lo”. Explorou o resto da sala procurando danos, então se deu conta que estava muito silencioso. “Rose?” Não esperava ver a cara triste lhe regressando o olhar. “Hei”, longas pernas cruzaram a sala rapidamente. “Que foi?”.

    “Nada. Acho que estou só cansada, isso é tudo”. Veio a suave resposta, embora a jovem mulher se negasse a olhá-la.

    “Não, há mais que isso”. Ronnie sentou-se na mesa de café, seu joelho tocada a roda direita da cadeira. “O que aconteceu, Rose? Alguém disse ou fez algo que você não gostou?”.

    Houve um silêncio por um momento antes de receber uma resposta. “Você está envergonhada de mim?”.

    “Por que diz isso?”.

    Rose se encolheu. “Não sei, não importa”.

    “Não”. Esticou seu braço e colocou sua mão sobre a mão menor. “É porque menti para Susan?” O rápido afastado olhar lhe deu a resposta. “Rose, não estou envergonhada ou desconcertada de você”.

    “Então por que inventou essa história a sua irmã de que eu era uma irmã da fraternidade?”. Olhos verdes a olhavam, revelando a confusão e a dor.

    “Não sei”, Ronnie suspirou. “Não estou envergonhada ou desconcertada de você. Se estiver envergonhada de alguma coisa é de minha família”. Arrastou sua mão atrás e percorreu seus longos dedos através de seu escuro cabelo. “Susan não me acreditou de toda maneira”. Percebeu que ainda devia a Rose uma explicação, continuou. “Acho que só pensei que seria mais fácil”.

    “Do que lhes dizer a verdade? Que sou uma pobre vagabunda sem nenhum lugar para ficar?” Rose virou sua cabeça, rapidamente piscando para manter as lágrimas ao limite.

    “Não. Isso em absoluto”. Estendeu sua mão e pegou o queixo da jovem mulher com seus dedos. “Você está aqui porque quero que esteja, não porque não há nenhum lugar para que você fique”, disse enfaticamente. “Minha família não entenderia isso. Lamento se minha intenção de lhe proteger lhe fez sentir que eu estava envergonhada de você”. Soltou o queixo de Rose e baixou o olhar. Arruinei-a outra vez, pensou para si. “Sabe que todos lhe deram atenção porque você está em uma cadeira de rodas?”.

    “Sim?”.

    “Se soubessem que não você não tem dinheiro, isto teria sido muito pior. Você teria sido o prato principal das conversas ao invés dos aperitivos”.

    “De modo que ao invés de ser a aleijada, teria sido a pobre aleijada vivendo a suas custas”, a jovem mulher esclareceu.

    Ronnie mastigou seu lábio inferior, tentando pensar em uma maneira de negar a verdade nas palavras de Rose. Finalmente se deu por vencida assentindo. “É como eles a teriam visto, sim, mas isso não é como eu a vejo e isso é tudo o que importa”. Deu umas palmadinhas na mão de Rose e se levantou. “Agora, acho que a melhor coisa que devemos fazer é deixar que Tabitha saia antes que ela decida arranhar através da porta”.

    O relógio na mesinha ao lado da cama dizia 12:15 am no momento em que Rose estava tirando o vestido azul e colocando novamente a camisa de dormir de Dartmouth. Andando de um lado a outro através da cama estava Tabitha, ainda protestando pelo seu tempo de confinamento e exigindo atenção extra. Ronnie ajudou a jovem mulher a se meter na cama e acomodou os travesseiros. “Tudo pronto?”.

    “Sim, acho que si”. Rose olhava ao redor. “Sabe onde está meu Percocet? Pensei que estava na mesinha, mas não o vejo”.

    “Com certeza”. Ronnie se dirigiu ao banheiro. “O coloquei aqui para que Tyler não o encontrasse”, disse em voz alta. Rose olhou o gabinete de medicamentos se abrir e se serviu de um copo de água preparando-se. O som de artigos sendo empurrados de um lado a outro nas estantes a fez girar sua cabeça na direção do banheiro.

    “Aconteceu algo?”. A resposta foi dada com um contínuo movimento sobre os artigos seguido por um tapa ao fechar o gabinete dos medicamentos. “Ronnie?”.

    A mulher de cabelo escuro saiu do banheiro, em sua cara uma máscara indecifrável. “Alguém o pegou”.

    “O Percocet não está aí?”. As pernas de Rose estavam palpitando e pareciam começar a rapidamente a se intensificar com a notícia. Ronnie começou a andar de um lado a outro entre a cama e a mesa, sua cólera se incrementava com cada passo.

    “Tommy. Aposto o que quer que seja que foi ele. Merda, não posso acreditar que fez isto”. Suas mãos se envolviam nos punhos e sua queixada estava visivelmente apertada. “O bastardo vem a minha casa e lhe faz isto. Tinha que saber que essas pílulas eram para você, seu nome estava no frasco. Que tipo de animal tira o medicamento de alguém que obviamente precisa tanto deste?”.

    “Você não tem certeza de que foi ele”.

    “Oh, sim tenho. Posso sentir isso”. Sua cadeira de pele se meteu no caminho por onde ela andava e esta lhe deu um forte empurrão. “Insuportavelhábilmentirosodemerda”.

    “Hei…”. Rose disse suavemente, esticando o braço e colocando sua mão no antebraço de Ronnie, sentindo os músculos agrupados debaixo da pele. Permitiu a seu polegar se deslizar na superfície branca do braço da irritada mulher e começou suavemente a esfregar. “Não há nada que você possa fazer sobre isso agora”.

    A fúria de Ronnie estava próxima de explodir quando sentiu o suave toque. Por razões que não podia explicar, a cólera pareceu se dissolver, os tensos músculos relaxaram debaixo do calmante movimento do polegar de Rose. Assentiu concordando e tentou pensar em uma solução imediata para seu problema. “Ligarei para a doutora. Talvez ela possa lhe dar uma nova prescrição”. Dirigiu-se a sua mesa e apanhou o catálogo telefônico. “Estou certa de que há farmácias abertas vinte e quatro horas em alguma parte”. Ronnie procurava nas páginas da sessão amarela, rasgando várias delas no processo com seu desespero. “Doutores, ver médicos. Droga, por que não podem fazer isto fácil de encontrar?”.

    “Ronnie…”.

    “Barnes… Barnes… não há Barnes nas listas. Tentarei o hospital”. Mais páginas se moveram com um puxão, rasgando-se.

    “Ronnie…”.

    “Tudo ficará bem, Rose. Conseguiremos uma nova prescrição e estará cômoda em um instante”.

    “Ronnie!”.

    “O que?”. Finalmente levantou o olhar de sua busca frenética.

    “Pare”.

    “Mas…”.

    “É muito tarde para fazer algo agora. Posso esperar até amanhã”.

    “Rose, você não pode esperar até amanhã”. Olhava novamente na sessão amarela. “Olha, há uma farmácia aberta por toda à noite a menos de cinco milhas daqui”.

    “Não pode sair agora”.

    “Claro que posso. Posso ir até lá e voltar em menos de meia hora”. Pegou o telefone.

    “Ronnie, não”. Moveu-se, bem consciente da dor em suas pernas. “Está começando a nevar lá fora”.

    “E? Já dirigi nevando antes”. Sua mão estava sobre o telefone, porém não o havia retirado do gancho. “Rose, você precisa do Percocet, você sabe disso. Como vai fazer para passar a noite sem ele?”.

    “Posso conseguir. Ronnie, não quero que dirija esta noite. Está nevando e você esteve bebendo”.

    “Não bebi muito. Estou bem para dirigir”. Colocou-se de pé, com a completa intenção de trocar-se para roupas mais apropriadas para sair.

    “Estou certa de que a pessoa que me atropelou se sentia igual a você”. Rose disse séria, fazendo com que Ronnie parasse e a olhasse, as palavras golpearam certeiras e mais fortemente do que ela imaginava. “Não quero que jamais tenha que passar por isso”.

    Embora Ronnie soubesse que não podia discutir o assunto, vacilou antes de baixar a cabeça. “Tem certeza de que é o que você quer? Posso pegar um táxi”, ofereceu.

    “Não. É muito tarde. Por favor, posso fazer isto por uma noite”. Quando disse as palavras, Rose não estava absolutamente segura. A dor havia estado constantemente aumentando e realmente desejava ter uma pílula neste momento. “Talvez você tenha algum Tylenol ou Advil”.

    “Sabe que não conseguirão acalmar a dor”.

    “É melhor que nada”.

    Ronnie saiu e voltou um minuto depois com vários frascos de pílulas contra dor de seu gabinete de medicamentos. Enquanto as pegava, também pegou seu suéter e a camiseta para dormir, sabendo que o sofá seria sua cama esta noite. Era impossível deixar Rose sozinha no andar debaixo. Entrou no banheiro e se trocou enquanto Rose examinava o rótulo de vários produtos que prometiam aliviar a dor e tomou três pílulas.

    “Precisa de alguma coisa mais?”. Ronnie perguntou quando voltou.

    “Não, acho que estou pronta”. Estendeu os braços para suas cobertas, mas sua benfeitora foi mais rápida.

    “Eu farei isso. Mexa-se, Tabitha”. O felino protestou, mas se afastou do caminho. Ronnie meteu a manta ao redor do corpo de Rose. “Aí está”.

    “Obrigada”. O alaranjado e branco gato saltou de novo e reassumiu sua posição na cama.

    “Se precisar de algo, estarei no sofá”.

    “Ronnie, não precisa fazer isso. Tenho certeza que sua cama é muito mais cômoda”.

    “Não, de verdade, o sofá está bom. Deixarei a porta aberta para no caso da bola de pêlos precisar sair”. Esticou a mão e acariciou o ronronante felino. “Precisa de alguma coisa mais?”.

    “Não, acho que estou pronta”.

    “Ok. Então, acho que é hora de dizer boa noite”.

    “Boa noite, Ronnie”.

    “Boa noite, Rose”. Alisou uma imaginária ruga na manta antes de se dirigir à porta. “Lembre-se, se precisar de algo, é só chamar. Tenho um sono leve”.

    “Eu chamarei”, a jovem mulher prometeu quando a luz foi apagada e Ronnie saiu do quarto.

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