Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

    Capítulo 10

    Susan agarrou Timmy e Jack estava segurando Ricky enquanto os dois garotos lançavam insultos um ao outro. “Você trapaceou”.

    “Não, não trapaceei!”.

    “Sim, trapaceou!”.

    “Já chega!” A voz de Ronnie retumbou sobre as vozes barulhentas que protestavam. “Não me importa quem trapaceou ou de quem era a vez. Se vocês dois não podem jogar agradavelmente eu vou desligar isso”. A ameaça não deteve os dois irmãos de discutirem uma e outra vez.

    “Mas ele começou isto”.

    “Timothy!” Ambos pais gritaram.

    “Ronnie” Rose se apoiou sobre suas muletas. “Sua mãe está no telefone”. Quando a alta mulher passava, lhe falou em uma voz mais baixa. “Ela me parece que está chorando”. Isso fez a mulher de cabelo escuro vacilar por um segundo antes de pegar o telefone. Um dos pais chorando nunca significa algo bom.

    “Mamãe? Ma… Mamãe pare de chorar. Não posso lhe entender”. Silenciosamente indicou para que Rose chamasse Susan. “Ok, fale outra vez, devagar”.A ruiva entrou na cozinha justo quando Ronnie tentava unir as peças que sua histérica mãe estava lhe dizendo. “Estão certos? Mamãe ok está bem, fique calma… o que ele disse?” Se virou de costas para a outra mulher e se apoiou contra a plataforma. “Mamãe, escute-me atentamente, disse tem certeza que esse é Tommy?”. Na menção do nome de seu irmão, a mão de Susan foi a sua boca.

    “Aconteceu algo?”.

    “Quem ligou?” Ronnie perguntou enquanto afastava sua irmã. Já tinha bastante para tentar entender o que Beatrice estava dizendo. “Não, Susan está aqui. Passaremos e lhe pegaremos, sim mamãe, não, estaremos aí em quinze minutos. Não chame mais ninguém. Se precisarem ser chamados, farei isso mais tarde. Não, não chame um táxi. Estamos indo para aí. Sim, prometo… adeus”. Pressionou o botão de desligar e deixou o telefone no balcão.

    “Ronnie?” Susan deu um passo à frente. “Aconteceu algo com Tommy?” Não houve resposta. “Ronnie?”.

    “Tommy…”. De costas para elas, se agarrou na beira do balcão. “Ele estava indo para o leste na pista do oeste da estrada”.

    “Oh, meu Deus”, Rose sussurrou. Ronnie empurrou a si mesma para se situar e fazer frente aos outros.

    “Rose preciso que você vigie as crianças até que voltemos. Estou certa de que só comerão pizzas e jogaram videogame”.

    “Claro”, a jovem mulher respondeu. “Qualquer coisa. Sabe disso”.

    “Trarei Jack e nossos casacos”, Susan disse com voz trêmula. Saiu da cozinha para ir buscar seu marido. Rose mancou até sua alta companheira. Por vários segundos, nenhuma das duas falou nada. Finalmente Ronnie quebrou o silêncio.

    “Não sei até que horas estaremos fora. Tente metê-los na cama as dez. Há bastantes quartos para eles escolherem”.

    “Cuidarei disso”, Rose prometeu. Levantou sua mão e acariciou o rosto da mulher mais velha. “Te amo”.

    Os olhos de Ronnie brilharam e ela sorriu. “Como sabe exatamente o que dizer?” Puxou seu amor para próximo dela e a beijou na cabeça. “Também te amo, Rose. Não mate as crianças nem jogue nenhum jogo que implique que lhe amarrem, Ok?”.

    “Penso que posso manejá-los. Você tem coisas mais importantes que se preocupar”. Sentiu Ronnie dar um passo atrás e percebeu que Jack e Susan haviam entrado na cozinha.

    “Ligo para você logo que souber de algo”.

    “Não podem ter nada com cafeína ou açúcar depois das sete. John tem que estar na cama as oito e os meninos podem ficar acordados até as dez”. Susan disse enquanto procurava algo em seu bolso. “Não consigo encontrar as chaves. Jack, onde estão as chaves?” Seu lábio inferior tremia e suas mãos começavam a tremer.

    “Dirigirei”, Ronnie disse firmemente, arrebatando as chaves de sua irmã. A mudança em sua voz motivou que Rose a olhasse. Onde suaves curvas acentuavam a forte mandíbula, tensos músculos se apertavam debaixo da superfície. As costas de Ronnie estavam reta, sua postura imponente. Não era a suave, sensível mulher que era com Rose em privado. Em seu lugar estava a executiva, a líder de uma multimilionária companhia e a cabeça de uma poderosa família. Embora entendesse a necessidade para as duas identidades, Rose de qualquer maneira desesperadamente desejava que Ronnie não tivesse que ser a guardiã todo o tempo. Odiava a maneira em que a pressão e a tensão esgotavam a energia de sua amada. Olhando-os irem, Rose pôde somente rezar para que tudo estivesse bem.

    **********

    As campainhas do relógio despertaram a mulher que cochilava. Rose alcançou as muletas e se colocou de pé. Um rápido esfregar nos olhos a ajudou a ver que era três da madrugada. Não havia tido ainda nenhuma chamada telefônica, nenhuma notícia. Foi a cozinha e começou a preparar uma jarra de café. Sem duvida quando Ronnie voltasse desejaria um pouco. Logo Rose estava sorrindo diante do pacífico som da cafeteira. Ricky e Timmy haviam decidido continuar a briga, forçando Rose a ter que separá-los por um momento para se acalmarem. Essa ação lhe deu uma colorida série de palavras de Ricky. Somente a ameaça de repeti-las a sua tia Ronnie conseguiu o acalmar. Na hora de irem para a cama tomou a saída mais fácil e deixou cada um escolher seu próprio quarto para dormir. Seus braços ainda doíam de subir as escadas duas vezes antes de os sobrinhos de Ronnie resultassem finalmente adormecidos.

    Rose passou o tempo bebendo café na mesa da cozinha e relendo o jornal. Tabitha saltava dentro de vez em quando exigindo atenção, então saía. O total de três dias de notícias impressas e a metade da jarra de café escorreram antes que o jeep de Ronnie traçasse as linhas do caminho de entrada. Levantou-se sobre suas muletas e foi até a porta, a abrindo no tempo certo de ver Jack ajudando sua esposa e sogra a sair do veículo. “Oh Senhor”, sussurrou, sabendo que o pior havia acontecido. Ronnie assumiu o controle por seu cunhado e ajudou a Beatrice a entrar.

    “Em que quartos colocou as crianças?” Perguntou quando passava.

    “Nos quartos de ambos os lados do seu e na que está no final do corredor”, Rose disse, afogando até o fundo o nó em sua própria garganta. Até que pôde ver os desolados olhares em seus rostos, havia estado se aferrando a esperança de que Tommy havia sobrevivido de alguma maneira ao acidente. Ronnie assentiu e olhou para Jack.

    “O quarto da esquerda próximo ao final do corredor está vazio. Coloque-a ali. Colocarei mamãe em meu quarto”. Pegou a bolsa da matriarca e a deixou no balcão. “Mamãe? Vamos, acho que você precisa dormir um pouco”.

    “Mas tenho que ligar…”.

    “Cuidarei de avisar a todos. Você precisa dormir”. Viu Jack conduzir sua esposa para fora da cozinha. “Vamos subir agora”.

    “Horrível… Isto é tão horrível…” Beatrice gritou.

    “Eu sei, mamãe. Vamos já”. Ronnie conduziu a aflita mulher.

    Quinze minutos mais tarde voltou à cozinha. “Rose, acha que pode fazer uma jarra de café?”.

    “Já fiz. Sua xícara está na mesa”. Ronnie olhou a familiar xícara, então para sua companheira. “Imaginei que você ia precisar de um pouco de café”, Rose disse com um encolher de ombros. “Eu tomei um pouco”. Ambas olharam a jarra quase vazia.

    “Isso foi uma boa idéia”. Esfregou seus olhos. “Que horas são?’”.

    “Quase seis e trinta”.

    “Acho que devo esperar uma hora mais ou menos antes de começar a ligar para todos”. Ronnie envolveu as mãos ao redor de sua xícara e olhou fixamente o escuro líquido. Insegura do que dizer, Rose permaneceu silenciosa, dando a sua companheira o tempo que precisasse. Os olhos azuis brilharam com a ameaça de derramar as lágrimas, mas permaneciam enfocados no café. Depois de um prolongado silêncio, Ronnie começou a falar. “As testemunhas disseram que ele girou para fora da rampa ao invés de sobre a rampa”. Seu lábio inferior tremeu e ela piscou rapidamente. “Dirigia em alta velocidade e se chocou contra um caminhão de lixo antes de entrar na rodovia”.

    “Ronnie, eu sinto tanto”. Colocou sua mão no forte antebraço.

    “Eles hum…”. O piscar aumentou enquanto lutava para manter as lágrimas dentro. “Eles tem que fazer uma autopsia”. Sua voz enredava-se. “Acham que tomou… drogas…”. Um soluço escapou de seus lábios e Ronnie se encontrou sendo puxada para os braços de Rose.

    “Tudo bem, estou com você”, a jovem mulher sussurrava. As cadeiras rasparam através do piso da cozinha quando se aproximaram, nenhuma queria romper o contato. A guardiã precisava do consolo e Rose era a única que podia lhe proporcionar este.

    “Não é-é justo. Era muito jovem”, Ronnie engasgava. “As drogas…”.

    “Eu sei”. Beijou a morena na testa. “Eu sei”. Começou a embalá-la enquanto as quentes lágrimas encharcavam sua camisa. Os soluços atormentavam o alto marco, mas Rose continuava, murmurando palavras consoladoras e esfregando suavemente as costas de Ronnie. “Estou aqui… isso mesmo, se solte”.

    “Foram essas malditas drogas”, gritou.

    “Eu sei”. Rose continuou a embalando e confortando sua amada até que finalmente as lágrimas abrandaram e os soluços reduziram a pequenos respiros. Sentiu o puxão de Ronnie para trás e soltou o abraço. “Melhor?” Recebeu um trêmulo balançar de cabeça. “Venha aqui”. Pegou um guardanapo de linho da mesa e limpou o úmido rosto. “Desabafe… é melhor”.

    “Obrigada, só precisava… bem, disto”. Ronnie com cansaço se afundou novamente em sua cadeira e moveu sua cabeça. “Isto é tão difícil de acreditar”. Não havia nada que Rose pudesse dizer, então se apoiou em sua cadeira até que seus joelhos estavam se tocando. Ronnie colocou sua mão sobre a mão menor e a apertou. “Os próximos dias vão ser difíceis”.

    “Não tem que atravessar isto sozinha”. Rose levantou sua mão livre e acariciou o rosto de seu amor. “Estarei aqui com você, prometo”. Olhou o relógio. “É ainda muito cedo para ligar para todos e realmente você precisa de um pouco de descanso. Ficou acordada toda à noite”.

    “E sobre você?”. Pela primeira vez Ronnie notou os escuros círculos debaixo dos lindos olhos verdes. “Dormiu um pouco?”.

    “Fui dormi às duas horas, mas levantei as três mais ou menos”.

    “Ambas precisamos dormir um pouco”. Levantou-se, então franziu o cenho. “Tenho que dormir no sofá. Se alguém acordar…”. Não houve necessidade de acabar a frase.

    “Por que eu não fico com o sofá? Você precisa de uma cama confortável mais do que eu”.

    “Estou muito cansada para discutir com você Rose”.

    “Então não discuta”, a jovem mulher disse firmemente. Ronnie a olhou e se perguntou se alguém mais poderia lhe falar dessa maneira e sair impune por isso. Suspeitou que ninguém, exceto talvez Maria. Seus olhos se entristeceram no pensamento de dar a notícia à governanta quem havia conhecido Tommy desde que era um bebê.

    “Há tanto a fazer. Tenho que ligar para os primos…”.

    “Pode fazer tudo isso depois que tiver um par de horas de descanso”. Rose se forçou para se levantar sobre suas muletas. “Vamos, deitarei com você até que você adormeça”. Ronnie assentiu com cansaço. Precisava descansar e não havia dúvida que com sua amiga loira a seu lado poderia fazer justamente isso.

    Depois de ir ao banheiro e de trocar suas calças, Ronnie se arrastou na cama. “Tem certeza que não resultará dormida?”. Murmurou grogue enquanto arrumava seus travesseiros.

    “Não, tomei tanto café que acho que não conseguirei dormir”. Rose estendeu seu braço. “Venha aqui, deixe-me lhe confortar”. Logo Ronnie se acomodou contra seu peito. “Assim”, começou a acariciar o longo e escuro cabelo. “Você descansa e deixe que eu me preocupo com você para variar”.

    ********

    Rose estava cantarolando suavemente e docemente acariciava as costas de sua adormecida companheira quando ouviu o carro chegar pelo caminho da entrada. Fechou seus olhos lentamente com a certeza que era já segunda e em menos de um minuto Maria estaria cruzando a porta, totalmente inconsciente dos acontecimentos da noite anterior. Deu uma olhada em Ronnie e sabia que não poderia acordá-la para isto. “Cuidarei disso”, sussurrou antes de deslizar e colocar um carinhoso beijo no ombro da adormecida mulher.

    Entrou na cozinha justo quando Maria estava fechando a porta de correr. “Oooh, esse vento”, a governanta disse quando tirava seu casaco. Virou-se e percebeu que não estava sozinha. “Oh bom dia, Rose. É o carro de Susan o que está no caminho da entrada?”. Nesse mesmo momento notou a cafeteira meio vazia e os jornais esparramados sobre a mesa.

    “Sim”.

    “Rose, o que aconteceu? Onde está Ronnie?”.

    “Está dormindo. Maria, por favor, venha se sentar”. Rose apoiou as muletas contra o balcão e puxou uma cadeira.

    “Por que Susan está aqui? As crianças estão bem? Algo aconteceu a Jack? Está…”.

    “Não, eles estão bem. Por favor, sente-se”. Rose soltou uma respiração e esperou que a governanta se sentasse antes de ela se sentar também.

    “Está me assustando. O que aconteceu?”. A voz de Maria estava cheia de preocupação. Rose sentia a garganta lhe apertar inclusive antes que falasse.

    “Desejaria ter uma maneira mais fácil de lhe dizer isto”. Dando-se conta de que suas palavras estavam somente inquietando mais a mulher mais velha, respirou profundamente e continuou. “Tommy se matou em um acidente de carro durante a noite”.

    Como um espelho se quebrando, o rosto de Maria perdeu toda a compostura e rompeu em pranto. Como fez com Ronnie, Rose tomou a aflita mulher em seus braços e a confortou. A governanta permitiu o contato por alguns minutos antes de levantar-se e limpar seus olhos. “Bem então, creio que há coisas que devo fazer”. Aproximou-se da cafeteira. “Tenho certeza de que uma jarra recém feita estaria em ordem”.

    “Maria, você não tem que fazer isso”.

    A mulher mais velha se virou e a olhou. “Rose, não sou uma Cartwright. Ronnie disse que sou a governanta, mas isso não me faz família. Lembro quando seu pai faleceu. Trabalhei para esse homem por vinte e cinco anos e no dia de seu funeral estava aqui me assegurando de que tivesse bastante comida para as pessoas que iam chegar depois do enterro”.

    “Isso é terrível”, Rose ofegou. “Ronnie não lhe deu o dia de folga?’”.

    “Ronnie não tomava as decisões, sua mãe era quem tomava”. Maria esvaziou o café na pia e abriu a torneira. “Disse que precisava de mim aqui, para que cuidasse de tudo por ela. O que supunha que fizesse?”.

    “Tenho certeza que Ronnie não esperará que você trabalhe”. Mancou dando outro passo e falou em uma voz mais baixa. “Beatrice está aqui também”.

    “Bem então, estará esperando chá quente quando descer”. Maria abriu o armário e tirou a chaleira. “A que horas vai acordar Ronnie?”.

    “Penso que lhe darei mais meia hora mais ou menos. Esteve acordada por toda à noite”.

    “Hummm, Beatrice normalmente acorda as oito. É bom você acordar Ronnie quando o café estiver pronto”. Rose assentiu de acordo. Não seria uma boa idéia acordar sua companheira e lhe fazer enfrentar sua mãe imediatamente.

    *********

    Rose seguiu Maria para dentro do quarto e deixou a xícara fumegante de café no criado mudo. “Vou começar a fazer o café dos meninos. Tenho certeza de que estarão acordados logo”.

    “Obrigada. Estaremos em alguns minutos lá fora”, disse, seus olhos não saiam da adormecida mulher. Uma vez que ouviu o clic da porta se fechando, Rose encostou as muletas contra a parede e se colocou ao lado de sua companheira. Apoiou-se sobre um cotovelo e baixou o olhar, silenciosamente desejando não ter que acordar Ronnie. Mesmo adormecida o rosto da executiva mostrava sinais de dor. Os ainda fechados olhos mostravam o inchaço por causa do choro e não havia paz nas esculpidas feições. “Ronnie? Hora de acordar, querida”.

    “Humm?” Os olhos que não obtiveram bastante sono se abriram com momentânea confusão. “Que hora é?”.

    “Quatro para as oito”, a jovem mulher respondeu. Ronnie gemeu e se incorporou.

    “Acho então que é melhor eu me levantar. Tenho um dia ocupado diante de mim”. Seus olhos se alargaram ao avistar o café que lhe era dado. “Oh, obrigada”. Tomou um gole e sorriu de maneira agradecida. “Precisava disto”. Tomou outro gole, depois olhou para Rose de maneira brincalhona. “Você fez isto?”.

    “Maria o fez”.

    “Oh Deus, Maria”. Ronnie colocou sua mão na boca. “Tenho que…”.

    “Cuidei disso por você”, Rose disse em um tom baixo, seus olhos traiam a forma difícil com que havia sido para ela ser a portadora das más notícias.

    “Venha aqui”. A alta mulher apoiou as costas contra a cabeceira e estendeu seu braço direito.

    “Mas você tem coisas que fazer”, disse, embora não houvesse mais nada no mundo que desejasse fazer nesse momento que se encolher nos braços de Ronnie.

    “Posso prescindir-me de um minuto”. Tristes olhos azuis olhavam para Rose. “Realmente preciso de seu conforto”. Cuidadosa de não derramar o café, se abraçaram, a cabeça loira apoiada contra o peito da executiva. “Obrigada”.

    “Se houver algo que eu possa fazer…”.

    “Você já está fazendo agora”, Ronnie disse, pressionando seus lábios contra a cabeça de Rose. “Só preciso de alguns minutos de tranqüilidade com você antes que saia e enfrente qualquer pessoa”. Tomou outro longo gole de café e começou ociosamente a acariciar os cabelos de mel. “Vai haver centenas de pessoas entrando e saindo pelos próximos dias. Tabitha passará muito tempo na lavanderia”. Esfregou seu rosto contra o suave cabelo então tomou outro gole. “Se Jack e Susan ficarem, poderia ajudar a manter os meninos ocupados? Eles gostam de jogar videogame com você?”.

    “Claro, Ronnie. Qualquer coisa que você precisar”. Tanto como ela não desejava fazê-lo, Rose se separou do abraço. “Melhor eu voltar à cozinha e ver se Maria precisa de alguma ajuda. Além disso, tenho certeza de que você quer se vestir antes que todos acordem”.

    “Maria? Ela não foi para casa?”.

    “Não, está fazendo o desjejum”.

    “Diga-lhe que pode ir para sua casa. Não tem que trabalhar hoje”. Ronnie estava surpresa de receber um rápido abraço. “Por que fez isso?”.

    “Sabia que não a faria trabalhar”.

    “Claro que não. Como poderia esperar que trabalhasse depois disto?”.

    “Sua mãe a fez quando seu pai morreu”. Olhou a queixada de Ronnie ficar tensa.

    “Não sou como minha mãe”, disse taxativamente. Arremessou os lençóis para trás e se levantou. “Rose, você se importaria de dizer a Maria?”.

    “Não, não me importaria em absoluto”, a jovem mulher disse momentos antes que Ronnie fechasse a porta do banheiro. Pegou a xícara vazia. “Terá café recém feito esperando por você quando você sair”. Era mais fácil dizer que fazer quando Rose tentava resolver como manobrar com suas muletas. A solução foi sustentar a asa com seus dentes, o qual lhe ganhou uma olhada de desaprovação de Maria quando a jovem mulher entrou na cozinha.

    “Você é tão teimosa quanto ela, não é mesmo?” A governanta a repreendeu quando pegou a xícara. “Sabe que teria ido pegá-la. Não precisava trazê-la aqui”.

    “Maria, Ronnie disse para você tirar o dia de folga hoje. Tenho certeza que podemos manejar tudo”.

    “Isso foi idéia sua ou dela?”.

    “Dela”.

    “Sei”. A governanta assentiu. “Pode esperar isso de alguém tão generosa como Ronnie. No entanto, acho que devo ficar”.

    “Por que? Você está tão perturbada como todos, porque você deve ficar e trabalhar?”.

    “Maria? Maria você está aí?” Beatrice gritou das escadas.

    “Por isso”, a mulher mais velha disse. Saiu até a sala de estar e levantou o olhar para a matriarca. “Há chá esperando por você, senhora Cartwright”.

    “Oh que bom, que está aqui”. Beatrice desceu as escadas, seu rosto mostrava os sinais de uma mãe abatida. “É terrível, não acha? Só simplesmente terrível”.

    “Trágico”, a governanta esteve de acordo.

    “Onde está minha filha?”. Finalmente viu Rose apoiada sobre suas muletas. “Olá, querida. Não é você a pequena amiga de Ronnie? A que estava na cadeira de rodas?”.

    “Sim, Madame. Meu nome é Rose”.

    “Rose, onde está Ronnie?”.

    “Ela está se vestindo. Sairá em um minuto”.

    “Já começou a ligar para alguém?”.

    “Farei isso em um minuto”, Ronnie disse quando saiu do quarto de Rose. Parecia serena, mas Rose sabia que era uma atuação. Os inchados olhos disseram que novas lágrimas de dor esperavam para deslizarem. “Bom dia, mamãe”.

    “Não há nada de bom sobre este dia, Verônica. É melhor você começar. Ligue para sua tia Elaine primeiro”. A matriarca caminhou a passos rápidos para a cozinha, despedindo com eficácia sua filha.

    “Acho melhor eu começar a fazer algumas chamadas telefônicas”. Olhou na direção da cozinha e balançou sua cabeça. “Vou usar o telefone do escritório. Com licença”.

    Rose esperou até que a porta do escritório se fechasse antes de falar com Maria em um silencioso tom. “Por que ela é tão cruel com Ronnie?”.

    “Não está tentando ser cruel”, a governanta explicou. “Beatrice tem uma certa maneira de manejar as coisas. Essa é sua maneira”.

    “Sei que está dolorida, mas Ronnie também. Não pode ver isso?”.

    “Algumas pessoas não podem ver além de sua própria dor, Rose”. Maria olhou para cozinha. “Tenho que entrar ali”.

    Rose ficou parada no mesmo lugar por um momento, seu primeiro instinto foi fazer companhia a Ronnie, mas então percebeu que havia uma maneira melhor de ajudar sua amiga. Protegendo-a ela mesma, seguiu Maria a cozinha.

    **********

    Beatrice estava sentada à mesa com uma xícara de chá numa mão e um pãozinho na outra. “Senhora Cartwright, se importaria se eu me sentasse aqui?” Rose perguntou docemente. “Ainda não posso ficar de pé por muito tempo”.

    “Claro, sente-se. Maria, um pouco mais de chá”.

    “Obrigada”, a jovem mulher disse quando tomou assento. A governanta se aproximou com a chaleira e uma xícara de café para Rose. Intercambiaram olhadas, mas não disseram nada. Beatrice olhava seu relógio.

    “Achava que Ricky já estaria acordado. Ele sempre foi um madrugador”.

    “Ficou acordado até tarde. Tive problemas para fazê-lo dormir”.

    “Então você tomou conta deles?” Rose assentiu. A matriarca sorveu seu chá. “Esse Ricky, é como Tommy, você sabe”.

    “Temo que não tenha me familiazado com seu filho. Por que a senhora não me conta sobre ele?”.

    Ronnie entrou na cozinha uma hora mais tarde procurando seu café. Sua garganta começava a ficar seca depois de fazer tantos telefonemas. Uma sobrancelha se arqueou ao avistar sua mãe, Rose, e Susan sentadas e conversando a mesa. Dado que Beatrice estava de costas para ela, Ronnie esperava poder entrar furtivamente, pegar o café, e sair. O som da voz de sua irmã, no entanto, truncou essa esperança. “Ronnie”. .

    “Bom dia, Susan”. Virou-se e ficou de frente a mesa. “Mamãe, Frank e os meninos estarão aqui daqui a pouco. A maioria estará aqui esta tarde”.

    “Você fez os preparativos? Quero que você se assegure de que ele tenha o melhor, o melhor de tudo”.

    “Cuidarei disso”, Ronnie disse. “Tenho que dar alguns telefonemas. Laura pode se encarregar dos sócios e colocar na imprensa”. Maria lhe deu a xícara. “Volto mais tarde”.

    “Ligou para sua tia Elaine?”.

    “Sua secretária respondeu. Retornará a ligação”.

    “Mas você está ao telefone”. A voz da matriarca se levantou incisiva. “Ela não vai conseguir ligar Verônica, não quero que ela se intere disto nas notícias”.

    “Estou esperando a ligação, mamãe. Não terá o sinal ocupado”.

    “Ela não pode interar-se disto nas noticias. Tommy era seu sobrinho preferido”.

    “Deixei uma mensagem na sua secretária”. O que quer que eu faça? Não posso fazer ela ligar. Engoliu seu café, fazendo uma expressão de dor com o calor que queimava ao descer por sua garganta.

    “Senhora Cartwright. Gostaria de mais um pouco de chá?” Rose perguntou.

    “Não neste momento, querida. Devo ir-me e passar algum tempo com meus netos”. Olhou sua filha mais jovem. “Susan, acho que se você e Jack tiverem outro filho devem chamá-lo de Thomas”.

    “Mamãe, decidimos que três…”.

    “Bobagem. Você é certamente bastante jovem e ter outra criança não vai arruinar sua figura. Sua irmã continua sem mostrar nenhum interesse em ter filhos”. A matriarca levantou-se. “Vou ver os meninos e depois você pode me levar para casa, Ronnie. Informar-lhe-ei quando esteja pronta”.

    Os nós dos dedos da alta mulher ficaram brancos quando agarrou a asa de sua xícara e de seus olhos saiam fogo quando sua mãe se retirou. Susan parou ao lado de sua irmã. “Não sabe o que está dizendo. Está só dolorida por causa de Tommy”.

    “Ela sabe exatamente o que está dizendo, irmã. O problema é que nós continuamos agüentando isto”. Virou-se para Rose. “As pessoas vão começar a chegar logo. É possível que você queira entrar em seu quarto antes que isso aconteça”.

    “Não”. Recolheu suas muletas. “Posso ajudar. Tomarei conta das crianças para que os adultos possam estar juntos. Não me importa”.

    “Tem certeza?” Ronnie a olhou e foi difícil se controlar para não procurar um abraço. Sabe o quanto louco vai ficar isso aqui e mesmo assim você quer me ajudar? Estava certa de que não seria tão generosa se a situação fosse ao inverso. Então outra vez, quando vem de você, não há nada que eu não faria. “Obrigada”, disse suavemente.

    “Claro. Isso é a menor coisa que eu posso fazer”. Rose sorriu e Ronnie se encontrou irremediavelmente perdida neste.

    “Ahem”. A tosse cortês de Susan quebrou o momento.

    “É melhor eu voltar para meus telefonemas”.

    “Ronnie, vou me assegurar de que mamãe chegue em casa. Você se preocupa de contatar a todos”, disse a ruiva.

    *********

    Estava quase anoitecendo quando Susan e sua família foram para a casa de Beatrice. Ronnie decidiu permanecer oculta no escritório tanto como fosse possível enquanto que sem saber Rose estava fazendo o possível para manter a matriarca longe dela. Quando a minivan se retirou de seu caminho de entrada, a mulher de cabelo escuro exalou um suspiro de alívio e entrou na sala de estar. Droga. Em seu esconderijo, não havia notado que o grupo de parentes que chegaram estavam ultrapassando aqueles que haviam ido e agora cerca de trinta Cartwrights estavam flutuando ao redor. Viu Rose e imediatamente foi em sua direção. “Olá”.

    “Olá. Sua mãe já foi”.

    “Vi isso”. Deu uma olhada, sua alta figura lhe permitia ver a massa de gente que passava. “Acha que poderiam ser um pouco menos barulhentos?”.

    “Quem é o de casaco azul com a gravata desfeita?”.

    “Michael. Possui uma representação de Toyota. Um dos primos”, Ronnie disse quando olhou o homem jovem, franzindo o cenho em sua atuação de dor.

    “Oh”.

    “Por que pergunta?”.

    “Estava me dizendo que ele e Tommy estavam muito unidos”.

    “Sim e estava ‘unido’ a papai depois que ele morreu. Então não conseguiu nada e agora também não”.

    “Quer dizer que está somente atuando assim porque…”. Rose parou, pensando como Delores atuava quando seu pai morreu. “Isso é horrível”.

    “Estou surpresa de que esteja aqui e não saqueando o condomínio de Tommy neste momento. Deve ter estado tão próximo dele que esqueceu o endereço por toda sua dor”. Escondida da vista de outros, uma pequena mão percorreu as costas de Ronnie e começou a esfregar em suaves círculos.

    “Estarão indo embora logo, não é mesmo?”.

    “Bem, não há razão para que eles fiquem. Todos deram suas condolências a mamãe e averiguaram quando e onde o enterro está programado. Só caíram aqui porque não tinham um lugar melhor para estar”. Um forte barulho na sala de jogos atraiu sua atenção. “Volto já”.

    “Frank, o que está fazendo?”.

    “Os garotos e eu só estamos levantando um pouco a Tommy”. Cambaleou novamente direto sobre o tamborete. Ela caminhou um pouco mais para trás dele e entrou atrás do bar.

    “Uma garrafa de escocês e a metade de uma garrafa de vodka. Vocês já brindaram o suficiente por ele, acredito”. Tampou a vodka e apagou a luz atrás do balcão. “Acho que hora de suas esposas levarem vocês para suas casas”. Caminhou ao redor apagando as luzes e pendurou os tacos. Um por um dos homens resmungaram e saíram da sala, nem todos sem ajuda. Levou um pouco mais de tempo para separar o grupo de mulheres reunidas falando de cada assunto imaginável. Somente quando o último parente foi embora Maria apareceu com o aspirador. “Não se preocupe esta noite”, disse Ronnie.

    “Mas olha como está esta sala”, a governanta disse incredulamente.

    “Ainda estará aqui pela manhã, Maria. Este há sido um dia longo e estou esgotada. Por favor, só deixe isto até amanhã, Ok?”.

    “Se você quer assim. Estarei aqui na primeira hora como de costume. Devo trazer algo especial do supermercado?”.

    “Não, nada”.

    “Um saco de massa para biscoitos de chocolate chip”, Rose interveio. “Hum, você sabe que as crianças se encantam com os biscoitos. Talvez possamos mantê-los ocupados”. Recebeu um suave sorriso nos lábios de Ronnie e soube que sua idéia havia sido bem recebida. “Melhor que sejam dois”, emendou, seus olhos não deixaram de olhar sua amiga.

    Uma hora mais tarde, dois corpos estavam enrolados ao redor um do outro, ambos lutando com os bocejos. “Você é uma mulher incrivelmente atenta”, Ronnie murmurou no ouvido da jovem mulher.

    “Humm?”.

    “Os biscoitos. E você suportou minha mãe para mantê-la longe de mim”. Apertou o ombro embaixo de sua mão. “Não sabe o quanto lhe agradeço por isso”.

    “Você já tinha bastante sobre o que se preocupar”. Retorceu-se colocando o cálido corpo atrás dela. A maior vantagem de ter seu molde cortado era que podia acomodar-se tão próximo quanto desejava com Ronnie. “Ela não é tão má assim”.

    “Isso porque não é sua mãe”.

    “Certo”.

    “Isso é uma boa coisa também”. A mão que havia estado apertando o ombro de Rose, se moveu até sua cintura.

    “Por que isso?”.

    “Porque”, Ronnie respondeu enquanto puxava a mulher menor sobre suas costas e colocava as mãos em ambos lado da cabeça de cabelos dourados. Relaxou seus ombros, trazendo seus lábios tão próximo que suas respirações se misturaram. “Isso lhe faria minha irmã e garanto que há vezes em que meus pensamentos em você estão longe ser fraternais”. Mesmo na tênue luz da lua Rose pode ver um malicioso sorriso antes que fosse substituído por uma expressão séria no rosto de Ronnie. “Não sabe o quanto você me ajudou hoje. Fez-me sentir… bem… muito especial”.

    “Com tudo o que você significa para mim, como poderia fazer algo menos?” Subiu sua mão e acariciou o cinzelado rosto sobre ela. “E você é especial. Sei que vai ser difícil tratar com sua família pelos próximos dias, mas estarei aqui lhe ajudando a atravessar isto. Agora vamos, você está cansada, estou cansada, e amanhã será outro longo dia. Já falamos suficiente por esta noite”. Rose colocou sua mão no ombro de Ronnie e o puxou, forçando a mulher mais alta a se deitar contra ela. “Isso está melhor”.

    “Rose?”.

    “Hum?”.

    “Posso ficar assim… nos seus braços?”. A mulher que normalmente se encarregava de consolar soava como uma criança assustada com sua petição. Tão duro como isto era para Rose em ouvir Ronnie com tal dor, isto encheu seu coração ao saber que era a mulher mais velha que agora precisava de consolo. “Sempre”, sussurrou, apertando seu agarre.

    “Não posso acreditar que ele tenha ido”. Houve um longo silêncio. “Sei que as coisas haviam sido difíceis entre nós ultimamente, mas isso não é o que vejo quando penso nele”.

    “O que vê, Ronnie?” Sussurrou, sua mão se movia acariciando o longo cabelo. “Conte-me sobre o Tommy com que você cresceu, o que você amava”.

    “Ele era desde pequeno um rapaz muito lindo”. Rose sentiu o corpo contra o seu relaxando quando as felizes lembranças emergiram. “Estávamos unidos quando era pequeno. O que quer que eu estivesse fazendo ele queria fazer também. Era minha sombra”. Uma lágrima caiu e Ronnie engoliu com dificuldade.

    “Hei, faria algo por mim?’”.

    Um assentimento. “Qualquer coisa”.

    “Volte atrás a um momento feliz, só você e Tommy. Feche os olhos e represente-os em sua cabeça”. Esperou alguns segundos. “O está vendo? Agora, me conte sobre isso. É verão ou inverno?”.

    “Verão”.

    “Dentro ou fora?”.

    “Fora. Estamos acampando com a família”.

    “O que vocês dois estão fazendo?”.

    “Pescando”, Rose sentiu o sorriso de Ronnie contra seu peito. “Era um dia perfeito. Estávamos no cais, só nós dois”. Sua testa se sulcou. “Não sei onde estavam os outros”.

    “Não se preocupe com eles”, a jovem mulher disse, continuado sua suave caricia no escuro cabelo. “Estava pescando com Tommy. Pegou algum peixe?”.

    “Não, mas ele pegou”. Relaxou contra Rose outra vez. “Bonito muito grande. Lutava como o diabo também”.

    “Feche seus olhos. Agora pense sobre esse dia e quanta diversão você e Tommy tiveram juntos. Isso assim…”. Rose fechou os olhos e deixou que a profunda e regular respiração próxima a seu ouvido a acalmasse no mesmo pacífico sono.

    ********

    Rose foi um constante apoio para Ronnie. O relatório da autopsia havia trazido desagradáveis notícias. Uma variedade de drogas ilegais foi encontrada no sistema de Tommy. Os Cartwrights haviam esperado manter a informação privada, mas eles eram um nome em Albany e enquanto as notícias da manhã divulgaram que um dos Cartwrights havia morrido em um acidente anormal, as notícias da tarde não foram tão amáveis. Uma estação encontrou a desculpa perfeita para reutilizar velhas imagens, enganchou a notícia da autopsia de Tommy com um relatório sobre drogas em Corporate América. Isto causou, muita consternação a família, manada de repórteres de notícias ao redor da casa de Ronnie, negando-se a aceitar a curta declaração que a família estava de luto e não tinha nenhum comentário sobre os resultados da autopsia. Antes que o dia tivesse terminado, eles receberam notícias que o motorista de caminhão havia demandado um juízo contra o estado de Tommy. Beatrice declarou que a autopsia era nada menos que uma ‘exagerada fabricação’ e o motorista do caminhão ‘um cobiçoso oportunista’ que estava tentando se aproveitar de um desafortunado acidente. Rose escutava as observações e assentia freqüentemente, fazendo sua parte para que as coisas se tornassem mais fáceis para Ronnie.

    No entanto, no dia do funeral, a paciência e a tolerância da executiva estava ambas em baixo nível. Os últimos dias haviam amontoado frustrações sobre frustrações nela e a família parecia felizmente ignorante da tensão que estavam lhe colocando. Não somente reunindo-se em sua casa para chorar, mas também para se reunirem para visitar um ao outro, não permitiam a Ronnie privacidade ou tranqüilidade. Apesar dos melhores esforços de Rose, Beatrice ainda conseguia deslizar-se e interrogar as filha sobre cada detalhe do serviço. Havia discussão por pequenas coisas, tais como quem viajaria em que limusine, quem ficaria na porta féretro, inclusive em que sessão do terreno da família deveria ser sepultado. Ronnie guardou sua cólera em seu interior, liberando esta somente depois que todos havia ido embora. Então, seu saco de treinamento seria o receptor. Somente quando estivesse fisicamente e emocionalmente esgotada podia se meter na cama e procurar o conforto dos braços de Rose. Os papéis invertidos se sentia estranho, no entanto, ao mesmo tempo confortava Ronnie. Nos braços da mulher menor podia deixar o estresse ir embora e encontrar paz. Reforçava sua força interna, permitindo-lhe fazer frente aos desafios dos recentes acontecimentos.

    “Maria estará aqui em mais ou menos uma hora para lhe pegar”. Ronnie subiu o fecho de sua saia e alcançou seu cinto. “Voltará aqui ao invés de ir ao serviço de enterro de modo que alguém esteja aqui para quando as pessoas comecem a chegar”. Abotoou o cinto e puxou o casaco. “Pronto. Creio que estou pronta agora”. Colocou um pequeno chapéu negro sobre o coque em seu cabelo.

    “Gostaria de estar com você ali”, Rose disse seriamente.

    “Eu sei, querida”. Pegou o queixo da mulher mais jovem. “Não sei o que teria feito sem você estes últimos dias”.

    “Não sei o que teria feito sem você estes últimos meses”, Rose contra-atacou.

    “Sabe se pudesse estaria ali justo a meu lado”.

    “É melhor se eu permaneço atrás com Maria. Será mais fácil entrar e sair com minhas muletas”.

    “Oh, deixe-me lhe ajudar com seu tênis antes que eu vá”.

    “Posso fazer isso, Ronnie. Vai amassar sua saia”.

    “Sente-se”. Seus longos dedos fizeram rapidamente o trabalho de afrouxar os cordões. Ajoelhou-se e colocou uma mão na panturrilha de Rose. O material acetinado de sua alta calceta até seu joelho não coincidia com a suavidade natural que Ronnie normalmente sentia. Usando seu joelho como um apoio para os pés, colocou o tênis no pé de sua companheira e começou a amarrá-lo. “Lembre, que a igreja vai estar abarrotada. Assegure-se de conseguir um assento. Não quero lhe encontrar apoiada de costas contra a parede, compreendeu?”.

    “Compreendi”. Inclinou-se e ajustou o laço na blusa de Ronnie. “Está levando seu lenço?”.

    “E um reserva”.

    “Tudo bem, então, acho que você está pronta”. Rose fez uma pausa por um segundo, então colocou as mãos nos ombros da mulher mais alta. “Ronnie, sei que pensa que tem que ser assim excepcional, uma mulher forte, mas você não é. Mesmo embora vocês dois tivessem problemas, ele era de qualquer maneira seu irmão e sei que você o amava. Se tiver que chorar o faça”. Suas palavras lhe fizeram ganhar um carinhoso beijo na testa quando sua companheira se colocou de pé.

    “Verei você depois do serviço”. Ronnie ficou inclinada bastante tempo para meter uma errante mecha do dourado cabelo atrás da orelha de Rose. Se soubesse de uma maneira de lhe ter comigo hoje. Isto vai ser tão duro hoje sem você justo ali a meu lado.

    Segundo o esperado, a igreja estava abarrotada com os amigos, a família, e os sócios dos Cartwrights. Apesar das palavras de Ronnie, Rose estava contente de estar parada de costas contra a parede, mas um homem que estava sentado no último banco levantou-se e lhe ofereceu seu assento. Encostada de costas na parede, Maria segurou as muletas de modo que ninguém tropeçasse sobre estas. Desde sua posição na parte de trás da grande igreja era impossível ver Beatrice e suas filhas no banco da frente. Rose escutou as monótonas palavras quando o sacerdote atravessou as habituais frases de conforto e orações de consolo. Quando o final se aproximava, pediu a Maria suas muletas, decidindo que era mais fácil sair agora que esperar e se achar enganchada dentro do tropel de pessoas.

    Justo quando subiu no carro de Maria as portas da igreja se abriram. Desde sua vantajosa posição, pode ver os seis homens que levavam o ataúde. Viu quando Beatrice saiu, flanqueada por suas filhas. Rose esquadrinhou, mas estava muito longe realmente para ver os olhos de Ronnie. A cabeça de sua amiga estava agachada e seu braço estava ao redor de sua consternada mãe. Viu que Susan estava também proporcionando apoio à afligida mulher quando baixaram as escadas e entraram na limusine que as esperava. Ao perceber que Maria a esperava, Rose colocou as muletas no assento traseiro e subiu no carro.

    **********

    Justo como Ronnie havia previsto, os amigos e os membros da família começaram a fluir dentro da casa meia hora depois que o funeral terminou. Longas mesas cobriam um lado da sala de estar onde haviam pratos empilhados com pães, carnes, e queijos. Apoiada contra uma parede fora do fluxo principal do tráfico Rose observou que era o primeiro lugar em que as pessoas iam quando eles chegavam. Dado que a lavanderia tinha muitas alavancas e cabides, este servia como um improvisado guarda-roupa. Os frios ventos de março retardaram qualquer idéia de que as pessoas ainda pudessem ter sobre guardar seus casacos para a estação.

    As portas eram abertas e fechadas por cinqüenta pessoas que estavam ali no momento em que Ronnie chegou com sua mãe e irmã. Rose viu a melena de cabelo escuro destacando-se sobre o resto da multidão e começou a se dirigir para lá. O percurso ficou mais fácil quando ela foi vista e a audaz executiva a encontrou na metade do caminho. “Oi”. Desta distância era fácil ver a maquiagem encobrindo os escuros círculos debaixo dos olhos de Ronnie. Apoiando-se pesadamente em sua muleta direita, Rose discretamente estendeu sua mão e entrelaçou seus dedos, lhe dando um suave aperto.

    “Oi para você também”, Ronnie disse, lhe devolvendo o carinhoso gesto com um próprio. “Absolutamente uma multidão”. Rastreou a área, rapidamente observando aqueles os quais seriam problemas quando o tempo fosse passando e as bebidas continuassem fluindo. “Espere, Rose. Antes que a noite termine lhe garanto que haverá pelo menos uma briga de tapas”.

    “Briga de tapas? Em um funeral?”.

    “Vou lhes dar uma hora para lamentarem a morte de Tommy. Depois disso, o assunto girará sobre seu testamento e as especulações de quem conseguirão o que e então a briga estará começando, tenho certeza”. Dirigiu-se a ponta da escada. Rose observou como sua companheira substituía o peso de uma perna a outra e regressava outra vez.

    Acho que você já sofreu tempo suficiente nessas roupas, Rose pensou para si mesma.

    “Ronnie, venha a meu quarto por um momento”.

    “Claro”, respondeu, agradecida pela oportunidade de escapar. A primeira coisa que Ronnie notou quando entrou no quarto foi uma de suas roupas dobrada cuidadosamente na cama. “Pensei que você ficaria mais à vontade em suas calças”, Rose disse com um encolhimento de ombros. A enfática olhada nos sapatos no chão acrescentou, “sei quando seus pés doem depois de usar saltos por todo o dia. Os baixos estarão perfeitamente aceitáveis com essas calças. Já vi você os usando”.

    “Então pediu a Maria que escolhesse isto para mim?”.

    “Não”, Rose respondeu com um orgulhoso sorriso. “Eu mesma os escolhi e os trouxe aqui embaixo. Maria estava ocupada”.

    As atenções quase trouxeram lágrimas a Ronnie. Piscando rapidamente, estendeu a mão e deixou que um dedo trouxesse o queixo da mulher menor. “Obrigada”. Deu um passo atrás e um pontapé a seus sapatos. “Melhor eu me trocar e voltar. Tenho certeza que alguém deve estar me procurando. Provavelmente minha mãe”. Acrescentou a última parte agüentando sua respiração. A saia caiu no piso seguida rapidamente por seu forro.

    “Tudo foi bem no serviço?”.

    “Nada que eu não pudesse manejar”. A queixada de Ronnie se apertou notoriamente, mas não disse nada, em seu lugar pegou suas calças e as deslizou sobre as pernas cobertas pelas meias. Rose notou a tensão, mas não disse nada, assumindo que seria pelo estresse do funeral e dos parentes. Os longos dedos do pé se mexeram dentro dos cômodos, mas elegantes sapatos enquanto que a blusa cinza era metida dentro do fino cós. “Ah, me sinto bem melhor”.

    “Há algo que eu possa fazer por você?” Rose perguntou. “Como tentar manter sua mãe ocupada. Ela está se cansando de mim pendurada ao redor dela, você sabe”.

    “Eu ouvi. Susan dirigirá a interferência pela maior parte do tempo. Pode ficar aqui, que é o melhor que lhe recomendo por certo, ou pode só sair e escutar meus primos e meus primos de segundo grau e Deus sabem quem mais divagar sobre algo sem importância”.

    “Bem, quando você coloca dessa maneira”. Olhos verdes sorridentes acompanharam a sarcástica observação. “Como posso resistir?”.

    *********

    Para Rose, os sons não era nada senão um estrondo geral. Por outra parte, Ronnie, nos últimos anos aprendeu como se ocupar de uma multidão e poder identificar as conversas individuais facilmente. Enquanto se movia através da sala, cuidadosamente escutou os diferentes assuntos. No momento em que Frank chegou, sabia mais sobre o barco novo que seu primo havia comprado do que ele quando o comprou. Movendo-se de pessoa a pessoa, Ronnie percorreu a sala. Quando pensou que havia cumprimentado a todos, tentou esconder-se na cozinha onde havia visto a sua beleza loira ir alguns minutos antes.

    “Ronnie”. Os olhos azuis rodaram ao ouvir o som da voz de sua mãe.

    “Sim, mamãe?” Virou-se para olhar Beatrice parada atrás dela. Nesse instante, a agitação que havia sentido a seus parentes se dissipou no rosto da aflita mulher. Ronnie imediatamente suavizou seu tom. “Há algo que precise?”.

    “Onde está sua irmã?”.

    “Não sei”. Erguei seu pescoço para ver sobre a multidão, mas não havia sinais do diferente cabelo vermelho. “Talvez Jack a tenha levado para sua casa”.

    “Vamos Verônica”, as enrugadas mãos foram a seus quadris. “Sabe que Susan não iria embora sem se despedir de mim”, a repreendeu. “Honestamente, às vezes me pergunto em que estás pensando”.

    “Desculpe mamãe. Não estava pensando”. A executiva resistiu ao impulso de esfregar suas têmporas. De toda maneira era uma inútil defesa contra uma dor de cabeça de uma mãe.

    “Bem, a morte de Tommy afetou a todos”. Beatrice limpou seus olhos com seu lenço. “Seu pai tinha altas esperanças nele. Uma trágica pena, isso é o que é”. Um nodoso dedo se levantou no ar e os olhos da matriarca cresceram de tamanho. “Eu tenho”.

    “Tem o que?” Ronnie perguntou com indecisão, certa de que não ia gostar da resposta.

    “A maneira perfeita de decidir sobre o legado de Tommy. Sempre desfrutou seu tempo na universidade. Pode estabelecer uma bolsa em seu nome”. Um auto satisfeito sorriso se formou no rosto da mulher mais velha. “Sim, essa seria a maneira perfeita de honrá-lo”.

    “Podemos falar sobre isso em algum outro momento, mamãe”.

    “Não há nada o que falar”, Beatrice disse firmemente. Os olhos de Ronnie se apertaram levemente quando viu Michael deslizando-se atrás de sua mãe.

    “Olá tia Beatrice, olá Ronnie”.

    “Michael”, a executiva disse chamativamente.

    “Quer o que todos estão bebendo?” Levantou seu copo vazio.

    “Nada para mim”, Ronnie disse. E estou disposta a apostar que o seu já foi esvaziado mais de uma vez, pensou para si mesma quando o tênue odor de álcool flutuou até ela. Beatrice levantou seu copo quase cheio para indicar que estava muito bem nesse momento também.

    “Oh bem”. Olhou em seus sapatos, então se colocou entre as duas mulheres. “Então Ronnie, já decidiu quando vocês vão fazer com que seu testamento seja lido?”.

    “Não me dei conta que havia uma grande pressa para fazer isso, Michael”, disse. As adagas que seus olhos lançavam foram desperdiçadas nele, dado que seu olhar estava por todas partes exceto nela.

    “Não, nenhuma pressa em absoluto”, encolheu os ombros. “É só que nós estávamos muito unidos e pensei que devia saber quando isso será”. Levantou o olhar e finalmente percebeu as mortais olhadas que estava conseguindo. “Bem, hum…”. Tentou despejar sua garganta, que repentinamente sentiu como se um limão houvesse sido espremido nesta. “Estou certo de que me deixará saber quando será”.

    “Assegurar-me-ei de que todos os envolvidos sejam notificados”.

    “Correto, como disse”. Limpou sua mão suada no lado do casaco. “Bem, se as senhoras me dão licença”. Virou e pegou a mão de sua tia com a sua. “Tia Beatrice, sinto muito pela perda”. Ronnie rodou seus olhos quando Michael beijou a mão da mulher mais velha. “Com licença, lhe verei ao redor”. Desapareceu na multidão, a deixando outra vez sozinha com sua mãe.

    “Hum, acho que é melhor ver se tudo está bem na cozinha”. Deu meio passo atrás como preparação a sua rápida escapada.

    “Bobagem. Estou certa de que Maria pode manejar qualquer coisa que surja”, Beatrice disse o descartando. “Por que não vai encontrar sua irmã?”.

    “Isso parece uma boa idéia, mamãe. Volto em seguida”. Ronnie virou e se moveu através da multidão tão rápido como podia. Para sua desagradável surpresa, terminou cara a cara com Michael.

    “Ah, fantástico lhe encontrar aqui”, disse, sorrindo de sua própria piada.

    “Não pensava que a rotina de Eddie Haskell era uma sátira, Michael?”.

    “Oh, por favor, esse é meu encanto natural”.

    “O que seja”. Tanto como desfrutava de uma boa luta verbal, este não era o momento nem o lugar para isto. “Você viu Susan?”.

    “A última vez que a vi. Estava na cozinha com essa sua amiga”. As vozes levantadas chamaram a atenção de ambos.

    “Merda, John. Disse-lhe para vendê-las quando estavam em quarenta e oito e um oitavo. Não é meu problema que você não tenha feito”. As pessoas rapidamente se afastaram dos dois irritados homens, formando um círculo.

    “Você é meu corretor. Supõe-se que você cuidasse destas coisas para mi. Tem alguma idéia de quanto dinheiro perdi?”.

    “Sabia que eles falavam da fusão”. Ronnie rompeu através do círculo nesse momento. “Se não agir rápido, será derrotado”.

    “Como Sally Ryan?” A executiva respirou profundamente. Os nomes das antigas namoradas não era um bom sinal.

    “Sabia que não teria um convite para o baile. Não é minha culpa que a convidasse para sair antes que você o fizesse”.

    “Sabia que eu queria sair com ela. Era tudo o falei naquele ano”.

    Ronnie sabia que isto ia se intensificar rápido dentro de uma clássica rinha Cartwright. Parou entre os irmãos que brigava. “SUFICIENTE! Supõe-se que vocês estão aqui de luto pela morte de Tommy, não briguem sobre uma garota que perderam há quinze anos”. Uma intensa palpitação começou atrás de seus olhos, o sinal de uma relativa dor de cabeça. “John, você não está mais no secundário. Supere isto”. Os homens intercambiaram terríveis olhadas e se afastaram em diferentes direções. Um murmúrio de palavras e então todos os outros voltaram a suas anteriores conversas. Ronnie passou seus dedos através de seu cabelo energicamente.

    “Você está bem?” Uma suave voz por trás dela perguntou.

    “Sim”. Virou-se para ver os familiares olhos verdes a olhando com preocupação. “De verdade, Rose. Estou bem”.

    “Só estava me assegurando. Ouvi você gritar”.

    “Só uma típica reunião Cartwright”, Ronnie resmungou. Pegou um flash de laranja e vermelho com o canto de seu olho. “Uh oh”. Susan e sua mãe estavam se aproximando rapidamente. “Vejo que mamãe lhe encontrou”, disse uma vez que sua irmã esteve ao alcance de ouvi-la.

    “Disse que ela não havia ido embora ainda”, Beatrice disse. O olhar nos olhos de Susan deixou claro que ela não desejava ter sido encontrada. Oh garota, isto vai render, Ronnie pensou para si mesmo. “Estava justamente dizendo a sua irmã que quero revisar as coisas de Tommy. Acho que você ainda tem as caixas lá em cima no ático?”.

    “O que? De quando ele viveu aqui? Ele pegou o que queria e o resto eu joguei fora”.

    “Mas havia troféus, fitas e prêmios…”.

    “Se ele não os levou, estes se perderam”.

    “E nunca lhe ocorreu que eu poderia querer essas coisas?”. Beatrice estava parada diretamente diante de sua filha mais velha. “Como pode ser tão desconsiderada?”.

    “Mamãe!” Susan exclamou. Rose estava parada ali silenciosamente, sua atenção centrada no tic do músculo na queixada de Ronnie.

    “Amanhã irei revisar seu apartamento e verei se guardou algo”.

    “Não se preocupe. Sua irmã vai me pegar e eu mesma procuro”. As irmãs intercambiaram olhares. Susan encolheu os ombros, isto era a primeira coisa que ouvia disso também.

    “Acho que deve esperar alguns dias, mamãe. Seus pertences não irão a nenhuma parte”. Ronnie estava preocupada do que poderiam encontrar ali.

    “Bobagem. Amanhã estará bem”.

    “Não acho que amanhã…”.

    “Verônica Louise!” O tic se converteu em um sólido apertar. Rose se moveu para mais perto de sua amiga e discretamente colocou as gemas de seus dedos contra as costas de Ronnie. Os músculos estavam agrupados e apertados, outra indicação da tensão de Ronnie. Pressionou levemente e começou a esfregar em pequenos círculos.

    “Bem, mamãe. Susan e eu lhe levaremos ao apartamento de Tommy amanhã”. Genial, agora tenho que ir esta noite comprovar as coisas. Reclinou-se quase imperceptivelmente no suave toque dos dedos de Rose.

    “Honestamente, não sei por que faz as coisas tão difíceis, Ronnie. Neste dia de todos os outros dias você tem que ser tão teimosa”. Beatrice colocou os olhos secos em seu lenço. “Peço uma simples coisa. Só quero algo para me fazer lembrar a meu filho e você o tem que fazer difícil”.

    “Mamãe…”.

    “Não Susan, pedi uma simples coisa dela. Só porque não podia se dar bem com seu irmão não é desculpa para transtornar-me”.

    As costas de Ronnie agora eram um sólido grupo de tensão e esperou um momento suficiente antes para que pudesse relaxar sua queixada para falar. Os suaves movimentos que circundavam suas costas aumentaram a pressão. Acha que estou a ponto de perder o controle, não é? Deu uma olhada para o lado em sua companheira. Ver o olhar de compreensão e apoio nesses olhos verdes foi o suficiente para guardar o agudo comentário que passava através de seus lábios. Em seu lugar olhou sua mãe e assentiu. “Não era minha intenção lhe transtornar. Acho que todos nós estamos ainda em shock”. Ronnie sabia que estava se rendendo, mas hoje não era o dia para estar no estrado com sua mãe. “Melhor eu ir verificar as coisas. Com licença”. De costas para sua mãe, deu a Rose um carinhoso sorriso e saiu da sala.

    Entrando na cozinha, Ronnie ficou contente de ver que a única pessoa que estava ali era Maria. Aproximou-se da geladeira e tirou uma garrafa de água. Tomou um longo gole antes de falar a sua governanta. “Tem aspirina? Tenho uma palpitante dor de cabeça e realmente não quero sair ali outra vez”.

    “Falando com sua mãe outra vez, não é?” Maria abriu uma gaveta e tirou um blíster. “Tenho certeza que há algum Tylenol ou Motrin aqui dentro”.

    “Desculpe”, Susan disse quando entrou. “Está muito difícil hoje”. As duas irmãs estavam paradas próximas ao extremo da bancada. Maria encontrou algo para fazer na lavanderia, permitindo as duas mulheres sua privacidade.

    “Quando foi à última vez que esteve em sua casa?” Ronnie perguntou antes de jogar três pílulas em sua boca e tomar vários goles de água.

    “Estado? Nunca fui lá. Por que iria a seu apartamento?”.

    “Vamos ter que ir lá, e você sabe. Quem sabe o que haverá ou que coisas podem ter”. Colocou a garrafa novamente dentro da geladeira. “Jack pode manter um olho nos meninos?”.

    “Tenho certeza que pode”. Susan olhou em seu relógio. “Nós vamos embora em alguns minutos. Quer me encontrar na casa de Tommy ao redor de seis ou sete horas?”.

    “Sete seria melhor. Quem sabe quanto tempo os outros vão ficar”. Ronnie olhou para fora da porta de vidro no arco íris dos carros que deixaram em desordem seu caminho de entrada. “Pelo menos mais uma hora ou duas”.

    “E então aí estará mamãe”.

    “Oh, não”, Ronnie balançou sua cabeça. “Você não vai deixá-la aqui comigo. Quando você for, ela vai”. Deu uma olhada na sala de estar. “Falando disso, o que aconteceu com ela?”.

    “Não sei. Depois que você se afastou continuou sem parar até que Rose lhe perguntou algo sobre Tommy e seus troféus. Vi isso como uma rota de fuga e a tomei”. A ruiva se inclinou e falou em um conspirador tom. “Pessoalmente, não penso que está realmente interessada em seus troféus”.

    Ronnie sorriu com orgulho. “Não está. Está tentando me impedir de cometer um matricídio”.

    “Quer levá-la conosco esta noite?” Susan ofereceu.

    “Não. Esperemos que não precisemos ficar muito tempo”. Fez uma pausa por um momento, então acrescentou “Mas foi amável de sua parte perguntar”. Suspirou e golpeou com os nós de seus dedos o balcão. “Acho que não posso ficar escondida aqui para sempre”.

    “Levarei mamãe conosco quando formos embora. Não terá que sofrer muito mais tempo”.

    “Como fez para sobreviver dezoito anos com ela?” Ronnie perguntou, balançando sua cabeça no desconcerto. “Não posso falar com ela um dia sem precisar corta ou retorcer seu pescoço”.

    “Oh, isso é fácil”, a ruiva sorriu. “Eu estava ali a maior parte do tempo”.

    “Isso mesmo, você estava”. Ronnie golpeou suavemente um elegante dedo em seu queixo. “Vou lhe lembrar”. Esquivou um empurrão de brincadeira. “Não foi você quem se chocou com o carro de papai com sua bicicleta e me culpou?”.

    “Hum… bem isso foi há muito tempo, Ronnie. Não foi você a quem se esqueceu de abrir sua janela uma noite e teve que furtivamente entrar pela minha?”.

    “Ah, certo”. Envolveu o braço ao redor dos ombros de sua irmã. “Mas não foi você quem…”. Começou quando caminharam de volta a sala de estar.

    ********

    Ronnie introduziu a chave na fechadura. “O que é esse cheiro?”. Perguntou enrugando seu nariz. Susan encolheu os ombros na sua falta de uma resposta e tirou um cachecol de seu bolso. A porta se abriu e a executiva moveu o interruptor. “Filho de uma cadela”, respirou. As roupas estavam espalhadas por todas as partes, as almofadas do sofá estavam no chão, a mesa de café e cada outra superfície horizontal estavam cobertas com latas de cerveja e lixo. Cerveja rançosa e roupas sujas se misturavam com outro cheiro inidentificável.

    “Oh meu Deus”, Susan disse quando observou a cena. “Isto é asqueroso”.

    “Triste é mais certo”, Ronnie murmurou, recolhendo um pequeno espelho quadrado que encontrou sobre o balcão. A reveladora lâmina de barbear estava reclinada ao lado deste. “Foi uma boa idéia que viéssemos aqui primeiro”. Mostrou a sua irmã o espelho empanado com um fino pó branco. “Não podemos deixar que mamãe veja este lugar com este aspecto”. Susan assentiu de acordo. Ronnie lançou o repugnante espelho sobre o balcão e desabotoou seu casaco. “Acho melhor procurarmos algumas caixas e sacos de lixo para toda esta merda”. Para sua surpresa, a ruiva, que era adversa a qualquer classe de trabalho doméstico, não discutiu.

    “Vou colocar alguma música”, Susan disse, abrindo caminho até o estéreo. “Vamos ver, como funciona?”. Pressionou o botão de power e foi imediatamente golpeada com uns incessantes altos decibéis de ruído.

    “DESLIGA ESSA COISA!” Ronnie gritou cobrindo seus ouvidos. Um segundo depois havia tranqüilidade silenciosa outra vez.

    “Como podia suportar escutar isto tão forte?”.

    “Droga, sei lá. Talvez as drogas tivessem afetado sua audição. Bem, comecemos a trabalhar. Quero chegar em casa em uma hora decente”. A cozinha dividia uma metade de parede com a sala de estar, permitindo que as duas irmãs conversassem enquanto recolhiam o lixo. Ronnie levantou a tampa do cesto de lixo. “Oh Deus”. O tampou rapidamente. “Creio que descobri de onde vem esse fedor”, segurou o ar, dando alguns passos para trás.

    “Não agüento cheirar isso mais”, Susan gritou do outro lado da sala de estar. “Tudo fede a cerveja”. Moveu uma almofada e encontrou uma pizza meio comida colada no tapete. “Oh Ronnie, não quero tocar nisto”.

    “Vou lhe dizer o que vamos fazer, limparei o que quer que seja você está vendo se você tirar os pratos disto… Hum… acho que o chamaria de água”. Aproximou-se com as pontas dos dedos, mas só não conseguia tocar o viscoso líquido. “Sei que não poderei tocar nisto”.

    “Deveríamos ter trazido luvas”. A ruiva recolheu uma lata de cerveja vazia e começou a lançá-la dentro do saco de lixo. “Então as coisas estão bem entre você e Rose?” Perguntou casualmente.

    “Nós nos damos bem, sim”. Ronnie levantou uma sobrancelha. “Susan, lhe disse…”.

    “Eu sei, eu sei. Vocês não são amantes, vocês são só amigas”. A irmã mais nova agitou sua mão descartando. “Rendi-me tentando resolver isto”. Colocou a caixa no chão e se aproximou do balcão que separava a sala de estar e a cozinha. “Ela me conta a mesma historia que você, mas vocês não agem como amigas”.

    “Temos muito trabalho para fazer aqui, Susan”.

    “Ronnie, olhe para mim”. Quando falou outra vez, sua voz era mais suave. “Não me importa. Observei a maneira em que vocês duas agem ao redor de uma com a outra”.

    “E o que vê?”.

    “O que vejo?”. Susan deu um pequeno sorriso. “Vejo você feliz de uma maneira que jamais pensei que seria”. Riu com o rubor de sua irmã. “Vamos, você fez a pergunta. Realmente Ronnie, é obvio para mim que você está apaixonada por ela. No que diz respeito ao que Rose sente por você…”. A cabeça da mulher de cabelo escuro se levantou rapidamente. “Ela não é Chris”.

    “Não, não é”, a executiva confirmou rapidamente. “Rose nunca me pediu nada. O que lhe dei, é porque eu quis fazer”.

    “Vi isso”, Susan respondeu. “Acha que não tenho estado observando? Você tira dias de folga dos quais não fazia antes e não vai a nenhum lugar. Não vejo nenhum carro novo, embora não tenha visto seu Porsche por aí. O vendeu?”.

    “Sim”. A verdade era que, tão logo havia sido reparado, havia combinado com Hans que o vendesse por qualquer preço que conseguisse. “Não quer carros ou coisas caras. Inclusive nem tem licença para dirigir. Não está tentando tirar nada de mim”.

    Susan levantou suas mãos. “Não tem que defendê-la Ronnie. Só estou lhe dizendo que não vi algumas dessas coisas que me diziam que a estaria usando e não acho que ela esteja fazendo isso. Gosto dela”.

    “Gosta dela?” A surpresa se mostrou em seu rosto. Essa era uma estranha confissão de sua irmã mais nova. “Então… estaria bem se nós fossemos… um casal?”.

    “Não, vou fingir que entendo por que você quer estar com uma mulher. Não tem nenhum sentido para mim”. Levantou sua mão para impedir que sua irmã falasse. “Mas esta é sua vida, e Rose lhe faz feliz, então isso é tudo o que importa. Então, está bem para mim se vocês duas são um casal”. Viu Ronnie vir por trás do balcão e alegremente aceitou o abraço. “È sua vida, irmã, se Rose é a que você escolheu então não deixe que ninguém as mantenha separadas”, sussurrou a mulher de cabelo escuro.

    Ronnie retrocedeu até que estiveram a uma distância de um braço de separação. “O que fez com que mudasse de opinião? Lembro que a chamou de tudo, até de uma reencarnação de Christine”.

    “Estava enganada”, Susan encolheu os ombros. “Hei, isso acontece”. Esfregou suas mãos.

    “Estou a transformando em minha secretária”, Ronnie disse. “Tem estado trabalhando em casa e até agora não tem cometido erros”. Sorriu suavemente. “Tem uma boa cabeça para as cifras também… muito organizada”. Sim, o sorriso aumentou. “Você sabe que eu não consigo organizar bem meu correio?”.

    “Quer dizer que ela desemaranhou essa desordem que chama de seu inbox?” Susan moveu sua cabeça. “Lembro quando pediu a Laura que fizesse isso. Pensei que ia renunciar ali mesmo”.

    “Rose o organizou inclusive sem ser pedido”. Ronnie disse orgulhosamente. “Assim é como ela é”.

    “Parece que você é muito afortunada, irmã. Agora chega dessa sensível conversa. Temos trabalho para fazer aqui. Deseja tentar e ligar o estéreo a um volume que não rompa os vidros?”.

    “Com certeza”. Ronnie se moveu através da sala, com o sorriso colado em seu rosto.

    *********

    “Ela disse isso?”.

    “Si, ooof”.

    “Oops, gostei disso”. Rose moveu seus cotovelos do peito de Ronnie e se colocou cruzando os braços sobre o peito esquerdo da mulher de mais idade. Apoiou o queixo em cima dela entrelaçando os dedos. “Então realmente disse a ela que gosta de mim?”.

    “Disse-lhe que gosto de você”. Ronnie sorriu na escuridão, sua mão suavemente esfregava as costas da mulher menor. “Viu? Você ganhou sobre as mulheres Cartwright”.

    “Nem todas”.

    “Amor, inclusive eu não ganhei ainda sobre minha mãe. Creio que só terá que aceitar que dois de três não é mau”.

    “Bem…” Rose subiu pouco a pouco até que seus rostos estivessem na mesma altura, cabelos dourados e negros se misturavam sobre seus ombros. “Há realmente uma única Cartwright que é a que importa para mim”. Os olhos de Ronnie se fecharam quando suaves lábios pressionaram contra os seus. “E agora essa Cartwright precisa dormir um pouco”. Apesar de suas palavras, Rose não pode resistir em se reclinar para um beijo mais longo. “Hum, às vezes me pergunto se sou realmente Cinderela e você está segurando o sapatinho de cristal”.

    “Se fosse, isso me faria a mulher mais afortunada”, Ronnie respondeu.

    “Nunca entenderei o que fiz para que alguém como você corresse o risco sobre alguém como eu”. Rose moveu a maioria de seu peso sobre a cama e reclinou sobre o ombro da mulher mais velha como se esta fosse um travesseiro. “Às vezes temo que tudo seja algum sonho maravilhoso e que vou acordar e descobrir que você se foi”, sentiu os braços de Ronnie apertar protetoramente ao redor dela.

    “Nunca deixarei que isso aconteça, Rose. Não permitirei nunca que você volte à maneira em que costumava viver”.

    “Isso não me assusta”. Esfregou seu nariz mais intensamente no ombro de Ronnie.

    “Então o que lhe assusta?”.

    “Perde-lhe”, reservadamente admitiu. “Todo o dinheiro e posses do mundo não significam nada para mim sem você”.

    “Também te amo”, Ronnie sussurrou, levantando sua cabeça o tempo suficiente de colocar um beijo na cabeça de Rose. Elas se acomodaram juntas, ajeitando as pernas até que encontraram uma posição confortável e a sensação pacífica de estarem uma com a outra as relaxou dentro do sono.

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