7 – Tipo sal e pimenta
por Dietrich– Qual o nome desse lugar? – perguntou Xena.
– Pólis. Dizem que é uma mulher que governa.
– Isso é raro.
– Sim. Estou na esperança que isso signifique que aqui talvez seja um pouco melhor.
Entraram na taverna. Gabrielle percebeu que Xena estava pálida. Apesar de se sentir bem na floresta, a morena ficava amedrontada sempre que entravam em uma vila. Tinha passado os últimos anos trancada dentro de si mesma e o contato com as pessoas não era fácil. Gabrielle, mesmo escrava, tivera uma vida mais aberta e com mais contato humano.
– Você acha mesmo que isso vai dar certo? – perguntou Xena.
– Não custa tentar. Fica sentada ali.
Xena aninhou-se em uma mesa da qual podia ver diretamente a saída do local. Não tirava os olhos da porta. Gabrielle foi falar com o taverneiro. Xena observou, percebendo que a loira tinha facilidade em se comunicar. Não conseguia ouvir o que ela conversava, mas o jeito que ela estava à vontade e gesticulava aquecia o coração da morena e ajudava a acalmar o tremor em suas mãos e a estranha sensação de paredes fechando-se sobre ela.
Gabrielle foi até ela.
– Ele deixou – disse a loira – me deseja sorte.
– Você não precisa de sorte. Você tem talento.
A loira respirou fundo e foi ao centro da taverna. Começou a contar uma história. Começou insegura, mas sua voz logo se expandiu. Xena, pela primeira vez em semanas, sentiu-se inteiramente relaxada e esqueceu tudo. Ao final, todos aplaudiam e entregavam dinares à jovem mulher. Gabrielle agradecia timidamente. Foi até a mesa onde estava Xena e amarrou o pano com os dinares.
– Acho que finalmente vamos poder tirar esses trapos – disse Gabrielle – comprar umas roupas decentes. E dormir numa cama.
– Soa como o paraíso – disse Xena.
– Vou deixar um quarto reservado para nós. Então saímos para fazer compras.
– Não posso te esperar aqui? No quarto?
Gabrielle viu a ansiedade no rosto da morena.
– Tenta ir comigo. Xena… temos que aprender a viver no mundo livre. Eu estarei com você.
Xena baixou os olhos.
– Sou uma pessoa quebrada – murmurou a morena.
– Não é. Não seja dura com você. Passou muitos anos no inferno. Ele vai sair de você, mas tem que dar tempo a si mesma. Vem comigo. Você tenta. Se não conseguir dessa vez, tudo bem. Consegue depois.
– Certo, eu vou.
***
Voltaram ao cair da noite, de roupas novas, e logo subiram ao quarto. Gabrielle foi até a janela e a abriu. Sua vista dava para a rua, que já começava a ficar deserta. A luz forte da lua iluminava a floresta ao longe. Era uma vegetação diferente da do local de onde tinham saído.
O ar refrescante que entrou pela janela a fez fechar os olhos para apreciar a carícia do vento. Sorriu quando sentiu os braços de Xena rodearem sua cintura e apertarem-na delicadamente contra si. Acariciou o antebraço da morena e aninhou-se naquele enlace. Lentamente, voltou-se e mergulhou o nariz no pescoço da alta mulher, aspirando profundamente os perfumes que ali residiam. Tinham algo de doce, algo de ácido, algo de quente. Ela já sabia que aqueles cheiros estavam ali, mas nunca tivera como apreciá-los com a dedicação que eles mereciam.
Deixou-se habitar ali até seu olfato se satisfazer por completo. Surpreendeu-se quando ouviu:
– Eu adoro o seu cheiro. Me lembra floresta, liberdade, frutas.
Gabrielle riu.
– Eu estava te cheirando também. Você me lembra temperos.
Xena ergueu uma sobrancelha.
– Tipo sal e pimenta?
– Tipo cravo e canela.
Xena sacudiu a cabeça, rindo.
– Você tem cada coisa, Gabrielle.
A loira segurou o rosto da morena com as duas aos, puxou-o e encostou seus lábios. Por um momento não os beijou, apenas os sentiu. Percorreu com os polegares as linhas da mandíbula e as maçãs do rosto. Circulou o contorno das orelhas com as pontas dos dedos, depois escorregou-os com vagar pelas longas melenas escuras, que caiam no colo.
Dali, seus dedos voltearam pelo pescoço, onde ela pôde sentir a pulsação agitada. Desceu devagar pelo colo, tateando a tez macia e convidativa. Seus sentidos pulsaram em uníssono e ela finalmente beijou com delicadeza os lábios já ofegantes da morena. Saboreou aquela suavidade, tentando conter a ânsia de prová-la inteiramente. Mas não conseguiu refrear o suspiro que ecoou quando a língua molhada pediu entrada em sua boca.
Seu corpo estremeceu por inteiro, e ela quase sucumbiu. Quase a jogou na cama, querendo tomá-la do modo pressuroso com o qual tinham se habituado em seu tormento, mas sentiu-se levitar quando percebeu que não precisava ter pressa.
Rompeu o beijo e olhou bem para a mulher a sua frente. Quando os olhos azuis a fitaram, densos com algo que era indizível, seu coração espalhou-se por seu corpo inteiro e lágrimas rolaram de seus olhos. As mãos de Xena seguraram seu rosto e limparam as lágrimas com os polegares, em silêncio. Dessa vez, foi a morena que a puxou para o beijo.
Dessa vez, deixaram-se levar. Aferraram-se uma na outra com força, as bocas pressionadas, as línguas enroscando-se, desassossegadas. Xena começou a retirar a blusa de Gabrielle mas a loira a interrompeu.
– Senta na cama – disse.
Xena fez o que a outra lhe pedia. Gabrielle parou em pé diante dela, pegou as duas mãos da morena e pôs no lugar de onde as tinha tirado. As mãos da mulher alta tremiam enquanto subiam o tecido da blusa, revelando a nudez do torso de Gabrielle.
Xena ficou conflituosa entre a necessidade desesperada de tocar aquele corpo e a vontade de absorvê-lo com seus olhos. Deixou seu olhar vagar do abdome bem desenhado até os montículos de bicos rosados que estavam bem à altura de seu rosto. Pousou as mãos na cintura de Gabrielle e puxou-a encaixando o mamilo em sua boca arquejante. Sugou-o com vagar, deliciada com a dureza rugosa e com o sabor delicado que só pertencia à Gabrielle. Saiu do bico e lambeu a carne ao redor deles, chupando com cuidado aqueles montes sensíveis.
Gabrielle não era nada mais que uma correnteza de suspiros e arquejos. O prazer de ter a boca de Xena explorando cada parte de seus seios era de uma intensidade que ela nunca imaginara que fosse sentir. Temia que fosse rápido, que acabasse logo, pois o meio de suas pernas já latejava com pura necessidade.
As mãos de Xena começaram a descer sua saia e Gabrielle se viu a ponto de desfalecer. A morena o fez com a mesma lentidão, parando-a para contemplá-la quando estava inteiramente nua. A mão escorregou pela barriga e desceu até o emaranhado de pelos dourados, enlaçando-os nas pontas dos dedos enquanto acariciava aquela região. Gabrielle sentia suas pernas gritarem para abrirem-se, mas segurou-se.
Puxou Xena pela mão, erguendo-a, e sentou-se na cama. Sorriu ao perceber a diferença de altura entre elas. Começou a tirar a blusa da outra mulher, mas Xena teve que finalizar. Sua boca não alcançava facilmente os seios de Xena, e a morena inclinou-se para que ela pudesse saboreá-los.
Quando o bico escuro deslizou entre seus lábios, Gabrielle achou que ia perder definitivamente o controle. Um gemido alto escapou de sua garganta, e ela chupou aqueles seios como se sua vida dependesse disso.
– Oh, Gabrielle! Deuses…
Era a primeira vez que ouvia seu nome em um arquejo perdido de paixão. Não foi mais capaz de suportar. Estendeu-se na cama, puxando Xena contra si. Livrou-se apressadamente da calça que a morena ainda vestia, e quando a sentiu nua, entrelaçou-se nela sofregamente, gritando quando sentiu a coxa deslizar em seu sexo pulsante. Beijou-a sem comedimento e em apenas alguns roçares, seu corpo explodiu com o orgasmo.
Apesar de estar quase sem forças, conseguiu inverter suas posições na cama e ficar sobre Xena. Com o corpo ainda enlevado pelo próprio prazer, dedicou-se a fazer sua boca e suas mãos encontrarem-se com toda a pele de Xena. Ficou encantada com o volume incontido da voz da morena, que usufruía de toda a liberdade que agora tinha de expressar-se. Os sons que produzia eram de puro prazer e sensualidade, e Gabrielle fechou os olhos e deixou seus sentidos serem invadidos pela sinfonia de luxúria que ali se dava.
Quando sua boca alcançou o meio das pernas da mulher, fez sua língua percorrer devagar toda a extensão da abertura da morena. Seu rosto logo encharcou-se naquele lugar, enquanto deslizava vagarosamente em cada dobra e reentrância. Podia sentir como os lábios estavam grandes e inchados, como o clitóris latejava com força cada vez que sua língua passava.
Afastou-se e deslizou devagar dois dedos ali dentro, e Xena gritou. Por um momento, apenas aproveitou a sensação do calor em seus dedos, moveu-os devagar naquela pulsação, mas sabia que era humanamente impossível prologar aquilo por mais tempo. Aproximou-se de novo e começou a sugar devagar o pequeno botão vermelho e entumescido.
Ouviu novamente seu nome escoar, dessa vez de forma repetida e incessante, enquanto a morena se contorcia fora de controle até derramar-se inteira, desfazendo-se num uivo prolongado.
Subiu e beijou a morena, que a agarrou, fraca, e deitou-a de lado. Entrelaçaram-se, deixando os minutos passarem lentos, presas na sensação das peles grudadas sem hora para se afastar. Xena, ainda imersa em seu prazer, mas sentindo sua energia começar a retornar, começou a aplicar uma série de beijos suaves no pescoço de Gabrielle.
Percorreu devagar aquele percurso descendente, capturando pequenos fragmentos de pele entre seus lábios e chupando-os. Sugou a pele entre os seios, ao mesmo tempo que apertava um contra seu rosto. Lambeu, de boca aberta e faminta as linhas do ventre musculoso, treinado pela dança.
Xena sentiu seu corpo estremecer quando estava próxima o bastante para sentir o cheiro que emanava do sexo de Gabrielle. Encostou os lábios e o nariz nos pelos brilhantes de umidade, e beijou-os. Fez com que Gabrielle se estendesse na cama e abrigou-se entre as fortes coxas. Beijou com os lábios toda a região molhada, tentando não mergulhar de vez ali.
Afastou a cabeça e inseriu um dedo, logo retirando-o. A loira puxou o ar com força. Escorregou o dedo pela abertura e entrou novamente, e saiu. Gabrielle contrai-se cada vez que o dedo invadia, puxando os lençóis quando a ponta escorregava em seu centro.
O dedo agora desenhava o contorno dos lábios internos e externos, massageando toda a vulva, alternando com sua parada no interior da outra mulher. Xena viu o clitóris tornar-se tão grande que podia segurá-lo entre os dedos. Subiu e desceu o pequeno capuz devagar e Gabrielle gritou:
– Oh, Xena!
Nunca seu nome tinha sido tão precioso.
Continuou a subir e descer o delicado véu vermelho e usou a outra mão para colocar um dedo dentro da outra mulher. Encontrou a elevação, friccionou-a, e viu o corpo da loira convulsionar, ouviu seu nome retumbar a cada onda do clímax que arrebatava Gabrielle.
Deitou-se ao lado da loira a puxou-a para um abraço e Gabrielle se esparramou, lânguida, sobre seu corpo.
– Eu amo cada pedacinho de você – disse Xena.
– Hummm – respondeu Gabrielle, ainda sem palavras. A morena riu e acariciou os cabelos loiros.
FIM
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