By Xena’s Little Bitch
aka Julia Noel Goldman
Copyright Julho de 2001

Querida Lila,

Você lembra de quando perguntamos ao nossos pais como os bebês era feitos e o papai nos levou pra fora, pra trás do estábulo e mandou que observássemos as ovelhas? Lembra de como eu chorei e chorei porque eu queria que isso fosse bonito, e não era? Semanas mais tarde, quando eu contei à mamãe sobre isso ela disse que era diferente com as pessoas, que era bonito, e que eu estava certa. Bem, deixe-me te dizer, eu estava errada.

Considerando que eu sei que nunca te enviarei essa carta não tem problema eu dizer que a perda da minha virgindade com meu novo marido, foi…deuses, como eu posso achar as palavras? Repulsivo, degradante e sem sentido? Mas eu continuarei aguentando porque esse casamento protege nosso povo. Eu já disse que isso é repulsivo? Bom. E desde que estou te dizendo a verdade, eu odeio isso aqui. É escuro, solitário e chato. Ninguém pra se conversar, nada pra fazer, nada pra ver. É só um grande, velho, sujo e tedioso castelo.Eu não tenho permissão pra falar com os empregados e não há ninguém mais aqui além de meu marido e o quarto dele é do outro lado da construção. Não é que eu tenha alguma objeção em relação a sacrificar minha vida, mas apenas esperei fazer isso num jeito mais heróico e que tomasse menos tempo, como correr em direção de um incêndio e salvar um bebê, ou algo assim. Quero dizer, Lila, será toda minha vida aqui. Será para sempre. E Giles não é nem mesmo comunicativo. Ele mal fala e fica furioso facilmente.

Se eu continuar escrevendo pra você, talvez eu me sinta menos sozinha, mesmo que nunca mande isso.Eu não iria querer que vocês soubesse quanto eu sofro pra proteger vocês.Não seria nada heróico.

Querida Lila,

Não há nem mesmo trabalhos domésticos pra mim fazer.Eu comecei a escrever poesia sobre solidão.Você não gostaria nada disso.Eu perguntei se eu poderia mexer no jardim, mas ele disse que não.Mas ele permitiu que eu bordasse.Você sabe o quanto eu sou ruim nisso.

Eu não ri desde a última vez que você e eu jantamos juntas.Isso foi meses atrás.Eu imagino que isso não é o usual de um casamento arranjado ou para um casal saudável.Ele nunca está por perto.Supostamente eu deveria ficar agradecida por ele não me bater?
Alguém está batendo na porta!

Querida Lila,
Meu marido me deu o mais estranho dos presentes!Essa é uma sensação muito estranha.Deixe eu te contar desde o começo.

Dois servos entraram no meu quarto.Entre eles estava uma mulher alta e musculosa com um cabelo comprido e negro.Haviam correntes e algemas nos pulsos e tornozelos dela e ela olhava somente para o chão.Ela vestia um simples vestido amarelo e eu apenas fiquei olhando.A presença dela é difícil de se definir, submissiva e mesmo assim, quase agressiva.

“Ela é pra você” disse um dos homens “Um presente de seu marido”
“Um presente?” Eu não entendi bem.
“Mantenha ela acorrentada.Ela é forte”

Ele se viraram e saíram, um deles me deu uma chave.Para as correntes dela, eu acho.Ela é minha escrava, eu finalmente percebi.Ela continuava olhando para o chão.

“Oi, meu nome é Gabrielle.” eu disse com mais ânimo do que eu realmente tinha “Qual o seu?”
Ela não respondeu.Então eu fiz o que sempre faço quando não estou confortável, comecei a falar.

“Eu nunca fui dona de ninguém, então eu não sei como me comportar.Se nós pudéssemos apenas ser amigas, seria bom.Eu fico sozinha aqui.Não há ninguém pra falar, nada pra fazer.Quero dizer, a vida de casada não é como era pra ser”

Ela ainda não respondeu.Eu imagino que seja uma mistura de trepidação e orgulho.Quem poderia culpar uma escrava por não confiar numa mestra que aparenta ser amigável?

“Escute, você tem que me dizer as regras ou nunca chegaremos a lugar nenhum”
“Eu sou sua escrava” ela disse baixo numa voz tão fraca que eu tive que me inclinar pra frente para ouvir. “Meu papel é fazer qualquer coisa que você mande, mestra”

“Okey, então me chame de Gabrielle” eu disse “E se u pedisse pra você fazer algo em vez de eu ficar falando somente?Por exemplo, se eu pedisse pra você se sentar comigo agora?” eu fui até a mesa elegante perto da janela.Ela me seguiu hesitando, e sentou-se comigo ainda olhando pra baixo.”Um, bom..você vai me dizer seu nome?”

Ela fez silêncio e então disse “Lycea”
“Prazer em conhecê-la Lycea.Qual sua cor preferida?”
“Não tenho uma”
“Escolha uma”
“Azul”
“Também é a minha” eu digo inexplicavelmente feliz.Ela olha pra mim pela primeira vez.Lila, eu nunca vi olhos tão lindos em minha vida.Se azul já não fosse minha cor preferida, ficaria sendo agora e não posso deixar de querer saber que segredos esses olhos escondem. “Qual sua flor favorita?”
“A rosa”
“A minha também” eu digo “Que bom que nós temos tanto em comum”.

Lycea olha pra baixo, para a mesa.Ela é tão bonita quanto a estárua de uma deusa linda.Há uma batida na porta e são os homens de meu marido, vindo para me convocar para o quarto dele.Lycea olha para mim estranhamente e eu sorrio.Eu não tenho escolha senão ir com eles.

Eu não gosto do meu marido, Lila.Ele não é uma pessoa gentil, eu não gosto do ponto de vista dele, e eu tenho que escutá-lo por horas depois que ele se satisfaz comigo.Eventualmente eu pergunto a ele por que ele me deu a escrava e ele tem a ousadia de dizer que é para ela me ensinar como dar prazer a ele!Aparentemente Lycea é uma escrava do sexo.Eu fiquei tão insultada, Lila.Quero dizer, eu suporto os avanços patéticos dele e ele ainda me insulta?Eu queria tanto me apaixonar, ter minha primeira vez romântica e especial, e eu sei que se tivesse alguém que eu amasse, eu seria uma grande amante.

Quando eu volto para meus aposentos já era tarde e eu estava tão cansada e deprimida, me sentindo presa.Lycea estava acordada, ajoelhada ao lado da cama.Isso me deixou tão triste, não posso explicar por quê.Eu apontei para o sofá sob a janela e lhe disse para dormir.

Olhando nos meus olhos, Lycea levantou e desfez o nó em seu ombro que segurava o vestido.Ele escorregou pelo corpo dela e caiu ao chão, e meus olhos seguiram a jornada até perceberem que não poderia ir tão long.O corpo dela é tão lindo como seu rosto.Eu podia sentir minhas bochechas queimando, mas eu não conseguia desviar o olhar.Eu limpei a garganta e olhei nos olhos dela.Nenhuma mulher havia olhado pra mim daquele modo antes.

“Obrigada, mas eu não posso” eu digo suavemente.
“Por que?” ela sussurra.
“Não seria certo” eu digo “com alguém que teria que fazer qualquer coisa que eu mandasse.Não entende?”
“Sim, claro” ela diz.
“Mas você é muito linda” eu digo gaguejando, porque eu sinto a necessidade de dizer algo e essa foi a primeira coisa que veio em minha cabeça.Ela olha pra mim como se ninguém tivesse dito isso a ela por muito tempo.Eu nunca pensei muito sobre escravidão, além do fato disso ser errado e que eu gostaria de deter isso.É tão duro entender, essa mulher incrível tão linda, forte e inteligente, fazendo o que lhe mandam.Como as coisas podem ser desse jeito?Porque coisas tão terríveis acontecem com as pessoas?Talvez essa seja a parte que me faz diferente de todo mundo no meu lar, o que você acha?O fato de que a maioria das pessoas apenas parece ser mais conformada, questionar menos do que eu.

É a manhã seguinte agora e ela ainda está dormindo.Eu fico em silêncio para não acordá-la.Os pés dela estão pendurados no fim do sofá e eu observo o peito dela se movendo com a respiração.Ela é como um gigante dormindo no mesmo quarto que eu.Eu preciso que ela seja minha amiga, mas não estou otimista em relação a como farei isso acontecer.

Querida Lila,
Lycea está me ensinando a bordar.Ela é uma professora paciente e calma.Ela não fala muito, apenas senta comigo no sofá sob a janela todo o dia e me mostra como fazer.Quando eu erro, ela guia minhas mãos até que eu acerte.Eu não sei se ela disse uma única palavra durante toda a tarde, enquanto eu conto a ela tudo sobre você, e as coisas bobas que costumávamos fazer quando éramos crianças.Como sempre, os servos de Giles trouxeram minhas refeições no meu quarto, e eu na verdade tenho que pedir especificamente que comida o suficiente seja providenciada para Lycea também.

Ela pode parecer calma e servil, mas eu sei que ela não é realmente assim.Ela vibra em sua própria pele.É como se a qualquer minuto ela fosse explodir fora de suas correntes e fazer algo.O que, eu não tenho certeza.Ela é como um raio preso numa garrafa.É fascinante observá-la mesmo quando ela não está fazendo nada em especial.

Eu finalmente levanto a questão que ela estava interessada em responder.

“Dois irmãos” ela disse “Um mais velho e um mais novo.O mais novo é meu preferido”.
“Como ele é?”

Ela olha para os grãos de poeira que flutuavam no raio de sol que cruzava o quarto atrás de nós “Ele sempre foi a pessoa com quem mais me preocupei” ela diz baixo “Ele é bom.Ele é gentil com todos.Ele sempre arranja desculpas para as falhas das pessoas.Especialmente as minhas.”

“Que tipo de falhas você tem?” eu pergunto brincando.
“Muitas pra se mencionar” ela disse “Meu temperamento é uma.Nós costumávamos pescar juntos e praticar luta de espadas.”
“Você é boa?”
“Sim”
“Em que?”
“Nos dois” ela diz “Nós costumávamos ir em jornadas de pescaria que duravam dias.Nós apenas brincávamos ou sentávamos juntos em silêncio.Eu sinto falta de estar com ele”
“Eu entendo…eu tenho escrito essas cartas pra minha irmã” eu digo a ela “Não que eu vá enviar.Elas são mais como um diário, realmente.De algum modo eu posso dizer coisas a ela, mesmo ela não estando aqui”

Ela acena e olha pra baixo pra meu trabalho.Eu não estava prestando atenção e o jeito que ela suspira me faz rir.
“Então você sabe lutar?” eu pergunto.
“Sim, eu sei lutar com uma espada e também sou boa com as mãos vazias”
“Quanto boa?” eu pergunto provocando-a.
“Muito boa” ela diz com uma voz que me lembra da mulher que eu estava começando a perceber que ela era.Extremamente poderosa.Carismática.Intensa.
“Nós vamos vê-los novamente” eu digo, me referindo a nossos irmãos “Eu tenho certeza”
Ela olha pra mim tristemente e diz “Eu espero que sim, Gabrielle”.

Eu não sei porque ele estava tão furioso a noite passada, mas Giles estava irritado e descontou isso no jeito como me tocava.Eu não consigo pensar no que ocorreu conosco, isso é praticamente prostituição.Enquanto ele me devastava eu fechei meus olhos e pensei em Lycea, nos olhos azuis dela, em suas mãos fortes e sua voz profunda.O pensamento dela me confortou de algum modo, que quase não machucava.Depois disso ele me perguntou se eu já havia feito sexo com ela e eu apenas olhei pra ele.

“Ela tem muitas habilidades, ou pelo menos assim foi dito.Tenha prazer e aprenda com ela.Ela estudou no oriente e você sabe o que dizem das mulheres orientais…” eu estava chocada e enojada com as palavras dele.

Quando voltei para meus aposentos, Lycea estava ajoelhada perto de minha cama novamente.Isso me deu arrepios.Como se eu pudesse usar alguém do jeito que ele me usa…Pelos deuses.Eu não quanto mais conseguirei aguentar vê-la com as correntes.

“Há quanto tempo você é escrava?” eu pergunto.
“Doze anos”
“É muito tempo, mas isso tem que parar agora.Chega de se ajoelhar.O que eu preciso é uma amiga, não uma escrava”

Ela olha pra mim e diz “Me desculpe Gabrielle.Eu estava apenas fazendo o que fui treinada pra fazer” ela me observa caminhar devagar e cuidadosamente até a mesa para pegar vinho.Tudo em mim dói, especialmente as partes entre minhas pernas.

“Você está machucada?”
Eu balanço a cabeça.Lhe dou um copo de vinho que ela pega e bebe.
“Por favor, me deixe ajudar” ela diz baixo “Eu farei o que eu faria por uma…amiga”
Eu sorrio a ela e digo que estou à mercê.Ela vira-se e faz um gesto para que eu a siga para a câmera de banho.De repente eu percebo o quanto quero me sentir limpa.Ela tira minha roupa devagar enquanto continuo bebendo, então me acomoda na banheira e lava meu corpo.Ninguém fez isso desde que eu era jovem demais pra lembrar.Ela senta atrás de mim e eu fecho os olhos e deixo ela me banhar, suavemente movendo o pano e sabonete por minha pele.Nenhuma de nós fala e eu estou tão relaxada que nem mesmo acho estranho ter alguém me tocando tão intimamente.As correntes que pendem dos pulsos dela estão quente e eu mal percebo quando elas escorregam por minha pele.Ela para antes de levar a mão até entre minhas pernas e eu aceno, e me inclino me recostando nela.Ela me lava tão gentilmente que não posso evitar de me virar e encostar meu roso contra seu ombro.O que ele me fez essa noite ainda me causa dor.Eu deixo ela me secar e me enrolar numa toalha enorme, e me levar até a cama.

“Se eu soltar suas correntes, você ficaria?” eu sussurro.
“Sim” ela diz “Eu não tenho escolha.”
“Traga-me a chave” eu disse apontando para a pra prateleira.Ela me trás e eu solto todas as duas correntes.Ela senta perto de mim e esfrega os pulsos.Eu digo para ela colocar os pés na cama, o que ela, após hesitar faz.Os tornozelos dela estavam feridos e eu pego da mesinha de cabeceira um pano úmido que ela havia trazido pra mim e pressiono contra sua pele.”Por que você não tem escolha?”

“Cortese, o homem que me escravizou, escravizou minha família também.Eu não sei onde eles estão, mas ele prometeu que se eu escapasse, ele os mataria”
“O que aconteceu?” eu pergunto baixo, segurando o pano contra a pele sensível dela.
“O exército de Cortese veio para tomar minha aldeia” ela sussurrou e eu podia ver que ela estava tendo um mau momento tentando conter suas emoções, mesmo depois de todos esses anos “Eu queria lutar contra ele.Eu achava que nós poderíamos derrotá-lo, e proteger nosso lar.Todo mundo estava tão assustado para tentar,então ninguém tentou.E então Cortese tomou a aldeia, nos escravizou, aqueles que ele não matou foram aqueles que lutaram mesmo que pouco.” Ela parou novamente, lembrando “Você realmente quer ouvir isso Gabrielle?”
“Claro”
O rosto de Lycea estava obscuro.Instintivamente eu me aproximei mais “Então esperamos em nossas casas pela vinda de Cortese, e eles tomaram a cidade.Quando os homens dele chegaram em nossas casa, eu não posso te dizer o quanto eu quis matá-los, mas eu tinha que me controlar.Eu tinha que ir em frente com o que todos achavam que era correto.Mas, eu só..quando os soldados decidiram que iam estuprar minha mãe, eu não aguentei mais.Você conseguiria apenas ficar parada?”
Os olhos dela estavam assombrados quando olhei neles “Claro que não, Lycea, eu teria feito qualquer coisa pra proteger minha mãe”
“Obrigada” ela disse, e isso me fez imaginar se ela pensava por todos esses anos que talvez ela tenha cometido um erro. “Então eu lutei contra os soldados e matei-os facilmente.Então Cortese chegou e eles me renderam, segurando as espadas na garganta de meus irmãos, por isso abaixei minha espada”

Eu coloquei minha mão no ombro dela e o apertei. “Eu sinto muito” eu disse, sentindo que era inadequado ser compassiva.

“Obrigada” ela sussurrou “Eu levei a atenção de Cortese pra minha família, e nós ainda estamos pagando.Ele não podia deixar de querer me dominar, e foi o que ele esteve tentando fazer por doze anos.Acho que ele desistiu”

“Não posso culpá-lo”

Ela olha pra mim e quase sorri “Eu tentei encenar, fazer ele pensar que eu desisti.Mas há sempre essa parte de mim que permaneceu forte e esperando que um dia algo possa me dar a chance de sair disso”

“Fico feliz.Então ambas somos prisioneiras por amor” eu digo, observando-a enquanto ela molha outro pano com água fria colocando-o entre minhas pernas e gentilmente me fazendo deitar de lado.

“O que você quer dizer?” ela pergunta.
“Venha pra cama e eu te contarei”

Lycea cuidadosamente escorrega pra baixo das cobertas atrás de mim, puxando-as pra cima da gente, e eu me acomodo até que nossos corpos estejam se tocando.Quando meu corpo estava conectaco com o dela, era tão bom.Eu estava me aproveitando da situação dela?Eu só queria tocá-la, tocar alguém.Ser tocada de um jeito que me fizesse sentir-me bem, em vez de suja.Mas a preocupação dela comigo parecia verdadeira, então eu acho que o toque dela também era.

“Eu casei com Giles poucos meses atrás, pra proteger Potédia, minha aldeia.Foi uma troca, basicamente.Nós tivemos encrencas horríveis com warlords recentemente.Draco, Borias, a Besta do Turkistão.Eles apareciam, pegavam o que queria, voltavam a qualquer hora e queriam mais.Nós estávamos sempre com medo.Era terrível viver, e um dia Giles veio.Ele era um poderoso dono de terras com o próprio exército, eles eram habilidosos e em grande número.O anciãos da aldeia aproximaram-se dele e pediram proteção.

“Eu imagino que ele não a ofereceu de graça” ela disse.

“Correto” eu disse, apreciando nossa conversa.Eu não conseguia acreditar que ela estava falando tão solta.”Ele ofereceu proteção em troca de uma noiva virgem.Quando ouvi isso, sugeri rapidamente que eu cumprisse parte do acordo.Como eu poderia deixar alguma outra pessoa passar por isso se eu poderia ajudar?”

“Eu sinto muito” ela disse “Você é uma pessoa incrível.Uma heroína” eu sinto a mão dela acariciar meu braço.Eu me aconchego de costas pra ela, esperando encorajar a sua afeição.Eu podia sentir diferentes partes do corpo dela, muito claramente, como a coxa contra meu traseiro, e seu peito contra meu ombro.Cada parte de contato formigava e pulsava.Eu fiquei imaginando se ela também sentiu isso.

“Você também é”
“Não, não sou, Gabrielle.Eu seria uma heroína se eu resistisse por minha terra, convencesse os aldeões a lutarem contra Cortese e ganhasse.”

“Lycea, você fez o que sentiu que devia fazer.Você nunca terá certeza.Talvez as coisas teriam sido piores se você lutasse”
“Como você diz, eu nunca saberei”
“Acho que nós duas não tivemos muita sorte” eu disse “Mas estou felizes por nos conhecermos “Eu toquei a mão dela que decansava sobre meu braço.
“Eu queria que fosse em circunstâncias diferentes” ela sussurrou.Eu podia sentir os lábios dela movendo-se contra meu cabelo enquanto ela falava.Isso era tão bom, e me dava arrepios.

“Mesmo?”
“Sim” ela disse baixo.
“Nós podiamos fingir” eu disse esperançosa.
“Como?”
“Feche seus olhos” eu lhe disse, e fechei os meus “Um dia, uma triste princesa chamada Gabrielle estava caminhando pelos jardins do castelo de seu pai.Era uma tarde fresca, e parecia que ia chover, mas Gabrielle sabia que não iria.Ela era o tipo de menina que percebia as coisas pequenas, como pequenos sapos que pulavam pelas estradas e o jeito que a grama brilhava.
Gabrielle tinha fantasias todo o tempo, a cabeça dela vivia nas alturas em qualquer atividade que ela estivesse engajada.” eu não estava prestando mais atenção em que efeito minha história tinha em Lycea, eu apenas continuei fluindo as palavras “De algum modo Gabrielle acabou numa taverna, na fronteira das terras de seu pai.Era uma taverna velha e ela era inocente, então ela entrou pra procurar uma carona de volta pra casa.Haviam muitos homens bêbados lá dentro, muitos sedentos pra dar a ela uma carona do tipo menos saudável.” eu ouvi Lycea rir e percebi que ela estava brincando com meu cabelo.Eu pausei para tomar fôlego e os dedos dela pararam de mexer, mas quando eu continuei, ela continuou também.

“Enfim, alguns dos homens empurraram Gabrielle contra a parede e estavam explicando a ela os vários métodos que queriam usar pra se satisfazer com ela, quando ela ouviu um som de estrangulamento atrás deles.Alguém estava agarrando os homens e jogando-os pra longe dela.Era uma linda mulher, com cabelo escuro e longo e escandalosos olhos azuis, e Gabrielle estava hipnotizada.”
“Hipnotizada?”
“Sim.Assim que ela se livrou dos homens, a mulher linda e alta olhou pra Gabrielle e lhe ofereceu a mão.Gabrielle perguntou o seu nome…”
“Xena”
“E Gabrielle disse ‘Xena.Que nome lindo.Estou tão feliz de te encontrar.Você apareceu bem a tempo’ Xena sorriu enquanto elas saíram da taverna, e ela perguntou se podia levar Gabrielle em casa.Gabrielle disse que preferia ir com ela, e assim fez.E essa é a história de como Xena e Gabrielle se conheceram.”.

“Você é uma ótima contadora de histórias” ela disse.
“Você gostou?” eu perguntei, tentando lembrar o que eu tinha dito.Ela concordou. “Seu nome é Xena?”
“Sim”, ela disse baixo “O nome do meu irmão menor é Lyceus”
“Posso te chamar de Xena?”
“Sim.”

E pouco depois nós adormecemos, desse jeito, juntas na minha cama.Eu não consigo explicar, Lila.Xena é um nome muito melhor para ela, forte, incomum, e no ponto.Estou escrevendo na cama, onde ela ainda dorme.É de manhãzinha agora, tão escuro que mal posso ler as palavras enquanto as escrevo.Ela dorme de bruços, seu longo cabelo pendendo sobre os lençóis.Eu nunca acordei na mesma cama com ninguém antes dessa manhã, isso é bom.Apenas pelo fato de ela estar aqui, agora.Eu sei que isso soa estúpido, mas não sei como descrever isso melhor.

Querida Lila,
As coisas estão começando a ficar mais claras.Nós passamos a manhã bordando e eu contei a ela algumas de minhas histórias preferidas.Na hora do almoço ela pediu,
“Podemos ir lá fora hoje?”
“Lá fora?Me desculp” eu disse, tão embarassada como nunca estive em minha vida. “Eu não tenho permissão para sair”
“Oh Gabrielle” ela ergueu a mão para segurar a minha, mas a puxou em reflexo.Ela olhou para baixo “Acho que ambas somos escravas”
“Sim” eu respondi baixo “Esses últimos meses não têm sido fáceis para mim, abrir mão de minha liberdade.Eu tinha uma vida própria, e agora…”
“Eu compreendo.Eu passei pelo mesmo, anos atrás.Eu queria poder te ajudar” ela disse, levantando e indo até a janela.
“Você me ajuda” eu disse, seguindo-a.Eu paro atrás dela, tão perto que posso literalmente sentir o quanto ela está zangada.
“Hoje a noite” ela diz decidida “Se ele te chamar, eu irei no seu lugar”
“Não” eu disse, pondo minha mão no braço dela, maravilhada que alguém possa se oferecer para passar por isso em meu lugar”
“Eu fiz isso muitas vezes” ela disse “Não é grande coisa.Eu nem percebo mais…”
“Eu disse que não.Ele é meu marido, é responsabilidade minha”.
“Por favor?” ela sussurrou “Eu odeio pensar que você vai passar por isso”
“Exatamente, então poupe-me da dor de ter que pensar que você passaria por isso.” eu acaricio o braço dela.Eu quero lhe dizer o quanto significa pra mim a oferta dela, deixar ela saber que estaria tudo bem ela me tocar.”Além disso, você não tem escolha, lembra?Você tem que fazer o que eu digo”
Ela riu e eu fui até o lado dela, na janela.Ela olhou pra mim e segurou minha mão, entrelaçando os dedos com os meus “Eu não quero essa vida pra você” ela disse.
“Que tipo de vida você quer pra mim?” eu perguntei.
“Uma vida em que você seja livre.E comigo.” ela olhou pra baixo.Era como se o ar a nossa volta de repente se tornasse um turbilhão de emoções.
“Então nós encontraremos um jeito” eu disse com determinação.

Xena olhou para mim com aqueles olhos azuis profundos e de repente eu era capaz de enxergar dentro deles, e realmente vê-la, e o que eu vi, me puxou pra mais perto.Ela se aproximou e nossos lábios se encontraram.Oh Lila, foi como nada que eu tivesse sonhado!Tão suave, sútil, quente e compassado.Cada pequeno movimento enviava novos sentimentos dentro de mim, e tudo que eu queria era mais.Ela me puxou para os braços dela e a sensação dos seios dela contra os meus, os braços dela em volta de mim, era tão bom que nada mais importava.Eu a beijei mais intensamente e ela me apertou mais.Eu não posso descrever o jeito que meu estômago virou, o jeito que meu coração bateu, o modo como o corpo dela era sob minhas mãos.Ela me empurrou contra a parede ao lado da janela e sussurrou em meu ouvido,

“Xena puxou Gabrielle para cima do cavalo e Gabrielle enrolou os braços na cintura de Xena.Elas cavalgaram até encontrar um lindo campo de flores púrpuras, e Xena estendeu um cobertor sobre elas.Elas deitaram nele e trocaram beijos que só os poetas poderiam descrever”.

“Gabrielle disse a Xena que ela era o seu campo de flores púrpuras” eu disse “e que ela gostaria de estar em qualquer lugar onde Xena estivesse.Ela disse a Xena, que nunca havia se sentido desse jeito antes e que ela amava essa sensação”

“Xena disse que sentia-se do mesmo modo” ela suspirou.Ela começou a me beijar novamente, beijos cheios de uma ternura apaixonante que infectavam cada polegada de meu corpo.Eu não consigo descrever quão alegre eu me sentim como meu coração cantava com a mais êxtasiante alegria…

BANG!A porta foi batida.Eu queria matar alguém.Eu virei para Xena e disse “Você fique aqui e relaxe.Não se atreva a fazer nada” o rosto dela manteve uma expressão forte que eu nunca vi nessa mulher antes.Como se ela fosse um gato selvagem, segurando sua brutalidade sob controle por pura força de vontade. “Pense nas flores púrpuras.Eu voltarei”.

Então ocorreu que meu marido queria que eu o acompanhasse no jantar.Haviam visitantes de terras vizinhas hospedados conosco, e por acaso um deles era Cortese, o homem que vendera Xena para meu marido.Oh Lila, como eu queria pular através da mesa e matá-lo.Apunhalá-lo no coração várias vezes, pelo que ele fez com minha Xena.E então eu percebi que vê-lo me dava mais propósito, se ele estivesse mais perto talvez eu pudesse derrotá-lo de algum modo.Eu sabia que nós não aguentaríamos isso por muito tempo, algo no sistema estouraria e breve.A presença de Cortese nos deu uma chance.Giles estava apreciando tanto a companhia que me disse para voltar para o quarto mais cedo, que não me chamaria novamente.Eu senti tanto alívio, porque sabia que Xena ficaria feliz por ele não ter me tocado.

Eu voltei para meus aposentos com uma nova atitude.Eu estava prestes a tomar o controle da minha própria vida novamente.Isso me assustava e me excitava, igual Xena.Ela é tão especial Lila.Você gostaria tanto dela.Você gostará, um dia, quando conhecê-la.

Quando entrei no meu quarto, vi Xena perto da Janela.Ela virou-se e sorriu pra mim.

“Oi” eu disse “Ele só queria que eu jantasse.Para entreter as visitas”
“Que bom” ela disse “Porque eu quero você pra muito mais”
Nos encontramos no meio do quarto, respirando pesado somente por olharmos uma pra outra.
“Eu quero te contar” eu disse “Estou bolando um plano que nos salvará.Eu não quero contar ainda, mas quero que saiba que há esperança” eu não quis contar a ela sobre Cortese ainda, eu não queria distraí-la do que eu pensei que estava acontecendo entre nós.

“Eu…eu…” ela disse, olhando pra mim, seu rosto vermelho.Ela acariciou meu cabelo e tocou meu rosto.
“Isso é sobre você e eu” eu disse, enquanto ela inclinava e me beijava.Se tornou intenso rapidamente, e de repende as mãos dela estavam em meu traseiro, apertando gentilmente.Eu gemi e isso pareceu excitá-la como também me excitava, e nossa excitação mudou meu corpo em jeitos que eu nunca imaginei.Uma das mãos dela sumiu até meu seio e eu gemi.Ela se afastou e olhou pra mim.

“Não pare” eu ofeguei “Digo, por favor, eu não quero que você pare”
“Eu não quero parar” ela disse, respirando pesado.
“Que bom” eu disse sorrindo.Eu segurei a mão dela e a guiei até o quarto privado, trancando a porta atrás de nós.Eu a queria tanto que sabia que se alguém tentasse me parar agora, a este ponto, eu os mataria.Parte de mim percebeu que eu poderia na verdade matar alguém antes de passar por isso, mas então de repente percebi que sabia que eu poderia fazer isso se tivesse que fazê-lo.Nós sentamos na beirada da cama juntas e demos as mãos.Xena ergueu a dela e começou a desabotoar meu vestido lentamente.Os pequenos botões começavam no meu pescoço, e quando chegaram em minha cintura, eu mal conseguia respirar e eu estava tremendo.Ela inclinou-se e beijou meu pescoço, minha garganta, meu peito e minha barriga.Eu segurei a cabeça dela com as mãos tremendo e gemi de prazer.Eu estava embaraçada por um momento e então lembrei que na verdade, meu marido queria que eu fizesse isso, então era bom que eles ouvissem.

Os lábios dela em minha pele me excitavam tão profundamente que eu queria me entregar a ela naquele mesmo momento, e então o fiz.Eu gentilmente puxei minha roupa para o lado para expor meu corpo.Xena olhou pra mim e sorriu, e então envolveu meu mamilo em sua boca quente.Eu gemi e suspirei enquanto as mãos dela se moviam dentro do meu vestido acariciando a pele quente das minhas costas.Eu precisava do toque dela como dos raios de sol, da água e do ar, isso me dava tudo.A boca de Xena lentamente subiu pelo meu corpo beijando cada centímetro.Finalmente os lábios de Xena estavam nos meus novamente e nos beijamos, ela começou a me empurrar deitada na cama.

“Espere” eu disse “Eu quero sentir cada pedaço de sua pele” eu levantei o vestido dela pela cabeça e ela fez o mesmo comigo.Sentamos por um momento e simplesmente nos encaramos “Você…apenas…”foi tudo que consegui dizer diante do corpo nu dela, todos os músculos, sombras e carne voluptuosa.

“Sabe Gabrielle” ela sussurrou “Eu não preciso que seja um conto de fadas.Isso já é o suficiente”

Eu sorri e puxei-a pra outro beijo.Lentamente ela me deitou.Enquanto mudávamos de posição a pele dela tocou a minha em tantos lugares, minhas coxas, meus quadris, meus braços, meu rosto.Ela desceu pelo meu corpo, deixando o seu longo cabelo negro roçar pela minha pele.Finalmente ela parou com sua face diretamente acima da minha.Ela inclinou-se para me beijar e quando o fez os mamilos dela roçaram por minha pele.Meu corpo estava perto de explodir e eu levei minhas mãos aos seios dela, enquanto eu os acariciava os beijos dela se tornavam mais febris.Eu estava completamente tomada pelo meu desejo.Eu puxeo o corpo dela para cima de mim, e então ela me tocou em todos os lugares e sua macia e musculosa coxa caiu entre as minhas.Eu me pressionei contra ela e deixei escapar um gemido profundo.Enquanto Xena se pressionava contra mim, eu podia sentir a umidade dela se espalhando, escorregando num vai e vem em minha coxa.Um arrepio se deu em mim por saber que eu a excitava tanto.Eu joguei minha cabeça pra trás e empurrei meu corpo contra o dela ritimadamente.Ela gemeu meu nome em meu pescoço repetidamente enquanto o beijava, e com um único movimento mudou nossas posições completamente.

Agora eu estava de joelhos, montada nela, encarando aquele glorioso corpo nu à luz das velas.Eu acariciei o rosto dela e então corri minha mão pelo seu pescoço, passando pelos seios e ao longo da sua barriga.Ela começou a mover-se devagar sob mim, pressionando seu centro contra o meu enquanto guiava meus movimentos com suas mãos grandes em meus quadris.Era prazeroso, úmido e torturante.Eu apertei os seios dela enquanto deitava sobre ela, lentamente me movendo num vai e vem.Nossos olhos se encarando, eu não conseguia desviar o olhar.Tudo estava queimando, a sensação entre minhas pernas era tão imensa que eu não conseguia imaginar como meu corpo podia aguentar muito mais.A respiração de Xena vinha em gemidos enquanto ela se projetava contra mim e eu me pressionava contra ela não mais percebendo os sons apaixonados que saiam de minha boca.Então de algum modo ela conseguiu me puxar um pouco mais forte e rápido e de repente chegamos lá juntas, intensamente.Foi incrível.Como se tudo explodisse e deretesse, junto.

Então Xena me puxou pra cima dela e envolveu seus braços e pernas em volta de mim.Eu senti de repente uma grande emoção vindo dela, como nada que ela tivesse compartilhado antes.

“Obrigada, Gabrielle ” ela sussurrou.
“Pelo que?”
“Por ser você”
“Você também ” eu suspirei “Eu realmente …acho você maravilhosa.” eu senti ela me apertar forte quando eu disse isso.É algo bobo de se dizer?Eu deitei sobre ela apreciando a sensação dos braços em volta de mim, nossos corpos suados e quentes.Eu sentia que sabia tanto sobre ela agora, e que mais seria revelado a cada momento que se passava e eu ficava ali nos braços dela, mas tinha que contar o que estava acontecendo.Não era mais certo esconder.

“Xena, lembra que eu disse que tinha um plano?”
“Sim” ela disse desconfiada.
“Eu preciso que você prometa que vai seguir minha liderança aqui.Não porque você supostamente é minha escrava, mas porque eu tenho mais compreensão da situação.Você concorda em não fazer nada pra apressar, não importar a circunstância?”

“Você está me matando” ela disse, enquanto nos deitávamos de lado e nos aproximávamos um pouco mais para que pudéssemos olhar uma pra outra, nossas pernas ainda estavam entrelaçadas. “Eu serei uma boa menina.Eu prometo que não farei nada estúpido” ela riu “E de qualquer modo, eu ainda sou sua escrava”
“Não é.Eu liberto você”
“Não funciona desse jeito” ela disse “O seu marido me possui, ele tem que me libertar.Mas isso não vem ao caso.Qual o plano?”
“Okey, não é bem um plano ainda” eu admiti ignorando o que ela diria “Cortese ainda está aqui.” eu podia sentir o corpo dela contrair e os olhos dela escurecerem.Eu coloquei minhas mãos no rosto dela e ela olhou pra mim. “Ele vai ficar por mais alguns dias.Há muita gente hospedada aqui, é praticamente uma festa.Eu posso nos fazer circular pelo castelo facilmente, eu posso conseguir armas.Nós podemos achar um jeito de pegá-los e salvar nossas famílias também.Eu sei disso”
“São boas notícias” ela disse, inclinando-se e me beijando, enquanto seu corpo relaxava, “Você acha que poderia desenhar um mapa do castelo?”
“Sim” eu disse. “Mas antes…” e nos beijamos por mais longos minutos.Os lábios dela são tão macios, Lila.

Então ficamos a noite toda bebendo vinho e fazendo planos.Ela parecia tão naturalmente boa nisso, em ver o que poderia dar errado, em pensar nas diferentes reações das pessoas e como deveríamos planejar tudo.Eu acho que isso acaba sendo um julgamento sagaz da natureza humana.

Quando eu penso nisso, Lila, é como se tivessemos nos conhecido no momento certo.Como se eu fosse estar aqui, como se Xena fosse chegar, estaríamos ambas escravizadas e ainda assim nós vamos partir em liberdade e juntas.Tudo parece ter acontecido exatamente como era pra acontecer.Caso contrário, como poderia ser tão cronometrado?O jeito que me sinto quando ela me toca, não é coincidências.Eu estou prestes a fazer algo que colocará você, papai e mamãe em perigo, e isso me aterroriza.Mas eu tenho fé em Xena.É de manhã e ainda estamos embriagadas.Eu fico pensando em convencê-la em fazer amor comigo novamente.Cortese ficará aqui por dias e nós temos tempo mais do que suficiente.

Querida Lila,

Eu imagino que você provavelmente percebeu que eu me apaixonei por Xena.A intensidade de minha emoção é como nada que eu tenha sentido antes.O jeito que me sinto nesse momento é incrível.É como se minha alma vibrasse com alegria.Eu sei que isso soa bobo, mas eu não consigo pensar num jeito melhor de descrever isso.Supostamente sou uma escritora.E obviamente, eu oficialmente volto atrás no que eu disse antes sobre sexo.É difícil acreditar que o que meu marido fez comigo e o que Xena faz são supostamente a mesma coisa.Isso depende totalmente da pessoa, e Lila, agora que eu experimentei dos dois jeitos, meu conselho de irmã é de que você nunca se case.Eu não consigo tirar esse sorriso de meu rosto, você nem me reconheceria.Tudo que penso é nela, como cada parte de meu corpo canta com a lembrança do toque dela.Não há dúvidas em minha cabeça de que nesta vida eu tenho que estar com ela.

Se eu apenas pudesse lembrar de todos os planos.Tão desenvolvidos.Estou mantendo esse pergaminho comigo o tempo todo, em caso de termos que fugir rápido.Eu passei todo o dia anterior espreitando pelo castelo e coletando suprimentos.Nós colocamos as correntes de Xena novamente para manter a ilusão de que ela é minha escrava, elas parecem trancadas mas não estão.

“Gabrielle, eu vou te pedir pra fazer algo que você não vai gostar” Xena parecia um pouco nervosa, parada diante de mim naquele vestido amarelo.

“Ótimo.O que é?”
“Eu preciso que você me acerte no rosto.” ela disse, com um sorriso esperançoso e uma sobrancelha erguida.
“Você tá brincando, não tá?”
“Claro que não.Tem que ser você, ou não parecerá convincente.Eu posso aguentar.Tenho sido escrava há anos, posso aguentar bem mais do que você tem a dar”

Ela estava propositalmente tentando me irritar, não estava?Bem, eu faria qualquer coisa que precisasse pra sairmos dali e se tinha que parecer que eu não me importava com ela, então eu estava disposta.

“Tente no meu rosto, perto do olho” ela sugeriu.
“Hey, sou eu que vou bater aqui”
Xena fechou os olhos quando meu punho foi em direção dela.Ele bateu solidamente contra o osso dela, direto no canto do olho, e machucou minha mão tanto quanto o rosto dela, imagino.

“Ow” ela disse sorrindo pra mim.Ainda tentando tirar os efeitos do soco de minha mão, eu me aproximei e a puxei contra mim pela sua cintura.
“Eu te amo” eu disse num suspiro.A expressão dela mudou completamente e ela me beijou, tirando meu fôlego.Ela não disse isso em palavras, mas eu sei que ela também me ama.Nós sairemos daqui e eu te verei logo, Lila, eu juro.

Querida Lila,
Xena sentou acorrentada no canto como uma boa escrava quando os servos vieram me levar para o jantar.Ela olhou para o chão quando eles me arrastaram pra longe e eu tive a sensação de que parte do plano estava prestes a entrar em ação.Essem era meu propósito e eu iria fazer isso.

Eu fui levada ao salão de jantar, onde a refeição da noite já estava em progresso.Havia mais ou menos trinta pessoas sentadas ao longo da mesa, e Giles me sentou no joelho dele, distraidamente acariciando minha perta enquanto comia.Eu controlava minha vontade de puxar minha faça que eu tinah escondido na bota e abrir a garganta de Cortese.Ele estava sentado à minha esquerda e frequentemente sua mão ia “acidentalmente-de-propósito” parar em minha coxa.Eu tinha aguentar isso, porque se não aguentasse essa situação seria pelo resto de minha vida.A situação que antes de algum modo parecia tolerável, em algum ponto não era mais.Eu tinha que permitir o toque de Cortese, instigá-lo de fato, se quisesse que esse plano funcionasse.E iria funcionar.

Ao passo que a noite progredia, a comida cessou e o alcóol continuo a fluir.Eu tomei apenas goles minúsculos de vinho, e ainda ssim as sombras das velas dançando nas paredes pareciam estranhamente agourentas.As gargalhadas bêbadas dos homens era lasciva, e eu podia sentir a luxúria no ar daquela noite quente.Eu podia sentir o desejo de meu marido pressionado contra a parte de trás de minha perna e ele estava tão intoxicado que não percebeu a inspecção menos que sutil que Cortese fazia dos meus seios.Era hora de fazer meu movimento e isso tinha que ser sutil, tinha que soar natural.Eu coloquei minha mão gentilmente no peito de Giles e sussurrei em seu ouvido, deixando meus lábios roçarem contra a pele dele.

“Meu marido, você estava certo sobre a escrava.Ela me ensinou tantas coisas esses dias” eu pausei deixando ele compreender, sentir a sensualidade da minha voz “Se você quiser, talvez pudéssemos nos recolher e…”

Giles jogou a cabeça pra trás e explodiu em risadas.
“Cortese” ele berrou batendo nas costas dele “Eu te disse que eu dei aquela sua escrava para minha pequena esposa?”

Cortese me olhou no rosto pela primeira vez, e eu podia dizer que ele mal conseguia enxergar de tão bêbado.Eu percebi de repente como a situação era similar a da história que eu contei a Xena sobre como nos conhecemos, exceto que ela não estava vindo ao meu socorro a qualquer momento.

“Xena?” ele disse.
“Ela disse que a escrava tem muitas habilidades” disse Giles, rindo, e se engasgando enquanto tentava engolir mais vinho.

Cortese apertou minha coxa e disse “Uma garota como você não saberia usar uma escrava como aquela.Eu poderia te mostrar algumas coisas sobre como tirar prazer de uma mulher selvagem como ela”

“Sério?” eu disse com o que eu esperava que fosse a quantidade certa de ceticismo para nos levar para a próxima fase do plano.

“Giles!” disse Cortese, muito mais alto, enquanto derramava vinho em sua camisa “Essa sua jovem esposa precisa de uma lição.Por que não chamamos a escrava e terminamos a noite com uma diversão mais interessante?”

Giles e Cortese ambos se dissolveram em gargalhadas.Era quase fácil demais.Eu pedi ao servo que estava atrás de mim para trazer Xena ao quarto perto dali.Giles não se importou em dizer boa noite ao resto dos hóspedes enquanto eu o empurrei pelo corredor até o quarto e o deitei no sofá.Tapeçarias pendiam das pareces e algumas tochas estavam posicionadas alto o bastante pra deixar tudo numa sombia escuridão que me fazia estremecer.Cortese se jogou no sofá em frente a Giles e eu sentei perto de meu marido.Quando eu estava servindo mais vinho, Xena entrou.Ela parou alta na entrada olhando para Cortese.Eu podia sentir o quanto ela o odiava.Eu esperava muito continuar com essa versão do plano, então tinha que fingir que não a amava, que não desejava estar segura nos braços dela.Eu não podia nem mesmo olhar pra ela.

“Xena” ele disse, olhando pra ela com desejo e desgosto.Ele disse pra Giles “Não me diga que ainda não apreciou os prazeres dessa uma!”

“Ainda estou apreciando minha nova esposa” ele disse, me puxando para o colo.Eu acho que essa foi a coisa mais “gentil” que eu o ouvi dizer.
Xena estava indo em direção a Cortese devagar;
“Por que você a deu para mim se ainda gostava de se divertir com ela?” Giles perguntou a Cortese e de repente ambos estavam levemente sóbrios.

Cortese observou Xena se aproximar “Bem, poucos meses atrás, meu exército se engajou na tentativa de tomar um vilarejo que estava mais preparado do que minhas escoltas pensaram.Eu perdi muitos na linha de frente, meus escravos soldados.Os irmãos dela estavam entre eles.” ele disse casualmente.Eu segurei minha respiração enquanto meu coração se despedaçava em meu peito.

“Você está mentindo” disse Xena friamente.
“Por que eu mentiria?” ele perguntou zombando “Por que iria me importar?”
O olhar de Xena era branco, chocado.Giles parecia confuso, imaginando como tinha acabado a testemunhar essa estranha íntima interação entre Xena e Cortese e eu podia sentir que ele desejava estar bem longe dalo.Eu permaneci no colo dele, fingindo que não me importava com os irmãos de Xena.

Xena olhou pra ele com tamanha imparcialidade que isso me assustou.”E minha mãe?” ela sibilou.
“Ela estava muito ferida, embora não tenha estado em combate.Eu a deixei perto de uma cidade com uma curandeira, acho que era Potédia.Com uma só perna, ela não me tinha mais utilidade.Eu não tinha mais garantia contra você, então decidi me desfazer”.

Minha mão estava na minha bota pronta pra puxar a faca se necessário.Eu sentei no colo de Giles e observei enquanto Xena deixava as correntes cairem no chão e finalmente alcançou Cortese.Embora estivesse claramente temeroso por ela não estar acorrentada, ele levantou para encontrada e eu percebi que não tinhamos nenhum plano pra essa contigência.Os irmãos dela estavam mortos e ela não se importava mais com o plano.Eu observei em silêncio enquanto a mão dela chegava até a garganta de Cortese e começava a apertar.Giles tentou levantar, mas eu puxei minha faca e a segurei contra seu pescoço.Ele ficou sentado comigo enquanto Xena continuava a estrangular Cortese.

“Xena,o que você está fazendo?”eu perguntei.
“Matando ele por vingança” ela afirmou.
“Não…você não tem que fazer isso.Por favor?”
Eu acho que foi o “por favor” que fez ela se virar e olhar pra mim, sentada no colo de meu marido com uma faca na garganta dele.Os olhos dela estavam vermelhos, segurando as lágrimas, e as veias em sua testa pulsavam.

Eu não vi Cortese puxar a adaga, mas ela estava na mão dele indo até Xena.Eu gritei e ela largou o pescoço dele enquanto se inclinava puxando a própria adaga de sua bota.Sem olhar, ela atirou ela pra trás e Cortese caiu ao chão, morto.

Eu levantei, apontando minha faca para Giles, que estava congelado no sofá olhando para o corpo de Cortese.Ele tinha medo de Xena agora, e isso me deixava feliz.

“Que plano era aquele?” eu perguntei para Xena indo para perto dela.
“O que eu não queria te contar” ela sussurrou.
“Vamos sair daqui” eu dissa a ela, segurando forte sua mão.Eu olhei para Giles e disse,
“Giles, eu estou partindo.Nós vamos pra Potédia e vamos protegê-las sozinhas.Fique longe se quiser permanecer vivo”.
Ele me olhou e concordou.Eu esperava ser a última vez que eu tive que olhar para o rosto dele.Eu sei que eu nunca terei que sentir o toque dele novamente, e isso me deixa ainda mais feliz.Eu tirei um pedaço de pergaminho do meu corpete e joguei a mesa, perto de Giles.
“Liberte-a” eu disse e quando ele hesitou, eu agarrei a pena e coloquei em sua mão “Apenas assine isso”
Meu marido assinou seu nome e olhou para o meu amor e disse “Você está livre”
Xena acenou para ele e eu a puxei pra fora do quarto.

Então, nós pegamos nossa bagagem, selamos um cavalo e partimos.Foi fácil assim.Cavalgamos por horas até que encontramos uma caverna retirada e montamos um acampamento.Era maravilhoso estar livre novamente, observar Xena fazer uma fogueira.Eu a abracei enquanto ela chorava pelos irmãos.Era como se a dor dela fosse minha e eu chorei com ela, acariciando-a e beijando-a mesmo que soubesse que nada poderia mudar as coisas.Ela foi uma escrava por eles por quase metade de sua vida, e eles acabaram mortos do mesmo jeito.Isso é impensável.A mãe dela ainda podia estar viva em Potédia, de todos os lugares…
Ela insistiu em fazer amor.Foi doce, lento e cheio de aflição.Foi linda a primeira vez desde que estamos livres, onde nós duas temos certeza de que isso foi real, que nós somos reais.O toque dela era ainda mais expressivo, e dessa vez ela me deixou ouvir sons de prazer e de amor.Ela estava em cima de mim, olhando pra baixo quando disse,
“Eu estou tão apaixonada por você”
Eu não tinha certeza de que podia sobreviver à ferocidade da felicidade que passava-se dentro de mim.Eu achava que meu coração ou minha cabeça iam explodir, mas por sorte conseguimos aliviar um pouco da pressão com nossas mãos e bocas.

Depois de um tempo deitamos juntas debaixo das peles e eventualmente Xena suspirou,
“Se eu fosse um homem, eu lhe pediria que se casasse comigo”
Eu apertei a mão dela, repentinamente a beira das lágrimas. “Eu já sou casada”
“Você concordaria apenas em ficar comigo sempre?” ela pediu enquanto nos olhávamos.Eu lhe disse que sim e a beijei, então fizemos amor novamente.

Nós cavalgamos por dois dias, direto para Potédia, diminuindo o passo quando chegamos mais perto, a meu pedido.Eu precisava de algum tempo pra me preparar.O que iríamos encontrar?Que tipo de terror teria acontecido desde que parti?Esse pensamento fez eu abraçar Xena mais forte pela cintura e ela colocou sua mão na minha.Era uma tarde cinzenta e quando a aldeia já estava a vista, uma leve chuva começou a cair.

“As coisas parecem bem por aqui” disse Xena esperançosa.
“Sim.Vamos ver”
Então cavalgamos até a casa de minha família e desmontamos.Eu coloquei minha mão ndas dela e ela a segurou.O cabelo dela estava molhado e eu não pude resistir em beijá-la.Ela me apertou forte e fez um gesto mostrando a porta.Eu a empurrei abrindo e entramos.

Quatro rostos surpresos viraram-se para nos olhar.Eu nunca me senti tão aliviada como me sentia ao ver minha família naquele momento.Enquanto mamãe gritava meu nome e pulava por cima da mesa de jantar, uma estranha berrava “Xena!” e lutava para conseguir ficar de pé usando a parte de trás da cadeira como suporte.Enquanto minha mãe me abraçava e você gritava “Gab!!” eu percebi que era a mãe de Xena, e quando Xena largou minha mão para correr em direção dela, eu tive certeza.Papai estava sentado a mesa com o mais perto de um sorriso em seu rosto que eu já tinha visto.Era um momento maravilhoso.Você estava lá, sabe disso.Houve uma grande confusão, todos envolvidos em sua própria alegria, esquecendo dos outros.Finalmente nos acalmamos um pouco, e Xena e eu aprentamos uma a outra para o resto da família.Nos foi explicado que minha mãe acolheu a mãe de Xena quando ela não tinha nenhum lugar pra ir.É incrível pensar que até nossas mãe acabaram encontrando uma a outra.

E você também sabe o resto, claro, porque você esteve ali durante toda aquela emocionante reunião.Nos sentamos ao redor da mesa por horas, bebendo e comendo, e pondo os assuntos dm dia.Nem mesmo as piores coisas era mais imencionáveis agora que estávamos todos juntos.Eventualmente você pensei em perguntar como Xena e eu acabamos aqui juntas.Eu olhei para Xena e ela sorriu para mim.Eu toquei o rosto dela e era como se não tivesse mais ninguém ali.

“Era supostamente era minha escrava” eu disse, olhando nos olhos dela. “Mas ela se tornou meu amor”

O olhar que Xena me retornou era caloroso, por assim dizer, prometendo muito mais paixão mais tarde.Olhando para nós eu imagino que ninguém duvidaria da verdade de minhas palavras.Meu amor por ela irradiava, eu posso sentir isso.

“Xena é uma guerreira e estrategista extraordinária” eu expliquei “Nós trabalharemos juntas para proteger o nosso lar.Temos muitas idéias.

Eu podia ver que o pai duvidava, mas você, mamãe e Cyrene, vocês acreditavam em nós.Eu queria aprender a lutar, a construir muralhas de pedra, a proteger as pessoas que eu amava.Nada de me sacrificar dessa vez, mas sim tomar o caminho certo.Depois de um tempo, Xena e a mãe dela foram para o jardim para falar sobre os irmãos dela, eu acho, e papai voltou a circular para fazer seja lá o que for que ele faz quando está sozinho.
Mamãe olhou pra mim “Você cresceu tanto” ela disse.Embora eu saiba que tivessem sido poucos meses desde que ela não me via, eu não podia deixar de discordar.Nós três sentamos e bebemos, falando sobre o passando até que Xena e Cyrene voltaram, e então era hora de dormir.

Você foi gentil o bastante pra nos deixar ficar com nosso velho quarto essa noite e depois que nós fizemos amor, nós falamos sobre a casa que construiríamos para nós mesmas, na fronteira da cidade.Ela teria uma torre e imensos jardins e Xena adormeceu falando sobre o tipo de estábulo que queria para os cavalos que iria criar.

É meio da noite enquanto eu escrevo isso da minha cama de infância, Xena está dormindo nua ao meu lado.O luar atravessa pela janela, fazendo o cabelo negro dela brilhar azulado.É maravilhoso que estamos livres novamente.Isso parece afetá-la cada vez mais com o passar das horas.Eu sei que se eu e ela trabalharmos lado a lado seremos capazes de proteger Potédia, fazer daqui um lugar para se viver.E talvez outros ouçam sobre isso e venham viver aqui, fazendo a aldeia maior, mais segura e mais próspera.Seria maravilhoso fazer um mundo onde as pessoas não tivessem mais que viver com medo, onde as pessoas compartilhassem o que têm, onde houvesse paz.

Eu dedici lhe entregar essa extensa carta depois de tudo, irmã.Eu quero que alguém saiba o que realmente aconteceu, e eu sei que nunca conseguirei olhar em seus olhos e contar esse conto.Eu acho que a história que contarei para as pessoas de como nos conhecemos, será mais parecida com a que contei a Xena naquela noite, de como ela veio para onde eu estava e me salvou.Eu sei que na versão que Xena contará, será eu quem salvarei ela.Eu você saberá que ambas as versões são verdadeiras.Que quando Xena e eu ficamos juntas, encontramos o desejo e a força para sermos tudo que éramos, e que com aquele feito, mudamos nossas vidas.Você saberá o que éramos quando estávamos apenas começando.Há tantos lugares para se ir.

Obrigada por escutar,

Com amor sempre,

Gabrielle.

FIM