Depois que Xena foi amarrada ao cavalo para ser arrastada até a capital, Gabrielle foi colocada na biga do soldado que queria ajudá-la e não parou de pensar em nenhum momento na mulher. Tudo o que repetia em sua mente, era uma prece aos deuses para que Xena pudesse chegar viva até Roma e conseguir fugir para Grécia.

Em determinado momento, Gabrielle se lembrou das visões que Alti havia colocado em sua cabeça e seus olhos se arregalaram. A loira não sabia o que era aquilo, se eram apenas imagens que a bruxa a fez ver para deixa-la louca, ou se realmente vinham de algum lugar.

Agora que sua mente estava mais aberta, Gabrielle começou a se questionar sobre o que realmente estava acontecendo, mas só havia uma pessoa com quem poderia discutir aquilo, no entanto, essa pessoa estava correndo risco de vida naquele exato momento.

Gabrielle cobriu a boca com as mãos para não emitir nenhum som e deixou as lágrimas rolarem enquanto sacudia os ombros. Ela não podia acreditar que Cesar tratou com tanta humilhação a mulher que ajudou a erguer seu império por longos verões.

Depois de controlar o choro, Gabrielle se lembrou das últimas horas e como Xena estava agindo. Sem sombra de dúvidas a guerreira estava determinada a ir embora de Roma, o que fez Gabi se questionar se não havia uma motivação a mais que não fosse a paixão de ambas.

Enquanto se perguntava coisas e até mesmo chorava em intervalos, Gabrielle não percebeu quando se aproximou da cidade e assim que chegou ao pátio do palácio, segurou outro choro e teve de se controlar muito para não correr na direção das masmorras. Isso porque avistou uma quantidade considerável de sangue no chão e um rastro assustados que seguia para dentro do palácio. Xena havia se machucado muito naquela viagem e como se não bastasse sua humilhação, continuou sendo arrastada para dentro.

-Mantenha a calma. – Disse o soldado bem baixo e puxou Gabrielle com força para descer da biga. –Vou ter que encenar. – Disse ele enfim e arrastou Gabrielle para dentro.

Assim que chegaram nas escadas que levavam para as masmorras, Gabrielle pode ver gotas grossas de sangues e algo parecido com vomito no chão. As lagrimas não paravam de escorrer e as marcas deixavam evidentes que jogaram a guerreira escada abaixo.

Quando finalmente chegou até o fim da escadaria de pedra, o sangue a levava para a última cela e nenhum som era audível.

-Me leve até lá. – Gabrielle disse numa suplica e o soldado não hesitou.

Ao se aproximarem da cela que Xena estava, Gabi sentiu muito medo e seu corpo quis arrebentar as barras e tirar sua alma gêmea dali. No momento que observou a figura quase desfalecida e toda ensanguentada deitada nos bancos de pedra que havia ali, Gabi pode jurar que a morena estava morta, mas um pequeno gemido saiu dos lábios feridos e o soldado escancarou a porta da cela.

Gabrielle caminhou lentamente para dentro da cela e chamou por sua amada num sussurro.

-Xena!- Ela chamou enquanto se ajoelhava.

-Gabrielle! – Xena disse num pranto. –Você não deveria ter voltado aqui. – Ainda com os olhos fechados, a morena juntou seu folego e disse alto.

-Alti me mostrou coisas… outro mundo… outro tempo.- Gabi queria dizer muitas coisas naquele momento, mas a primeira que veio, foi sobre as visões.

-Isso não importa agora. – Xena gemeu e ergueu o braço dolorido para se apoiar no ombro de Gabrielle. A morena gemeu mais algumas vezes e Gabrielle a ajudou a se sentar, mesmo achando que não deveria.

-Sinto muito! – Disse Gabi ainda baixo ao ouvir um agudo de dor em Xena.

-Está tudo bem! – A morena abriu seus olhos e olhou para o rosto bonito da barda.

-Xena…- Gabi lutou para deixar a voz calma e continuou. –Quando estou com você, esse vazio que senti durante toda minha vida acaba. – Gabrielle tirou aquelas palavras do fundo de sua alma e apesar de não entender o porquê, sabia que era real.

Xena por sua vez já sabia o motivo daquilo e seus olhos por mais roxos que estivessem, falaram por si só e Gabrielle confirmou que a guerreira sabia de algo.

-Por favor, me diga o que está havendo? – A loira se sentou ao lado da guerreira e a fitou com seus olhos verdes pacientemente.

A mulher não suportou olhar para aquelas esmeraldas e perceber que Cesar havia feito uma crueldade ao afastar o amor de ambas. Gabrielle era linda, amorosa, forte e de coração belo, e por estes motivos e muitos outros, não merecia ser alvo do egoísmo do imperador.

Xena fechou os olhos ao sentir tudo aquilo e duas lagrimas rolaram enquanto os músculos de seu rosto contraiam.

-Cesar mudou os nossos destinos e nos deu um mondo esquecido pelos deuses. – Xena finalmente encontrou forças para dizer aquilo e o olhar de Gabrielle ficou distante.

-Então era isso.- Gabrielle finalmente havia entendido o cerne de seus problemas, a razão para suas frustrações e o porquê nada parecia certo. Agora sim Gabrielle voltava a se sentir como antes, mas algo já estava diferente dentro de si. -Deve haver algo que eu possa fazer. – Gabrielle disse com lagrimas ainda escorrendo e uma certa raiva na voz.

-Não! – Xena disse com urgência e a loira estranhou aquele comportamento. –O que você pode fazer é sair daqui viva. – Xena falou e Gabrielle balançou a cabeça em discordância. –Eu preciso passar por isso sozinha. – A morena finalizou e deixou claro que se sentia mais do que culpada por ter levado Cesar a fazer aquilo e ter destruído o mundo que Gabi merecia.

-Eu não posso deixar você morrer. – Gabrielle disse com o rosto mais perto do de Xena e a morena já sabia que sua barda não iria aceitar facilmente.

-Tem coisas pelas quais vale a pena morrer. – Xena olhou no fundo dos olhos de Gabrielle e repetiu uma de suas falas marcantes. –Não é isso o que diz a sua peça? – Xena deu um sorriso no canto dos lábios e Gabi não pode desviar sua atenção. –Que devíamos estar dispostos a nos sacrificar por amor? –

Gabi deu um suspiro sutil naquele momento e percebeu que foi uma forma de Xena dizer que estava amando.

-Por amor! – Gabi concordou e seus olhos lacrimejaram novamente.

-No outro mundo o meu destino estava ligado ao de Cesar. – Xena continuou. – E também a aquela cruz… eu odiava os dois. – Mais lagrimas escorreram do olho de Xena e ela voltou a encarar Gabrielle. –Agora eu entendo, que tudo acontece exatamente como deveria… precisamente. –

Gabi escutou atentamente e diferente do que queria, assumiu que Xena estava certa. No entanto, sem poder dizer nada, a barda tocou uma parte das costas de Xena e a encarou com amor e pesar. Ela não queria deixar sua amada para trás, mas não conseguia pensar em nada além daquilo, então permaneceu calada, até ouvir passos vindo da escadaria e saltou para se pôr na frente da guerreira.

-Xena, eu não posso te deixar!

-Agora vai! – Xena disse com um sorriso pesaroso.

-Não posso! – Gabi choramingou.

-Vai! – A morena insistiu e Gabi tocou o rosto dela com carinho enquanto negava com a cabeça.

Naquele momento, os olhos delas se encontraram e Xena sorriu com todo o amor que sentia por aquela figura pequena e loira. Ela sentiu em seu coração que em qualquer mundo e em qualquer linha temporal, iria amar Gabrielle com todo seu coração. Ela ainda confirmou naquele instante algo que já tinha certeza a muito tempo, que era o quanto Gabrielle era especial e importante. Sem saber como dizer tudo aquilo, a morena simplesmente sentiu a caricia em seu rosto e falou:

-Eu vou te amar para sempre! – Xena disse sorrindo e Gabrielle retribuiu o sorriso em meio a um pranto.

A barda não tinha forças para responder de volta, então se inclinou rapidamente e beijou Xena com força enquanto seu coração batia forte.

-Imperatriz, chegou a hora. – O guarda que havia escoltado Gabrielle até ali falou apressado e vários guardas invadiram a cela e puxaram Gabrielle para longe dos lábios de Xena.

-Tirem as mãos dela! – Gabrielle falou brava e lutando contra as mãos dos homens.

-SAI. – O guarda pressionou Gabrielle contra a parede e enquanto era arrastada para fora da cela, Xena grudou no colarinho do seu aliado e sussurrou em seu ouvido:

-Tire ela daqui viva. – Ao terminar, o guarda a puxou com muita força e a fez seguir seu caminho para a crucificação aos chutes e empurrões.

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Assim que Xena saiu da cela, Gabrielle sentiu uma angustia tão grande que seu choro saiu da garganta sem pedir permissão. Ela estava apaixonada por Xena e agora tinha lembranças de uma vida que não voltaria mais. Como poderia viver sem o amor de sua vida agora?

Depois do choro, Gabrielle sentiu uma raiva crescer em seu peito e uma sede por vingança que não podia ser medida. Ela não iria se conformar com a ideia de ter tido sua vida, seus pais, seu destino e sua alma gêmea roubada de maneira tão cruel e egoísta. Cesar podia achar que era um deus por fazer tudo isso, mas não era. Para Gabrielle, o imperador era simplesmente a pior criatura que já havia existido na terra e merecia sofrer pela eternidade no tártaro.

Gabrielle não costumava pensar daquela maneira e muito menos nutrir ódio por criaturas tão medíocres como César, mas ele havia mexido com a parte errada de seu coração. Ele havia feito sua vida miserável, depois por um breve momento sentiu o amor que era seu por direito e mais uma vez tomou e levou para a morte. Aquilo não era justo.

O soldado não perdeu tempo em retirar Gabrielle do palácio e aproveitou que Cesar havia ordenado toda segurança no pátio para a crucificação e passou a se esquivar pelos corredores com a barda.

Uma vez que estava do lado de fora mais uma vez, Gabrielle agradeceu ao soldado e começou a seguir sem rumo mais uma vez.

A cabeça que sustentava aquela cabeleira loira estava um turbilhão que só e seu corpo tremia com o ódio e o desespero. Ela não sabia para onde ir e nem como começar sua vingança, mas sabia que iria fazer uma hora ou outra.

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Depois que Xena pediu para que o soldado tirasse Gabrielle viva do palácio, seu coração se acalmou. Tudo o que podia fazer pelo amor de sua vida, havia sido feito e agora era necessário encarar sua morte sem temer.

Ao chegar no pátio principal onde uma cruz a aguardava, Xena não viu a mesma cena de sempre com aglomerado de pessoas, soldados e muita empolgação em ver uma crucificação. Em vez disso, Xena notou olhares amedrontados, preocupados e sem entender ao certo o que estava acontecendo. Aparentemente a crucificação da imperatriz de Roma não era uma atração, principalmente antes do ataque ambicioso a Chin.

Xena foi levada com brutalidade até a cruz, onde foi atirada sob a madeira e os soldados a posicionaram como se fosse um boneco flácido e sem vida. Com os olhos embotados de sangue e lágrimas, Xena olhou para seu lado direito e viu Cesar com seu típico sorriso debochado e Alti triunfante como se ganhasse um prémio de Hades.

No mesmo instante que encarava as duas víboras em seu pódio, Alti sussurrou algo no ouvido de César e o beijou provocativamente. Naquele instante, Xena percebeu que não sentia nada além de pena, pois não importaria a vida, ambos sempre seriam pobres de espírito e fadados a ambições que levavam um futuro vazio.

Com o coração cheio de saudades de Gabrielle e torcendo para que ela estivesse distante dali, um prego de aproximados 15 centímetros entrou em sua mão e um grito de dor escapou de sua garganta.

A cada martelada, Xena soltava um grito de dor e o silêncio no pátio ficava ensurdecedor. No mesmo instante, Cesar abandonou sua ex imperatriz e foi para o interior de sua fortaleza com a bruxa.

Depois de ter ambas as mãos e pés pregados na cruz, os soldados a ergueram e encaixaram num buraco profundo que fez seu corpo seu puxado para baixo e os pregos rasgarem mais um pouco de sua carne. Os buracos queimavam e estar pendurada naquela cruz era tão doloroso que o único desejo era a morte. Uma vez que Xena já havia aceitado seu destino, ela ergueu a cabeça aos céus e aguardou a morte como uma velha amiga.

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Enquanto Xena morria aos poucos na cruz, Cesar e Alti se retiraram para comemorar a grande vitória. Matar Xena havia sido mais fácil que em qualquer outra vida e agora poderiam desfrutar da vida sem medos e preocupações. Pelo menos foi isso que Cesar pensou.

Depois de matar Brutus, Cesar pensou em matar Alti, mas a crucificação de Xena foi adiantada e no meio do caminho, a bruxa o seduziu para seu quarto. Ele dizia para si mesmo que não faria mal se aproveitar mais um pouco de Alti e em seguida matá-la em um momento de fraqueza, então despiu sua armadura e deixou ser levado pelos prazeres daquele sexo.

Alti, contudo, já sabia das intenções de Cesar justamente por ter uma mente tão maníaca quanto a dele e achou melhor acabar com aquilo de uma vez por todas. Ao seduzi-lo, a feiticeira sentiu-se um passo à frente de ter sua vitória diante de Xena e da morte e sacou uma adaga exatamente no momento em que Cesar estava prestes a ter um orgasmo.

Perante a coragem que a maldade de seu coração a dava, a mulher levou o imperador para seu ninho amaldiçoado e assim que ele sentiu o prazer da carne percorrer todo o corpo, a mulher sacou adaga de seu vestido e cravou no peito de Cesar enquanto sorria.

O imperador arregalou os olhos no momento seguinte e sua feição de horror foi tanta que fez Alti acreditar que aquela havia sido a melhor expressão de morte até então.

Cesar pereceu diante de sua vaidade e foi esfaqueado 17 vezes. Quando seu corpo sangrou e levou seu espirito da terra, o homem não pode contar a quantidade de facadas que tinha tomado de Alti e nunca chegou a saber que 17 havia sido o número exato de facadas que havia ganhado dos ministros no senado quando iria se alto proclamar imperador em sua primeira vida.

Vendo o fantasma de Cesar ser varrido da face da terra, Alti retornou para o pátio ainda mais vitoriosa e sorriu para Xena.

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Gabrielle seguiu pela mesma estrada que percorreu na primeira vez que foi libertada do palácio, mas diferente daquele momento, ela não estava interessada em voltar para a Grécia. A única coisa que queria, era poder se vingar daquele mundo.

A loira cavalgou imersa naquela magoa por um bom tempo, até que parou perto de um rio e baixou a cabeça enquanto suspirava.

-Que idiota eu…- Falou para si mesma. –Me vingar como? Com minha pena e pergaminhos? – Ela debochou de si mesma.

Gabi simplesmente se deu por vencida naquele momento e seguiu em frente enquanto recitava uma canção antiga sobre as moiras que sua mãe costumava cantarolar para faze-la dormir.

-Tecendo a teia da vida e da morte.

Moiras irmãs, que cirzam minha sorte.

Urdam e tramem por minha ventura.

Tragam-me uma amada em sua tessitura.

Inda que seja breve a minha vida.

Mesmo sendo fugaz, seja garrida,

Dê-me o privilégio de um amor de companhia.

Mas caso desmerecida eu seja,

Me permitam ao menos entender.

No meio do dia me ajoelharei num monte e num brado as chamarei.

Quem sabe assim talvez me notem e para seu templo me levem,

Ao menos me encarem enfim e me digam quão a mercê está minha sorte.

As palavras saíram numa melodia lenta e dramática dos lábios de Gabrielle e sem se contentar, as repetiu novamente. No entanto, foi na terceira vez que reproduziu o canto que seus olhos estralaram e ela percebeu que aquilo não era só uma canção.

-Me ajoelharei num monte e num brado as chamarei? – Pensou ela em descrença. –Será?

Talvez aquela canção não estivesse tão errada como parecia, afinal, se alguém podia dizer o motivo for tanta desventura, seria ninguém mais que as próprias moiras. Se Cesar havia mudado os destinos e movimentado o curso natural de tudo, então ele provavelmente tinha feito algum acordo com as tecelãs da vida.

Gabrielle cavalgou para fora da estrada e avistou de longe uma das maiores colinas da região. Ela estava se sentindo ridícula por estar cogitando aquilo, mas diante de seu desespero, não parecia ser uma má ideia.

Ao chegar no topo do monte, Gabrielle desceu do cavalo que lhe foi dado às pressas e se jogou de joelhos. Ela não perdeu tempo e urrou pelas moiras.

-MOIRAS! – Ela chamou alto, mas nada aconteceu. Provavelmente sua descrença seria o motivo para aquilo, então limpou a garganta, fechou os olhos e focou na sua crença de que as moiras eram reais e habitavam o mundo. –MOIRAS.- O chamado foi mais forte dessa vez, mas novamente nada aconteceu.

Gabrielle ficou de quatro no pico do monte e começou a expressar uma falta de ar repentina. Ela não estava planejando aquilo, mas o seu estado emocional não estava do melhor. Uma ansiedade percorreu seu corpo e seu peito parecia explodir.

Aquela sensação de morte parecia estar aumentando cada vez mais, até que outro choro veio de sua alma e ela socou a grama que se prostrava com força.

-MOIRAAAS.- Gabrielle já não estava chamando as tecelãs, mas sim amaldiçoando elas. Sua dor era perceptível naquele brado e a raiva estampada em seu rosto era ainda maior. –MOIRAAAS.- Ela chamou novamente como se fosse capaz de matar uma delas e uma chuva grossa começou a cair repentinamente na terra enquanto nuvens se formavam no céu.

Gabrielle estava muito brava e a chuva não a incomodou nem um pouco. Ela continuou urrando pelas moiras como se estivesse desafiando elas até que o chão tremeu e a loira se assustou. A chuva caia muito mais forte e diante de seus olhos uma porta de madeira enorme apareceu.

-Não é possível. – Gabi disse para si mesma e correu na direção da porta.

Ela fez força para abrir a porta e assim que conseguiu, ganhou acesso a um templo alto e cheio de ornamentos em ouro. Quando começou a adentrar o local, uma linha ténue na cor dourada apareceu no centro de seu peito e indicava o caminho até o grande tear das Moiras.

Logo que viu o instrumento de tecer as vidas, Gabrielle ficou horrorizada, pois um emaranhado de fios caia pelo chão e seu próprio destino se enrolava naquele bolo de linha mística. Sem saber direito o que fazer a loira se aproximou daquela aberração e ficou inconformada.

-Cesar nos acorrentou…- A voz de uma das Moiras veio do lado esquerdo do templo e Gabrielle encarou as três senhoras amarradas no pilar. –Ele mexeu no tear…- A mais jovem delas continuou. –Ele criou um verdadeiro mundo de caos e confusão…- E por fim a mais velha delas concluiu.

-Estamos presas nesse mundo por causa de vocês? – Gabrielle falou com raiva e deixou evidente que ela não culpava somente Cesar por aquilo, mas sim os deuses por acharem que deveriam cercar os humanos com suas magias e julgamentos.

As Moiras não disseram nada diante daquela acusação e só observaram quando Gabrielle empunhou uma das tochas do templo e caminhou até o tear novamente.

-Não. – Falou uma delas finalmente. –Se queimar o tear, tudo será destruído.

-Eu estou contando com isso. – Gabrielle disse com os dentes cerrados. –Esse tear destruiu o que eu tinha de mais importante…- E sem se explicar melhor, a barda atirou a tocha no tear e as chamas começaram a devastas os milhares de destinos ali amarrados.

Luzes brilhantes que nunca havia visto em sua vida começaram a sair dali e milhares delas começaram a sair do templo e desaparecer mundo a fora. Gabi caiu de joelhos quando uma delas começou a circular seu próprio corpo e de repente entrou em seu peito com tanta força que a arremessou no chão e ficou desacordada.

Do outro lado da estrada, a alguns quilômetros dali, Xena continuava agonizando em sua cruz e ignorava ao fundo a risada maldosa de Alti. Ela não queria mais estar viva ali e continuou com os olhos fechados enquanto implorava pela morte.

Alti que se deleitava com a visão de Xena sofrendo estava quase satisfeita com aquilo e pronta para se alto proclamar imperatriz, quando seu terceiro olho começou a formigar e o céu começou a ficar forrado de luzes douradas.

A feiticeira ficou séria por um momento, até que algumas luzes começaram a descer no pátio do palácio e colidir com as inúmeras pessoas no local. Um verdadeiro caos foi plantado quando seres humanos começaram a cair no chão e ficarem desacordados e Alti não quis acreditar no que seus olhos viam.

-Não…- A bruxa disse para si mesma e começou a negar o que realmente estava acontecendo. –Não…- Ela disse de novo e uma luz enorme começou a vir em sua direção.

Alti tentou virar para fugir daquilo, mas a energia daquela luz era poderosa. A mesma se chocou contra seu peito e em vez de ser arremessada pra trás, Alti tentou lutar contra ela.

-Eu não vou voltar.- A bruxa disse para si mesma e no mesmo instante, Xena a encarou e deu um sorriso de prazer.

Alti lutou contra seu destino mais uma vez, mas o resultado foi mais catastrófico. Seu corpo que já não exisia mais no outro mundo não pode ser conectato com aquela realidade e agora ela passou a se rachar. O corpo da bruxa começou a se desfazer de uma maneira impressionante, até que explodiu e deixou para trás somente o éco de um grito de frustração.

Naquele momento Xena sorriu de novo e teve certeza que aquilo tinha o dedo de Gabrielle. Extremamente satisfeita com o desfecho daquela odisseia amarga criada por César, a morena aguardou por sua vez, até que a luz que pertencia a ele se chocou com a barriga e partiu a cruz no meio enquanto fazia o corpo machucado cair no chão.

O que se passou a seguir nem ela e nem Gabrielle pode ver, pois todas as vidas da terra que estavam submetidas ao tear da Maioras foram atingidas e o globo terrestre que também foi alterado naquele processo começou a se modificar. Se modificou de tal maneira que em determinado momento não aguentou e varreu do universo aquela realidade absurda.