Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

    Quando viu Xena aproximando-se do pelotão, Ephiny se enfureceu.

    – O que ela está fazendo aqui? – perguntou a amazona.

    – Ela vai lutar ao nosso lado – disse Gabrielle.

    – Minha rainha, não pode confiar nela – questionou a mulher de cabelos cacheados.

    – Acho que ela é digna de nossa confiança – a voz de Gabrielle era dura – não deixe suas emoções nublarem sua razão, Ephiny. Sabe que temos vantagem imensa se ela for.

    A mulher recuou como se tivesse levado um soco na cara.

    – Tem mais – continuou a rainha – quero que você fique aqui no meu lugar.

    – O que?

    – Você é a regente. Com Xena ao nosso lado, posso me dar ao luxo de deixar você aqui cuidando de tudo. Sabe que estou certa, Ephiny – a mulher ia protestar, mas Gabrielle interrompeu – é uma ordem direta.

    Xena viu os punhos da regente se crisparem até ficarem brancos. Ela se aproximou da morena até invadir seu espaço pessoal e a encarou, ameaçadora.

    – Se algo acontecer com Gabrielle – Ephiny rosnou – será o seu fim.

    – Ephiny! – repreendeu a rainha. A regente não recuou.

    – Você me ouviu, princesa guerreira.

    – Não se preocupe – Xena respondeu, calma – a devolverei intacta.

    – É melhor mesmo – Ephiny saiu, com passos rápidos e irritados.

    – Acho que ela não gosta muito de mim – disse a morena, bem-humorada.

    – Ela não gosta de quase ninguém. Mas ama muito as amazonas e é uma boa regente.

    – Bem, certamente ela gosta de você – Xena viu novamente aquele leve rubor cobrir as bochechas da jovem rainha. A loira se adiantou e subiu em um cavalo. Xena a imitou. A rainha olhou confiante para a multidão de mulheres guerreiras dispostas a segui-la.

    – Amazonas – disse Gabrielle em voz alta e firme – vamos buscar nossas irmãs.

    As mulheres ergueram as mãos e gritaram, num brado destemido. Gabrielle estalou as rédeas do cavalo e partiu, seguida por Xena e pelas amazonas.

     

     

    ***

     

    Tudo aconteceu como Xena previra. Mezentius pegou o caminho para Linius e entrou direto nas armadilhas dos centauros. Quando chegou no campo aberto, foi recebido por uma chuva de flechas das amazonas. O homem, furioso, ordenou o ataque, entrando em confronto direto com as guerreiras. A luta foi sangrenta, mas as amazonas ganharam com folga, sem baixas. Mezentius foi morto. Alguns dos soldados que sobraram fugiram, outros foram feitos prisioneiros e entregues ao centauros.

    A ferida mais grave era a de Xena, que recebera um talho fundo na coxa defendendo a vida de Gabrielle. A rainha tinha amarrado a lesão com um nó bastante apertado, mas a guerreira estava pálida e tinha perdido uma boa quantidade de sangue.

    – Pelos deuses, porque você foi fazer isso? Eu tinha aquele cara – resmungou Gabrielle.

    – E me arriscar a receber a fúria de Ephiny? Não sou estúpida – a guerreira se sentia um pouco enjoada.

    – Até parece que Ephiny teria alguma chance. Nunca vi ninguém lutar como você – a rainha estava admirada.

    – Tenho muitas habilidades – disse Xena.

    – Posso ver.

    Quando chegaram à aldeia, foram recebidas por uma grande comemoração. Ephiny logo correu até Gabrielle, para ver se a loira estava machucada.

    – Estou bem – disse a rainha – Xena salvou minha vida.

    Ephiny olhou para a mulher ferida, que lhe enviou um sorriso fraco.

    – Eu cumpro minhas promessas.

    Depois do que pareceu uma intensa batalha interna, Ephiny resmungou:

    – Obrigada.

    – Não há de que.

    – Xena, vá para seus aposentos – disse Gabrielle – logo mandarei alguém tratar de suas feridas adequadamente.

    – Não é necessário. Já sofri coisa pior.

    – Não seja teimosa também. Já tenho o suficiente dessas – disse a rainha.

    – Certo, certo, estou indo – Xena começou a mancar em direção à sua cabana. Uma amazona correu para ajudá-la a andar.

    Xena deitou-se na confortável cama, e deixou a exaustão da noite de batalha e da viagem caírem sobre ela. Adormeceu quase imediatamente, e foi acordada algumas horas depois por batidas na porta.

    – Entre – falou.

    A rainha entrou, carregando uma bacia e panos.

    – Vim tratar da sua ferida – disse Gabrielle.

    – A rainha em pessoa? Não tem curandeiras para isso?

    Gabrielle sentou-se em uma cadeira ao lado da cama.

    – Tenho. Estão bem ocupadas com as outras mulheres. Além do mais, eu queria fazer isso. Nos ajudou e teve essa ferida salvando minha vida.

    – Acho que Ephiny vai terminar me matando de todo jeito – disse Xena.

    A rainha balançou a cabeça, enquanto desatava o nó da bandagem e desenrolava o pano.

    – Ephiny tem que aprender a controlar aquele gênio – disse a loira.

    – Ela é apaixonada por você – falou Xena.

    A rainha enrubesceu.

    – As pessoas dizem isso. Oh, isso não está bom – Gabrielle olhou a ferida, que ainda sangrava – terei que costurar.

    – Você não corresponde os sentimentos dela? – Xena estava se divertindo com a timidez da mulher mais jovem, que começou a limpar sua ferida.

    – Ah, não sei bem – a rainha evitava olhar para Xena – acho que não a vejo dessa forma. Gosto muito dela, mas não assim.

    – Tem preferências diferentes?

    Gabrielle riu, envergonhada, e olhou para Xena.

    – Está esquecendo que sou a rainha?

    – Me disse para não tratá-la como rainha quando estivéssemos sós.

    – Certo, como sempre, estou pagando pelas minhas palavras – começou a costurar o talho na coxa da guerreira e Xena gemeu – desculpe, sei que tenho a mão pesada.

    – Não, tudo bem – a jovem realmente tinha a mão um pouco pesada, mas Xena já tinha passado por situações muito piores – mas você não respondeu minha pergunta.

    – Ah, você é insolente – reclamou Gabrielle, mas estava rindo – na verdade, não tenho ideia das minhas preferências.

    – Oh, não – Xena se controlou para não zombar – não me diga que….

    – Digamos que, se eu quisesse, poderia me tornar uma arqueira da elite de Atena. Exceto que não sou boa com arcos.

    – Uma rainha virgem.

    A jovem, mais uma vez, ficou da cor de um tomate.

    – Quando eu sai de Potedia, estava noiva – contou Gabrielle – mas fugi antes que qualquer coisa pudesse acontecer. E desde então, bem, não tive exatamente tempo pra pensar em relacionamentos.

    – Isso é uma desculpa. Tenho certeza que tem um punhado de amazonas e rapazes querendo uma noite na cabana da rainha. Além do mais, não me referi a relacionamentos, só a uma…

    – Certo, são desculpas. Eu que não quis ainda. Nem sei porque. Deve ser o pudor campestre. Pronto, terminei.

    Xena olhou a ferida. Os pontos estavam pequenos e rentes. A cicatriz seria discreta.

    – Estará boa em alguns dias. Até lá contará com nossa hospitalidade, certo?

    – Gabrielle, realmente não precisa, posso ir amanhã mesmo.

    – Xena, não vou deixar que saia até estar boa. Descanse. Imagino que mal pode esperar para sair por aí se metendo em problemas, mas os terá na mesma quantidade quando se recuperar. Não discuta comigo – disse a rainha ao ver Xena abrir a boca para protestar mais uma vez.

    A guerreira desistiu. Sabia que a rainha estava certa e que dar um tempo para sua ferida estar mais fechada era o correto.

    – Por hoje é só. Amanhã venho vê-la novamente.

    A rainha levantou-se e saiu.

     

     

    ***

     

    No dia seguinte, Gabrielle foi novamente até Xena.

    – Me disseram que andou por aí à noite, Xena – admoestou Gabrielle.

    – Foi só um pouquinho – disse Xena – simplesmente não consigo passar o dia deitada em uma cama, Gabrielle. Pelo menos não sem uma boa razão.

    – Quer razão melhor que sua saúde? – a rainha sentou-se de novo ao lado da cama da guerreira e começou a tirar a bandagem.

    – Consigo pensar em pelo menos uma razão melhor.

    Gabrielle revirou os olhos.

    – Entendi, vai fazer piadinhas por causa do que lhe revelei ontem.

    – Desculpe, Gabrielle. Virgens são raras.

    – Nem sei porque fui lhe dizer. Por algum motivo, parece que não consigo parar de lhe contar coisas sobre mim. E você não me disse nada, além do fato que é de Anfípolis – a rainha começou a limpar a ferida, que já estava com um aspecto um pouco melhor.

    – Hum – a guerreira recuou para dentro de si – não tenho histórias para compartilhar.

    – Deve ter uma infinidade de histórias grandiosas.

    A guerreira calou-se. Gabrielle observou o rosto sério e fechado. Repreendeu-se internamente por tentar fazer a guerreira se abrir. Mas estava curiosíssima sobre ela. Era uma mulher da qual se contavam as mais sombrias e aterradoras histórias, e Gabrielle era uma apreciadora de histórias.

    – Bem, já que não quer falar, lhe contarei mais uma história, mas não sobre mim – Gabrielle continuou – vai lhe distrair do tratamento.

    E começou a narrar um popular poema épico. Xena ficou impressionada com a desenvoltura da mulher. A voz era firme e confiante, e ela sabia colorir cada trecho da história com a emoção e a entonação corretas. A guerreira realmente distraiu-se da dor, e quando menos esperava, Gabrielle tinha acabado de limpar seu corte e enrolá-lo em uma nova bandagem limpa.

    – Você é boa com isso de histórias – disse Xena.

    – Obrigada. Sabe, quando fugi de Potedia, minha intenção era me tornar uma barda viajante. Mas o destino me levou pra outro lugar. Veja, já estou lhe contando mais coisas sobre mim.

    – Quando sai de Anfípolis, queria defender minha cidade – disse Xena – mas acabei me tornando uma assassina.

    Xena surpreendeu-se por ter falado. Desviou os olhos e fechou-se novamente. Gabrielle foi pega desprevenida pelo inesperado compartilhamento. Viu a dor escondida atrás do rosto estoico da guerreira. Segurou a mão de Xena e a apertou. Sentiu a aspereza e as cicatrizes na palma e nos dedos da outra mulher.

    – Parece um caminho solitário – disse Gabrielle.

    Xena voltou a olhar para a rainha. A sensação da mão dela na sua era quase assustadora.

    – Fico triste ao saber que simplesmente irá embora e andará por aí sozinha – continuou a amazona.

    – Estou acostumada – disse Xena. A mulher ainda segurava sua mão. Xena viu-se apertando levemente os dedos da mulher mais jovem.

    – Isso é mais triste ainda – disse Gabrielle.

    – É melhor para todos. Ficar ao meu redor é perigoso. Não tem deveres de rainha, Gabrielle?

    Gabrielle sorriu tristemente. A mulher a afastava. Mas decidiu que tinha conseguido alguma coisa. Apertou mais uma vez a mão da guerreira e levantou-se para ir embora.

    – Não saia andando por aí, Xena, senão vai atrasar a cura.

    – Sim, senhora – disse Xena, risonha novamente.

    Gabrielle balançou a cabeça e saiu.

     

    ***

     

    Xena saiu para sua caminhada noturna. Passou os olhos rapidamente pelo movimento na aldeia e percebeu que a rainha não estava por ali. Adentrou a floresta e foi até o lugar onde saberia que ela estaria.

    Aproximou-se do canteiro de flores e viu Gabrielle. A jovem caminhava lentamente, deslizando os dedos pelas plantas. Parecia bastante distraída.

    – Imaginei que estaria aqui – disse Xena.

    – Oh – Gabrielle voltou-se, surpresa – nossa, acho que poderiam te apelidar de fantasma também.

    – Vim lhe agradecer e dizer que estou partindo amanhã.

    Xena viu a decepção no rosto da rainha, logo seguida por um suspiro resignado. A loira se aproximou dela.

    – Tem certeza? Não quer esperar até estar completamente curada?

    – Já estou boa o bastante – contestou Xena – não quero incomodar mais.

    – Não incomoda – disse Gabrielle – gosto de conversar com você.

    Xena sorriu. Era raro encontrar pessoas com quem se sentisse bem, e a jovem rainha amazona era uma delas.

    – Está mais para monólogos – disse a guerreira.

    – E de quem é a culpa disso? Além do mais, não importa. Gosto de monologar com você.

    Gabrielle baixou os olhos para ver a ferida da mulher. Já estava sem os pontos e praticamente cicatrizada. Estendeu a mão e tocou ao redor da ferida.

    – Parece que já está boa mesmo – disse a rainha.

    Xena engoliu em seco quando sentiu seu corpo inteiro se arrepiar com a carícia. Vinha lidando com a atração que sentia pela jovem ao longo de todos esses dias, o que tornara os momentos de troca de curativo um tanto desafiadores. Mas não fizera qualquer tipo de movimento, pois não pretendia estragar a tranquila camaradagem que tinham compartilhado ao longo daquele tempo.

    – Vai mesmo embora amanhã?

    Xena ficou surpresa com o tom queixoso da mulher. Ela parecia realmente triste com sua partida. Isso era bastante inusitado para a guerreira.

    – Sim, Gabrielle. Mas posso vistar as amazonas, não posso?

    – Hum – Gabrielle fez um muxoxo – vai esquecer da gente no minuto que partir.

    – Garanto que não – disse a morena, e sabia que era verdade – não tenho o hábito de fazer amizades, mas as poucas que faço eu guardo num lugar especial.

    – Então somos amigas?

    – Somos amigas.

    Gabrielle sorriu.

    – Fico feliz de saber disso. Posso abraçá-la?

    – Ah – Xena hesitou – claro, pode.

    A loira envolveu a cintura da guerreira e a apertou. Xena retribuiu o abraço e fechou os olhos. O topo da cabeça da pequena mulher estava bem próximo de seu nariz e Xena pôde sentir o perfume agradável dos cabelos. Controlou-se para não beijá-los. Sentia a respiração da mulher em seu colo e amaldiçoou-se por seu corpo reagir daquela forma ao carinho da sua amiga.

    Gabrielle não a soltava e Xena começava a ficar exasperada. Percebeu que a jovem estava bastante relaxada em seus braços. A loira finalmente se afastou e descolou seus corpos, mas continuou bem perto e não soltou sua cintura. A amazona ergueu os olhos verdes para ela, e o rosto tranquilo mudou para uma expressão questionadora. Antes que Xena pudesse se preparar, a jovem se ergueu na ponta dos pés e beijou seus lábios.

    Xena sentiu todo o seu corpo acender com o simples contato. Baixou os olhos para Gabrielle, que a olhava, meio corada, e ergueu uma sobrancelha.

    – Por que fez isso? – perguntou a guerreira.

    – Tive vontade – respondeu a rainha – não devia ter feito?

    – Me pegou de surpresa.

    – Quero fazer de novo. Posso?

    Xena queria dizer que era melhor não, mas a vontade de sentir os lábios macios era maior. Inclinou-se e beijou a amazona.

    Seus lábios beijaram-se com suavidade, e a jovem rainha encostou seus corpos novamente. O afago era lento e agradável e Xena lutava para não deixar seus ímpetos a dominarem. Coisa que se tornou mais difícil quando sentiu a boca de Gabrielle entreabrir-se e a ponta da língua dela roçar seu lábio inferior.

    Gabrielle pôs a mão em sua nuca e puxou devagar, aproximando mais seus rostos. A língua da rainha pediu entrada e Xena permitiu. A guerreira começou a explorar as texturas daquela boca, os lábios pressurosos e a língua inquieta. A paixão foi aumentando devagar e Gabrielle a apertou com força, gemendo e beijando-a com abandono. Xena finalmente parou de conter-se e se entregou, suas mãos percorriam livremente as costas e os cabelos da rainha amazona e a jovem também não furtava-se de tocá-la.

    Separaram-se quando não podiam mais respirar, e Xena contemplou o rosto afogueado da rainha em seus braços. Os olhos verdes estavam escuros e a boca, vermelha.

    – Xena – a rainha sussurrou – quero que passe a noite na minha cabana hoje.

    A guerreira sentiu seu coração já descompassado aumentar ainda mais o ritmo.

    – Gabrielle…

    – Não quer?

    – Sabe o que está pedindo?

    A rainha a puxou para mais um beijo ardoroso. Xena a empurrou até uma árvore e pressionou-se contra ela, tornando o beijo ainda mais profundo do que já fora. Quando seu fôlego acabou novamente, começou a beijar o pescoço da rainha e sugou levemente seu colo. A jovem respondia com gemidos baixos e suspiros, barulhos que estavam levando Xena ao seu limite.

    Gabrielle segurou seu rosto e olhou-a nos olhos.

    – Venha comigo – disse.

    A loira pegou a mão de Xena e puxou-a.

    0 Comentário

    Digite seus detalhes ou entre com:
    Aviso! Seu comentário ficará invisível para outros convidados e assinantes (exceto para respostas), inclusive para você, após um período de tolerância. Mas se você enviar um endereço de e-mail e ativar o ícone de sino, receberá respostas até que as cancele.
    Nota