9 anos atrás, bosque de Salem.

Uma figura curvada com uma capa de inverno sobre os ombros andava entre as árvores apoiada num cajado e de olhos atentos. Vez ou outra revirava algum tronco caído, tirava alguma pedra do lugar, e passava uma faca afiada no ramo de alguma planta colhendo mais um exemplar para sua cesta já cheia. Sentido as costas doerem, resolveu sentar-se num toco de árvore e descansar por alguns minutos antes de continuar seu afazer que exigia tanta minúcia. A velha Pavati conhecia aquele bosque e aquelas matas como ninguém, embora seu sangue não fosse puramente Hopi, e sim mestiço.  Quase diariamente saía em longas caminhadas coletando plantas com as quais fazia seus remédios, seus chás, suas infusões que tinham o poder de curar muitos males que os estudados doutores não conseguiam.

Apesar da superstição do povo vindo do velho mundo, uma grande quantidade de gente, normalmente desesperada, lhe procurava por ajuda. E o coração honesto dessa velha mestiça só lhe permitia cobrar um valor simbólico, que junto do dinheiro dos ovos que vendia, era o que lhe provinha o sustento básico.

Pavati não gostava de ir à cidade. O centro de Salem era sempre cheio de gente que ela considerava arrogante. Gente branca que havia matado tantos do povo dela

Quando o descanso se fez suficiente ela apoiou seu cajado no chão e esticou o corpo começando novamente a caminhar, contudo uma rajada de vento fez a vegetação se agitar revelando uma figura estranha à sua frente.

Seus olhos se estreitaram como quem tentava ter certeza do que viu e ela se aproximou, afastando a vegetação com a ponta do cajado, resmungando algumas palavras de surpresa em sua língua nativa.

Examinou o pequeno corpo frágil de criança, verificando que tinha vida apesar de um machucado um tanto quanto feio na cabeça. Depois de um suspiro reuniu suas forças e juntou o corpo do chão, jogando Aeleen em seus ombros cansados, e com ajuda de seu cajado fez o caminho de volta para sua humilde casa.

Tempo presente

O trote do cavalo só diminuiu quando ele adentrou um pequeno bosque de terreno um pouco acidentado até pararem numa clareira, tendo a certeza de que não havia ninguém lhes seguindo.

A figura encapuzada desmontou e estendeu a mão para que Aeleen fizesse o mesmo. Embora hesitante, a jovem loira deslizou de cima do animal olhando ainda desconfiada para o seu salvador.

-Quem é você?  – perguntou assustada, sem entender completamente o que havia acontecido.

O ser a sua frente puxou o capuz para trás revelando seu rosto. O cabelo era longo e bastante liso, caindo pelos ombros. Os olhos, de um tom de azul profundo, muito se assemelhavam aos de Marguerite, com a diferença de que neles havia bondade e não frieza, e embora o rosto não fosse exatamente delicado, mas sim angulado e com traços fortes, estava à sua frente uma das mulheres mais belas que ela havia visto. Suas roupas, contudo, não lembravam em nada os vestidos de tecido leve e humildes que as mulheres do povoado usavam, ou os longos vestidos escuros fechados até o pescoço que as que se diziam religiosas tinham orgulho em ostentar. Ela usava uma calça de couro de cor marrom e uma camisa branca, masculina, porém cortada estrategicamente de modo que assentasse melhor no seu corpo feminino.

Aeleen abriu a boca levemente chocada, obviamente supondo até então que seu “salvador” fosse um homem. Ela havia sentido o braço forte lhe puxando, e visto o porte atlético com o qual essa mulher havia empunhado a espada ameaçando os guardas do magistrado e distribuído os chutes que fizeram vários homens cair ao chão.

-Meu nome é Elizabeth – disse a mulher estendendo a mão para cumprimentar Aeleen – e você deve ser Aeleen O’Riley, se estou correta, uma das bruxas de Salem.

Aeleen abriu a boca em indignação – Eu…eu não sou…

– Tudo bem, foi apenas uma brincadeira. E mesmo que fosse, para mim não seria um problema, caso contrário não a teria tirado do meio daqueles malucos.

– Por que você fez isso?  Quer dizer, só Deus sabe o quanto eu lhe agradeço e devo a você, mas você está muito encrencada Elizabeth, o magistrado vai mandar os guardas seguirem a trilha e então vão te enforcar também.

– Pode me chamar de Lizzie. – disse dobrando a capa que vestira momentos antes – e eu não estou encrencada. Encrencado está o cavaleiro encapuzado que te salvou. – disse mostrando a capa e em seguida guardando-a numa das bolsas que estavam presas na cela do cavalo. – Você, no entanto, deveria procurar um lugar seguro.

-Você não respondeu minha pergunta, por que você me salvou?

-Porque aqueles malucos estão matando gente inocente há meses para alimentar o poder daquela chamada Igreja. E dessa vez eu estava no lugar certo e na hora certa pra impedir que mais um assassinato acontecesse.

-Então você não acredita neles?

-Só um idiota não vê que a irmã do reverendo está grávida e não padecendo de um mal causado por magia. Eu sei o tipo de gente que aquelas pessoas são, Aeleen.  Eu não sei o que aconteceu para que você virasse uma vítima deles, e não me diz respeito, mas eu sei que eles são hipócritas, que usam uma máscara apoiada no que eles chamam de religião para conseguir alcançar o poder nessa cidade. Fique longe dessa gente, procure um lugar seguro. – disse montando no cavalo.

– Eu não tenho um lugar seguro, e espera, como você sabe meu nome?

Elizabeth deu uma risada meio irônica.

-Há coisas que você prefere não saber.

– Tudo bem. Obrigada por me salvar – disse Aeleen se recompondo e começando a caminhar na direção oposta.

Lizzie lhe olhou por alguns momentos de cima do cavalo e gritou.

-Para onde você vai?

-Para casa. Como eu disse, é o único lugar que tenho – disse Aeleen virando-se.

– Eu não vou dar mais um show em praça pública para te salvar novamente. Você sabe que eles vão te buscar lá na sua casa.

– Não é como se eu tivesse escolha – Aeleen deu os ombros – tudo que tenho está na minha cabana. Não vou abandoná-la.

Elizabeth suspirou frustrada e então deu meia volta e passou a acompanhá-la no trajeto até a cabana, como uma forma de garantir sua segurança por mais algum tempo. Não trocaram mais palavras durante algum tempo, Aeleen não relutou em ser seguida e Lizzie também não tentou se justificar, mas quando o silêncio não teve mais propósito, uma conversa foi iniciada.

-Então é uma mulher da natureza – observou a morena – morando entre as árvores e tudo mais.  Mas você não é daqui, posso dizer. Seu sotaque é leve, mas perceptível.

-Suas fontes de informação falharam em te dizer de onde venho? – brincou a loira.

-Bom, elas só me informam o necessário para o momento.

– Eu vim da Irlanda quando tinha 11 anos. Acabei perdendo meus pais no mesmo ano e conheci uma mulher chamada Pavati , uma idosa mestiça que me acolheu e terminou de me criar. Ela deixou a casa para mim e me ensinou tudo que sabia sobre as plantas e como usá-las para amenizar os males.

– Entendo. – Ponderou Lizzie por alguns momentos. Ambas chegaram até a humilde cabana de Aeleen, que antes pertencia à Pavati. Lizzie observou que era uma casinha pequena e bastante velha, mas nem por isso era desarrumada. Havia um canteiro de flores em sua frente e um carreiro de pedras redondas formava um caminho que levava até a porta. As trepadeiras de singelas flores amarelas que subiam pelas paredes de pedra davam um aspecto natural e bonito.

Aeleen pediu que Elizabeth entrasse, dizendo que precisava lhe mostrar algo. A casa por dentro não tinha mais que três cômodos, o maior deles era a cozinha, seguido de um quarto humilde com um catre e uma pequena despensa onde era guardada lenha entre outras coisas.

Na cozinha, havia um fogão de pedra com algumas chaleiras e pequenos caldeirões em cima. Na parede ao lado, perto da janela, havia uma grande prateleira cheia de pequenos vasinhos de barros etiquetados com o nome de alguma planta, onde eram guardadas as folhas das especiarias colhidas por Aeleen no bosque.

Na parede que ficava ao lado da porta, um armário continha alguns frascos já cheios de líquidos de diversas cores. Ao centro, uma mesa limpa enfeitada com uma toalha surrada e um vasinho de flor em cima.

-Então essas são suas poções. – disse Lizzie rindo – Tudo que vejo são uma porção de chás e infusões.

-Mas disso que tudo se trata. De remédios naturais. São poderosos, pode apostar, mas ainda assim são apenas chás naturais sem nada mágico.

-Mas imagino que você precisa de muito cuidado ao manejar tudo isso. Alguma dessas pode ser perigosa.

-Não dessas. – disse Aeleen com um sorriso torto – Há plantas que são capazes de originar venenos poderosos. Mas não vejo motivo para mexer com elas. Eu sou uma curandeira, não uma assassina, Elizabeth. – Afirmou Aeleen acendendo o fogão de pedras e colocando uma chaleira cheia para ferver. De um pequeno armário tirou um pão e um queijo.

-Então era isso que queria me mostrar? Que você não é uma bruxa de verdade. Mas eu lhe disse que para mim não importava. Eu já a havia salvado de qualquer forma.

– É uma forma de eliminar qualquer dúvida e te mostrar que você não se arriscou em vão.  – Riu Aeleen – Mas não, não era apenas isso que eu queria lhe mostrar. – disse se levantando e tirando a chaleira do fogo, para levá-la a mesa – se incomoda? Eu preciso comer algo, fiquei horas dentro daquela cela, sem nada.

-Não, claro que não.

Aeleen despejou em duas xícaras um chá que tinha um cheiro bastante agradável e levantou-se novamente, indo até o cômodo que lhe servia de quarto. Ao voltar, sentou-se à mesa novamente de mão fechada e olhou fixamente para Elizabeth.

-Quem é você? – perguntou firmemente.

Elizabeth piscou algumas vezes antes de responder.

-Não lhe basta o fato de eu ter salvado você?

Aeleen aproximou sua mão do pescoço da outra mulher, e puxou para fora da gola um cordão semiescondido, que tinha como pingente uma espécie de amuleto feito de uma pedra verde e duas plumas. Em seguida abriu sua mão em cima da mesa, mostrando um amuleto igual.

-Talvez possa me explicar isso.

Elizabeth suspirou um pouco frustrada, e tomou um gole do chá antes de começar a falar.

-Isso é um amuleto Hopi.

-Sim, da tribo da qual Pavati descendia. E eu suponho que você a conhecia.

-Não. Não exatamente. Assim como a mulher que lhe criou, eu tenho um laço de sangue com os Hopi. Minha mãe era mestiça, é filha de uma mulher Hopi e de um homem branco, e eu sou filha de uma mestiça…com um homem branco. É um laço mais fraco do que o de Pavati, mas ainda assim, isso me foi passado como herança.

-Então você sabia que eu não era bruxa. Que tudo se tratava de Ervas e Chás? Porque você deve conhecer a cultura deles e…

-Aeleen. Eu lhe salvei porque essa era a coisa certa a se fazer. O fato de você ser apenas uma curandeira, ou de ser uma bruxa não faria diferença.

Aeleen estreitou os olhos analisando a mulher à sua frente.

-Como você soube do enforcamento? E como sabe meu nome?

-Eu tive uma orientação espiritual em um sonho. Não me peça para explicar pois eu não saberia, mas eu acredito que tenha sido algo enviado por Pavati. Além disso, muitas pessoas lhe conhecem na cidade. Você pode não ter me visto por lá, mas eu …ando por aí.

-Escondida. – Aeleen ergueu a mão diante da tentativa de Elizabeth falar – Para que mais você teria uma capa preta como aquela?

-Bom, os mestiços não são exatamente o tipo de gente que o povo da cidade aprecia. Você conhece as histórias, os extermínios…

-Mas você não parece ser… digo, em aparência.

-Tem razão. O problema é que o povo da cidade não é o tipo de gente que EU aprecio. Você sabe, a sociedade impõe limites. Eu não quero limites. Não quero vestir vestidos longos e desconfortáveis, e ser pressionada a casar e formar uma família cristã, como uma dama da sociedade deve. Eu quero ser livre, poder cavalgar por aí, ir e vir, ter contato com a natureza, ter as minhas crenças.

-Mas você deve ter uma moradia, não?

-Eu nasci na tribo. Mas minha mãe já não era bem-vista, por ser mestiça, e uma segunda geração mestiça seria mais caso para implicância dos anciãos, apesar do nosso povo ser pacífico. Então minha mãe saiu da tribo junto de seu irmão, enquanto eu ainda era uma criança de colo. Meu tio construiu uma pequena casa perto do mar, onde nos estabelecemos. Mas quando eu tinha cerca de dois anos, minha mãe veio a falecer e eu fui criada por meu tio, que também era mestiço. Ele e minha mãe eram gêmeos.

-Então foi ele que ensinou você a galopar e lutar? Porque essas, sem dúvida, não são maneiras de uma dama – zombou Aeleen.

Elizabeth não respondeu, apenas sorriu.

-E então você recebeu um chamado espiritual para me salvar…

-Eu não estou pedindo pra você acreditar nisso, mas acredite nos fatos. Você precisa sair daqui Aeleen. Eles sabem onde você mora e é uma questão de tempo até que venham te buscar.

-Eu não tenho escolha. É o único lugar que tenho. – respondeu Aeleen calmamente. – E se tiver que acontecer estou disposta a aceitar meu destino.

-Bom, mas eu não – disse Elizabeth levantando-se um pouco exasperada – Eu fui encarregada de salvar você e eu não vou deixar que isso seja em vão. Por isso te peço que venha comigo. Você pode ficar na minha casa por algum tempo, até encontrarmos uma alternativa.

-Isso não faz sentido, eu não posso simplesmente…

-Não faça por mim ou por você, faça pela memória de Pavati. Você pode levar seus matos se é isso que lhe preocupa e…

-Ervas! E tem exemplares muito raros entre elas, que demorei anos pra conseguir.

-Que seja, tanto faz. Junte-as num malão de viagem e os levaremos. Mas ficar aqui é suicídio certo.

-Tudo bem, eu vou, mas isso é algo muito breve, no máximo um dia ou dois até que eu pense numa maneira de me virar.

-Como queira, o importante é que você se salve. Não se trata só do chamado espiritual, eu… Eu não gosto daquela gente. E eu sei do que o reverendo é capaz… sei mais do que gostaria.

-Você já teve algum problema com ele, de alguma forma?

Elizabeth demorou a responder. Caminhou até a janela olhando para fora, analisando se havia algum sinal de gente próxima. Verificando que ainda estavam em segurança, soltou um suspiro frustrado e respondeu brevemente.

-Não.  Mas eu posso ter.

Aeleen não entendeu a colocação, mas resolveu não fazer mais perguntas pelo momento. Dirigiu-se até o quarto de onde tirou uma mala de viagem, e começou a guardar seus pequenos potes de ervas. Numa bolsa um pouco menor colocou algumas roupas e poucos pertences pessoais.

Ambas saíram e prenderam os pertences da jovem loira no lombo do cavalo, montando em seguida. Contudo o animal se agitou ferozmente, recusando-se a iniciar o trote. Ele bufou algumas vezes e bateu uma pata no chão violentamente, indicando que havia algo errado.

Logo o barulho de vegetação sendo afastada se ouviu, e de uma elevação no terreno surgiram três homens: dois carregavam o que parecia uma lança e um deles carregava uma balestra. Lizzie desmontou do cavalo rapidamente e tirou uma faca que estava presa em uma tira de couro em seu tornozelo. A entregou para Aeleen, caso ela precisasse se defender, embora não tivesse muita certeza de que a jovem loira saberia usar uma faca, ou até mesmo seria capaz de ferir alguém se preciso. De uma bainha presa na sela do cavalo, puxou uma espada e se pôs em posição defensiva.

-Nós sabemos quem você é. Entregue a garota e deixamos você ir – disse um deles. O homem trajava uma roupa que apesar de simples indicava uma posição maior do que dos outros dois que lhe acompanhavam. Além das usuais botas e calças justas por dentro delas, vestia um casaco de veludo preto com uma vistosa gola branca e por cima uma capa escura pendia sobre seus ombros largos.

-Nós sabemos que isso não vai acontecer. Primeiro porque se eu deixar vocês a pegarem, vocês me prenderão junto por traição às leis do povoado, e segundo, porque mesmo que eu pudesse realmente ir embora livre, eu não a entregaria tão fácil. – disse Elizabeth com um sorriso irônico.

-Maldita mestiça – resmungou o homem. – Graham… – disse olhando para cima, fazendo sinal para o homem que carregava a balestra, o qual no mesmo instante apontou a flecha para Aeleen.

-Acho que o reverendo precisa de um exemplo vivo para botar ordem na população de Salem. – disse Lizzie, sem perder a calma. – Mas mesmo que você a acerte…vocês ainda terão que tomar conta de mim. E tenham certeza de que eu vou me irritar se ela se ferir.

-Lizzie…- murmurou Aeleen de cima do cavalo.

-Senhorita Elizabeth, veja o quanto você tem em jogo… Só nós sabemos que foi você quem a salvou. Mais ninguém no povoado sabe.  Além disso, reverendo iria apreciar a informação de que Elizabeth S…

-Cale-se seu velho saco de ossos – disparou a garota o interrompendo-o propositalmente.

-O que me diz da proposta? Você deixa a gente pegar essa jovem bruxa sem criar maiores problemas e eu finjo que nunca te encontrei nesse bosque. Pense bem, porque há mais detalhes envolvidos nessa história do que uma única bruxa condenada. Você tem minha palavra, não acredita na palavra do braço direito do reverendo Joseph?

Elizabeth suspirou pesadamente e encarou o homem nos olhos.

-Talvez você tenha razão, Wilhelm….

Deu as costas e estendeu a mão para Aeleen, como quem tenta lhe ajudar a desmontar do cavalo, contudo nesse instante ela deixou seus olhos se encontrarem com os verdes e lhe passarem uma mensagem silenciosa. Fora do alcance da vista dos homens, Aeleen deslizou a faca para a mão de Elizabeth…

-Você realmente não abriria a boca para o reverendo sobre minha presença nessas terras, porque teria vergonha de admitir que teve todos os dentes de sua boca arrebentados por uma mulher.

Elizabeth se virou, e num movimento simples e rápido, atirou a faca que se cravou diretamente no peito do homem que portava a balestra. Ele caiu ao chão ofegando e sentindo a vida se esvair.

Os outros dois avançaram para cima de Elizabeth portando suas lanças. Ela agarrou a lança da mão do primeiro, puxando com ela o corpo do homem para mais perto e lhe dando uma cotovelada forte no rosto, e desviou da investida do segundo lhe dando um forte chute no joelho, que fez o homem perder o equilíbrio e se ajoelhar ao chão. Recuperado do soco, o outro avançou novamente, mas ainda sonso devido a batida no nariz e sem reflexos totalmente funcionais, encontrou o fim na ponta da espada de Lizzie.

Ela agarrou o que ainda permanecia vivo pelo pescoço, apertando com força e olhando friamente nos seus olhos.

-Não, eu não vou matar você, Wilhellm. Você vai voltar para aquele povoado e não abrir a boca sobre ter nos encontrado por aqui. Sabe por que, meu caro? Porque você pode saber de uma porção de coisas, mas eu também sei algumas, algumas sujas que envolvem seu nome e que te jogariam pra bem longe do braço direito do reverendo. E se eu apenas desconfiar que o reverendo ouviu qualquer menção sobre meu nome… Eu vou abrir a boca.

Terminando de falar, acertou mais um murro no rosto do homem, montou no cavalo e iniciou um rápido galope.

-Como você consegue?  – disse Aeleen de olhos fechados, sentindo o vento bater furiosamente em seu rosto enquanto agarrava-se firmemente à cintura de Lizzie.

-Cavalgar não é difícil. Você só precisa conhecer bem o cavalo.

– Me refiro ao que fez lá. Você encarou três homens grandes e derrubou os três.

Elizabeth não respondeu, apenas riu descontraída.