Algumas horas antes.

 

Xena decidiu permanecer no Egito por mais um dia. Talvez para refletir… Pensou Gabrielle, que passou todo o tempo, deste a despedida de Otávio, no grande salão do trono de Cleópatra. Na despedida tentou aproximar-se da guerreira, mas ao olhar o seu semblante sério, triste e confuso, desistiu da conversa que deveriam ter e dirigiu-se para o interior do palácio. Estava insegura e magoada, precisava de um tempo para pensar.

 

Neste momento, ela se encontra sentada no chão, com as costas apoiadas em uma coluna, do lado esquerdo e atrás do trono, encolhida, com os braços envolvendo as pernas e o queixo apoiado sobre os joelhos. Está vestindo sua roupa de guerreira. Ao mesmo tempo em que contempla o pôr do sol, relembra todos os momentos com Xena, quando a conheceu, todas as vezes que ela salvou sua vida, todos os momentos difíceis que tiveram que passar, as aprovações e desaprovações, sempre lado a lado. “Então, por que isso agora? Por que o ciúme e as dúvidas? Por que a insegurança?”. Gabrielle levanta a cabeça e apóia na coluna, pensando: “Xena cadê você?Preciso de você”.

 

A poetiza não consegue entender como Xena pôde se envolver tanto com Marco Antônio. Não era só isso, com Ares também. Em Amphipolis, apesar de Xena negar, a barda tinha certeza de tê-la ouvido confessar que sentiu algo pelo deus da guerra, entretanto, por causa da dúvida, resolveu não tocar novamente nesse tema. Mas agora, no Egito, Xena declarou abertamente sua queda pelo romano. Com isso, Gabrielle começou a questionar sobre o seu relacionamento com Xena. O porquê do fascínio da guerreira por estes homens.

 

“Será que ela não me ama mais? Será que deixou de sentir atração por mim?… Não é isso. Já passamos por tantas coisas juntas. Eu sei que Xena me ama, mas então por que ela deseja outros?”. Indaga a barda.

 

Gabrielle suspira, já era quase noite, não se pode mais ver o sol. Sem a poetiza perceber entram alguns serviçais e começam a acender as tochas. Um deles nota sua presença, dirigi-se a ela e pergunta de maneira humilde:

 

Serviçal: Gostaria de alguma coisa senhora? Frutas, vinho ou cear?

 

Gabrielle que se encontra sentada junto à coluna, mergulhada dentro de si, se surpreende com a pergunta:

 

Gabrielle levantando: Ah… O quê… Desculpe-me, não ouvi o que disse.

 

Serviçal: Gostaria de cear?

 

Gabrielle: Não obrigada. Estou sem fome.

 

Serviçal humildemente: Sim senhora. Quando quiser, basta chamar. Com a sua licença.

 

O serviçal retira-se, Gabrielle o acompanha com o olhar. Em seguida senta-se em um divã, em um dos cantos do salão. Ao sentar, coloca os cotovelos sobre os joelhos e a parte frontal da cabeça apoiada sobre as mãos. Sente o nariz latejando, está um pouco dolorido, Brutus a acertou de jeito. Gabrielle está impaciente por não conseguir achar respostas. Ela levanta a cabeça e resolve deitar. Começa a relembrar como havia conhecido Xena. O fascínio que sentiu. Entretanto, nos primeiros anos de convivência com a guerreira, a poetiza era muito ingênua para entender seus sentimentos. Só compreendeu e aceitou esse amor depois da morte da princesa guerreira em Cirra.

 

Gabrielle não sabia exatamente quando ou como seu fascínio se transformou em amor e desejo, porque foi um processo lento e gradual. Através da coexistência, a poetiza passou a conhecer as qualidades e os defeitos de Xena, admirando e aceitando-os. Contudo, seus primeiros sentimentos, aqueles ligados a nível mais sexual, Gabrielle os reprimiu, pois não compreendia como duas mulheres poderiam ficar juntas.

 

“Já passei noites inteiras admirando Xena. Seus traços faciais… Seus lábios… Sentia uma enorme necessidade de tocar aquele corpo… Só que não sabia como… Ficava questionando se isso era certo, esse sentimento que tomou conta de mim… Perguntava-me se a Xena me entenderia… Adorava e ainda adoro observar meu amor se despindo… Admirar as curvas daquela guerreira… No castelo de Sisyphus foi tão bom sentir o seu calor, seu cheiro, sua proteção…”.

 

Quando ficou drogada, ao comer um pedaço de bolo de nozes em uma caverna, ao tentar ajudar Anteus a não matar o seu filho Ícus, em nome de Deus, Gabrielle acabou confessando que achava Xena linda, apesar de já ter dito isso outras vezes. Mas, nessa ocasião, Gabrielle não conseguiu disfarçar seu enorme fascínio. No estado sóbrio, ela tentou se enganar, falando para si mesma que estava drogada, que a atração que sentiu foi efeito do narcótico, mas foi impossível se reprimir por muito tempo.

 Ao ajudar Salmoneus a lutar contra Talmadeus, Xena foi ferida por um tardo envenenado. Obra de Callisto. A guerreira acabou entrando em um estado de hibernação, para que seu corpo reagisse contra o veneno. Porém, Gabrielle pensou que a princesa havia morrido, desesperando-se. Nunca antes sentira uma tristeza como essa.

 

“Que dor!… Que angústia!… Eu comecei a perceber que meu sentimento para com a Xena era maior que uma simples amizade… Por que precisamos passar por tantas coisas dolorosas para compreender certos anseios?”.

 

A barda lembra como era sua vida antes da guerreira, a tranqüilidade e simplicidade de Potedaia. Como estaria sua irmã Lila? Seu pai Erótubos e sua mãe Écuba? Sentia saudades. “Visitarei minha família ao voltar”. Pensa. Em seguida, vem à imagem de Xena a salvando e as mulheres de sua vila, dos homens de Draco.

 

Fugi de casa em busca de excitação e aventura, mas na verdade acabei encontrando minha alma gêmea e me transformando em uma coisa nunca antes imaginada… Uma guerreira.”.

 

Demorou um pouco para entender o que sentia. Os ciúmes de Marcus, Hércules e de outros. Seu casamento com Perdicus, que na realidade era uma tentativa de fuga dos seus desejos. “Como poderia enganar o meu coração e fugir dos meus sentimentos”.

 

Quando Xena morreu, depois de visitar as ruínas de Cirra, Gabrielle começou a entender seus sentimentos. Sua relação com Xena era algo muito forte. Ao ser beijada pela guerreira pela primeira vez, a poetiza sentiu algo inexplicável, uma excitação nunca antes sentida, mesmo Xena estando no corpo de Autolycus.

 

Gabrielle sorri, ao relembrar o seu primeiro beijo com a Xena, mas em seguida, questiona baixinho: “Bem, não foi tecnicamente o primeiro beijo, pois ela estava no corpo de Autolycus, mas foi a primeira vez que Xena demonstrou seu amor, pois sempre achei que ela era só minha amiga… Ééé… Toda vez que um rapaz chegava perto de mim, Xena ficava uma fera, e, quando me casei, Xena ficou desconsolada… Como foi… Ou melhor, quando foi que Xena começou a me amar? Olha, nunca pensei nisso…” A barda fica furiosa com ela mesma… “Mas por que isso agora? Xena atualmente só está tendo olhos para morenos sem escrúpulos! O que adianta ficar divagando sobre o amor dessa guerreira…”. Gabrielle se repreende e muda de posição, virando para o lado esquerdo.

 

Mas não adianta toda essa censura, pois o coração de Gabrielle não pára de pensar em Xena. A próxima lembrança que invade a mente da poetiza foi o que ocorreu; logicamente o inevitável; depois de Xena ter provado seu grande amor pela barda.

  “Xena resolveu lutar contra a morte, invadiu o corpo de Autolycus, só para conseguir a Ambrósia e voltar a vida para ficar comigo… Foi muito romântico…”. Reflete Gabrielle.

 

O inevitável foi sua primeira noite de amor com a guerreira.

 

Gabrielle lembra de cada detalhe daquela noite. Agitada, sem conseguir expulsar essas lembranças, a poetiza se move novamente no divã, desta vez com a barriga para cima e com o braço debaixo da cabeça, começa a surgir às imagens em sua mente.

 

Depois da despedida de Autolycus, perto da entrada da caverna e próximo ao rio, Gabrielle se aproximou da Xena, que estava sentada, limpando sua espada. Gabby chamou pela princesa:

 

Gabrielle: Xena.

 

Meio sem jeito de iniciar essa conversa, mais disposta a falar sobre o beijo, a barda inicialmente começou esse diálogo de uma maneira descontraída.

 

Xena: O quê?

 

Gabrielle notou que a guerreira continuou limpando sua espada, sem ao menos olhar para ela. A poetisa sabia que quando a guerreira evitava olhar em seus olhos, era uma maneira de fugir de um assunto, ou porque ela estava errada e não queria assumir isso, ou aquele assunto a incomodava de alguma maneira.

 

Talvez Xena estivesse acanhada… Ééé… Nunca pensei nisso… Que engraçado! Reflete Gabrielle, com um sorriso nos lábios. Em seguida recorda o restante da conversa.

Gabrielle: Promete que nunca vai morrer de novo?

 

Xena: Prometo.

 

Gabrielle: Sabe que durante alguns momentos eu soube o que é ser você.

 

Xena: E…

 

Gabrielle: Foi emocionante, acolhedor, gostoso!

 

Xena: Gabrielle; foi numa luta!

 

Gabrielle: Me senti protegida! O mundo precisa de pessoas como você, não é?

 

Xena: É.

 

Gabby relembra, que depois dessa conversa, ela colocou sua cabeça no ombro da Xena por alguns momentos, mas como estava muito ansiosa e disposta a conversar sobre seus sentimentos, tirou sua cabeça do ombro da amiga e virou–se para a guerreira, pronta para dizer a primeira palavra.

 

Por causa do movimento brusco de Gabrielle, Xena virou-se para a poetiza e encontrou com os olhos da amiga. Gabrielle desistiu de dizer qualquer coisa ao deparar com aqueles olhos azuis, em seguida, passou a visualizar os lábios da guerreira, há muito tempo objeto de desejo. Esta percebeu a intenção de sua barda, e por causa disso, começou a aproximar lentamente sua boca, mas nesse momento, chegou Ephiny.

 

“Se não fosse pela Ephiny, provavelmente naquele momento, eu e Xena nos beijaríamos. E… Tecnicamente, esse seria nosso primeiro beijo…” Analisa Gabrielle.

 

Rapidamente, Xena e Gabrielle se levantaram, totalmente sem graça. Ephiny acabou se desculpando, sem saber como reagir.

 

Ephiny: Me desculpe, eu… Eu não queria interromper nada… Eu volto em outra hora… E…

 

Xena tentou amenizar a situação na qual se encontravam, pois não iria esconder uma coisa verdadeira; seu amor.

 

Xena disse tranqüilamente: Ephiny. Tudo bem!

 

Ephiny um pouco aliviada, mas mesmo assim, totalmente encabulada: Certo… É que… Eu vim avisar para a rainha que as amazonas estão esperando por você para voltar para a aldeia.

 

Gabrielle sem graça: Então tá… É melhor já ir mesmo… Porque já anoiteceu… Já está ficando muito tarde… Então vamos…

 

Xena segurou o braço da Gabrielle e falou para Ephiny: Podem ir à frente, que já estamos partindo.

 

Ephiny apenas acenou com a cabeça e se retirou, compreendeu que Xena e Gabrielle precisavam terminar o que ela interrompeu.

 

Xena continuou segurando o braço da barda. Em seguida, a guerreira ficou de frente para sua amada. Deslizou sua mão pelo braço de Gabrielle até chegar em seus dedos, entrelaçando-os. A outra mão, ela colocou no rosto da poetiza. Apesar do nervosismo, a princesa não o demonstrou. Xena contemplou sua amada por alguns instantes, para em seguida dizer com um sorriso sedutor: Onde estávamos?

 

Gabrielle retribuiu o sorriso. Xena aproximou seu rosto, olhando fixamente para os olhos verdes de Gabby, esta sentiu seu coração pular. Sem fecharem os olhos, seus lábios se tocaram, doce e suavemente. Xena afastou sua boca por um instante. Seus lábios se tocaram novamente, mas desta vez, as duas fecharam os olhos. Xena brincou um pouco com os lábios de Gabrielle, chupando–os para em seguida explorar melhor a língua da poetiza. O beijo se tornou mais ardente. Gabrielle colocou sua mão na cintura da Xena, aproximando seu corpo do dela. No final do beijo, Xena continuou com os olhos fechados por alguns instantes, ao abri-los encontrou com o mais doce sorriso nos lábios de Gabrielle. Ficou sem fôlego.

 

“Como Xena deve ter sofrido também… Então por que demorou tanto tempo para me dizer que me queria… Talvez ela sentisse medo… De me perder… Achando que eu não entenderia seus sentimentos…”.

 

Durante toda a trajetória de volta para a aldeia das amazonas, que não durou muito tempo, Gabrielle que caminhou ao lado da princesa guerreira segurando sua mão, não disse uma só palavra. Ficou tentando imaginar o que viria pela frente. Mas antes de qualquer coisa, decidiu conversar com Ephiny, pois sabia, por alto, que haviam alguns casos parecidos com o dela na tribo amazonas, que de certa forma, era um certo costume duas mulheres ficarem juntas.

 

A guerreira resolveu não quebrar o silêncio da caminhada, pois ela fazia suas próprias reflexões. Tais como: seria o certo continuar?… Será que Gabrielle realmente quer isso?… Por que me sinto como uma virgem?…

 

Ephiny, meio receosa, esperava pela rainha.

 

Gabrielle ao chegar sentiu um alívio, pois viu sua amiga a esperando. Com isso, possuía uma desculpa para primeiramente conversar com Ephiny, antes de ficar sozinha com Xena.

 

Ephiny: Me desculpe rainha… É que precisamos falar sobre…

 

Gabrielle mal deixou Ephiny falar, foi logo interrompendo: Oi Ephiny… Precisamos conversar mesmo… Gabrielle virou-se para Xena e disse: Xena… Você se importa?

 

Xena que já havia entendido e compreendido o que a poetiza queria com a Ephiny, respondeu: Eu vou tomar um banho.

 Gabrielle: Isso… Faz isso mesmo… A barda sorriu e disse baixinho, somente para Xena ouvir: Obrigada.

 

Xena retribuiu o sorriso para a Gabrielle e brincou com a Ephiny: Cuidado com o que você vai falar com a Gabrielle.

 

Ephiny não respondeu nada, pois não havia entendido o que realmente Xena queria dizer.

 

A guerreira se dirigiu para a poetiza, acariciou o rosto de sua amada, falou baixinho e de um jeito muito sensual: Depois do banho, encontro com você na cabana da rainha. Tudo bem?

 

Gabrielle que sentiu um calafrio no estômago respondeu: Eu… Estarei esperando por você.

 

Ephiny ouviu toda a conversa, não podendo evitar, com isso compreendeu a “ameaça” da Xena.

 

“Nossa! Como eu era tímida… Não é por menos, eu nunca tinha sequer imaginado que duas mulheres… Um dia poderiam… Se apaixonar… Mas eu fiquei muito envergonhada. Fiquei mesmo… Fiquei toda sem jeito de fazer certas perguntas para a Ephiny… Coitada… Ela ficou toda encabulada…”.

 

Depois que Xena partiu para a cabana de banhos, Gabrielle pegou o braço da Ephiny e a puxou para a cabana da rainha. Chegando, as duas sentaram na cama. O quarto era muito enfeitado, com vária mascaras e objetos de luta.

 

Gabrielle totalmente envergonhada e sem jeito para perguntar: Ephiny… Eu não sei como perguntar… Eu só sei que há algumas amazonas que já passaram por isso… Bem, é o que eu ouvi… Como é…

 

Ephiny decidiu facilitar as coisas para a Gabrielle, já que esta se mostrava um pouco acanhada com o assunto.

 

Ephiny: Você quer saber como duas mulheres podem ficar juntas, não é isso?

 

Gabrielle ruborizou: É… Mais ou menos isso…

 

Ephiny: É muito comum aqui na tribo esse tipo de coisa, só que não seria melhor você saber isso pela Xena?

 

Gabrielle: Eu acho que ela também está um pouco… Você sabe… Sem jeito… Envergonhada…

  Ephiny: Não acredito nisso. Xena é mais velha, é guerreira. Aposto que ela está nervosa pelo fato de gostar de você, não pelo fato de não saber o que vai fazer.

 

Gabrielle: Xena está em vantagem, pois as duas coisas me deixam nervosa.

 

Ephiny: O meu conselho é que você relaxe, e deixe que a Xena conduza as coisas.

 

Gabrielle inconformada: Esse seu conselho está muito vago… Eu preciso ter uma noção de como as coisas vão transcorrer.

 

Ephiny: Esse tipo de assunto não é resolvido apenas com palavras… Você tem que vivencia-lo. Entendeu?

 

Gabrielle: Você já passou por isso, Ephiny?

 

Ephiny: Sim.

 

Gabrielle: E… Como foi?

 

Ephiny: Foi carinhoso, excitante, diferente…

 

Gabrielle: Ah… Pelos deuses… Eu estou muito nervosa… Nem na minha noite de núpcias com Perdicus fiquei desse jeito…

 

Ephiny segurou a mão de Gabrielle, percebeu que estava fria e unida. Em seguida ratificou seu conselho: Não fique, deixe que a Xena conduza as coisas, era mostrará como fazer.

 

Xena entrou na cabana.

 

Ephiny se levantou e disse: Vou deixa-las a sós. Amanhã conversaremos sobre seu reinado Gabrielle.

 

Gabrielle: Obrigada Ephiny.

 

Ephiny apenas sorriu, em seguida dirigiu-se para a porta, onde se encontrava a Xena que, estava com o cabelo molhado, segurava suas armas e sua roupa de guerreira, vestia apenas sua roupa de couro.

 

Antes de sair, Ephiny falou baixinho para a Xena.

 

Ephiny: Seja gentil, ela está muito nervosa.

 

Xena sorrindo disse no mesmo tom de Ephiny: Então somos duas, me sinto como uma virgem.

 

Ephiny riu: Não se preocupe você vai se sair bem.

 

Xena: Obrigada.

 

Ephiny se retirou. Do lado de fora da cabana, a amazona deu ordens para as outras não incomodar a rainha.

 

Após a saída da amiga, Gabrielle perguntou para a Xena.

 

Gabrielle curiosa: O que vocês cochicharam?

 

Xena colocou suas coisas em cima de uma mesa, em seguida foi ao encontro de Gabrielle.

 

Xena sentou na cama: Nada de mais.

 

Gabrielle um pouco ciumenta: Como nada de mais. Ela praticamente sussurrou em seu ouvido.

 

Xena respondeu brincando, para descontrair a situação: Tá bom. Eu digo se você me dizer o que ela falou para você.

 

Gabrielle um pouco revoltada: Isso não é justo!

 

Xena: Por que não?

 

Gabrielle suspirou, não sabia como diria aquilo que estava afligindo-a a muito tempo.

 

Gabrielle: Você sabe o porquê… E você sabe muito bem o que foi…

 

Xena: Quero ouvir de você.

 

Gabrielle: Eu estou com medo!

 

Xena segurou a mão da Gabrielle e começou a acaricia-la, em seguida disse docemente: Não tenha, não vou machucar você.

 

Gabrielle abaixou a cabeça e respondeu: Eu não sei o que fazer.

 

Com a outra mão, Xena segurou gentilmente o queixo de Gabrielle, levantando e virando a cabeça de sua amada, fazendo com que os seus olhares se encontrassem.

 

Xena: Bem… Também vou confessar uma coisa… Estou muito nervosa. Há muito tempo não fico assim… Mas se você não está se sentindo preparada… Eu entendo.

 

Gabrielle admirou por alguns momentos aquele ser na sua frente. As tochas faziam com que o cabelo molhado da guerreira refletisse as luzes do ambiente. Seus olhos azuis mostravam o profundo amor que sentia pela poetiza. A barda ficou sem ar, seu coração acelerou. Suas mãos tremiam.

 

Gabrielle aflita: Eu… Eu quero você… Só que não sei como… Sinto vontade de te beijar… Acariciar seu corpo… Só que não entendo…

 

Xena compreensiva: Você não entende como duas mulheres podem se amar? É isso?

 

Gabrielle mais calma: É sim. E isso tem mexido comigo… Como foi… É você sabe… Sua primeira vez…

 

Xena: Foi com uma velha amiga… Sabe Gabby… Xena sorriu. Colocou sua mão no rosto da barda e perguntou: Posso te pedir uma coisa?

 

Gabrielle curiosa: O quê?

 

Xena aproximou sua boca no ouvido da Gabrielle, sussurrando provocativamente: Confie em mim!

 

Gabrielle virou seu rosto, ficando a poucos centímetros dos lábios da Xena: Sempre!

 

Xena beijou Gabrielle. Em um primeiro momento, foi apaixonante e excitante, terminando de maneira suave. A barda, que se encontrava ao lado da guerreira, sentou no colo de Xena, envolvendo a cintura da princesa com suas pernas e o pescoço com seus braços.

 

As mãos experientes da guerreira tiraram o colar de penas que envolviam o pescoço da poetiza, pois esta se encontrava com sua roupa de rainha das amazonas. Xena em seguida, começou a beijar o pescoço de Gabrielle, esta gemia a cada toque. Xena abaixou a alça do bustie, beijou o ombro da barda. Primeiro foi o direito, depois o esquerdo. Parou por um momento. Xena levantou a cabeça e encontrou os olhos de Gabrielle, completamente tomados pela luxuria. Xena ficou sem ar. Seus dedos deslizavam pelas costas de Gabrielle. Esta por sua vez acariciava os cabelos molhados da princesa.

 

Gabrielle pegou a mão direita da Xena e colocou acima do seio esquerdo. A guerreira sentiu o coração acelerado da poetiza. Esta por sua vez disse: Está batendo por você… Xena, eu te amo!

 

Gabrielle puxou a cabeça da guerreira para um beijo. Sua língua invadiu a boca da Xena. Todo o medo e insegurança que dominou Gabrielle foram substituídos por um enorme desejo, de acariciar e ser acariciada, pela mulher amada.

 

Xena ao mesmo tempo em que beijava Gabrielle, desamarrava sua blusa. Ao terminar, afastou seus lábios da boca de Gabrielle, redirecionando-os para os seios da barda. Gabrielle entrou em êxtase ao sentir aquela língua e aqueles lábios. Seus mamilos enrijeceram de prazer.

 

Xena cuidadosamente levantou. Gabrielle continuou em seu colo. A guerreira deitou Gabrielle na cama, sem deixar de olhar em seus olhos. Xena retirou as botas da rainha, bem devagar. Ao terminar deslizou suas mãos pela lateralidade das pernas da poetiza, indo dos pés ao quadril. Em seguida tirou a saia da Gabrielle que, em momento algum, abandonou os olhos azuis de Xena. Ao terminar, a princesa que estava de pé ao lado da cama, contemplou aquela mulher que era a sua luz, completamente nua, disposta a lhe dar seu amor, seu corpo e sua alma.

 

Xena abaixou a alça de sua roupa de couro. Gabrielle levantou o tronco para poder visualizar melhor sua amada. Em seguida a guerreira abaixou a outra alça. Sua roupa deslizou suavemente pelo corpo, caindo ao chão. Nua, Xena ajoelhou. Puxou as pernas da Gabrielle, fazendo com que ela se aproximasse da guerreira e sentasse na beirada da cama. A cama não era muito alta. Assim o rosto da Xena ficou no mesmo nível do rosto da Gabrielle. A guerreira pegou as duas mãos da poetiza e as beijou. Depois disse:

 

Xena: Por você fui capaz de voltar de tartarus… O que sinto é mais forte que a morte… Nada nesse mundo e nem ninguém será capaz de mudar o meu amor por você… Eu te amo e sempre amarei… Minha luz…

 

Gabrielle ficou emocionada. Algumas lágrimas caíram de seu rosto. Nunca viu Xena se entregar desse jeito.

 

Xena passou seus dedos pelo rosto de Gabrielle, enxugando suas lágrimas. Depois disse: Hei… Não chore…

 

Gabrielle pegou a mão de Xena e beijou-a: Tudo bem… É que foi tão bonito o que você me disse… Que… Fiquei emocionada… Significou muito ouvir isso de você!

 

Xena: Eu esperei por esse momento por muito tempo… Dizer que te amo… Xena beijou levemente os lábios de Gabrielle, em seguida continuou: Beijar seus lábios…

 

Gabrielle: Eu também…

 

Xena beijou Gabrielle. Enquanto faziam isso, deitaram na cama. A seguir, a princesa guerreira começou a beijar o pescoço da poetiza, descendo devagar, até chegar aos seios, parando para saboreá-los, mesclando leves mordidas com pequenos beijinhos. Gabrielle completamente excitada gemia de intenso prazer. De repente, Xena parou, para recomeçar a beijar a barriga da barda…

 

Serviçal: Senhora… Senhora… Como não obteve resposta da Gabrielle, o serviçal tocou o ombro da poetiza, e chamou mais alto: SENHORA!

 

Gabrielle levou um susto, pois estava totalmente concentrada em suas lembranças.

 

Serviçal: Perdoe-me, não quis assusta-la, e que recebi ordens de chamá-la.

 

Gabrielle senta no divã e fala: Tudo bem. Quem está me chamando?

 

Serviçal: Shiana. Ela ordenou que eu procurasse você para comunicar que os preparativos para sua partida e da sua amiga já estão providenciados.

 

Gabrielle: Por acaso você sabe onde minha amiga esta’?

 

Serviçal: Xena está em seus aposentos conversando com Shiana.

 

Gabrielle: Certo. Obrigada.

 

Serviçal: Com licença.

 

A rainha das amazonas ainda não havia chegado há uma conclusão sobre a atração que Xena, ultimamente, andava sentindo por alguns homens. Mas de uma coisa ela tem certeza.

 

“Nada nesse mundo e nem ninguém será capaz de mudar o amor que Xena sente por mim… Ela é minha alma gêmea… Estamos destinadas a ficar juntas… Para todo o sempre…”.

 

Pensando nisso, Gabrielle levanta, pronta para deixar o salão e expressar para sua amada o que o seu coração nunca duvidou: Xena ama Gabrielle, e a barda ama sua guerreira. Nada e nem ninguém irá mudar isso.