Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

As portas da Tardis se fecharam e a Doutora correu até o painel de controle para em seguida apertar dezenas de botões e ativar vários comandos.  Yaz pouco a pouco havia se familiarizado com tudo aquilo, em alguns momentos chegou a cogitar que ela própria poderia pilotar a Tardis de um jeito mais seguro que a própria Doutora. Obviamente sua experiência e conhecimento era mais limitados, mas suas escolhas muito menos ousadas.

“Eu sei o que você está pensando… Em que lugar aleatório totalmente oposto de Atenas iremos parar dessa vez”.

“Eu não disse nada” retrucou Yaz com um falso sorriso.

“Pois dessa vez, deixemos ela nos levar para onde quiser. Vamos confiar na intuição dessa velha cabine, o que acha?” perguntou a Doutora fitando Yaz nos olhos com um semblante desafiador.

Yaz revirou os olhos sabendo que seria inútil tentar argumentar. Sair à esmo com um mal de tamanho poder solto por aí, que poderia se alimentar de milênios de dor e trauma não lhe parecia a coisa mais confortável a se fazer, mas não era muito diferente das aventuras diárias nas quais embarcavam. Quando fazia menção de abrir a boca para responder, ambas foram balançadas por um forte solavanco, como se a Nave houvesse sido parada por algo.

“Uuuf, para choques em dia” exclamou a Doutora.

Antes que pudessem verificar a origem da interrupção, as portas da cabine se abriram de maneira abrupta, como se uma rajada violenta de vento entrasse no local, levando ambas ao chão. A Doutora estendeu a mão ajudando Yaz a se levantar e olhou ao redor. Escaneou os arredores com sua chave sônica, mas ela não emitiu nenhuma frequência estranha.

“Esquisito” resmungou. Uma pequena sirene com um barulho irritante que lembrava muito um despertador disparou no painel da Tardis. “Oh”.

“Oh?” respondeu Yaz. “Não gosto quando você diz ‘Oh’. Que raios de alarme é esse?”

“Alerta de fantasma”.

“Alerta de fantasma? Você colocou um ALERTA DE FANTASMA na Tardis??!”

“Você nunca sabe quando vai precisar de um”, disse piscando com um olho. “Parece que seu pedido de Halloween vai ser atendido, Yasmin Khan”.

Aos poucos uma figura que oscilava entre etérea a corpórea apareceu na frente delas, como se uma frequência que estivesse tentando se estabilizar ordenasse sua aparição.

“Ajudem… Gabrielle…. por favor”.

“É o que a gente está tentando fazeeeeer, seja lá quem for ela!!!” gritou a Doutora um pouco exaltada. “Quem diabos é você” disse escaneando o ambiente com a chave sônica tentando estabilizar a frequência.

“Xena” disseram Yaz e a própria aparição em uníssono. A figura de Xena parou de oscilar.

“Por favor… eu não consigo…”

“Onde?” perguntou a Doutora mortalmente séria.

“Navio Algaion. Há 400 léguas mar adentro a partir do Porto de Atenas”.

A Doutora empurrou uma alavanca no painel da Tardis e Yaz sentiu ela acelerar a todo vapor. O espectro havia desaparecido. Alguns segundos depois aterrissaram encontrando Gabrielle no convés do Navio rodeada de marujos armados. Ela lutava com destreza e arremessava muitos deles ao mar, enquanto outros acabavam voando pelo deck, mas eram inúmeros e a desvantagem numérica começava a pesar. A Barda olhou surpresa para a enorme cabine de polícia se materializando em sua frente, e a distração por meros segundos acabou lhe rendendo um corte no ombro esquerdo. A Doutora estendeu a mão e apenas gritou:

“Venha!”

Com o sangue escorrendo pelo braço esquerdo e manchando a manga do seu casaco e o cansaço da luta lhe dominando, Gabrielle ignorou todos os seus questionamentos e apenas segurou a mão daquela figura loira estranha, sendo puxada para dentro da “caixa azul”.

Um pouco atordoada, ela caiu ao chão sem equilíbrio, mas foi prontamente ajudada por Yaz.

“Pelos deuses” exclamou levando a mão ao rosto e depois ao ombro ferido.

A Doutora chutou uma placa metálica de uma das paredes da Tardis revelando um compartimento com um pronto kit de primeiros socorros. Yasmin sinalizou que Gabrielle se sentasse em um dos degraus para que pudesse cuidar de seu ferimento.

“Quem são vocês? Esse lugar…é…”

“Maior por dentro, eu sei, é difícil explicar, mas…”

“Um templo?” perguntou interrompendo a Doutora.

“O que? Não! É só a minha…Nave. Por que todos acham que temos alguma coisa a ver com os deuses? Essas comparações… Eu conheci Apolo uma vez, arrogantíssimo. Achando que tinha algum controle sobre o Sol, rá, até parece”.

“Ares é bem pior, acredite” murmurou Gabrielle retirando o casaco de couro para que pudesse cuidar do ombro.

“Eu sou a Doutora. E essa é a minha companheira, Yasmin Khan”.

Yaz engoliu seco ao ouvir a palavra ‘companheira’ mais uma vez. Como queria que aquilo representasse mais do que realmente representava.

“Você pratica medicina?”

“Só às terças. Na realidade, hum, Gabrielle não é? Na realidade estávamos procurando você há algum tempo e de repente alguém simplesmente nos pediu pra dar um pulinho nesse navio cheio de gente violenta e malcheirosa”.

“Como vocês sabem meu nome… o que está acontecendo?”

O espectro de Xena se materializou perto da porta da Tardis. Agora estava mais estável, mais corpóreo. Ela sorriu triste e caminhou até Gabrielle que tinha seu ombro cuidado por Yaz.

“Quão ruim está o ferimento?” perguntou sentando-se ao lado da barda. “Não vai precisar de sutura. Melhor assim. Eu sinto muito, Gabrielle” disse segurando sua mão.

A Doutora cruzou os braços e apertou os olhos com curiosidade. Observou Xena segurando a mão de Gabrielle e aproximou-se quase que sorrateiramente.

“Com licença, eu só quero testar algo…” e com o dedo indicador, como uma criança que está prestes a apertar um botão proibido, tentou cutucar o braço de Xena, sem obter sucesso pois sua mão a atravessou. “Fantasma. De fato. Mas por que não seria? O Alarme de Fantasma da Tardis não estava errado. No entanto, as regras não se aplicam a todos. Interessante”.

Yaz terminou uma bandagem protegendo o ferimento, deu uma olhada em seu trabalho e levantou-se dali.

“Tatuagem legal.” Disse referindo-se ao enorme dragão que cobria as costas de Gabrielle “Você é difícil de encontrar, Gabrielle de Potédia” pontuou Yaz.

“Veja só que loucura” começou a Doutora gesticulando de maneira animada, e com isso Yaz já sabia que lá vinha toda uma história “Minha amiga Yaz aqui estava atrás de fantasmas e nós viemos parar aqui. Daí as coisas ficaram meio loucas e acabamos captando algumas energias estranhas e a gente tem essa coisa, sabe, esse talento natural para perseguir coisas estranhas e ajudar pessoas então um velhinho simpático e falante no Mercado de Atenas nos disse que vocês duas eram as pessoas certas para lidar com coisas estranhas, que costumavam…resolver problemas. Foi aí que saímos procurando Gabrielle de Potédia, exceto que em vez de irmos parar em Potédia nos perdemos de novo e pousamos numa vila de Amazonas no meio de um quebra-pau danado com alguns…cultistas de uma entidade estranha aí a rainha amazona nos disse que Gabrielle estaria no porto de Atenas mas curiosamente nossa nave foi interceptada por um…fantasma? E, ufa, finalmente, aqui estamos”. A Doutora terminou de falar e puxou o fôlego, enquanto Yasmin cobria os olhos com uma mão, se perguntando para onde haviam ido as vírgulas.

“Gabrielle, eu sinto muito. Eu não conseguia atingi-los para te ajudar, então eu saí em busca de ajuda no primeiro lugar que encontrasse” disse Xena com pesar.

“Suponho que os rufiões que lhe atacavam eram homens de Alti, estou certa?” indagou a Doutora.

“Como vocês sabem disso?” perguntou Gabrielle.

“São do mesmo grupo que atacou as Amazonas, estavam à sua procura.”

“Mas é estranho. Eles não queriam me matar. Essa ferida em meu ombro poderia ter sido fatal se ele mirasse a espada corretamente. Eles queriam que eu fosse com eles, viva”.

“Alti está tentando lhe sequestrar” disse Xena.

“Afinal, ela está viva ou não?” perguntou Yaz.

“O espírito dela é poderoso. Mesmo sem um corpo, ela consegue atacar as pessoas em alguns níveis. Mas eu não sei o que ela poderia querer comigo agora”.

A Doutora retirou sua chave sônica do bolso e a ativando fez alguns movimentos ao redor de Gabrielle, que tentou afastá-la como quem afasta uma mosca importuna.

“Oh.” Disse inclinando a cabeça e arregalando os olhos.

“Ah, eu não gosto desses ‘ohs”. O que foi agora?” perguntou Yaz. Xena, no entanto, não parecia exatamente surpresa.

“O que é essa coisa?” perguntou Gabrielle com um pouco de irritação.

“Eu não sei se era o tipo de notícia que você estava esperando, mas… Você tem um bebê aí dentro”.

“O que?!?!” Gabrielle exclamou quase se engasgando e ficando em pé “Você endoidou? Isso é impossível.” Ela olhou para Xena com pânico nos olhos “Xena, eu… Você sabe que isso é mentira”.

Xena suspirou. Yaz observou pensando com curiosidade se espíritos realmente precisavam suspirar ou aquilo era força do hábito, mas sabia que aquele não era o momento para esse tipo de indagação.

“Gabrielle, está tudo bem” tranquilizou Xena.

“Eu não estou… Grávida. Isso é biologicamente impossível”.

“Já passamos por isso antes”.

“Eu sei, mas… Pelos deuses… os enjoos… A sensibilidade à cheiros… Como…?” exclamou a barda colocando as mãos sobre o próprio ventre.

“Afrodite…” disse Xena.

“Você sabia esse tempo todo? E não me contou?”

“Não há tanto tempo… Foi quando…eu consegui sair do reino espiritual do Japão e voltar para o seu lado. Quando eu tive aquela conversa… Com Athena, ela me entregou um pergaminho de Afrodite, onde ela dizia…algumas coisas, entre elas, que isso era uma medida desesperada para lhe salvar do luto. Mas eu não entendo…Ela disse que você aceitou esse presente. Eu achei que você… tivesse alguma ideia do que estava acontecendo”.

“Eu estive com Afrodite há alguns meses… Ela me ajudou quando eu estava em um momento difícil e eu pude descansar em um de seus templos, mas eu nunca…”

“Ops.” Disse a Doutora, ciente de que havia revelado mais do que deveria.

“Você sabe o que isso significa, Gabrielle. Alti já fez esse movimento antes” disse Xena com tristeza na voz.

“Ela quer a alma desse bebê para tomar o lugar dele.” Disse levando as mãos ao seu próprio ventre “Pelos deuses…Por isso os homens tentavam me sequestrar e falavam em um ritual.”

“Espera aí, isso já aconteceu antes, certo? Eve me disse que… Alti tentou roubar a alma dela. Como vocês resolveram isso da primeira vez?” perguntou Yaz.

“Isso foi há mais de duas décadas…Com um encantamento feito com âmbar de uma árvore da floresta das Amazonas. Aquela floresta sequer existe hoje em dia”.

“A menos que pudéssemos voltar no tempo e coletar o âmbar há duas décadas atrás” disse a Doutora dando de ombros. Xena e Gabrielle lhe fitaram incrédulas.

“Mesmo que isso seja possível, da primeira vez tínhamos os restos mortais de Alti para fazer o encantamento funcionar. Agora não temos nada. Precisamos encontrar outro meio” afirmou Xena “Eu posso procurar Alti e lutar contra ela no mundo espiritual, mas será uma solução temporária em vão. Não se pode matar o que já está morto… Exceto se ela for revivida. E ainda assim precisaríamos encontrar um meio de destruí-la completamente, corpo e espírito.”

O recinto ficou em silêncio por alguns minutos.

“Muito bem…só eu estou pensando no problema que isso representa? Se uma xamanesa morta já consegue causar encrenca o suficiente, quem é que vai lutar contra ela VIVA? Eu não sei vocês, mas eu tenho zero experiência com entidades malignas espirituais, a Doutora é total contra o uso de armas e uma mulher grávida não deveria sequer chegar perto de algo assim.

“Eu lutarei com ela” disse Xena.

Nota