Capítulo 7
por Fator X - LegadoCapítulo 7
“E o que você comprou para a Maria?”.
Ronnie apertou o botão de mudo no controle remoto e virou sua cabeça para olhar sua companheira. Oh! Vamos tentar isto outra vez? “Um presente”. Em um canto de sua boca se formou um sorriso zombador.
“Vamos, me diga, por favor?”. Rose lhe deu uma de suas melhores olhadas de filho de cachorrinho. “Não lhe direi nada, prometo”.
“Já lhe disse,… um presente”. Ela lançou uma pipoca de milho no ar e a agarrou em sua boca. “Agora, pensei que você queria ver esse programa?”.
“Quero, mas desejo saber o que comprou também. Uma pista”.
Ronnie fingiu considerar a petição por um momento antes de sorrir malignamente com uma diabólica olhada em seus olhos. “Não é algo que Maria possa sair e comprar para si. Mais ou menos”.
“Essa é uma pista muito podre”, Rose se queixou, tentando pegar sua xícara.
Você fica tão linda quando faz birra. Ela alcançou a xícara primeiro e se levantou. “Ah, vazia. Quer mais?”.
“Não, já tive muito chocolate quente por esta noite. Mais e ficarei acordada a metade da noite”. Estendeu-lhe sua mão. “Vamos, sente-se e relaxe. Você está perdendo o programa”.
“Quer a bandeja dos aperitivos em cima ou embaixo?”.
“Em cima. Não precisamos de mais”, Rose respondeu.
“Tem certeza, não é problema”. Ronnie cumpriu imediatamente, sabendo que a bandeja dos aperitivos em cima era um prelúdio para algo mais agradável do que ver um programa de televisão. Deixou sua xícara na mesa de café e voltou a sua almofada, desta vez com seus pés acima e descalços entre ela. “Oooh”, fez um gemido exagerado e mexeu os dedos dos pés.
“Seus pés estão doendo?”. Perguntou Rose.
“Nada pior do que o habitual”, respondeu. Ah, sim… Você sabe o que eu quero, pensou para si quando sentiu que seus pés foram colocados no colo de Rose. Espero que seus dedos não estejam cansados esta noite. Levantou seu calcanhar em resposta ao suave puxão de suas meias. Logo estava descalça e os hábeis dedos de Rose apagavam as dores do dia e não teve alternativa exceto gemer com prazer. “Você faz isso tãaaoo bem…”.
“É fácil com você. Sei justamente onde apertar e esfregar”. Rose demonstrou sua habilidade pressionando seu polegar firmemente através do arco do pé esquerdo de Ronnie.
“Hummm, você pode parar em… oh sete ou oito horas”. Fechou os olhos e suspirou. Isto é tão gostoso.
“Ou talvez pare se não me disser que presente comprou para Maria”. Seus dedos pararam como se levando a cabo sua ameaça.
“Você é difícil de desistir”, Ronnie admitiu. “Não é muito, só um bilhete de avião”.
“Um bilhete de avião? Para onde?”.
“Arizona”.
“É onde está seu filho”, Rose lembrou.
“Ela não o vê a um ano. Pensei que ela gostaria de fazer uma viagem para visitá-lo”. Levantou uma sobrancelha. “Então? Vai continuar?”. Enfatizou seu ponto mexendo os dedos dos pés.
Rose riu e continuou a massagem. Havia chegado a ser um tácito ritual entre elas. Ronnie gemeria por causa de seus pés e ela imediatamente ofereceria para esfregá-los. Elas poderiam passar horas no sofá assim, Rose sentada em uma reclinada posição com suas pernas retas e Ronnie deitada no sofá com seus pés sendo mimados. A mulher mais jovem só dava uma olhada no que passava na televisão enquanto que sua atenção se enfocava na suava carne embaixo de seus dedos.
Rose sentia um especial prazer em massagear os pés de Ronnie. Com exceção do abraço a noite era o único contato físico que elas geralmente dividiam. Não podia explicar por que, mas ouvir os gemidos hedonistas que vinham dos lábios de sua amiga em reação a seus dedos a fazia sorrir. Com todo o estresse sobre a auditoria e Tommy não falando com ninguém exceto sua mãe, as massagens eram uma das poucas coisas que traziam um sorriso ao rosto de Ronnie, e esse sorriso era algo que Rose tentava ver em cada oportunidade.
Baixou o olhar e estudou o pé diante dela. A suave pele de bebê não revelava absolutamente nenhum calo na parte mais ampla do calcanhar. Deixou suas gemas deslizarem sobre a suavidade dos dedos do pé ao tornozelo antes de mover seus polegares para trás para dar uma forte massagem. Rose pressionou com um pouco mais de força do que o costume e foi recompensada com um gemido que oscilava sobre a beira do sensual. Repetiu o movimento, mas só recebeu uma versão menor do desejado som. Impávida, soltou o pé de Ronnie e agarrou o outro lhe dando um puxão. “Sabe, quando eu sair destes moldes lhe darei uma massagem nas costas que você não vai se esquecer”.
“Hummm…”. Um lento, sexy sorriso cruzou os lábios de Ronnie e esta abriu um olho preguiçosamente. “Sabe, você é muito boa para estar sendo desperdiçada em um trabalho de escritório. Acho que vou mudar seu posto para Chefe das Massagistas”.
“Humm, humm… vou ter um aumento de salário com esse novo título?”.
“Mantenha-se me tocando assim e lhe pagarei o que quiser”. Os olhos de Ronnie se fecharam outra vez enquanto os dedos de Rose pressionavam em todos os lugares corretos.
“Vou me lembrar disso”, a mulher mais jovem respondeu, sua mente viajava diante do pensamento de ter as costas de Ronnie embaixo de seus dedos no futuro. Humm, um pouco de óleo, um agradável dia de verão… Você de bruços e sem as tiras do seu biquíni… Seus dedos pararam o movimento e sacudiu sua cabeça para desfazer-se dos pensamentos incomuns. Sim, desfrutava em tocar Ronnie, mas assim? Deu uma risada curta e se concentrou no que estava fazendo.
“O que é tão divertido?”. Ronnie perguntou, abrindo um olho e descendo seu olhar em sua amiga.
“Oh, nada… só algo em Home Improvement. Ele realmente é uma ameaça ao redor das ferramentas, não é?”.
“Humm?” Oh, é só isso o que estamos vendo? “Hum, sim”. Detectou que ali havia mais nisso do que Rose havia revelado. Pensou só brevemente sobre o que dizer, mas a massagem começou outra vez e Ronnie fechou os olhos, entregando-se ao suave toque. Elas permaneceram nessa posição durante a seguinte hora, ambas silenciosamente desfrutando do que começava como uma massagem e se transformava em suaves carícias. A feliz e pacífica cena foi quebrada um momento mais tarde quando o telefone tocou.
“Droga”. Ronnie a contra gosto se incorporou. “Se for uma dessas pessoas do MCI eu irei matá-los”. Seus dedos do pé sentiram o frio onde apenas segundos antes eles haviam sido sustentados nas suaves, cálidas mãos de Rose. Meteu-se na cozinha e pegou o telefone. “Residência Cartwright”. Começou a caminhar novamente dentro da sala de estar, telefone na mão, quando parou. “Quando aconteceu isso? Eles prenderam alguém?”. Caminhou dentro do campo de visão de Rose. “É a que está na Central? Sim, lhe encontrarei ali em meia hora. Ok, adeus, Susan”. Desligou o telefone e mexeu sua cabeça.
“Ronnie?”.
“Incrível”. Afundou-se no sofá e expirou. “Alguém invadiu o escritório esta noite”.
“Oh, não. Espero que não tenha ninguém ferido”.
“Susan, não falou nada sobre isso. No entanto, a polícia prendeu o indivíduo”. Ronnie teve que sorrir internamente. A primeira coisa que sai de sua boca é a preocupação com os outros. Minha primeira preocupação foi se algo foi roubado. Isto era, no entanto outro exemplo das pequenas coisas tão ternas que encontrava em Rose. “Tenho que me encontrar com Susan na delegacia. Eles prenderam um dos ladrões”. A contra gosto se levantou. “Vou lhe levar para o quarto antes de ir”. Ajudou Rose a se colocar novamente em sua cadeira de rodas e logo a jovem mulher estava instalada na cama. “Melhor eu ir”, disse quando desceu o olhar nos suaves olhos verdes e sentiu irreprimível necessidade de abraçá-la. Ah, ao inferno com isso. Inclinou-se rapidamente e envolveu seus longos braços ao redor dos ombros de Rose. “Se tiver que demorar, eu ligo para você”. Sorriu quando sentiu seu aperto de volta.
“Tome cuidado. Está nevando”, a jovem mulher disse uma vez que se separaram.
“Terei”.
********
Ronnie chegou à delegacia primeiro e falou com o sargento de plantão que a dirigiu até um dos detetives. Voltou ao corredor vários minutos depois, a ponto de explodir de ira pela informação que o oficial havia lhe dado.
Susan e Jack desceram pelo corredor, sacudindo a neve de seus casacos. “Fui ao escritório. Você não acreditará nisso. Eles levantaram aquela fita amarela e seu escritório parece que um tufão passou por ali”, a ruiva disse enquanto pendurava seu casaco na estante próxima. “Parece que eles tentaram entrar na caixa forte?”.
“Foi ele”. Ronnie respondeu tranqüilamente. “Acho que foi uma boa idéia trocarmos a combinação na semana passada, não?”. Sob olhar confuso de sua irmã, assentiu e continuou. “É isso, Susan. Vá em frente e adivinhe quem invadiu os escritórios e tentou nos roubar, de nossa FAMILIA!” A elevação de sua voz chamou a atenção de vários oficiais que estavam próximos, forçando Ronnie a falar com os dentes apertados numa intenção de manter a ira sob controle. “O filho pródigo está lá embaixo agora, em cárcere. Provavelmente estão tirando suas digitais e lhe apresentando a seus novos companheiros dos próximos cinco a dez anos”. Não fez nenhum intento de esconder sua ira em seu tom.
“Você quer dizer que Tommy…?” Susan mexeu sua cabeça. “Não, isso é impossível”.
“Tem razão, Susan”. Apertando seus punhos com incredulidade, continuou sarcasticamente. “O estirado yuppi ali na cadeia, só se parece com Tommy e também leva sua carteira”.
“Mas… talvez ele tenha só ido pegar algo. Você trocou as fechaduras, talvez ele tenha ativado o alarme acidentalmente”. Olhou para seu marido pedindo apoio, mas viu só a verdade refletida.
“Amor, acho que sua irmã tem razão. Esteve lá, viu o escritório”. Ele deu a Ronnie uma olhada como se pedisse desculpas. “Ouvi dizer que as drogas podem obrigar as pessoas a fazer toda classe de coisas, inclusive roubar seus próprios parentes”.
“Esta é a verdadeira explicação, Jack. Só agora você se deu conta de que Tommy tem um problema com as drogas?”.
“Ronnie, só porque você está zangada, não significa que possa descarregar isto em Jack. Depois de tudo, não é seu problema”.
“Não Susan, não é culpa de Jack que Tommy esteja em cadeia, é culpa de Tommy, e acho que devemos deixar seu traseiro ali até que endireite”.
“O que?”. A ruiva estava parada entre sua irmã e marido. “Você não pode estar honestamente pensando em deixá-lo ali… na cadeia?”.
“Por que diabos não? Ele invadiu o escritório, tentou forçar a caixa forte. Susan, se continuarmos o mimando…”.
“Não o estou mimando. Só digo que você não pode deixá-lo na cadeia esta noite”.
“Oh, sim obrigada pela explicação da diferença”, Ronnie zombou, desviando o olhar e esfregando seu rosto com exaspero. “Susan…”. Deteve sua irmã mais jovem. “Tommy tem um problema com drogas. A primeira coisa foi roubar o dinheiro dos projetos das propriedades imobiliárias depois falsificou empréstimos. Agora está cometendo roubos para tentar conseguir dinheiro para seu vício. Acho que é hora de amor mais duro”. Virou para ver as lágrimas nos limites da maquiagem de sua irmã que começavam a cair. “Olha, talvez esta seja a melhor coisa para ele. Alguns dias para que possa conseguir que essas drogas saiam de seu sistema e estará como novo”.
Susan balançou sua cabeça firmemente. “Não. Estamos a dois dias do Natal. Não posso deixar meu irmão caçula, meu ÚNICO irmão, passar o Natal na cadeia, só não posso”. Levantou o olhar a seu marido. “Não pode fazer algo?”.
“Sou advogado de impostos, querida. Se tivesse sido preso por mentir sobre seus impostos, então poderia lhe ajudar. Não sou versado em direito penal”.
Susan golpeou seu queixo suavemente com seu dedo, recusava a se dar por vencida. “Já sei!”. Seus olhos se dilataram. “Nos negaremos a apresentar queixa. Não há delito, não há prisão”.
“Isso daria certo exceto por um pequeno detalhe”. Ronnie manteve seu indicador e o polegar levemente separados. “Parece que o Hércules ali decidiu que não queria ir de boa vontade com os policiais. Mordeu a um deles”. Mexeu seus dedos juntando-os como se os estivesse limpando afastando a idéia de sua irmã.
“O que me diz sobre liberdade sob fiança? Podemos tirá-lo sob fiança, não é?”.
“Susan, é melhor deixá-lo ali dentro, não entende? Precisa de ajuda, ajuda que não vai conseguir se nós permitirmos que ele ande pelas ruas”.
“Ronnie, sei que vocês nunca se deram muito bem e sei que ele está com ciúmes de você, mas como pode ser tão mesquinha e deixar seu próprio irmão passar o Natal na cadeia?”.
Um homem calvo entrou com passos fortes na delegacia, com sua maleta em uma mão e seu celular na outra. “Vim tão logo que recebi sua ligação”. Esse era Richard Jenkins, o advogado da família que fazia um pouco mais do que organizar seus tickets de estacionamentos em troca de seu enorme adiantamento anual. “Estive ao telefone com o ADA na ultima meia hora”.
“Quem lhe chamou aqui?”. Perguntou Ronnie.
“Por que? Claro que foi sua mãe. Tommy não podia lembrar meu número”.
“Quer dizer que Tommy ligou para ela?” Afastou-se deles e maldisse silenciosamente. Claro que ligou para ela, quem mais poderia continuar lhe resgatando de problemas depois de problemas? Havia uma última esperança. “E sobre ele ter mordido o policial?”.
“Já cuidei disso”. Jenkins sorriu orgulhosamente. “Ele só rasgou a camisa do indivíduo e não tocou em sua pele assim nós conseguimos negociar a restituição por serviços à comunidade que será atendida depois do Ano Novo”. Abriu sua maleta e guardou o telefone. “Se as senhoras me dão licença, tenho que regressar em alguns minutos com seu irmão”. Cumprimentou Jack. “Bom lhe ver outra vez”.
“Igualmente, Richard”.
Ronnie estava farta. Pegou seu casaco da estante e bruscamente o sacudiu colocando-o.
“Aonde você vai?” Susan perguntou.
“Não quero ficar para celebrar”. Baixou seu olhar para ver que em sua pressa havia abotoado mal seu casaco. “Estou lhe dizendo, Susan, deixá-lo sair assim é um grande erro”. Deu-se por vencida com os botões e irritada puxou o cinto ao redor de sua cintura. “O que ele precisa é reabilitação, não sair da cadeira sendo liberado de suas responsabilidades”.
“Talvez o que ele precise seja saber que sua família o ama e o apóia”, Susan replicou ironicamente. “Como acha que ele se sentiu ao descobrir que sua própria irmã o havia tirado do negócio da família?”.
“Como você se sentiu quando ouviu o resultado da auditoria? Desfrutou quando viu que seus benefícios anuais entraram no bolso de Tommy?” Susan abriu sua boca para protestar, depois a fechou, percebendo que sua irmã tinha razão.
“Talvez isto se resolva, Ronnie. Isto é talvez o que precise para voltar ao caminho”.
“Não tenha tantas esperanças, Susan. Tenho a sensação de que isto é só o começo”.
Muito irritada para voltar diretamente para casa, Ronnie dirigiu pelas ruas de Albany durante uma hora. Voltou para casa, para uma escura casa. Tentando ser o mais silenciosa possível, entrou no quarto e começou a se despir na escuridão. “Estou acordada”, disse Rose quando acendeu a luz.
“Estava tentando ser silenciosa”.
“Estava lhe esperando. Como foi?”.
“Nada bem”. Virou de costas e tirou sua camisa. “Parece que nosso ladrão não é nenhum outro senão meu irmão bebê”.
“Tommy?”.
“Bonita maneira de tratar sua família, não acha?”. Puxou a camiseta sobre sua cabeça e se virou para se encontrar com a cama em uma posição vertical colocada por Rose. Imagina que preciso falar, não é? Deslizou-se por debaixo dos lençóis e ajustou os travesseiros. “Nem me preocupei de ir até lá e ver de primeira mão dos danos. Já tenho suficiente dor de cabeça”. Levou os dedos a sua têmpora.
“Permiti-me”, suaves dedos substituíram os seus e começaram a esfregar a sensível área. “Como foi isso?” Rose sussurrou.
“Hummm… um pouco difícil… humm, sim, justo aí…”.
Não havia uma decigrama de relaxamento em nenhum lugar da parte superior do corpo de Ronnie, mas a jovem mulher logo a descobriu. Suavemente acotovelou a executiva em uma posição sentada e moveu suas mãos até os amplos ombros. Cada músculo estava agrupado firmemente, rígido, como se estivessem pronto para a batalha. Pressionando suavemente a princípio, depois com mais força, Rose forçou os músculos a se renderem a suas manipulações. “Assim, só relaxe”, sussurrou. “Fecha os olhos”.
“Eles estão fechados”, veio um relaxado murmúrio. Rose sorriu para si no implícito cumprimento.
“Pense sobre o que acontecerá amanhã. Pense sobre todas as luzes na árvore… nos presentes…”.
“Rose Grayson, está tentando me hipnotizar?”.
“Claro que não, boba”. Moveu os polegares na base do crânio de Ronnie e começou a massagear a área delicadamente. “Só quero que você relaxe e que pense em quanta diversão terá no Natal”.
“Hummm”.
“Assim…”. O toque chegou a ser mais suave quando Ronnie relaxou. “Isso lhe faz se sentir melhor?”.
“Muito”.
“Bom”. Um sorriso satisfeito veio aos lábios da jovem mulher. “Que acha se nós dormíssemos um pouco e deixemos todas as coisas ruins para amanhã. Ok?” Acotovelou as costas de Ronnie sobre seu próprio travesseiro. “Boa noite”.
“Boa Noite, Rose”. Houve um silêncio por um momento antes que Ronnie acrescentasse. “Obrigada”. A carga saiu de seus ombros por pelo menos esta noite e rapidamente caiu dentro de um pacifico sono.
*********
Ronnie tomou um gole de café e olhou a vista perfeita da manhã de Natal. Uma suave pulverização de neve havia caído à noite, cobrindo seu pátio traseiro e as árvores que rodeavam este com um suave manto branco. O sol estava saindo, toda a cena lhe recordava uma gravura de Currier e Ives. Apertando o cinto de seu roupão, abriu a porta de correr e caminhou até o exterior sobre a cobertura com a fina capa de neve rangendo debaixo de suas pantufas azuis. Colocou sua xícara sobre a mesa, o calor causou um pequeno círculo de neve derretida e revelou o metal debaixo pintado de verde. Ronnie inspirou profundamente e sorriu. Estava muito frio para manter a neve derretendo, mas a falta de vento evitava que fosse tão áspero.
Parada ali e bebendo seu café, desfrutava de uma família de coelhos correndo de um lado a outro através do campo. Suas pelagens cinza eram um vivo contraste a rangente neve branca. Perfeito. Vou fazer deste o melhor Natal que você já teve, Rose. Pelo menos vou tentar fazer todo o possível. Pensou nos presentes debaixo da árvore. Tanto quanto odiava em geral os shoppings e compras, Ronnie sentiu um grande prazer em pessoalmente escolher cada um dos presentes para Rose. Finalmente o frio penetrou através de seu roupão e se refugiou no interior deste.
O relógio da cozinha mostrou que já passavam das sete horas. Droga, muito cedo. Deixando a xícara vazia na pia dirigiu-se a sala de estar. Centenas de minúsculas luzes piscavam e brilhavam sobre a árvore, suas múltiplas cores refletiam o brilho do papel que cobria os presentes empilhados no chão. Ronnie sorriu. Tudo era perfeito. Agora era só questão de esperar Rose acordar. Olhou o relógio do avô, esperando que não tivesse que esperar por muito tempo. Não havia estado tão emocionada com o Natal há anos. “Vamos, Rose”, murmurou para si, notando que o tempo parecia estar passando mais devagar do que de costume. Reorganizou os presentes e tomou outra xícara de café. O relógio agora dizia que eram sete e trinta. Tabitha se esfregou contra suas pernas. “O que você quer?”.
“Mrrow?”.
“O desjejum para você é dentro de meia hora”.
“Mrrow?”. Tabitha se aproximou do armário onde a comida para gatos era armazenada e miou outra vez. Quando o miado não funcionou, a gatinha brincalhona rodou sobre seu espinhaço e girou sua cabeça a um ridículo ângulo. Ronnie riu suavemente e balançou sua cabeça.
“Certo, já que é Natal”. Ajoelhou e abriu o armário. “Ok. Agora, vamos ver o que temos aqui”. Tirou uma lata com etiqueta verde e a susteve diante do agora ronronante felino. “Quer peru para o Natal?”.
“Mrrow”. Tabitha golpeou a lata com sua pata.
“Bem, então será peru”.
A alimentação de Tabitha não consumiu tanto tempo como Ronnie havia desejado. Quando o relógio do avô tocou oito horas, a expectativa a estava matando. “Acho que já é tarde, não acha Tabitha?”. Agachou-se e levantou a gata em seus braços. “Vamos acordar a mamãe para que ela possa ver todos os bonitos presentes, humm?”.
Ronnie colocou Tabitha em baixo ao pé da cama e avançou lentamente até o lado da adormecida mulher. “Rose? Rose, hora de acordar”. Um suave toque no ombro. “Rose. É manhã de Natal. Não quer levantar e abrir os presentes?”.
“Hummmpht”.
“Vamos é hora de levantar. Não quer desperdiçar toda a manhã na cama, não é?”.
Sonolentos olhos verdes lentamente foram se revelando. “Que horas são?”.
“Oito horas”. Os olhos rapidamente se fecharam e a jovem mulher soltou um gemido. Ela puxou o lençol sobre seu rosto unicamente para que uma mão mais forte rapidamente o puxasse para trás.
“Mas é Natal. Você não pode dormir no Natal”. Ronnie saltou fora da cama e colocou em cima dela o assento portátil. “Vamos, levante e use isto”.
Rose deu um gemido a mais, mas lentamente abriu seus olhos, dizendo que Ronnie estava muito alegre esta manhã… Até que se deu conta de que manhã era hoje. “Oh, Deus, é Natal!”.
“Feliz Natal”, Ronnie riu levemente, afastando o lençol do caminho e se colocando sobre seu costado, usando seu cotovelo para apoiar sua cabeça acima. “É uma linda manhã e seria um crime lhe deixar dormir durante esta”.
“Há quanto tempo está acordada?”.
“Acerca de uma hora e meia”.
“Estou surpresa que tenha esperado este tempo”. Ronnie estava a ponto de se defender quando viu o brilho nos olhos de Rose. Saltou de brincadeira sobre a mulher menor e as duas engancharam-se em uma breve luta de cócegas. “Você é desapiedada”, Rose disse quando finalmente se separaram.
“Acho que você agora está acordada, não é? Só lhe deixarei cuidar de seus assuntos”.
“Humm, Ok. Só levaram um par de minutos”.
“Certo, só me grite quando estiver pronta. Levarei seu café até a sala de estar. Pode tomá-lo e abrir os presentes ao mesmo tempo, não é mesmo?”.
Rose escutou atentamente até que estivesse certa de que Ronnie não voltaria, então recuperou o pequeno presente escondido na gaveta do criado-mudo. Um inesperado temor passou através dela. Repentinamente, o jogo de caneta e lápis que pediu a Karen para comprar para ela não lhe parecia tanto a um presente depois de tudo. Se Ronnie quisesse um, teria já um. Talvez não gostasse de lapiseiras porque não podia mordê-los. “Estúpida, estúpida, estúpida”, murmurou para si antes de deixar o presente na gaveta do criado-mudo e se colocar sobre o assento.
Quinze minutos mais tarde, estava vestida usando uma camisa cor bege que Ronnie havia insistido em lhe dar. Rose não acreditou por um só minuto que esta era muito pequena para sua benfeitora, pois estava muito folgada bem abaixo do que oito ou dez polegadas além de seu quadril e os punhos tiveram que ser dobrados várias vezes antes que se pudessem ver as pontas de seus dedos. De qualquer maneira, esta lhe foi dada por Ronnie, e como a camisa de dormir de Dartmouth, era algo que pressionava a Maria que dificilmente tinha muito tempo para lavá-la.
Uma última escovada em seu cabelo e Rose estava pronta. Colocou o presente em seu colo e o cobriu com o edredom antes de gritar. Alguns segundos depois Ronnie apareceu. “Pronta?”.
“Acho que sim”. Forçou um sorriso em seu rosto. Oh Deus, por favor, que ela goste do meu presente, rezou silenciosamente enquanto Ronnie a ajudava a se colocar na cadeira de rodas e a guiava para fora do quarto.
*********
Uma grande quantidade de presentes embaixo da árvore, chamaram a atenção de Rose quando Ronnie a ajudou a entrar no desnível da sala de estar. Inclusive quando permaneceu com uma família de cinco pessoas no Natal, a jovem órfã nunca havia visto tantos presentes embaixo da árvore. Reconheceu o estilo, grande fluído da letra de Ronnie em todas as etiquetas dos presentes. “Sua família virá hoje?”.
“Não. Tenho que ir ver a família de Susan mais tarde, mas nenhum certamente estará me visitando. Por que?”.
Por que colocar todos seus presentes embaixo da árvore se eles não virão? Sua expressão chegou a ser inclusive mais desconcertada. “Bem, não são esses os seus presentes?”. Ronnie deu um curto riso e apertou seu braço.
“Não. Eles são seus”.
Os olhos de Rose se dilataram muito e por alguns segundos se esqueceu como respirar. “Meus? Vo você quer dizer…?”. Dando-se por vencida em um discurso, simplesmente apontou para os presentes.
“Sim, eles são todos para você”. A testa de Ronnie se enrugou. “Algum problema?”.
“N-não… eu…”. Levantou o olhar na pessoa mais importante em sua vida quando um par de lágrimas deslizaram por seu rosto. Rose teve que lutar para evitar que seu lábio tremesse. “Eu nunca… todos esses… para mim…”. Estendeu seus braços e foi encontrada a meio caminho, envolvida em fortes, confortantes braços. “Oh Ronnie”.
“Shriii, tudo bem”. Ronnie deixou um braço ao redor das costas de Rose e usou o outro para acariciar seu cabelo. “Desculpe. Não estava pensando sobre quantos estava ali. Só estava vendo as coisas que pensei que você gostaria e as comprei”.
“M-mas só tenho um para você…”.
“Shrii”. Colocou seus dedos nos lábios de Rose. “É a intenção que conta, nada mais”. Enxugando uma lágrima com seu polegar, Ronnie falou outra vez. “Um presente seu vale mais do que de qualquer pessoa, entende?”.
A cabeça loira balançou em um fraco movimento. “Posso lhe dar o meu presente primeiro?”.
“Sabe que…”. Ronnie secou as outras lágrimas do limite do rosto de Rose. “Preferiria esperar até que você tenha aberto os seus presentes. Tudo bem?”.
“Tem certeza?”.
“Sim”. Levantou-se e alcançou os punhos da cadeira de rodas.
“Aonde vamos?”. Perguntou Rose surpresa quando sentiu se mover.
“É Natal. Ficará muito mais confortável no sofá e estou cansada de me ajoelhar. Vamos, nos recostaremos e beberemos nossos cafés, então abriremos os presentes”.
********
Rose estava colocando-se no sofá quando ouviram um estrondo detrás da árvore. “O que é isso…?”. Ronnie perguntou. Obteve sua resposta um segundo depois quando Tabitha saiu correndo a toda velocidade de debaixo da árvore e correu para a cozinha. Antes que alguma das duas pudesse falar, a alaranjada e branca imagem voltou e saltou novamente dentro da montanha de presentes.
“O que está acontecendo com ela?” Rose perguntou, preocupada. “Nunca a vi mover-se tão rápido antes”.
“Acho…” Ronnie cruzou a sala, se ajoelhou, e começou a afastar os presentes. “Sim… Tabitha é uma pequena menina cobiçosa”. Afastou-se e deixou a jovem mulher ver. A gata estava deitada sobre seu dorso, batendo em uma bola de presente pendurada em cima dela. “Seu pequeno bebê ali, se meteu em seu presente de Natal”. Meteu a mão para recuperar o pacote unicamente para que seu pulso resultasse capturado entre as patas dianteiras de Tabitha. “Nem sequer pense em me arranhar”, lhe avisou enquanto lentamente tenta tirar sua mão. Suaves patas revelaram suas armas, as garras pressionando contra sua pele até que parou o movimento. Tabitha pousou seu olhar nela por um segundo, então começou a ronronar e lamber o pulso de Ronnie. “Srta Grayson, acho que sua gata está louca”. Tirou a bolsa de Catnip. Estava ainda embrulhada em um festivo papel verde, exceto por um saliente pedaço desaparecido onde havia sido mastigado.
“Você colocou o Catnip debaixo da árvore?”.
“Sim, mas este estava numa bolsa de plástico e foi enrolado em papel”.
Rose sorriu maliciosamente e balançou sua cabeça. “Ronnie, ela pode sentir o cheiro de Catnip a milhares de distância. Tabitha, Tabitha? Venha aqui, querida”.
A gata moveu-se três passos antes de cair sobre um volumoso tapete e começou a se limpar.
“Não acho que ela vá a nenhuma parte, Rose”. Suficiente disto. Eu quero que você abra seus presentes. Estendeu o braço e tomou uma camisa envolvida em uma caixa em papel prateado. “Já que estou aqui, de qualquer maneira vamos começar com seu primeiro presente”. Voltou ao sofá e lhe deu, tentando dificilmente controlar seu entusiasmo e excitação.
Pequenos dedos passaram sobre o luxuoso papel e o laço vermelho. “É tão bonito para abrir”.
“É só um embrulho de papel. Abra-o”, exigiu. Vamos, abra-o e olhe o que lhe comprei. Um sorriso semelhante à de uma criança cresceu no rosto de Ronnie.
Rose deu uma olhada. “Não há lugar para lançar o papel”.
“Jogue no chão. Eu pego depois. Abra-o!” Ronnie se recostou até que esteve ao lado da mulher mais jovem.
“Não posso lançá-lo no chão”. Suas gemas dos dedos traçavam a letra na etiqueta do presente.
“Mas…”. Ronnie deu uma olhada, franzindo o cenho quando não encontrou algo conveniente à vista. “Já volto”. Saiu do sofá e entrou na cozinha. Rose escutou o som dos armários que se abriam e fechavam, seguido pelas gavetas. Houve um murmúrio de maldições contínuas. “Aqui está”. Alguns segundos depois Ronnie voltou, abrindo o saco de lixo. O deu a Rose e voltou a sua almofada contígua, metendo os pés descalços por baixo de suas coxas. “Ok. Agora o abra”.
A jovem mulher olhou do presente a Ronnie. “Obrigada”.
“Você nem sequer sabe o que é ainda”. Depressa abre. Rose deslizou sua unha debaixo da etiqueta e cuidadosamente a separou do pacote, deixando-a na mesa lateral. Outro passo e uma aba do canto se abriu. “Só rasgue”, Ronnie grunhiu brincalhona. “Ou ficaremos aqui até o próximo Natal”.
Rose olhou para o lindo pacote, o rosto excessivamente emocionado de sua amiga, então o presente outra vez. Os pequenos dedos se enroscaram debaixo da aba aberta e com um rápido puxão rasgou uma tira grande do papel. Alguns puxões mais e a caixa foi aberta para revelar uma camisa cor óxido. A levantou até os ombros e ficou olhando-a. “Oh! É muito bonita”.
“Gostou?”.
“Sim, absolutamente”. Rose olhou o comprimento das mangas e viu que elas estavam perfeitas na altura de seus braços curtos. “Não terei que dobrar os punhos”.
“Claro que não. Assegurei-me de conseguir o tamanho correto”. Ronnie sorriu orgulhosamente. “Gosta da cor?”.
“Muitíssimo”.
“Esta combina com suas sobrancelhas. Aposto que ficará muito bem nela”. Rose virou a camisa de um lado a outro, assentindo de acordo. Esta era, absolutamente sem lugar de dúvida, maravilhosa e não podia esperar para usá-la. Ela a dobrou e a deu a Ronnie, quem a colocou na almofada vazia no extremo do sofá. O lixo foi afastado do caminho e outro presente recuperado embaixo da árvore…
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Rose empurrou o último pedaço de papel de embrulho dentro do já abarrotado saco de lixo e limpou outra lágrima de felicidade de seu rosto. “Realmente você é assombrosa, sabia disso?”.
“Fico feliz que você pense assim”, Ronnie respondeu com um cálido sorriso. Este havia sido um dia cheio de lágrimas e sorrisos de Rose e para a executiva não podida ter sido mais feliz. “Essas são as únicas coisas que não estou certa”. Gesticulando com sua mão em um par de tênis azuis e brancos no colo de Rose. “Pode devolvê-los se ficar muito grandes”.
“Não, são perfeitos”.
“Maravilhoso”. Ronnie esticou a mão e os tomou, então deu uma olhada pelo lugar para encontrar um lugar vazio para colocá-los. A almofada estava repleta com roupas e a mesa de café em desordem com programas de software e vários outros artigos. Ia deixá-los no tapete, mas Tabitha veio correndo. “Oh, não você não”. Finalmente os tênis foram colocados em cima da montanha de suéteres.
Rose deu uma curta aspiração e piscou várias vezes antes de mover sua mão debaixo do afegão. “Acho que agora é tempo para seu presente. Tem…”.
“Não, espera”. Ronnie saiu do sofá. “Há mais um. Não vá embora, já volto”.
Tocando o fino laço no presente em seu colo, Rose deixou seu olhar pousar na pilha de roupas. Uma lágrima rodou sobre seu rosto, provocando que um cenho franzido cruzasse o rosto da mulher de olhos azuis quando esta retornou. “Sabe, não era minha intenção lhe fazer chorar”. Reassumiu sua posição no sofá a poucas polegadas de Rose.
Isso lhe causou um riso baixo. “Estou só um pouco constrangida, eu acho”. Rose respondeu, descuidadamente limpando as salgadas gotas de suas bochechas. “Nunca ganhei tantas coisas mesmo no Natal”. Olhando ao redor, ainda assombrada com a quantidade de presentes amontoados ao redor. “Só não posso…” Rose baixou o olhar a seu colo e balançou a cabeça. “Escute-me, sobrevivi de maneira sana com minha vida reta fora de Oliver Twist”. Pegou o oferecido lenço de linho.
“Claro que sim”, Ronnie disse suavemente. “Vamos, deixe-me lhe dar seu último presente e então pode me dar o meu”. Deixou a caixa de jóias nas mãos de Rose.
“Oh… oh meu”. A mão da jovem mulher começou a tremer só para ser consolidada por uma muito maior a envolvendo ao redor da sua.
“Abra-a”, Veio o sussurro próximo de seu ouvido. “Tudo bem, ela não lhe morderá”. Depois de alguns segundos, longos dedos abriram a caixa para revelar seu conteúdo.
Rose olhava fixamente em assombro o pingente unido a uma fina corrente. A uma polegada e meia de comprimento, o ouro branco havia sido cuidadosamente modelado em uma rica representação de uma rosa. Pequenas esmeraldas e brilhantes de rubis compunham as pétalas, deixando um solitário diamante apoiando a base do talo. Seu lábio inferior tremeu quando tocou o pingente reverentemente com a gema do dedo. “Oh Ronnie… é lindo”, sussurrou.
“Uma rosa para uma rosa”, Ronnie disse, repetindo o eslogan que a havia atraído a joalheria a princípio. Tirou o colar da caixa e abriu a chave. Rose ainda ficou muito quieta quando o frio metal tocou sua pele e Ronnie fechou a corrente. “Ficou perfeito em você”.
“Isto é muito, Ronnie. Não posso…”. Foi parada por um par de dedos pressionados contra seus lábios.
“Rose…” Limpou outra lágrima com seu polegar. “Suponho que Santa deviria ter lhe trazido também alguns lenços, humm?”. Tirou outra lágrima da cara de Rose. “Escute-me. Quero que tenha isto”.
“Mas…”.Rose olhou ao redor. “Toda essa roupa, os programas, os sapatos e os tênis e…”. Os dedos de Ronnie a silenciaram outra vez.
“Você merece roupa bonita. Você merece coisas que resultem e que se veja bem em você”. Pegou o queixo da jovem mulher em sua mão e a forçou a enfrentar seu olhar. “E você merece usar algo bonito. Agora… dê um abraço, me diga o quanto gostou disto e me dê meu presente”. Disse a última parte com um sorriso brincalhão, forçando Rose a sorrir junto com ela.
“Isto é mais que bonito, é maravilhoso. Eu amo isto”. A jovem mulher envolveu os braços ao redor do pescoço de Ronnie e a puxou para um abraço. “Isto é tão maravilhoso”, sussurrou. “Amo isto muitíssimo, obrigada”.
“Alegro-me”.
“Você realmente é meu anjo da guarda, não?”. Rose se jogou para trás e olhou sua amiga, olhos verdes brilhavam úmidos. “Você é a melhor amiga que alguém poderia ter”. Meteu a mão embaixo do afegão e tirou o presente. “Só gostaria de ter algo mais para lhe mostrar o quanto você significa para mim. Feliz Natal, Ronnie”. De maneira nervosa entregou o presente, um milhão de pensamentos voaram atravessando sua mente. Sua ansiedade cresceu quando Ronnie lentamente tirou a etiqueta do presente e a meteu em seu bolso. “Bem, abra-o”.
A mulher mais velha ria com a impaciência de Rose e puxou a fina fita vermelha. “Você é tão má como eu… oh”. Abriu a longa aveludada caixa. “Rose, são lindas”.
“Gostou?”.
“Sim, muitíssimo”. Ronnie tirou a caneta e a levantou até luz, com um sorriso sempre estampado em seu rosto. “É um lindo desenho. Todos esses azuis e verdes concentrando-se ao redor. Gosto dessa parte de ouro também”.
“De verdade gostou mesmo? Não está só dizendo isso para me fazer me sentir bem, não é?”.
“Não querida, não estou lhe dizendo só por isso. Realmente gostei”. Inclinou-se e deu a Rose um abraço. “Realmente é um considerável presente”, disse, afastando-se.
“Disse que nunca podia encontrar uma caneta por aqui”.
“Nunca posso”, Ronnie admitiu. “Garanto que não perderei esta”.
“Não sabia se você gostava de canetas. Provavelmente não já que não pode mordê-las, humm?”.
“Rose, as canetas estão ótimas. Realmente, estão. Unicamente utilizo os de madeira porque isso é o que temos no escritório como suprimento de trabalho. Nunca tive razão para comprar um lápis como este”. Virou o metal da ponta, observando a ponta crescer desde o extremo. “Vou lhe prometer isto, não mastigarei a ponta deste”.
“Seria melhor que não”, Rose brincou, seus temores desapareceram pelo sorriso do rosto de Ronnie. Seu tom ficou sério. “Estou realmente feliz que tenha gostado. Nunca dei algo assim a alguém antes”.
“Sabe teria ficado feliz não importa o que você me desse, mesmo que fosse só um cartão”. Desceu o olhar ao jogo e sorriu. “Estes realmente são lindos” Inclinou-se para outro abraço, muito para a alegria de Rose.
“Este é o melhor Natal que já tive”, sussurrou no ouvido de Ronnie. “Muito obrigada”.
A mulher de cabelo escuro sorriu e a abraçou mais forte. “De nada. Obrigada por fazer meu Natal tão especial”. A contra gosto terminou o abraço, sua mão ainda agarrando a caixa de caneta. Observou o relógio. “Uh, não me dei conta que era tão tarde. Tomou tanto tempo só para abrir presentes?”.
“Havia muitos presentes para abrir”, Rose respondeu com um sorriso. “Não tenho idéia do que fazer com todos esses programas de computador”. Gesticulou na pilha sobre a mesa.
“Você vai aprender com eles”. Ronnie deixou a caixa de canetas em baixo e tomou uma das caixas de software. “Este lhe ensinará como digitar. Outro passo e lhe mostra como formatar cartas e memorandos”. Colocou a caixa no colo de Rose e pegou outra. “Este lhe ensinará o essencial de contabilidade e cálculo. Há programas para fazer todos os cálculos reais, mas se vai estar no mundo dos negócios realmente deve saber o básico”. Colocou os programas novamente na mesa. “Vou instalá-los amanhã para você e lhe mostrarei como extrair tudo o que possa para trabalhar neles. Uma vez que esteja confortável, lhe mostrarei como se cadastrar na rede corporativa e como pode acessar a Internet”.
“Isso parece muito divertido. Estive na Internet antes. Tinham na biblioteca. Encontrei uma vez um site genial em que havia toda classe de informação sobre como cuidar de gatos”.
“Qualquer coisa de que esteja interessada está ali na Internet. Quando no princípio me acostumei em estar em um computador, passei horas navegando na Internet olhando diversas coisas. Meu arquivo de favoritos deve ter uma milha de tão comprido”.
“Arquivo marca textos?” Rose balançou sua cabeça. “Não sei se posso conseguir todas essas coisas do computador”.
Ronnie riu. “Oh Rose. Confie em mim. Umas poucas semanas e você e o computador serão os melhores amigos. Terei que lhe arrastar para longe dele”.
“Não sei sobre isso”.
“Sim. Torna-se um vício”.
“Ronnie? Entendo como os que programas de digitar e os outros supostamente me ajudarão, mas o que supostamente Rescuer of Maiden me ensinará?” Apontou para uma caixa de cor brilhante com cavalheiros lutando na capa.
“Humm… bem…”. A cara da executiva se ruborizou levemente e deu um envergonhado sorriso. “Este eu lhe ensinarei como ser o grande cavalheiro que resgata a virgem loira do malvado rei Dungeon. Pensei que você gostaria de um jogo para relaxar e descansar”.
“Um cavalheiro resgatando a uma virgem, humm?” Rose deu uma olhada na capa outra vez, observando que a virgem era de cabelo loiro, como os dela. Examinou seu próprio cavalheiro pessoal em uma brilhante armadura. “Estou certa de que vou desfrutar”. Ronnie sorriu e se levantou.
“Agora acho que a melhor coisa a fazermos é irmos a cozinha e começar a fazer a comida ou não vamos comer nada até tarde da noite”. Rose observou como a cadeira de rodas era trazida.
“Oh, Ok”. Permitiu-se ser levantada na cadeira, mas antes que Ronnie pudesse acomodá-la Rose envolveu seus braços ao redor do pescoço da executiva e se apertou, enterrando seu rosto na escura cabeleira. “Obrigada. É a melhor amiga que já tive e hoje é um dos dias mais felizes da minha vida”.
Ronnie lhe devolveu o abraço, sorrindo dentro do cabelo dourado. “De nada. E obrigada por fazê-lo tão especial para mim”.
********
Quando chegaram ao umbral da porta da cozinha, Rose levantou o olhar. “Hei, veja isso”.
“O que?”.
“O muérdago. Você o deixou ali todo este tempo e eu nem notei”.
“Hummm, suponho que sim”. O coração de Ronnie começou a bater mais rapidamente. Estavam diretamente abaixo do enfeito verde. “Humm, poderia estar bem se…”.
“Bem, ambas estamos debaixo do muérdago e é Natal”. Rose engoliu em seco, de maneira nervosa foi se aproximando lentamente mesmo não estando segura do porquê. Depois de tudo, é só Ronnie. “Sim”. Levantou seu rosto para encontrar com a cabeça da mulher de cabelo escuro que vinha baixando. Seus lábios se tocaram uma vez… Duas vezes antes que Ronnie se afastasse para trás.
“Eu, humm… suponho que é melhor começarmos a comida”. As guiou para dentro da cozinha, sabendo bem do porquê de seu coração bater como um forte tambor. Os lábios de Rose eram suaves, tão suaves que quase havia se perdido neles, parando justamente antes que sua língua pudesse sair. Sabendo que não podia se permitir outro beijo assim, Ronnie fez uma anotação mental deixando a jovem mulher empurrar-se por si mesma na cozinha.
“Sim”, Rose concordou, girando sua cabeça para frente e esperando que o rubor que sentia em suas bochechas não fosse evidente para Ronnie. Foi suave e doce e se sentia culpada sobre a maneira como lhe fez sentir. Não havia sido beijada por alguém há muito tempo e com certeza não com tanta suavidade e carinho. Sentia o interior quente, como se tivesse engolido uma forte bebida. Vagamente se deu conta de que Ronnie estava falando. “O que? Desculpe”.
“Perguntei se você quer fazer alguns biscoitos doces”.
“Oh. Você gosta de biscoitos doces?”.
“Eles estariam bem e são biscoitos tradicionais do dia de festa”. Ronnie abriu a geladeira e sorriu. “Claro que temos um pacote de biscoitos com pingos de chocolate aqui também”. Seu tom deixou claro que era a classe que preferia.
“Soa bem para mim”. Girou até o gabinete mais baixo e recuperou uma chapa para biscoitos, cuidadosa de não deixar a cadeira de rodas arranhar a ebanisteria¹ de Ronnie. O balcão era muito alto para que ajudasse facilmente com os preparativos, mas Rose fazia o que podia. Ronnie ligou o rádio na ponta e logo a música festiva encheu o ar, fazendo o ambiente perfeito para preparar a comida. Nenhuma sabia o que a outra estava pensando sobre o muérdago e o beijo.
Rose estava confusa. Seus sentimentos iam além do afeto de amizade, mas quanto mais além, não estava certa. Quando viu Ronnie cortar a massa de biscoitos, foi surpreendida novamente pela beleza que era sua amiga. Certamente, ninguém havia significado tanto para ela e Rose não podia imaginar sua vida sem Ronnie nesta. O beijo foi cálido e carinhoso e era algo que desejava experimentar outra vez.
Ronnie tinha seu próprio dilema interno. Sua mente e corpo gritavam, queria sentir novamente a sua suavidade de Rose uma vez mais, para lhe demonstrar o quanto esta significava para ela. Pegar sua linda companheira de cabelos dourados em seus braços e nunca mais a deixá-la ir. Era uma tortura, simples e sincera, e o ar frio quando saiu para ir até a casa de sua irmã não fez nada para baixar a temperatura de sua febril alma.
********
Rose acabava de dobrar o último par de calcinhas e as colocou em uma gaveta inferior da penteadeira quando Ronnie voltou. Entrou no quarto e se deixou cair na cama com seus longos braços cruzados atrás de sua cabeça. “Não foi bem?” Rose perguntou, observando a sombria expressão.
“Oh, as crianças se encantaram com os presentes. Igual à Susan”.
“O que aconteceu?” Rodou ao lado da cama e colocou sua mão no antebraço de Ronnie. “Tommy apareceu ou algo assim?”.
“Não, acho que ele está lá em cima nas montanhas com seus amigos. Tudo está bem é só que…”. Ronnie afastou seu olhar de Rose e deu uma olhada para o teto. “Algumas vezes gostaria de não ser a mais velha. É muita responsabilidade”.
“O que aconteceu?”.
Ronnie deu um suspiro e olhou novamente sua companheira. “Mamãe ligou de algum porto onde seu navio parou. Ela não está feliz com a forma em que dirigi toda a coisa sobre o desfalque que Tommy deu a Companhia”.
“Como ela sabe sobre isso? Achei que não ia lhe dizer”.
“Não há segredos nesta família, Rose”, disse com tristeza. “A coisa é que ela não está questionando se ele fez ou não, senão como eu levei isto. Disse que teria que ter mantido uma tampa nisto até que estivesse completamente segura, e então devia ter falado com ele antes de tirá-lo de seu escritório”.
A mão de Rose começou a se mover de cima a baixo do braço de Ronnie em um movimento consolador. “Susan pelo menos apoiou você?”.
“Ela não disse uma palavra. Nem um pio. Sabe? Às vezes me pergunto por que não só lhe digo que se retorçam e renuncio. Poderia me mudar para Chicago ou Boston e começar minha própria companhia”.
“Então por que não o faz?”. Houve um silêncio longo antes que Ronnie respondesse.
E quando respondeu foi com silenciosa resignação. “Porque precisam de mim”. Movendo sua cabeça, deu um resignado suspiro e alcançou o controle. “Vamos, todos esses programas de Natal logo começaram. HBO está repassando Rich Little versão de ‘A Christmas Carol’”.
“Nunca a assisti”.
“Oh, é muito divertido. Ele faz todos os personagens imitando as famosas celebridades. Vi quando era criança. Vamos”. Ronnie encontrou o canal correto e deixou o controle remoto de lado antes de se levantar e ajudar Rose a se meter na cama. A meia-noite as encontrou como de costume, a maior enroscada contra o lado da menor, ambas dormindo satisfeitas.
********
Rose olhava fixamente para a tela, concentração que causava que sua testa se sulcasse. Pressionou o botão do mouse e moveu o sete vermelho abaixo do oito preto. Estava tirando um curto descanso do programa de digitação, havia trabalhado nele há quase três horas. Estava satisfeita com seu progresso depois de só três semanas de treino. Sua velocidade estava melhorando rapidamente enquanto que o número de erros diminuía. Uma prancha de madeira apoiada nos braços da cadeira de rodas servia como uma improvisada mesa, os moldes completos das pernas faziam impossível para que Rose se colocasse abaixo da mesa do escritório a afastando muito do uso do teclado.
Maria entrou no quarto com um sanduíche e uma xícara de café. “Precisa de um descanso”. Esperou que Rose pusesse o mouse e o teclado de volta na mesa, depois lhe deu o sanduíche, deixando a xícara no criado-mudo ao alcance da mão. “Juro que você que está tão mal quanto ela fica às vezes. A deixo algumas tarde com ele e quando regresso pela manhã ainda a encontro sentada diante disso”. A mulher de meia idade balançou sua cabeça. “Quando ela estava na escola era da mesma maneira”.
“Como ela era, quando era mais jovem?” Rose agarrou as rodas e virou sua cadeira, silenciosamente pedindo a Maria que se sentasse e a acompanhasse. A governanta relaxou na suave pele da cadeira de Ronnie e uniu seus dedos os entrelaçando.
“Então você quer saber como ela era?”. Um amistoso sorriso atravessou seu rosto. “Ronnie era independente, sempre a sido. Sempre soube o que fazer e aonde ir”.
“Não, não foi isso o que eu quiz dizer”. Rose balançou sua cabeça, tentando pensar em como expressar sua petição. “Conte-me sobre algo que ela tenha feito, algo que aconteceu, algo sobre ela”.
“Não tenho certeza se eu deveria. Você sabe é a regra fundamental das governantas guardar em privado o que vêm e o que ouvem”.
“Não precisa me dizer seus profundos escuros segredos, Maria”, Rose resmungou. “Ronnie mesma me contou que era uma agitadora. Estou certa de que você deve ter uma história ou duas que se lembre. Tenho certeza que ela não era o exemplo de uma criança perfeita”.
“Perfeita? Ra!”. A mulher mais velha riu, as rugas em seus olhos se mostraram de uma maneira maternal. “Verônica era muitas coisas quando estava crescendo, mas perfeita não era uma delas. Esta menina corria ao redor mais do que seu irmão e irmã juntos”.
“Oh, de verdade? Conte-me”. Os olhos de Rose se alargou com a expectativa enquanto mordia seu sanduíche.
“Espera, deixe-me trazer algo de beber”. Maria saiu e voltou um minuto depois com um copo de refrigerante e um porta-copo. Colocou-se novamente na cadeira e bebeu um gole antes de continuar. “Lembro uma vez quando ela tinha treze anos e seus pais estavam fora da cidade. Algumas amigas queriam que ela fosse no shopping com elas. Agora, normalmente isso não teria problema algum, mas o caso foi que ela havia escapulido da escola poucos dias antes e seu pai a havia colocado de castigo enquanto eles estavam fora”.
“O que ela fez?”.
“O que qualquer menina de sua idade faria, ela fugiu. Entrou em seu quarto e saiu trepando pela janela. Eu sabia aonde ela havia ido, mas não havia maneira que eu pudesse ir atrás dela com Susan e Tommy aqui. Eles não tinham mais que cinco ou seis anos e eu estava ocupadíssima sozinha”.
“E o que aconteceu?”. Rose estava escutando atentamente, imaginando Ronnie com treze anos fugindo para passar um tempo com as amigas no shopping.
“Ela e um par de amigas suas decidiram que queriam provar cigarros. Você bem sabe que, nenhuma loja no shopping ia vender a três garotas adolescentes um pacote de cigarros. Ronnie era alta para sua idade, mas ainda… assim, decidiram que se não podiam comprá-los então elas os roubariam da loja”.
“Oh, as pegaram?”.
“Não, na loja não. Às tontas garotas estavam caminhando pelo Cônsul Road fumando e levando suas jaquetas de escola. Um policial as viu e as pegou”.
“Aposto que você estava furiosa”.
“A princípio estava, mas então descobri que ela assumiu toda a culpa para si embora os cigarros fossem encontrados em um dos bolsos da outra garota”.
“Quer dizer que ela assumiu a culpa por alguém?”.
Rose estava sentada silenciosamente por um momento, em profundos pensamentos. Tinha sentido perfeito que Ronnie tentasse proteger aos outros a seu redor. Baixou o olhar a suas pernas quebradas e assentiu. Sempre a guardiã, pensou para si. “Maria, Ronnie fez alguma vez algo assim antes?” Indicou a si mesma. “Quero dizer, alguma vez trouxe alguém que não tivesse algum lugar para ir?”.
“Nunca”, a governanta respondeu. Rose detectou nessa parte a vacilação de Maria e esperou pacientemente para que ela continuasse. “Fiquei surpresa quando ela trouxe a Tabitha para cá e mais ainda quando me ligou dizendo que você ficaria aqui. Ronnie é uma mulher muito reservada”. Parecia que queria dizer algo mais, mas decidiu pelo contrário. “Tenho uma casa para limpar e você tem um almoço para terminar. Ela com certeza ligará logo outra vez”. Maria levantou-se e recuperou o copo da mesa. “A propósito, lembre-se que a consulta de Tabitha é amanhã. Eles ligaram hoje”.
“Oh, é mesmo, havia me esquecido”. Rose deu uma olhada para se assegurar de que o felino não estava ao redor. “Quanto tempo acha que ela ficará lá?”.
“Só durante a noite”, a governanta respondeu.
“Pobrezinha”. O rosto da jovem mulher adquiriu um olhar compassivo. “Ela inclusive nem sabe o que está acontecendo. Mas acho que é melhor que deixá-la sofrer com esse calor outra vez”.
“Oh, nem me lembre”. Maria balançou sua cabeça. “Estava pronta para lançá-la em um banco de neve com todo esse uivo”.
“Você não foi a única. Pensei que com certeza Ronnie ia fazer algo assim a noite quando ela não parava de miar”. Justamente neste instante o tema da conversa saltou na cama para reclamar seu espaço para sua siesta.
“Aproveite enquanto pode, senhorita”. A governanta disse a Tabitha, que respondeu lambendo as patas e esfregando sua orelha.
“Ela é tão linda”, Rose disse, estirando seu braço para fazer um carinho na gata.
“Linda, com certeza”, Maria zombou. “Tente fazer a comida com ela debaixo de seus pés e me diga se ainda é linda”. Inclinou-se e esfregou a cabeça de Tabitha. “Se for uma boa gatinha e ficar aqui dentro enquanto eu estou limpando lhe darei um convite extra para gatos antes de ir embora, o que você acha?”.
“Ela gosta dessa idéia”, a jovem mulher disse quando Tabitha começou a ronronar. “A vigiarei”.
Uma vez mais Maria se foi, Rose colocou o telefone sem fio em seu colo e esperou por Ronnie que geralmente depois do almoço lhe ligava.
*********
“Lá vai nosso bônus”, Susan suspirou antes de lançar o relatório de novo sobre a mesa de Ronnie. “Acho que nunca vi um lucro tão baixo em um quadrimestre. Se deu conta de que excelente ano teria sido sem isto?”.
A executiva abriu a pasta outra vez, os números ainda incompreensíveis. As perdas na divisão da Real Estate eram muitas para fazer o ano inteiro medíocre em termos de benefícios. Embora todos os membros da Junta da Diretoria fossem família e sabiam exatamente o que estava acontecendo, o resto do mundo dos negócios não, e Cartwright Corporation tinha algumas sérias explicações que fazer.
Ronnie percorreu seus dedos através de seu cabelo e olhou para sua irmã. “Todo o ano. Ele esteve destruindo tudo o que nós fizemos. Percebe que isto é só a ponta do iceberg. À parte dessa auditoria, o que eles vão fazer quando retrocederem ao tempo em que ele assumiu o controle?”.
“Você acha que ele esteve roubando há muito tempo?”.
“Não, as auditorias anuais teriam refletido algo assim. Quando começou a desaparecer por extremas datas e a tomar muito tempo livre?”.
“Não sei… Março, abril, talvez?”.
Ronnie assentiu. “Parece correto. Ele obteve esse empréstimo em abril”. Pegou sua lapiseira e apoiou a ponta contra seus lábios. A ação tinha um efeito calmante nela, lhe recordava a beleza de cabelos loiros esperando-a em casa. “Acho que qualquer droga que esteja consumindo, provavelmente crack ou heroína, começou a fazê-lo antes”.
“Crack? Ronnie, só os yonkies usam crack”.
“Como pensa que chegam a ser yonkies, irmã? Não acho que o crack se preocupe se a pessoa é rica ou pobre sempre e quando tenham bastante para o saco seguinte, ou golpe, ou o que seja que eles façam com isto”. Suspirou e dava batidas rítmicas com a lapiseira contra seu queixo. “Ele precisa de ajuda, Susan provavelmente reabilitação”.
“É bonita. Quando a conseguiu?” A ruiva perguntou, trocando de assunto.
“Rose me deu no Natal”. Ronnie parou de bater esta e a estendeu para olhar nos redemoinhos frisados de azul e verde acentuados pela fina ponta de ouro. “Tem uma caneta igual”. Espontaneamente, um sorriso veio a seus lábios, um que não passou desapercebido por sua irmã mais jovem.
“E como ela está?”.
Era um assunto que não haviam falado desde a festa e Ronnie olhava sua irmã com surpresa. “Ela está hum… bem. Irá ao médico na próxima semana para trocar seus moldes. Acho que vão lhe colocar um mais curto em sua perna direita”.
“Oh, isso é bom”.
Um silêncio caiu entre elas. Ronnie normalmente poderia dizer quando sua irmã estava só sendo solicita, mas esta vez ali não lhe parecia haver nenhum significado oculto, nenhuma agenda secreta nas palavras de sua irmã mais jovem. “Hum… sim. Deixamos de precisar de sua enfermeira porque ela já pode se mover bastante bem por si mesma”. Fez uma pausa e sorriu. “No entanto, o comichão a está levando a loucura”.
“Aposto que sim. Lembra quando você fraturou o braço? Não sei, quanto tempo deu a mamãe antes que você tentasse meter um pau ou uma régua ali para coçar”. A ruiva deu um pontapé em seus sapatos e se sentou no sofá. “E, o que você deu a ela? E venha aqui um momento. Estou cansada de falar inclinada na sala”.
Escuras sobrancelhas se levantaram. “Desde quando deseja falar sobre Rose?”.
“Não disse que queria falar sobre ela, só lhe perguntei o que você deu a ela no Natal, isso é tudo”. Susan baixou o olhar a suas unhas, obviamente evitando o olhar sua irmã. Ronnie estava indecisa a abrir-se, insegura sobre a repentina mudança de atitude.
“Algumas roupas e um par de programas de computador”, disse, não fazendo nenhum esforço para se levantar de sua cadeira. “Não me enlouqueci muito”. A verdade era que havia gasto muito mais do que originalmente havia planejado, mas os sorrisos que Rose havia lhe dado tinha valido cada penique.
“Não disse que você o faria, Ronnie”. Vendo que sua irmã não ia acompanhá-la no sofá, Susan estirou suas pernas e deixou seus pés apoiados sobre a almofada. “Ela gostou?”.
“Sim, gostou”. A executiva baixou o olhar a sua lapiseira e sorriu, girando o instrumento para escrever em suas mãos.
“Então as coisas vão bem entre vocês duas?”.
“Susan ela é só uma amiga. Eu já lhe disse”. Olhou fixamente o lápis por alguns segundos antes de falar outra vez, desta vez com uma voz mais baixa. “Realmente é bonita, não é?”.
“É muito bonita, Ronnie”, a ruiva concordou. “Acho que não demorou muito para ela perceber seu hábito para comer cada lápis a sua vista”.
“Eu não os como”. Um suave rubor tingiu suas feições. “Eu os mordo. Há uma diferença. Não posso evitar. Faço desde que era uma criança e provavelmente continuarei fazendo até que seja uma velha”.
“Bem irmã, estou disposta a apostar que não morderá este”. Ronnie sorriu.
“Não, é muito bonito. Além disso, provavelmente quebraria meus dentes nele”.
“Disse que este tem uma caneta igual?”.
“Sim, justo aqui”. Ronnie se virou para a jaqueta que estava no respaldo de sua cadeira e tirou a caneta do bolso interior do peito. “Inclusive se certificou de que tivesse tinta azul ao invés de preta”.
“Sabe, nunca vi alguém tão seletiva sobre com que cor se escreve”. Susan levantou-se e cruzou a sala até a mesa para olhar melhor. Ronnie a contra gosto lhe deu o objeto. “Oh, é linda”. Houve um silêncio por um momento antes que Susan lhe devolvesse a caneta. “Estava pensando que talvez Jack e eu poderíamos ir alguma noite para lhe fazer uma visita. Nada sofisticado talvez um desses churrascos de inverno que você tanto gostava de fazer”.
“Nós não fazemos um desses há… dois ou três anos?” Ronnie balançou sua cabeça. “Não posso acreditar que tenha passado tanto tempo”.
“Bom então, devemos fazer. Será divertido e nós conheceremos Rose”.
“A conheceu na festa de Natal, Susan”, falou. “E lembro, que você não estava nada emocionada sobre isso”.
“Bem…”. Uma olhada culpada passou sobre o rosto da irmã mais jovem. “Talvez tenha tirado conclusões precipitadas”.
“Talvez tenha”, Ronnie concordou.
“Assim, talvez eu queira uma segunda oportunidade”, a ruiva ofereceu.
O silêncio caiu entre elas por um momento antes que Ronnie a contra gosto assentisse. “Estamos justamente na metade do degelo de janeiro então esta seria a época perfeita para um churrasco de inverno”.
“Exatamente. Inclusive deixarei os meninos com a babá para que não tenha que se preocupar”.
“Não, pode levá-los. Não vão lá há muito tempo”.
“Levarei seu Playstation para que tenham algo para fazer”. Susan estendeu a mão e apertou o ombro de sua irmã. “Sabe que eles gostam de lhe vencer nesse jogo de luta livre”.
“Ainda tem aquilo? Pensei que era para aquele pequeno sistema de jogo preto que tinham”.
“Oh, ainda tem esse em alguma parte. Eles só utilizam o Playstation agora. Acabo de lhe comprar um novo jogo de luta livre. Não sei o nome dele, certamente”.
“Não importa. Terão meu indivíduo na lona em três segundos como sempre fazem, exceto Ricky. Ele gosta de lançar o indivíduo do ring umas doze vezes e lhe colocar em coma antes de declarar-me vencida”. As irmãs riram, quebrando a tensão das últimas semanas.
“O que você acha de sábado?”.
“Soa bem. Com licença”. Ronnie pressionou o botão do interfone.
“Sua mãe na linha dois. Disse que é urgente”, a voz de Laura disse.
“Obrigada”. Olhou para Susan. “E agora o que será?”.
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