Capitulo IV

O que seu coração precisa saber

O barco chegou à terra firme no quinto dia quando a lua já estava alta no céu. As duas se despediram da tripulação e logo em seguida foram procurar um lugar para passarem a noite. Em pouco tempo elas arrumaram o acampamento e enquanto Gabrielle arrumava as peles para elas dormirem Xena acendia uma fogueira.

– Xena ainda temos algumas frutas queijo e pão. Acho que não precisamos caçar nada.

– Tudo bem, amanhã no almoço nós comemos comida de verdade então.

– Nossa… Tinha esquecido como Potedea é longe.

– É praticamente do lado oposto de Amphipolis.

– Você também precisava morar tão longe?

– E mesmo assim eu te encontrei.

– Graças aos deuses.

Elas comeram e ficaram vendo as estrelas procurando formas e os desenhos que elas faziam e em pouco tempo Gabrielle já tinha adormecido nos braços de Xena que ainda ficou por alguns minutos admirando os pontinhos brilhantes e teve a certeza que aquilo que estava sentindo depois de muito tempo poderia ser chamado de felicidade e paz e a única razão por esses sentimentos era aquela loirinha em seus braços.

Varias luas se passaram e Potedea já não estava tão longe, apenas mais uma noite e estariam na casa dos pais de Gabrielle.

– Vamos passar a noite nesse vilarejo e amanha já chegaremos à sua casa Gaby.

– Estou tão ansiosa que viajaria de noite… Ahh eu adoro quando você me chama assim só por Gaby.

– Viajar a noite é muito perigoso e agora já esta pertinho.

– O que você tem Xena? Desde que ficamos mais perto da minha casa você ficou tão estranha.

– É que seus pais vão ficar super felizes em te ver, só que estou até vendo o rosto do seu pai de desaprovação quando ele perceber que estou com você.

– E com quem mais eu estaria?

– Só queria que eles gostassem de mim, porque eles são culpados de toda a minha felicidade eles te fizeram.

– E se eles soubessem o quanto você me faz feliz eles te amariam. Fique calma o que pode acontecer de errado?

– Da ultima vez que você falou isso eu acabei brigando com um bando de sacerdotes e um javali furioso.

– Nossa nem me lembre._ As duas caíram na risada e foram procurar algum lugar para passarem a noite no vilarejo e quando acharam uma taberna Gabrielle segurou os ombros de Xena.

– Promete que dessa vez você não vai brigar com ninguém?

– Você acha que eu não consigo entrar em uma taberna sem bater em alguém?

– Eu aposto que não consegue.

– Você vai perder feio.

– Você quer apostar o que Xena?

– O que você quiser!

– Combinado. Quem ganhar pode escolher QUALQUER coisa.

Gabrielle estica a mão para apertar a mão de Xena para selar o acordo, a guerreira gospe na própria mão e aperta a de Gabrielle

-Aghh… Sabia que você ia fazer isso.

– Vamos? Estou morrendo de fome.

As duas foram ate o balcão e pediram sopa de coelho e carne de javali, assim que elas sentaram um homem cheirando a cerveja se aproxima segurando os ombros de Gabrielle.

– Que loira linda, fazia tempo que não via alguém como você aqui. Posso me sentar?

– Acho melhor não_ Gabrielle responde tentando se desvencilhar do homem que agora passava as mãos compulsivamente nos seus cabelos e se aproximava para sentir o cheiro que saia deles.

O rosto de Xena parecia de mármore sem qualquer expressão:- Acho melhor você soltar ela e parar de fazer isso.

– Fazer o que? Isso?_ O homem segura Gabrielle pelos cabelos e lambe o seu pescoço.

A guerreira levanta aplicando o golpe no pescoço do homem e olha para Gabrielle que estava se limpando com nojo.

– Acho que você acabou de ganhar a aposta.

– Xena você não vai retirar o golpe? Ele esta morrendo.

– Não sei, estou pensando.

Gabrielle levanta e coloca as mãos no braço de Xena:- Esta tudo bem, você pode soltar ele eu estou bem.

Xena espera mais um pouco e retira o golpe fazendo o homem atordoado sair correndo imediatamente.

– Xena porque você demorou tanto para retirar o golpe?

– Eu…_ Antes que ela pudesse responder o dono da taberna se aproxima com copos de cerveja e muitos pratos de vários tipos de comida.

– Minhas jovens obrigado por darem um jeito naquele porco. Peço que aceitem essa humilde comida e bebida e o meu melhor quarto para vocês passarem a noite e é lógico sem pagar nada.

Gabrielle viu que Xena estava imóvel e que não pretendia falar nada então começou a falar:- Eu e Xena aceitamos o seu presente. Muito obrigada.

Elas comeram e beberam, no inicio Xena estava seria com as sobrancelhas franzidas mas assim que Gabrielle começou a falar um sorriso tomou conta do seu rosto.

– Nossa Xena eu comi demais e bebi mais ainda, já estou quase bêbada se eu continuar aqui você vai ter que me levar carregada para o quarto.

– É melhor a gente deitar mesmo amanha vamos acordar cedo.

As duas foram ate o quarto acompanhadas pelo dono da taberna.

– Separei o meu melhor quarto e a maior tina para vocês poderem tomar um banho, espero que gostem. Boa noite

-Boa noite.

As duas entram no quarto que era realmente grande com uma tina que parecia uma pequena piscina. Xena se jogou na cama macia puxando Gabrielle para deitar ao lado dela.

– Xena eu posso te fazer uma pergunta?

– Uhum.

– Porque você demorou tanto para tirar o golpe daquele homem.

Os músculos do corpo inteiro de Xena ficam tensos e uma expressão seria toma o seu rosto de novo.

– Senti raiva e se você não tivesse me pedido eu não teria retirado o golpe. Pessoas como ele não aprendem nunca e sempre vão achar pessoas indefesas para se aproveitarem…_ Xena olha pra o lado e acaba de falar com um tom de voz sussurrado:- …eu não fiquei só com raiva tive ciúme também.

– O que?

– Você ouviu Gabrielle.

– Eu ouvi mais queria que você falasse de novo.

– Eu fiquei com ciúmes. Feliz?

– Own que guerreira mais boba que eu tenho, com ciúmes de um cara nojento daqueles quando nem mesmo a própria Afrodite conseguiria me fazer olhar para outra pessoa.

Xena segura o rosto de Gabrielle e a beija apaixonadamente, elas tomam um banho e deitam juntas para dormirem como desde o primeiro dia que fizeram amor, como se só conseguissem dormir uma sentindo o corpo da outra e o conforto que isso trazia.

No dia seguinte elas acordaram bem cedo e logo já estavam em Potedea, era uma cidade realmente bonita, crianças corriam brincando e um cheiro de flores silvestres tomava conta de toda parte. Quando elas chegaram à casa dos pais de Gabrielle a Barda não estava mais se aguentando de tanta saudade.

– Vai la Gaby, eu espero aqui e depois que você falar com todo mundo eu entro.

– Xena isso não é necessário. Vem comigo?

– Vou me sentir melhor assim, eu te espero.

– Tudo bem, eu não demoro.

Gabrielle saiu correndo pelo portão e logo bateu na porta a sua Irmã Lila abriu e elas se abrasaram com lagrimas nos olhos.

Xena estava encostada no portão deixando Gabrielle um pouco sozinha com seus pais quando olha para a casa e vê um homem em cima do telhado o mesmo homem do bar que ela quase tinha matado.

– Eu não falei que esse tipo não aprende. _ A guerreira corre pelo quintal e com seu grito de guerra da um salto e um giro caindo na frente do homem e o agarra pelo pescoço o empurrando do telhado. O homem bate fortemente no chão mais o telhado não era tão alto para matá-lo.

Xena pula do telhado já com a sua espada na mão apontando diretamente para o pescoço dele:- Me de um bom motivo para eu não te matar aqui e agora.

Com todo o barulho Gabrielle, Lila e seus pais saem de dentro da casa e vêem Xena com sua espada apontada para o homem. O pai de Gabrielle olha furioso:- Gabrielle o que o seu cachorro raivoso esta fazendo com o meu empregado?

– Pai não fala assim dela, tenho certeza que Xena teve um bom motivo para fazer o que fez.

– Ele estava consertando o meu telhado o que de errado tem nisso?

Gabrielle corre ate ela colocando as mãos nos seus ombros quando vê que era o mesmo homem da taberna que ela tinha quase matado e cochicha em seu ouvido:- Calma meu amor, ele trabalha para o meu pai e não está bêbado às vezes ele é alguém decente. Por favor, guarda a sua espada você esta assustando eles.

O pai de Gabrielle se aproxima:- Pelos deuses o que esta acontecendo aqui.

– Pai ela confundiu o seu empregado com um ladrão que nós vimos ontem na cidade vizinha, foi apenas um mal entendido.

– Sabia que você aqui era bom demais para ser verdade sem ela.

Gabrielle ia falar mais Xena segurou o seu ombro balançando a cabeça negativamente. Enquanto todos voltavam para dentro da casa para acabarem de preparar o almoço Xena volta e segura o homem pelo pescoço.

– Escuta bem o que eu vou te falar, você vai pegar as suas coisas e vai embora para bem longe daqui e nunca mais vai voltar entendeu? E se você resolver que ficar aqui é uma boa idéia da próxima vez que eu te ver você vai ganhar uma passagem só de ida para o tartaro. Você entendeu?

O homem balançou a cabeça positivamente, quando Xena olha para a casa Gabrielle estava esperando na porta ela larga o homem e caminha sorridente ate sua Barda.

– O almoço está quase pronto Xena.

– O seu pai está muito bravo?

– Nada que eu não consiga resolver.

– Desculpe por aquilo com aquele cara idiota. Eu não queria…

– Ei não tem importância, eu teria feito a mesma coisa se soubesse dar esses pulos e cambalhotas.

Elas entram na casa dando risadas mais logo param quando o pai de Gabrielle quase fulminou Xena com o olhar. A mãe de Gabrielle puxa as duas pela cintura as fazendo ficarem mais perto da mesa:- Vamos comer meninas vocês devem estar morrendo de fome.

– Quando a Gabrielle não esta com fome?_ Xena fala fazendo todos rirem menos o pai. Quando todos acabaram de comer Xena ajuda a mãe de Gabrielle a retirar a mesa:- Eu vou pegar alguns peixes para a janta faz tempo que não pesco e a Gabrielle comentou que é o prato favorito da senhora.

– Não precisa se incomodar com isso, mas se você quiser trazer uns peixes gordinhos eu irei adorar.

– Conte com isso.

Enquanto Xena foi pescar Gabrielle e Lila foram caminhar para colocarem o assunto em dia.

– Potedea esta exatamente do mesmo jeito que eu lembro. É maravilhoso esse lugar. E que saudade que eu estava de você minha irmã.

– Também estava morrendo de saudade de você Gabrielle mais você esta diferente com um brilho nos olhos.

– Estou?

– Parece que esta apaixonada.

– Parece mesmo? Esta tão evidente assim?

– Pelos deuses então você esta apaixonada mesmo? Conta-me quem é? Quando eu vou conhecê-lo.

– Você já conhece.

– Conheço? Como assim? É alguém daqui?

– Você promete que não vai contar pro papai nem pra mamãe?

– Essa pessoa por quem você esta apaixonada usa uma espada e uma roupa de couro e uma argola estranha?

– Não é uma argola estranha é o chakram dela.

– Pelos deuses eu SABIA… Desde quando?

– Não faz muito tempo que nós estamos juntas de verdade.

– Eu me lembro quando você falou que iria embora com ela como seus olhos brilhavam.

– Você não ficou chocada?

– Ela te faz feliz?

– A mais feliz do mundo.

– Então é o que importa só não deixa o pai saber se não ele tem um treco.

– Nem pense nisso Lila, acho que ele seria capaz de alguma loucura. Posso te pedir uma coisa?

– Lógico.

– Vamos ate o rio onde Xena esta pescando? Não gosto de ficar muito tempo sem saber dela.

– Como se ela não conseguisse se defender de qualquer coisa né. Acho que você esta com saudadinha hein.

– Sua boba.

As duas caminharam ate o rio onde Xena estava sentada encharcada do lado de uma pilha de peixes ainda se debatendo fora da água. Quando ela viu Gabrielle e Lila se levantou esperando elas chegarem.

– Nossa Xena esses peixes alimentariam nossa família por um mês. Você não acha que exagerou?

– Ops… Me empolguei eu acho. Mais podemos soltar alguns, eles ainda estão vivos.

As três soltaram mais da metade dos peixes e voltaram para ajudar a mãe de Gabrielle fazer janta. Lila olhava com curiosidade para Xena que percebeu.

– Algum problema Lila?

– Nenhum Xena. É que olhando bem da pra entender porque minha irmã gosta tanto de você.

A guerreira tropeça fazendo Gabrielle trombar nela, as duas só não cai porque Xena segura a Barda pela cintura.

– Desculpe falar desse jeito. Só queria que você soubesse que até gosto em ter você como minha cunhada.

Lila continua andando deixando Gabrielle e Xena paradas uma olhando para a cara da outra.

– Eu to ficando louca ou a sua irmã me chamou de cunhada?

– Ela falou isso mesmo. Que descarada. Eu contei pra ela eu precisava contar pra alguém o quanto você me faz feliz.

– Eu já falei que te amo hoje?_ Xena abraça Gabrielle molhando toda a sua roupa com o seu corpo.

– Não falou não.

– Nenhuma vez?

– Nenhuminha.

Xena beija Gabrielle:- Eu te amo. Agora vamos para a sua casa antes que a sua irmã resolva voltar e nos pegar no flagra.

Quando elas entram na casa Xena estava com vários peixes presos um no outro e Gabrielle com um sorriso que a sua mãe nunca tinha visto antes.

– Hum…qual o motivo de tanta felicidade? Parece que você viu um passarinho verde filha.

Lila da uma risada.

– Não diria verde mãe e sim azul._ Lila olha para os olhos de Xena com um rizinho irônico no rosto.

– Não aconteceu nada não mãe. Eu apenas estou feliz por estar aqui com vocês.

O pai de Gabrielle levanta da cadeira onde estava se aproximando delas:- Porque suas roupas estão molhadas Gabrielle?

– É por que… Hum… quando eu…

Lila viu que a sua irmã não sabia o que dizer e resolveu ajudar.

– Foi culpa minha pai eu não vi por onde andava e acabei tropeçando e empurrando a Gaby que trombou em Xena que tinha acabado de sair do rio. Eu sou muito desajeitada.

A mãe de Gabrielle se aproxima vendo as duas molhadas.

– Acho melhor vocês tomarem um banho e trocarem de roupa. Eu tenho roupas que devem servir em você Xena.

– Não precisa se preocupar.

– Eu faço questão. Assim você tira um pouco essa armadura ela parece ser tão pesada.

– Tudo bem, mas primeiro vou te ajudar a limpar os peixes.

A mãe de Gabrielle e Xena vão para a cozinha enquanto Lila e a Barda  vão tomar banho.

Xena segura um peixe e pega uma faca de cima da pia e em poucos segundos ele já estava limpo e cortado em pedaços perfeitamente iguais.

– Nossa que habilidade que você tem com essa faca.

– Obrigada. A senhora também contou muito bem.

As duas estavam conversando quando Gabrielle e Lila entram na cozinha com roupas limpas. A mãe de Gabrielle pega a faca das mãos de Xena e segura as suas mãos.

– Agora eu termino, vai tomar um banho e tirar essa armadura que eu coloquei roupas limpas do lado da tina no banheiro.

– Obrigada.

Enquanto Xena tomava banho Gabrielle e Lila ajudavam a sua mãe a arrumar a mesa e acabar de fazer a janta. Todos estavam sentados esperando o peixe ficar pronto quando Xena aparece com um vestido longo verde que caiu em seu corpo feito uma luva. Todos olharam para ela como se ela fosse outra pessoa, alguém normal quase com ar de indefesa.

O sorriso nos lábios de Gabrielle era visível e seus olhos passeavam no corpo de Xena que ficava ainda mais definido com o tecido delicado.

– Tem alguma coisa queimando_ a guerreira fala se aproximando do forno.

– Pelos deuses. O peixe!

A mãe de Gabrielle corre e tira o peixe do grande forno de barro, não tinha queimando mais estava quase começando a queimar. Todos se sentam à mesa para a janta e Lila vira de frente para Xena.

– Ainda bem que você sentiu o cheiro do peixe no forno ele quase queimou, seu olfato é incrível.

– O que ela não consegue fazer? _ O pai de Gabrielle fala olhando bravo para a guerreira.

A guerreira fala olhando diretamente para ele: – O senhor nem imagina quantas coisas eu não sou capaz de fazer.

– Uma das coisas que você com certeza não é capaz de fazer é deixar a nossa filha em paz.

– Eu nunca forçaria a Gabrielle fazer algo que ela não quisesse.

– Você já fez isso quando levou ela embora daqui, quando tirou a nossa filha da gente.

Dessa vez Gabrielle não ficou quieta e levantou olhando seria para o pai.

– Achei que você tinha entendido que eu quis ir embora com ela, isso foi uma decisão que eu tomei não ela. Então se o senhor quer culpar alguém por eu ter ido embora eu sou a única culpada.

– Mas agora você esta de volta e não precisa partir de novo.

– Papai, por favor, não vamos começar de novo com esse assunto. Meu lugar é com a Xena não aqui.

– Seu lugar é com a sua família e com um marido não com ela.

– Isso nunca vai acontecer pai.

– Filha mesmo você viajando com ela vai chegar uma hora que você vai precisar se casar de novo com alguém e ter filhos… Ser uma pessoa normal.

– Pai eu tenho tudo que eu preciso com ela, não preciso de marido nem filhos nem uma casa.

– Você não sabe o que é melhor pra você. Eu deveria te prender no seu quarto ate você começar raciocinar direito.

– Eu te respeito mais acho que o senhor iria se machucar tentando fazer isso.

Nessa hora Xena levanta da mesa se colocando no meio dos dois.

– Por favor, Gabrielle não brigue com o seu pai. Ele só esta querendo a sua felicidade.

– Ele é tão cego Xena que não consegue ver que você é minha felicidade que eu te…

O pai de Gabrielle se levanta batendo os punhos na mesa.

– Que você o que Gabrielle?

– O senhor quer mesmo saber?

– O que você esta escondendo de todos nós?

A Barda segura às mãos de Xena e em seguida olha para todos na mesa.

– Eu a amo. Amo mais que tudo na minha vida.

– Isso já passou dos limites, vai para o seu quarto agora Gabrielle antes que eu faça alguma coisa que eu vá me arrepender depois.

– Eu não vou para o meu quarto eu vou embora hoje mesmo.

– Se tem alguém que nem devia ter vindo aqui não é você Gabrielle. É essa mulher_ Ele fala apontando para Xena com uma raiva enorme nos olhos:- Ela é culpada por toda essa discussão. Ela é responsável por todo o mau que lhe aconteceu essa mulher devia estar morta!

Quando o pai de Gabrielle acabou de falar os olhos da Barda estavam marejados.

– A Xena não é obrigada a escutar esse tipo de coisa, se não fosse por ela a Calisto teria me matado, alias se não fosse por ela eu estaria morta há muito tempo atrás ou sendo escrava de algum bêbado gordo. O senhor fala como se ela fosse minha inimiga quando na verdade ela é a razão de eu ainda estar viva. E se ela não é bem vinda aqui eu também não sou.

– Você esta me falando que a sua vida é realmente melhor com ela? Que você não corre nenhum risco de morrer o tempo todo ao lado dela?

– Minha vida é realmente melhor com ela porque se eu nunca tivesse fugido naquela noite eu realmente não conheceria o que é ser feliz. E todo o risco que eu corro na minha jornada com ela só faz cada segundo valer mais a pena.

Gabrielle vira de frente para Xena que estava sem palavras.

– Acho que nós devemos ir embora.

– Eu acho que todos nós devemos esfriar a cabeça e decidir isso amanhã.

A mãe de Gabrielle que já estava chorando segura os braços da barda.

– Por favor, não vá embora. Você acabou de chegar e seu pai esta nervoso vamos acabar essa conversa amanha com mais calma.

– Tudo bem mamãe amanha nós continuaremos essa conversa. Eu já estou com sono mesmo.

– Arrumei sua cama e no meio dela e da Lila coloquei varias peles para Xena dormir.

– Então já vou me deitar. Boa noite mamãe.

Gabrielle vai ate a mãe e da um beijo no rosto dela e depois vai para o quarto acompanhada pela Lila e Xena sem olhar para o pai. Quando elas entram no quarto Lila estava pálida.

– Não acredito que você enfrentou o papai daquele jeito. Mesmo você estando certa nunca pensei que você conseguiria falar com ele desse jeito.

– Você se surpreenderia comigo Lila. Mas vamos dormir que eu estou cansada.

– Boa noite para vocês então.

Xena senta nas peles estendidas no chão e olha pra Gabrielle que estava com os olhos cheios de lagrimas.

– Meu amor não fica assim, por favor.

– Posso te pedir uma coisa?

– Qualquer coisa.

– Deita aqui comigo? Não vou conseguir dormir sem você.

A guerreira levanta e vai ate a cama deitando e estendendo seu braço para Gabrielle deitar a barda apaga as velas que ainda iluminavam o quarto e deita no ombro de Xena.

– Tenta dormir agora Gabrielle amanhã vai ser um longo dia.

– Eu te amo.

– Eu também te amo.

Na manha seguinte Xena acorda com um barulho estranho vindo da cozinha e com cuidado levanta sem acordar Gabrielle. Ao chegar à cozinha o pai de Gabrielle estava sentado contando vários dinares colocando todos eles dentro de uma bolsa. Xena se aproxima encostando-se na parede na frente dele.

– O senhor tem que tomar cuidado com tanto dinares guardado em casa.

– Dizem que todos têm um preço. Estava pensando qual seria o seu?

– Onde o senhor esta querendo chegar?

– O que você quer para deixar a minha filha em paz?

Ela desencosta da parede e se aproxima do pai de Gabrielle debruçando as mãos sobre a mesa.

– Espero sinceramente que a Gabrielle não fique sabendo que o senhor tentou me comprar. Porque isso iria deixar ela muito magoada.

– Falando assim ate parece que você realmente se preocupa com ela.

– O senhor não tem noção do que eu faria pela sua fila.

– Então prove.  Vá embora.

– Ela iria atrás de mim. Eu não quero mais continuar com essa conversa não quero faltar com o respeito com o senhor.

Xena sai da casa batendo a porta fazendo Gabrielle acordar assustada e correr ate a cozinha.

– Onde a Xena foi pai?

– Não sei e se eu soubesse não falaria.

– O senhor vai continuar com essa discussão sobre ela?

– Essas discussões não vão durar muito.

– O que o senhor quer dizer com isso?

– Se o dinheiro não pode comprar a sua amiguinha com certeza pode comprar outra pessoa.

– Não estou entendendo.

– Quero ver se ela é tão boa assim sem as suas armas e armadura e quando ele encontrar ela…

Gabrielle nem o deixou terminar de falar e saiu correndo pela porta desesperada

– Xena…XENA onde você esta? Pelos deuses responde._ Ela corre para o lago onde provavelmente Xena teria ido.

Quando ela se aproxima do lago Xena estava sentada na margem, o sentimento de alivio que Gabrielle sentiu desapareceu quando ela vê um homem com um lançador de dardos apontado para Xena.

Nesses segundos que passaram ela só conseguia pensar em impedir que o homem acertasse Xena e sem pensar duas vezes ela corre e se joga na frente do pequeno dardo que tinha sido disparado na direção da guerreira.

Quando o dardo atinge as costas de Gabrielle, Xena levanta assustada e olha para ela que estava parada na sua frente enquanto o homem sai correndo pelo meio das árvores.

– O que aconteceu Gabrielle? Quem era aquele homem?

A barda estava parada sem nenhuma reação na frente de Xena com o rosto pálido.

– Gabrielle pelos deuses o que aconteceu? Você parece que não esta bem.

Ela caminha ate mais perto da guerreira e fala devagar quase sussurrando.

– Ele era o mesmo homem do bar e o que trabalhava pro meu pai.

A guerreira ameaçou correr para encontrá-lo, mas Gabrielle segurou o seu braço a impedindo.

– Gabrielle eu disse que se ele voltasse aqui ele iria se arrepender.

– Ele estava aqui para tentar te atingir com um dardo.

– Mas eu estou bem ela não conseguiu me acertar.

– Eu sei._ Assim que a barda acaba de falar ela cai no chão inconsciente.

Xena se ajoelha segurando Gabrielle em seus braços e vê um pequeno dardo cravado em suas costas, ela o retira e cheira a sua ponta.

– Veneno!