Em um vale escondido entre as colinas de Tessália, Autolycus, o rei dos ladrões, encontrou-se com Ephiny, a guerreira amazona. Eles eram como noite e dia; ele, um mestre da astúcia e do engano, e ela, um símbolo de força e honra. Mas o destino, ou talvez os deuses, tinham outros planos para eles.

Autolycus esperava na clareira, às sombras da noite escondendo sua presença. Ephiny se aproximou, a cautela evidente em cada passo.

“Então, você veio mesmo…” – Autolycus disse, emergindo da escuridão.

“Não porque confio em você, ladrão, mas porque Ares está tramando algo e eu não posso ignorar isso.” – Ephiny respondeu, mantendo a distância.

“Então, temos um inimigo em comum. Ares sempre teve um gosto por caos.” Autolycus concordou, cruzando os braços.

“E por acaso, o que que você sabe?” – Ephiny perguntou, com uma postura firme.

“O suficiente para saber que ele está usando Eros para seus próprios fins. Eros perdeu o controle de seus poderes e agora está sendo manipulado feito uma marionete.” Autolycus revelou.

“Perdeu o controle de seus poderes!?” – Indagou Ephiny

“Aparentemente Ares foi até o submundo e firmou um acordo com Hades, com isso ele pode obter um pouco da essência de Lete, enganando Eros para que tomasse esse líquido e o transformando em um mortal, o deixando frágil e manipulável.” – Disse Autolycus

Mas antes que pudessem continuar a conversa, surge Eros, totalmente fora de si, disparando suas flechas de forma descontrolada e iniciando uma batalha árdua.

Gabrielle e Xena corriam pela floresta, as folhas e galhos se partiam sob seus passos apressados. Elas estavam cientes do caos que se espalhava entre os deuses e mortais, um reflexo da trama de Ares.

“Autolycus deve estar aqui em algum lugar…” – Xena disse, olhando ao redor. “Ele disse que tinha informações sobre o que Ares está fazendo.”

“Espero que ele esteja certo.” – Gabrielle respondeu, ajustando o cajado em suas mãos. “Não temos tempo a perder.”

Elas chegaram a uma clareira onde o combate já estava em pleno andamento. Guerreiros de ambos os lados lutavam ferozmente, e no centro, Autolycus enfrentava as flechas do deus do amor como podia, as repelindo com um escudo improvisado, se esquivando.

“Autolycus!” – Xena chamou, desembainhando sua espada.

Ele então virou-se, com um sorriso de alívio aparecendo em seu rosto ao ver as duas guerreiras. “Ah, vocês chegaram! E não um momento muito cedo!”

 

Juntas, as três figuras se uniram na luta, determinadas a acabar com o caos que havia se desencadeado.

Elas mal tinham começado a lutar quando Joxer apareceu, ofegante e claramente atrasado.

“Desculpem pelo atraso!” – Joxer exclamou, tentando recuperar o fôlego.

“Não temos tempo para isso, Joxer,” Gabrielle disse rapidamente. “Ephiny nos passou as especificações para o antídoto agora. Precisamos que você encontre os ingredientes.”

“O que vocês precisam?” Joxer perguntou, preparando-se para anotar.

“Água da fonte da juventude que flui do Monte Olimpo, mas também passa por um dos rios de Tessália, pedra de lápis lazúli e sangue de golfinho.” – Xena recitou, desviando de um golpe de arco. “E rápido, alguém seja atingido por essas flechas.”

Joxer assentiu, determinado. “Considerem feito!” ele disse, antes de se lançar de volta à floresta em busca dos raros componentes. Com ele em sua missão, Xena e Gabrielle voltaram sua atenção para a batalha, lutando não apenas por suas vidas, mas por todo destino de Tessália naquele momento.

No calor da batalha, Eros, em seu estado de confusão, agarrou o cajado de Gabrielle e o lançou para longe. Xena, que estava próxima, tentou recuperar o equilíbrio, mas tropeçou no cajado que rolava pelo chão.

“Xena!” Gabrielle gritou, correndo em sua direção.

É nesse instante que várias flechas desgarradas e sem rumo de Eros encontram seu caminho até Xena e Gabrielle. As duas guerreiras sentiram o impacto, mas, sendo já unidas como alma gêmeas, as flechas do amor intenso não tinham poder sobre elas.

“Isso não vai nos afetar.” Xena disse com um sorriso, arrancando a flecha de seu ombro, percebendo a ausência de efeito.

Gabrielle concordou, “Nós já temos o que essas flechas prometem.”

Nesse momento de distração, elas não notaram, mas as flechas aleatórias, também atingiram Autolycus e Ephiny, os quais sentiram uma alteração em seu estado natural.

Ephiny encarou Autolycus com fúria nos olhos. “Você acha que pode simplesmente aparecer e roubar o protagonismo desta luta com seu ego, Autolycus?” ela acusou, com sua voz carregada de desdém.

Autolycus ergueu uma sobrancelha, divertido. “Querida Ephiny, eu não roubo apenas o protagonismo, mas…” ele começou a dizer, mas foi interrompido por um grito de alerta.

Uma flecha de Eros, errante e brilhante, cortou o ar entre eles. Ephiny sentiu o impacto antes mesmo de ver a flecha, e Autolycus, igualmente atingido, olhou para ela com olhos que de repente não eram mais zombeteiros, mas profundos e intensos.

“O que é isso?” Ephiny murmurou, tocando o local onde a flecha a atingira.

“Isso, minha feroz amazona, é algo que nem mesmo o rei dos ladrões poderia roubar,” Autolycus respondeu, sua voz suave e séria. “É o coração de uma amazona, entregando- se apesar de si mesma.”

Eles se olharam, a batalha ao redor deles desaparecendo em um borrão. A paixão, inesperada e avassaladora, havia tomado conta deles, e naquele momento, tudo o que importava era o batimento dos corações que agora batiam como um só.

Bem nessa hora, Joxer enfim havia retornado de sua missão, consigo ele trazia o antídoto que recuperaria a autoconsciência e os poderes do deus amor.

Joxer emergiu da floresta, com o antídoto já pronto, o segurando em suas mãos. “Vocês não vão acreditar no que eu tive que passar para conseguir isso…” ele disse, ofegante e coberto de folhas.

Xena lançou-lhe um olhar impaciente. “Não temos tempo a perder, Joxer.”

Gabrielle pegou o frasco das mãos de Joxer e se aproximou de Eros, que ainda lutava contra a influência do deus da guerra. “Beba isso,” ela ordenou, segurando-o firmemente enquanto ele tomava o primeiro gole do antídoto.

Eros hesitou, mas a determinação em seus olhos cresceu à medida que a divindade começava a retornar a ele. “Obrigado.” ele murmurou, antes de terminar o restante do elixir.

Foi então que Ares apareceu, sua aura de guerra e conflito pulsando ao redor dele. “Parece que vocês acham que podem me derrotar?” ele zombou, preparando-se para atacar.

Mas agora, com Eros recuperando suas forças e a união dos guerreiros, Ares logo descobriria que o amor e a coragem eram adversários que ele não poderia subestimar.

Eros, agora plenamente restaurado à sua divindade, encarou Ares com uma intensidade que rivalizava com o brilho das estrelas.

“Você não pode controlar o amor, Ares,” Eros disse, sua voz firme e poderosa. “E você certamente não pode controlar a mim.”

Ares riu, um som que ressoou com arrogância e desdém. “Vamos ver sobre isso,” ele desafiou, avançando em direção a Eros.

Mas Eros estava pronto. Levantando suas mãos, ele convocou o poder do amor e da paixão, transformando as chamas ao redor em um espetáculo de luz e calor que cercava Ares, prendendo-o em um vórtice de fogo e emoção.

“O amor é mais forte do que a guerra!” Eros proclamou, enquanto Ares lutava contra as chamas que não o queimavam, mas revelavam verdades que ele não queria enfrentar.

Com Ares contido e a batalha terminando, a paz começou a se espalhar pelo campo de batalha. Os guerreiros, antes sob o feitiço das flechas de Eros, agora se libertavam, olhando uns para os outros não mais com paixão forçada.

E no meio de tudo isso, Autolycus e Ephiny se encontraram novamente, seus corações ainda batendo em uníssono, um lembrete de que o amor verdadeiro, mesmo nascido do caos, permanece inabalável.

Com a batalha finalmente acalmada e a ordem restaurada, Xena se aproximou de Eros com uma pergunta. “E aqueles que foram atingidos pelas flechas, como podemos trazê- los de volta?”

Eros, com um sorriso sereno e sabedoria recém-recuperada, respondeu: “Quando tomei o antídoto, o efeito das flechas foi anulado. Aqueles que foram atingidos voltarão ao seu estado normal.”

Mas para Ephiny e Autolycus, a situação era diferente. Eles haviam sido atingidos pelas flechas, sim, mas o que cresceu entre eles foi algo mais profundo do que o encanto mágico de Eros. Eles haviam lutado lado a lado, compartilhado risadas e olhares significativos, e agora, encontravam-se unidos por uma paixão que transcendia o campo de batalha.

“Então, o que acontecerá com eles?” Gabrielle perguntou, observando o casal improvável.

Eros olhou para Autolycus e Ephiny, agora conversando em voz baixa, e disse: “Eles estão apaixonados por razões que vão além do meu poder. O amor que compartilham é verdadeiro e nasceu da experiência compartilhada e do respeito mútuo.”

Autolycus e Ephiny, embora pertencessem a mundos diferentes, encontraram um no outro uma conexão que não poderia ser negada. Eles formaram um casal, decidindo que, apesar de suas diferenças, sempre encontrariam um caminho de volta um para o outro, para viver essa paixão que havia florescido em meio ao caos.

E assim, enquanto o sol se punha sobre o horizonte, marcando o fim de um dia tumultuado, começava uma nova jornada para os dois amantes, uma jornada de amor, aventura e encontros roubados sob o manto da noite.

Nota