Cap VI

Um brilho azul saiu de todo o corpo de Gabrielle e como por mágica a cor pálida de sua pele e o roxo de seus lábios sumiu, a barda senta na cama como se nada tivesse acontecido completamente curada.

– Gabrielle você está bem?

– Melhor que antes. Como você conseguiu achar um antídoto?

– Achei algo muito melhor que o antídoto. Mais nós temos que ir agora o efeito só vai durar três noites.

– Como assim só três noites? O que era o antídoto que você me deu?

– Acredite ou não era o sangue do próprio Zeus.

– Isso está me parecendo que custou muito caro, o que ele pediu em troca por isso?

– Que eu descubra quem foi o Deus que invocou o poder da fúria e da submissão.

– E como você pretende fazer isso?

– Eu sei que Ares e nem a Afrodite invocaram, os únicos que consigo pensar que seriam capazes disso é Poseidon e o Ades.

Os pais de Gabrielle e Lila estavam sem saber o que falar e não estavam entendendo nada. Gabrielle levanta da cama e abraça a sua mãe e irmã depois vira para o pai e acena com a cabeça.

– Eu preciso ir, assim que nós descobrirmos o que precisamos saber eu volto.

– Mais filha o que a Xena quis dizer com três noites?

– Não se preocupe mamãe vai dar tudo certo. Agora não posso perder tempo. Eu amo vocês.

Xena sai do quarto rapidamente como se estivesse com um relógio em contagem regressiva nas mãos e antes de Gabrielle sair do quarto seu pai segura o seu braço.

– Eu quase te perdi.

– A morte não é a única maneira de perder alguém.

Logo em seguida sai do quarto correndo para encontrar Xena que estava parada do lado de fora da casa.

– Aonde iremos primeiro?

– Precisamos encontrar Poseidon, e com dois cavalos chegaremos mais rápido e mesmo assim será impossível chegar até amanhã à noite no litoral.

As duas pararam pensando em algo mais rápido quando Afrodite aparece.

– Olha… Vejo que conseguiu convencer Zeus a te ajudar. Tenho até medo em perguntar o que ele quis em troca.

– Que eu encontre o Deus que invocou um poder chamado fúria e submissão.

– Eu senti uma coisa diferente esses dias, um poder maior que tudo que já tinha visto, mas agora não sinto mais.

– Ele foi destruído, mais agora precisamos encontrar Poseidon e Ades e descobrir quem foi.

– Eu posso levar vocês até meu templo perto do mar e vocês esperam até amanhã de manhã para tentarem falar com ele, pois à noite é impossível.

– Muito obrigada Afrodite.

A Deusa do amor estrala os dedos e as três aparecem em um templo inteiro rosa com várias oferendas e almofadas por toda a parte.

– Pegue o que precisarem e boa sorte amanhã, qualquer coisa é só chamar.

Gabrielle vai até Afrodite:- Muito obrigada.

– Imagina querida espero que de tudo certo.

Afrodite desaparece deixando as duas sozinhas no aconchegante templo. Xena estava andando de um lado para o outro, Gabrielle para na frente dela segurando as suas mãos.

– Calma, vai dar tudo certo Xena. Ainda temos mais duas noites.

– Eu não posso te perder. Não agora.

– Não vamos pensar nisso. Você está com fome? Tenho certeza que não comeu nada o dia todo.

– Eu estou bem, você que precisa se alimentar.

Gabrielle vai até um pequeno altar e pega vários pedaços de pães e frutas e coloca em uma bandeja:- Eu como se você comer.

– Desde quando você ficou tão teimosa assim?

– Eu sempre fui teimosa Xena, e você é bem mais, muito mais que eu.

– Eu te amo Gaby.

– Eu te amo mais Xena.

– Vamos comer e tentar descansar amanhã vamos ter que arrumar um jeito de conseguir falar com Poseidon.

– O problema vai ser se não tiver sido ele, e sim Ades esse sim vai ser um pouco mais complicado de encontrar.

– Eu sei que nós vamos dar um jeito.

Xena senta ao redor de várias almofadas e acena para Gabrielle sentar ao seu lado, a barda de aproxima com a bandeja e senta ao seu lado pegando algumas frutas para comer e outras para Xena que segura o rosto de Gabrielle e lágrimas escorrem de seus olhos.

– Por que você esta chorando Xena?

– Eu não sei o que faria sem você, pensar que alguma coisa pode acontecer com você já me deixa desesperada e agora saber que eu posso te perder daqui a duas noites me deixa em pânico.

– Meu amor, fica calma, nós vamos dar um jeito. E se não conseguirmos me salvar mesmo assim eu não me arrependo de ter entrado na frente daquele dardo.

– Eu faria qualquer coisa para conseguir voltar no tempo e impedir aquele homem.

– E pensar que tudo isso foi culpa do meu pai. Nós não devíamos ter vindo.

– Eu devia ter escutado que tinha alguém escondido perto do rio. Não devia ter tirado minha armadura e baixado a guarda.

– Não vamos mais pensar nisso e não tem como voltar no passado, mas graças aos Deuses teremos como consertar o futuro.

– Você sempre consegue ver o lado bom de tudo.

– Sabe o lado bom de estarmos aqui?

– Qual?

Gabrielle se aproximou e beijou a guerreira nos lábios um beijo com gosto de fruta fresca e doce.

– Essa é a melhor parte, nós podemos ficar juntas sem ninguém para atrapalhar.

– Você está certa não quero perder mais nem um segundo junto com você.

Algo dentro daquele pequeno templo era mágico, os sentimentos pareciam se multiplicarem ficando cada vez mais intensos. O gosto do beijo era ardente as duas se atraíam de forma fisicamente inexplicável.

As almofadas eram tão macias que pareciam uma enorme cama tudo em tons vermelhos e vinho.

Gabrielle com delicadeza soltava as fivelas da armadura de Xena enquanto a guerreira afrouxava os delicados nós que mantinham o top no corpo da barda, o beijo era calmo como se cada uma estivesse aproveitando cada gosto e cada movimento das línguas. Gabrielle afasta os lábios dos de Xena e os leva até a orelha da guerreira dando pequenas mordidinhas, depois contornou toda a orelha com a ponta da língua:- Eu te amo Xena.

O corpo inteiro de Xena se arrepiou era uma coisa que apenas Gabrielle conseguia fazer.

– Eu te amo mais que a minha própria vida Gabrielle.

À noite foi consumida por horas de prazer naquele templo que tornava tudo mágico e intenso e antes do sol aparecer Gabrielle levanta do lado de Xena e começa escrever em um pergaminho escondido em suas coisas, pouco tempo depois o coloca no altar do templo onde sabia que Afrodite o acharia e volta para junto de Xena que acorda ao sentir um leve beijo em seus lábios.

– Bom dia meu amor.

– Bom dia meu amor hoje o dia será comprido.

– Não vejo a hora que tudo isso acabe Xena.

– Eu também. Vamos indo que precisamos de várias coisas para conseguir falar com Poseidon.

– Que tipo de coisas?

– Um tipo de ritual que os marinheiros fazem quando precisam de ajuda com as tempestades, nada de muito difícil de achar, alguns pedaços de corais queimados e algumas conchas.

As duas saíram do templo que ficava praticamente de frente para o mar e Xena sabia que encontrar Poseidon não seria a parte mais difícil e sim convencê-lo a contar alguma coisa. A guerreira fez o ritual como já tinha feito antes e não aconteceu nada.

– Gabrielle, Ele não vai aparecer se não estivermos em alto mar.

– Precisamos encontrar algum barco de pescador, eles sempre saem de manhã.

Elas correm até o cais mais próximo, não tinha muitos barcos e nenhum marinheiro tinha chegado, o sol começava ficar mais alto no céu e a impaciência de Xena cada vez maior.

– Gabrielle não temos tempo para esperar algum marinheiro chegar, me ajude a desamarrar as velas daquele barco.

– Tudo bem.

As duas conseguiram fugir com o barco, mas o vento estava fraco e ele navegava lentamente. Xena andava de um lado para o outro como se isso ajudasse o barco ir mais rápido. Gabrielle vai até ela e segura seus ombros.

– Calma. Agora nós já estamos aqui, nós vamos conseguir falar com ele e vai dar tudo certo.

– É que quanto mais nos afastamos da terra firme mais demoraremos a voltar.

– Vamos tentar fazer o ritual de novo?

– Só temos corais e conchas para duas tentativas espero que funcione.

A guerreira faz um desenho de um tridente com as cinzas dos corais queimados e joga várias conchinhas sobre ele _:- Poseidon Reis dos Sete Mares responda o meu chamado.

Elas esperam por alguns minutos e nada aconteceu.

– Mais que droga Gabrielle, esses deuses me irritam.

– Vamos tentar ir para alto mar.

– Não estou mais conseguindo ver o cais, estamos mais longe do que eu pretendia.

– Mais nós não podemos desperdiçar a nossa última chance de conseguir falar com ele.

As gaivotas voavam perto do mastro do barco, o mar estava calmo e o dia estava agradável, Gabrielle estava sentada perto de Xena com os dedos no pulso para tentar evitar o enjôo.

– Já chega… Vamos fazer o ritual de novo_ Xena levanta pegando as coisas e ajoelhando para desenhar o tridente com as cinzas de novo:- Poseidon Rei dos Sete Mares responda meu chamado.

E de novo nada aconteceu, ela levanta nervosa e olha para o mar :- Apareça logo seu filho de uma bacante.

A água se agita e um enorme tridente abre caminho para o Deus dos Sete Mares.

– Jeito interessante de chamar a minha atenção. Interessante e perigoso.

– Não vou desperdiçar o seu tempo nem o meu. Só preciso saber se foi você que invocou o poder da fúria e da submissão.

O Deus parecia irritado, mas começou dar risada espirrando água por toda parte quase virando o pequeno barco.

– Agora Zeus está mandando simples mortais fazerem o que ele não conseguiu. E ele ainda se diz o Rei dos Deuses, ele não conseguiria descobrir quem foi nem que a resposta estivesse embaixo do nariz dele.

– Isso quer dizer que não foi você?

– Porque eu iria querer o lugar dele? Aqui eu tenho tudo que eu preciso e eu odeio o ar aqui de fora da água.

– Você tem alguma ideia de quem tenha sido?

– Não sei de nada que acontece fora das minhas águas, agora vocês ocuparam muito meu tempo e tem marinheiros de verdade precisando de mim.

Assim que ele acabou de falar desapareceu nas águas e Xena corre para mudar a direção do barco para voltar à terra firme.

A lua estava brilhante no céu quando elas conseguiram voltar para o templo de Afrodite, Gabrielle pega frutas e pães e faz Xena sentar e comer um pouco mais a guerreira não conseguia ficar parada e nem comer nada.

– Gabrielle agora nós só temos amanhã para descobrirmos quem foi.

– Agora só falta nós falarmos com Ades.

– Existem poucas entradas para o submundo.

– Eu tive uma idéia Xena.

– Qual?

– Você aplica o golpe em mim eu morro e depois você me trás de volta.

– Nem pensar Gabrielle, é muito arriscado.

– Você tem alguma ideia melhor?

– Eu acho uma entrada para o submundo eu entro nela acho o Ades e descubro se foi ele.

– E você acha mesmo que nós temos tempo para procurar uma entrada para o submundo? Você sabe que eu estou certa e que esse é o jeito mais rápido e fácil.

– Mais corre o risco de eu não conseguir trazer você de volta.

– E também corre o risco se nós não fizermos isso de não conseguirmos descobrir quem foi e eu morro mesmo assim. Pelo menos do meu jeito eu vou ter uma chance.

– Eu odeio admitir mais você está certa.

– Eu sempre estou certa, você que não me escuta. Agora lembra quando nós estávamos chegando a Potedea e nós fizemos uma aposta que você não conseguiria não brigar dentro da taberna e eu ganhei.

– Lembro sim.

– E você disse que eu poderia pedir qualquer coisa, então estou cobrando a aposta eu quero que você coma alguma coisa e tente dormir.

– Não estou com fome e nem sono.

– Aposta é aposta.

– Ok… Eu como um pouquinho e depois tento dormir.

– Um pouquinho não, bastante.

– Você fala comigo às vezes como se eu fosse uma criança.

– É porque às vezes você age como uma criança.

Xena levantou e pegou várias coisas para comer e depois volta e senta ao lado de Gabrielle enquanto as duas comiam, ela não desviava o olhar da barda.

– Para de me olhar assim Xena.

– Assim como?

– Como se você estivesse planejando algo. E quando você faz isso eu sou sempre a última a ficar sabendo.

– Não estou planejando nada, já pensei em todas as possibilidades possíveis não tem muita coisa que eu possa fazer a não ser o seu plano maluco.

– Meu plano não é maluco e vai dar certo você vai ver.

– Nós vamos mesmo ficar discutindo essas coisas?

Gabrielle se aproxima de Xena:- Quem aqui está discutindo?_ beija os lábios de Xena:- Vai dar tudo certo meu amor.

Xena segura à nuca de Gabrielle e aproxima mais os rostos dando outro beijo dessa vez mais profundo e intenso:- Espero que tudo de certo mesmo, porque se você morrer eu juro que eu te mato depois.

As duas dão risada e se beijam, as mãos de Gabrielle passeavam nas costas de Xena enquanto a guerreira apertava seu corpo contra o dela beijando o seu pescoço. sua orelha e seus lábios fazendo todo o corpo de Gabrielle arrepiar. Xena separa seus lábios e segura o rosto de Gabrielle e fica parada olhando em seus olhos.

– O que você tem Xena?

– É essa sensação que não passa.

– Que sensação?

– Eu estou tocando a sua pele e parece que essa vai ser a última vez que vou fazer isso, parece que vou acordar e você não vai mais estar aqui.

– Vem aqui.

Gabrielle deita puxando Xena para deitar ao seu lado e puxa o rosto da guerreira encostando-o em seu peito.

– O que você está escutando?

– O seu coração Gabrielle.

– Agora você acredita que eu estou aqui e do seu lado eu nunca vou sair? Agora tenta dormir que eu sei que você deve estar cansada e amanhã o dia vai ser comprido.

– Tudo bem._ Xena levanta o rosto e beija rapidamente os lábios de Gabrielle e depois volta a encostar o rosto em seu peito.

O templo era realmente um lugar aconchegante e mesmo relutando Xena já estava dormindo e Gabrielle olhava para o teto com uma expressão pensativa como se conseguisse ver as estrelas procurando um jeito de conseguir achar outra forma a não ser morrer momentaneamente para falar com Ades. Ela olha em volta e chama Afrodite com uma voz bem baixinha.

– Afrodite… Afrodite apareça, por favor, eu preciso falar com você.

Logo em seguida, a Deusa do Amor aparece no templo com um rosto preocupado.

– O que aconteceu Gaby. Você está bem?

– Fale baixo não quero acordar Xena.

A Deusa estrala os dedos.

– Pode levantar e falar o que você quiser que ela não vai ouvir ou acordar.

– Tem certeza?

– Tenho sim.

Gabrielle levanta bem devagar e fica de frente para Afrodite.

– Eu preciso que você me faça um favor se alguma coisa der errado comigo amanhã.

– Você vai ficar bem Gabrielle. Vai dar tudo certo.

– Caso não sai bem eu preciso que você entregue uma coisa para Xena.

Gabrielle vai até a mesa do templo onde tinha escondido um pergaminho.

– Se amanhã à noite eu não estiver mais aqui, você pode entregar para ela?

– Tudo bem minha querida, eu faço isso para você mais espero não precisar.

– Eu também.

– Você não está conseguindo dormir, não é?

– Não.

– Eu posso ajudar você com isso.

 A Deusa estrala os dedos e Gabrielle cai nas almofadas ao lado de Xena completamente adormecida.

– Espero que amanhã tudo saia bem. Boa sorte para vocês minhas amigas.

O sol já começava iluminar o templo quando Gabrielle acorda e não vê Xena ao seu lado. Ela senta rapidamente olhando de um lado para o outro procurando sua guerreira.

– Estou aqui Gabrielle.

A barda se vira e olha Xena vendo o sol nascer de uma pequena janela do templo.

– O que você está pensando Xena?

– Que hoje o dia está tão lindo…

– Eu acho que o dia está normal, você que é linda. Qualquer coisa comparada a você fica simplesmente normal.

– Você é perfeita Gabrielle.

– Você sabe o que precisamos fazer e o quanto antes fizermos vai ser melhor.

– Você tem certeza que quer fazer isso.

– Eu não quero fazer isso, só que nós não temos outra escolha.

– Sempre existe outra escolha só não descobrimos ainda.

– Mas não temos tempo para descobrir outra saída Xena.

– Tudo bem, preste bastante atenção, eu vou aplicar o golpe em você, e por alguns minutos você vai morrer, aproveite cada segundo para descobrir o máximo possível de Ades, eu não posso trazer você de volta e aplicar o golpe de novo, as chances de trazer você de volta em uma segunda tentativa são quase nulas.

– Eu entendi. Vai dar tudo certo. Se foi ele que invocou o poder da fúria e submissão eu vou descobrir.

– Se alguma coisa acontecer com você eu…

– Não vai acontecer nada comigo Xena. Eu estou preparada.

Elas ficam de frente uma para a outra, Xena posiciona seus dedos no pescoço de Gabrielle.

– Me traga de volta Xena.

A guerreira respira fundo e aplica o golpe, Gabrielle continua sentada em sua frente com o nariz já sangrando e com dificuldade toca o rosto de Xena com as pontas dos dedos e fala quase sussurrando.

– Até daqui a pouco.