Xena estava sentada na cama de Gabrielle, de costas para a escritora, enquanto parecia tomar uma decisão difícil. Atrás dela, estava a loira enrolada nos lenções e observava a imperatriz atentamente. Depois de alguns minutos de silêncio, Gabrielle esticou o braço e acariciou as costas nua da guerreira.

-Tem mesmo que voltar para seu aposento? – A escritora perguntou um pouco aborrecida. Ela não queria que Xena saísse.

-Estou com receio de que César retorne, me procure e não me encontre onde eu deveria estar. – Depois de conversarem mais um pouco e fazerem amor mais uma vez, Xena se levantou e tentou sair, mas Gabrielle estava tornando difícil aquilo.

-Tudo bem, amanhã nos vemos então. – Gabi abaixou o braço.

Xena olhou para a escritora e sorriu para ela, em seguida, se debruçou mais uma vez sobre Gabrielle e deu um beijo caloroso.

-Não quero levantar suspeitas. Mas amanhã prometo que nos veremos sim. – Xena disse baixinho enquanto deixava seus lábios perto dos de Gabi.

-Está bem! – Gabi sorriu e deu mais um beijo em Xena.

As duas mulheres se olharam mais um pouco e com dificuldade, Xena levantou da cama e colocou sua túnica. Antes de sair do aposento de hospedes, Xena parou mais uma vez perto da porta e encarou Gabrielle que a olhava fixamente.

-Boa noite, Gabrielle! Durma bem. – Havia um tom de carinho na voz da imperatriz.

-Durma bem também, Xena! – Gabi respondeu com o mesmo tom carinhoso e enfim elas se separaram depois de uma noite de amor inesperada.

Quando Xena saiu do quarto, olhou para os cantos e não viu ninguém. Provavelmente César não colocou ninguém atrás dela hoje para espiar o que estava fazendo, então teria passagem livre.

A imperatriz deixou Gabrielle contra sua vontade, mas foi melhor do que se não tivesse ido até lá. A morena sorriu para o nada e se lembrou de cada momento que teve com a escritora aquela noite. Ela se lembrou do olhar ansioso da loira, do sorriso, das curvas e do gemido em seu ouvido. Lembrar daquele recente acontecimento excitou a imperatriz mais uma vez e se não fosse pelo medo de César descobrir, voltaria agora e beijaria todo o corpo de Gabrielle.

Enquanto a imperatriz ia para seu aposento pisando nas nuvens, Gabrielle permaneceu no seu. A escritora ainda não conseguia reagir ou refletir sobre o acontecimento recente, então começou a encarar o teto depois que Xena saiu. Segundo depois, Gabrielle abriu um sorriso largo e balançou as pernas com excitação enquanto ria.

A loira nunca havia feito amor com tanta intensidade e descobriu na imperatriz muito mais que uma mulher interessada em suas histórias. Descobriu nela uma amante ardente e que queria muito se aventurar naquilo.

Gabrielle recordou então do pedido de Xena, no qual implorou para que ficasse mais tempo em Roma. O sorriso da loira se apagou e virou uma dúvida cruel. Enquanto mordia o lábio inferior, Gabrielle começou a questionar se realmente seria uma boa ideia e se realmente valeria a pena arriscar seu pescoço por aquilo.

Com muita dúvida e desejo em seu peito, Gabrielle não conseguiu achar uma resposta e começou a se perguntar se Xena já teria chegado em seu aposento. Diferente das outras dúvidas, Gabrielle poderia sanar essa mais facilmente e foi até a sacada para tentar encontrar um resquício de Xena, no entanto, o que viu a seguir foi difícil e seu coração se partiu.

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Assim que Xena pisou em seu aposento, ela foi de imediato para a sacada. Ela começou a se perguntar se Gabrielle estaria ali esperando por ela, mas ao chegar no local, se deparou somente com a luz das velas passando pela cortina do aposento de hospedes.

Xena suspirou e imaginou que provavelmente Gabrielle tinha se cansado e pegou no sono. Já que não poderia ver sua amante mais uma vez, a imperatriz achou prudente adormecer também, mas não foi o que o destino a aguardou em seguida.

-Tive uma visão muito interessante está noite. Uma visão sua com a escritora. – A voz de Alti soou fria e debochada logo atrás e Xena virou bruscamente.

-Pela milésima vez, você está cheia de liberdade, Alti.- Xena rosnou de volta.

-Mesmo? – Alti rebateu.

-A alta sacerdotisa não tem deveres a se cumprir no meu aposento. – Xena se aproximou e se manteve em alerta.

-Bom, é o aposento de César também. – A feiticeira lembrou a imperatriz daquilo e deixou claro que havia algo a mais em seus deveres com o imperador. Xena encarou a mulher por alguns segundos achando aquele comentário estranho, mas então Alti continuou. –Vi a forma como a olhava durante a peça e durante o baile. – A mulher deu uma risadinha astuta. –César daria qualquer coisa para que o olhasse daquela forma.

-O que você quer? – Xena já não podia suportar a audácia de Alti.

-Você não quer me contar o que está tramando, Xena!- Alti finalmente mostrou suas garras e se aproximou de Xena na tentativa de amedronta-la. – Está na hora de eu fazer algo a respeito disso. – Alti não esperou uma resposta da imperatriz e mirou um soco nela, porém Xena já esperava por aquilo e agarrou o braço da feiticeira enquanto aplicou um contragolpe.

Alti se defendeu bem do golpe de Xena, mas em seguida recebeu um soco na bochecha. A feiticeira notou que não escaparia daquela luta e tentou se livras das mãos da imperatriz, porém Xena segurava com força seu pulso, então tentou se livrar dela num salto. Xena que era dotada das mais diversas habilidades de luta e saltou junto com a feiticeira.

Antes de atacar a imperatriz, Alti simplesmente se empolgou com seus novos poderes e esqueceu que a guerreira havia sido forjada para matar, então, sem ter outra alternativa, Alti usou sua arma mais poderosa.

Assim que conseguiu bofetear Xena pela primeira vez, Alti aproveitou a abertura e agarrou o pescoço da mulher com sua mão banhada em magia negra. O efeito da magia dada pelas entidades do carvalho foi quase imediato e Alti pode enxergar a áurea de Xena. Era de uma coloração rara e bem reluzente e a partir daquela visão, a feiticeira confirmou que algo estava estranho.

-Eu posso ver dentro de sua alma, Xena. Onde esteve e onde você vai. – Ao dizer aquilo, Alti causou temor em Xena e a guerreira temeu que sua noite de amor com Gabrielle fosse descoberta. –Tenho o poder e te destruírem. – Ao finalizar seu discurso de irá, Alti possuiu a mente de Xena e vasculhou os lugares mais obscuros.

A feiticeira rondou as lembranças da imperatriz e tentou achar ali uma explicação para a desordem que vinha sentindo recentemente. Estava quase frustrada quando não achou nada, até ver um ponto escuro e quase apagado no inconsciente da guerreira. Alti violou aquele lugar da existência de Xena e o que viu foi tão chocante, quanto intrigante.

Alti viu uma Xena em pé no pátio do palácio de Roma enquanto recebia um golpe mortal de uma arma afiada e esférica. A arma atingiu um ponto crucial da imperatriz e ela caiu no chão sem poder se mexer. Em seguida, Alti viu outra lembrança opaca e encontrou Xena numa terra longínqua lutando com uma entidade milenar poderosa.

Afinal, o que era aquilo? Uma lembrança? O futuro? Um desejo ou só fantasias? Alti não sabia explicar, então mergulhou mais profundamente naquela fenda e causou uma dor insuportável na imperatriz.

-Pode sentir a dor e o medo em sua alma? – Alti perguntou quando notou que Xena podia ver tudo o que acontecia durante aquela invasão.

Alti imaginou que aquilo poderia simplesmente ser os temores de Xena, então resolveu tortura-la com aquilo. Ela viu em seguida uma Xena caída no chão ensanguentada enquanto morria sem os dois braços. Em seguida apareceu morrendo afogada em um lago congelado e por fim dentro de um caixão morta e fria.

Xena não conseguia se desvencilhar das mãos de Alti e seu nariz começou a sangrar à medida que a feiticeira invadia sua mente. Mas assim como ela, Xena não sabia de onde vinha aquilo.

-Está vendo, Xena? César, Roma…TUDO…vão ser meus…- Alti poderia acabar com a imperatriz a qualquer momento já que não pode encontrar a razão para o tumulto cósmico, mas uma pancada em sua cabeça a fez perder a concentração e Xena desvencilhou de seus dedos malignos.

Quando a guerreira olhou para cima sem fôlego, encontrou Brutus segurando Alti com muita força e César horrorizado com a cena que encontrou em sua sacada.

-Xena!- Chamou o imperador sem folego devido a adrenalina de ver sua esposa sendo enforcada. –Você está bem? – Ele quis se certificar que havia chegado na hora certa.

Xena estava muito confusa e sangue escorria não só pelo seu nariz, como também pela boca e por um ouvido. A guerreira se levantou correndo e agarrou o braço de César enquanto olhava Alti com uma mistura de ódio e confusão.

O imperador nunca havia visto Xena tão sem reação e uma fúria sem explicação veio em seu peito. Ele estava irritado e desconfiado de Xena, mas vê-la quase sendo morta sem poder se defender foi um golpe para ele. Ele tinha mudado o passado para que pudesse ter tudo e não seria uma simples sacerdotisa que tiraria seu maior troféu dele.

-Diga, Alti! – César se aproximou dela enquanto mirava a espada. –Me dê uma só razão pela qual não deveria matá-la agora! – Com a voz carregada de raiva, César perguntou, mas a resposta veio de Xena.

-Porque eu quem vou fazer isso… – A voz de Xena estava rouca ao falar pela primeira vez, mas o ódio era notável. – …no circo romano, diante da cidade inteira. – Ela deu sua sentença final e César aprovou.

-Claro! – Ele respondeu. –Brutus, faça com que a interroguem. Pode ter outros envolvidos nesse atentado. – César ordenou e Brutus assentiu com a cabeça. –E avise os guardas sobre os poderes dela. – Brutus se quer ousou questionar seus imperadores e saiu do aposento com Alti presa em suas mãos.

Xena não se deu ao trabalho de olhar para a bruxa e passou os dedos pelos lábios sujos de sangue. Ela não sabia o que dizer ou o que pensar, então não notou quando seu marido a abraçou.

A morena não reagiu, pois, um pouco de consolo não faria mal, mas sua cabeça não estava em paz. O que eram aquelas visões? Ela nunca viu aquilo e muito menos temeu mortes como aquelas. Será que Alti tinha criado aquilo para enganá-la? Talvez.

Xena precisava refletir mais sobre aquilo e se afastou dos braços de César sem dizer uma palavra. Ela foi em direção ao aposento e não percebeu quando Gabrielle saiu para fora da sacada e viu o exato momento que que César a tinha nos braços.

A escritora sentiu seu coração partir ao ver sua amante nos braços do marido. Como assim ela estava fazendo aquilo? Não faziam nem uma marca de vela que tinham feito amor e implorou para que ficasse em Roma por mais tempo.

Gabrielle se sentiu frustrada e desejou gritar com Xena, mas o olhar de César caiu sobre ela e a fez cair na real. A loira percebeu que não deveria ter sido vista por Cesar, ainda mais com uma expressão de derrota no rosto, por isso ela sentiu medo e voltou correndo para o aposento de hospedes.

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Na manhã seguinte, Xena acordou como se um caminhão tivesse passado em seu corpo. Ela dormiu mal mais uma vez e seus sonhos estavam conturbados. As imagens que Alti trouxe em sua mente foram como uma bola de neve e toda vez que fechava os olhos para dormir, uma imagem sua de uma vida que nunca existiu apareciam.

A imperatriz não sabia o que estava acontecendo e pensou até que Alti a tinha feito ficar doente.

-Péricles nos convidou para um almoço hoje! – A voz de César veio da ponta da cama e Xena viu que ele estava calçando as sandálias. –Eu confirmei. – Em seguida o imperador se levantou e olhou para sua esposa atordoada na cama. –Mas se não estiver se sentindo disposta por causa de ontem eu cancelo com ele. – César estava estranho depois de ver Alti atacar Xena. Ele estava carinhoso novamente e bem-humorado. A discussão que haviam tido parecia não ter existido e agora o foco era a insanidade da feiticeira.

-Eu estou bem! – Xena se sentou e depois esfregou os olhos.

-Ótimo! Ainda é cedo, se não tiver nenhum compromisso pode dormir mais. – César foi até Xena e beijou a testa dela. Em seguida ele saiu com seu sorriso arrogante e a morena ficou sozinha no aposento.

Xena levantou da cama e foi até a penteadeira. Ela se olhou no espelho e viu uma imagem sua completamente desgastada. Ela realmente estava exausta e precisava entender o que estava acontecendo. Enquanto pensava em tudo o que aconteceu e na mistura de sentimentos que percorria sua mente, Xena se lembrou de Gabrielle e o típico frio na barriga apareceu.

A imperatriz então resolveu se vestir e descer para o desjejum, logo em seguida ela iria até Gabrielle e quem sabe seu cansaço fosse embora, afinal, a morena havia entendido que Gabrielle vinha sendo uma fonte de bom animo desde que chegou.

Assim que colocou um vestido leve e sua coroa de louro na cabeça, Xena saiu do aposento e foi em direção a sala de jantar. No meio do caminho ela passou ela porta do gabinete de César e viu Brutus saindo rapidamente de lá com cinco guardas reais.

Xena achou aquilo estranho e pensou que talvez fosse para Alti, então a mulher entrou no gabinete de seu marido e questionou.

-Onde Brutus vai com a guarda real? – Xena se aproximou e César deu um olhar curioso para ela.

-Está indo interrogar aquela escritora. – Ele disse como se aquilo fosse completamente normal e voltou a escrever em seus documentos. –Alti confessou que era cúmplice em seu plano.

Xena sentiu seu coração bater forte e quase saiu pela boca. Como assim?

-Que plano, César? – Xena não estava acreditando.

-Complô dos gregos, Xena! Eles vieram como espiões de Leônidas e compraram Alti para nos atacar antes de chegarmos a Grécia. Ele olhou para ela por uns segundos e tornou a escrever em seu pergaminho.

Xena ainda estava com dificuldades para entender aquilo e sua cabeça não podia acreditar.

-Espero que não tenha se apegado muito a ela. – César disse por fim com sua voz fingida por compaixão e Xena deu de ombros.

-Claro que não! – Ela disse em resposta e ele sorriu. –Não teve seu desjejum? – Ela perguntou em seguida para fingir indiferença e pareceu funcionar.

-Já sim! – Ele respondeu de volta enquanto escrevia.

-Certo então! – Ela por fim se retirou, no entanto, seu apetite já tinha sido roubado por aquela notícia.

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Na noite anterior, quando César avistou Gabrielle na sacada, ele sorriu para si mesmo e seu brilhante cérebro achou a oportunidade perfeita para se livras da barda irritante. Ele saiu do aposento tempo depois e deu a Brutus a ordem de prender Gabrielle por estar desconfiado.

O imperador maquinou todo o seu plano enquanto Xena girava na cama sem parar e quando ela finalmente adormeceu, Gabrielle estava sendo levada para a masmorra.

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Enquanto César movimentava a guarda real para prender a escritora, Gabrielle estava no seu aposento. Depois de ver Xena nos braços do imperador, um balde de água fria foi jogado nela e resolveu se vestir finamente.

A escritora se deitou em seguida e ficou se perguntando se aquele abraço tinha significado alguma coisa para Xena, ou se estaria encenando. A escritora estava tão feliz em um momento e de repente ficou deprimida. O sexo que havia feito com Xena tinha sido tão bom e pensou que talvez as duas tivesse tido as mesmas conexões, porém agora sua cabeça dizia somente que a imperatriz queria uma distração fora do casamento.

Enquanto sua mente gritava alto, os guardas reais invadiram o aposento de hospedes sem delicadeza nenhuma e a escritora não entendeu nada.

-O que é isso? – Perguntou Gabrielle ao pular de susto com a porta escancarando.

-Vamos, princesa! Você está presa. – O guarda mais alto respondeu e Gabrielle sentiu suas mãos tremerem.

-Presa? Pelo o que? – Na mesma hora a loira imaginou que César havia descoberto a traição da imperatriz e agora teria de pagar por ser amante de Xena.

-Aparentemente o imperador achou sua peça muito ruim. – Outro guarda respondeu com zombaria e os demais riram enquanto revistavam as coisas de Gabrielle.

-Vejam, uma lista com vários nomes. Isso é uma ótima pista. – Outro guarda que foi até a mesa da escritora começou a revistar seus pergaminhos falou.

-Não!- Gabi se levantou, mas foi segurada pelo guarda mais alto. –Isso são rascunhos de uma peça nova, não tem…- Ela tentou se explicar, mas foi jogada do aposento.

-Chega, escritora! Você vai para as masmorras. – Dois guardas pegaram ela pelos braços e seguiram para a parte inferior do palácio.

-Deve estar havendo um erro. – Gabrielle disse alto e aflita. –Eu não cometi nenhum crime contra César. – Ela tentou mais uma vez, mas os guardas não acreditavam em sua palavra e a jogaram na primeira cela da masmorra.

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Assim que Xena recebeu a notícia de que a pessoa mais doce que já havia conhecido estava na masmorra sob a acusação de ser espiã grega, seu mundo desabou. Não era verdade aquilo, não podia ser. Gabrielle era uma alma colorida e cheia de luz, nunca poderia ter se aproveitado de sua fragilidade. E além disso, a escritora esteve em sua companhia e presenciou sua forma mais vulnerável possível, se realmente fosse uma assassina, não teria implorado por mais toques e beijos e sim teria puxado uma adaga.

Seguindo aquela lógica, Xena não pode acreditar na acusação de Alti, o que poderia muito bem ter sido uma tentativa de atingi-la uma última vez antes de morrer.

Xena saiu do gabinete de César a passos largos e foi até a masmorra. Ela tinha que falar com Gabrielle, tinha que saber dela o que estava acontecendo. Ela chegou perto da porta da masmorra e foi recebida por um guarda não muito estranho.

-Imperatriz. – O homem bateu continência.

-Abra! – Ela ordenou sem muita paciência e o guarda obedeceu.

-É uma grande honra vê-la, imperatriz. – Disse o homem e Xena ignorou de primeiro momento. –Sua majestade fez um grande favor para mim! – Ele continuou.

-Fiz?- Xena perguntou com indiferença enquanto descia com pressa a escada.

-Sim. Minha filha mais nova estava muito doente e sua majestade permitiu que seu curandeiro real a tratasse… Você salvou a vida dela. – O homem disse com gratidão e Xena não pode ignorá-lo agora. Ela deu uma boa olhada nele e respondeu.

-Fico feliz que ela esteja bem! – Com isso ela se virou e foi até a cela que foi designada para Gabrielle.

Assim que se aproximou, avistou sua amante com o rosto vermelho, lagrimas escorrendo e um guarda cortando seu cabelo brutalmente.

-Abra! – Xena ordenou para o guarda mais uma vez e ele destrancou a cela da escritora. –Saia agora. – Disse a imperatriz para o guardas e assim como o anterior, não contestaram. –Você também! – Xena olhou para o homem que abriu a cela e ele ficou receoso.

-Não posso deixar um prisioneiro sem vigilância, majestade! – Ele disse com prudência, mas Xena já estava farta e bateu com a porta em seu rosto.

Uma vez que ficou sozinha com Gabrielle, seu coração começou a bater forte novamente, mas agora não era de ansiedade, mas sim de medo. Xena queria perguntar se era verdade o que César contou, mas o medo de escutar um sim e se decepcionar foi maior.

Por outro lado, Gabrielle estava chateada e arrasada com toda aquela situação. Depois de passar algumas marcas de velas na cela, ela percebeu como foi inocente e tola por se jogar nos braços da imperatriz poderosa. Para Gabrielle, Xena iria acusa-la de sedução, cairia nos braços de César novamente e daria a vida da escritora sem remorso.

Inflamada por aquele sentimento, Gabrielle se levantou exausta e saudou a mulher em sua frente.

-Imperatriz. – Gabrielle falou carregada de magoa e Xena tomou coragem para perguntar.

-César me disse que você é uma espiã grega e foi enviada para nos matar. – Xena não conseguiu dizer aquilo olhando para Gabrielle, mas escutou o suspiro de deboche da escritora ao ouvir aquele absurdo. –É verdade? – Enfim a imperatriz fez contato visual com Gabrielle.

-Uma espiã para te matar? – Gabrielle riu com deboche de novo e descrença. –Eu nunca machuquei ninguém em toda minha vida. – Aquelas foram as únicas palavras que Gabrielle conseguiu dizer e Xena sentiu um alivio enorme ao ouvi-las, porém, o silêncio da imperatriz foi interpretado de outra maneira e Gabrielle se lembrou da noite passada quando viu Xena nos braços de César. –Mas porque você iria acreditar em mim ao invés de seu marido, né? – A escritora se deu por vencida e voltou a se sentar sem pensar nas consequências.

-Eu acredito em você! – Com a voz pesada por controlar um sentimento forte, Xena falou e Gabrielle olhou com estranheza para ela.

-Por que? – A loira quis saber. Será que Xena não tinha cansado de brincar com ela?

-Você pensa que o amor é algo que vale a pena morrer. – Xena caminhou até Gabrielle e se sentou ao lado dela. –Esse não é exatamente o caminho de um assassino. – E ao ouvir aquilo Gabrielle suspirou de alivio e angustia ao mesmo tempo, mas antes de dizer algo, um som de batida longínquo chamou sua atenção.

-O que é isso? – Gabrielle perguntou.

-Estão construindo cruzes. – Xena respondeu friamente e Gabrielle abaixou a cabeça. –Não se pode ter uma crucificação sem cruzes. – Ao dizer finalmente do que se tratava o som, Xena notou que estava ficando sem tempo e tornou a questionar Gabrielle. –Por que César quer você morta? – A aflição na voz de Xena era perceptível.

-Eu não sei! – O nervosismo tomou conta da loira. –Eu sou somente uma escritora… Eu vivo numa vila junto ao mar…- Gabrielle olhou para Xena e as duas puderam ver um desespero mutuo neles. –Eu levo uma vida simples. Não sei que tipo de ameaça eu poderia ser para César… além de querer a esposa dele. – Gabrielle quebrou o contato visual e Xena sentiu suas forças voltarem depois daquela declaração final.

Ela não podia desistir de Gabrielle, primeiro porque era uma mulher inocente e tinha certeza que César não sabia que a traição havia sido consumada e segundo, porque Xena sentiu um desejo inexplicável de não pertencer a mais ninguém, além de Gabrielle.

-Eu não sei o que está acontecendo, mas eu prometo que vou resolver isso, Gabrielle. – Xena se levantou com imponência e Gabrielle sentiu um alivio por não estar sozinha. –GUARDA. – Xena chamou o homem para que abrisse novamente a cela e ele veio rápido.

As duas deram mais um olhar muito significativo uma para outra e por fim Xena saiu da cela.

-Você. – Ela disse para o guarda cheio de gratidão. –Venha comigo. – E ambos seguiram para mais fundo da masmorra.