Epílogo
por Officer Kiramman“Para onde agora?” perguntou a Doutora recostando-se no painel da Tardis com um sorriso aberto.
“Para uma escola de dança, você precisa com urgência”.
“Eu vou me lembrar desse insulto, Yasmin Khan.”
“Você escolhe. Na vez passada a minha ideia de fantasmas, bruxas e espíritos saiu um pouco inesperada”.
“O saldo ainda é positivo, uma vilã derrotada, javali com calda de romã, tâmaras e almas gêmeas reunidas. O que mais poderíamos querer?”
“Eu quero…” começou Yaz, incerta se devia prosseguir, mas sabendo que era o inevitável. “Nós precisamos…conversar.”
“Sim, nós precisamos” concordou a Doutora, suavizando o tom brincalhão e lhe fitando com seriedade.
“A menos que você não queira me ouvir…então eu vou entender”.
“Yasmin Khan, eu… um dia não terei mais esse corpo e esse rosto e… Pode ser que tudo vá mudar. Isso quase aconteceu hoje”.
“Mas não aconteceu.”
“Sim. Eu tive uma segunda chance…para ser essa pessoa aqui, que está na sua frente. Tudo isso porque escolhemos ajudar duas pessoas que…precisavam ficar juntas. Eu acho que deve existir algum significado nisso”.
“Pode ser que haja. Eu só queria…poder descobrir ao seu lado. Mesmo que um dia tudo mude” suspirou Yaz baixando o olhar e encarando algum botão qualquer no painel da Tardis.
“E se alguns dias forem escuros demais?” a Doutora se aproximou de Yaz, fazendo com que ela se obrigasse a olhar para seu rosto.
“Não existe luz sem escuridão” Yaz disse, com a voz mais firme do que ela mesma esperava, olhando nos olhos da Doutora, porque tudo que mais queria nesse momento era obter uma resposta, mesmo que não verbal.
“Isso é cientificamente comprovado” sorriu a Doutora suavemente lhe abraçando, sem quebrar o contato visual e entendendo que se os humanos escolhem arriscar o próprio coração todos os dias, mesmo tendo apenas um, talvez ela tivesse dois por uma boa razão.
***
Há alguns anos luz dali, em uma cabana Amazona, Afrodite encarava Xena e Gabrielle com as mãos na cintura e um olhar ultrajado.
“Pelos deuses que restam, Xena, eu não engravidei a sua mulher. A criança é de vocês duas, e eu já disse, Gabrielle concordou”.
“Falar durante o sono não é exatamente a melhor expressão de consentimento, Afrodite” riu Gabrielle.
“O que está feito, está feito. Eu espero que seja uma linda garotinha obcecada por cor-de-rosa e vestidos” retorquiu Afrodite.
“Você está maluca? Ela vai subir em árvores, pescar e brincar com espadas de madeira” devolveu Xena fingindo indignação.
“Poesia, histórias e ciência. Nada de peixes”.
“Eu vou ser a madrinha”
“Sem chance”.