Xena kämpft gegen die auferstandene Callisto | Xena – Die Kriegerprinzessin - YouTube

POV – Gabrielle

-Gabrielle?- Xena cutucou a loira. -Gabrielle, acorde.- A loira abriu os olhos assustada e encontrou o rosto de Xena próximo ao seu, a fitando com olhar vidrado e um tanto esbugalhado. Não teve tempo de dizer nada, porque a guerreira logo voltou a dizer. -Agora eu entendo. Callisto está livre. De algum modo voltou e se uniu a Ares.

-O que vai fazer?- Gabrielle se sentou rapidamente e afoita, perguntou. -Se Ares…

-O que temos de fazer é ir até Anfípolis. Eu não posso explicar, mas ela vai para lá. Eu acho que quer vingança e acredito que vá matar a minha mãe.

Um desespero pela ideia de mais alguém sofrer pelas mãos de Callisto inundou o peito de Gabrielle. A barda olhou para o lado, onde Joxer dormia e se apressou para acordá-lo, mas a mão de Xena a impediu.

-Não. Joxer acabará morrendo. Pegue suas coisas.- Mandou a mulher e sem contestar, Gabrielle obedeceu. 

Enquanto sua companheira saia do celeiro, a loira começou a dobrar as cobertas, guardar os utensílios de cozinhar e se preparar para uma jornada no meio da noite. Enquanto fazia isso, sentia que seu peito iria explodir. Os olhos arderam como se terra entrasse neles e não podia acreditar que a monstra que aniquilou seu feliz casamento pudesse estar de volta e pior, prestes a tocar em mais uma pessoa querida. 

Uma lágrima rolou, mas se apressou para secá-la, para não alarmar Xena, que já tinha muito com o que se preocupar. Ela então ouviu um barulho estranho vindo do lado de fora. Parecia que mais alguém estava lá. 

-Xena?- Chamou e após um minuto inteiro de silêncio, a mulher apareceu na porta.

-Está pronta?

-Sim. Vamos.- Respondeu e deu uma última olhadela para Joxer antes de deixá-lo para trás. 

Mal haviam saído da vila abandonada e Gabrielle começou a estranhar algumas coisas. Primeiro, que Xena sequer se deu ao trabalho de pegar as rédeas de Argo. Simplesmente saiu andando com uma expressão medonha. Após isso, o animal começou a protestar insistentemente, balançando a cabeça e grunhindo, sempre que estava próximo de sua dona. Fazia questão de relutar. 

-Callisto vai tentar recuperar seu exército. Mas eu posso facilmente superá-la. Se conseguir tirar Teodorus do poder, talvez eles sejam bem idiotas para me seguirem.

-O que está havendo?- Gabrielle perguntou a Argo. -Ele está irritado. Eu acho melhor você levar.

-Não, leva você. Ele está apenas tendo o mesmo pressentimento que eu. Ficou assim também da última vez que enfrentei Callisto.- Falou sem pausas e de modo frio, então se virou para a barda e a fitou alucinadamente. -Gabrielle, tenho que lhe dizer. Você devia ter matado Callisto.

-O que?- Perguntou a barda, extremamente confusa.

-Eu errei. Você quem tinha direito, não eu. Para mim foi assassinato e… essa culpa vai me destruir.- Gabrielle ergueu as sobrancelhas ao ouvir tais palavras. Xena não parava de ficar estranha. Sua voz tentava expressar uma coisa, mas suas feições não acompanhavam. -Eu acho que não vou aguentar.

-Então eu quem tem que pará-la agora? É isso que está dizendo?

-Não, Gabrielle, mas ela vai tentar assassinar a minha mãe.

-Ela precisa ser detida.

– Eu posso fazer isso, mas e depois? Eu nunca me senti tão… desamparada.- E ao dizer aquilo, voltou a andar. Gabrielle ficou parada alguns segundos, com uma sensação estranha, como se um alerta acendesse, mas o que, além de Callisto voltar dos mortos, poderia estar errado? 

**************

O resto da caminhada foi longa e cansativa. O sol demorou para nascer e Gabrielle sentia como se não fossem chegar a lugar nenhum. Argo continuava estranho e agora, Xena não a encarava. Quando foi que receber os olhares afetuosos da guerreira vez ou outra durante o dia tornou-se um hábito agradável? Nunca repará-la naquilo, até aquele dia em questão. Ter Xena ao seu lado, mesmo que não dissessem nada era reconfortante. A guerreira possuía um calor agradável e parecia sentir exatamente quando a mente de Gabrielle parecia vagar por lugares ainda mais obscuros. Quando isso acontecia, seus belos olhos azuis pairavam sobre ela e muitas vezes, vinham junto de um sorriso. Queria isso agora, mas tudo o que a morena fazia, era olhar reto e seguir viagem. 

Gabrielle tentou justificar o comportamento da amiga, tendo em vista que sua mãe corria risco, então decidiu que ela deveria ser afetuosa dessa vez. 

-Xena. Não consigo parar de pensar no que disse. Se vou mesmo derrotar Callisto, preciso melhorar minha luta.- Finalmente chamou atenção da mulher. Que olhou satisfeita por cima do ombro e parou. 

-Então vamos praticar.

-O que? Aqui e agora? No meio da estrada?

-Quer vencer Callisto ou não? Não existe lugar e hora certa. Apenas o desejo por vingança e a determinação. 

-Vingança?- Gabrielle pensou. -Não era ela quem estava me dando sermões sobre isso a dois dias atrás?- Continuou pensando, mas nada disse.

-Vamos. Aquela árvore. Finja ser Callisto e dê o seu melhor. 

Gabrielle soltou Argo, se agarrou ao seu cajado e suspirou. Depois, alongou o pescoço e deu seu melhor golpe no tronco cheio de musgo.

-De novo- Falou a morena. -Anda, de novo.

A barda repetiu o golpe, mas sentia o olhar de desaprovação da mulher logo atrás de si. 

-De novo. Se concentre no inimigo, Gabrielle. 

-Isso é novo para mim, tá.- Falou a jovem sentindo sua irritabilidade aumentar. 

-Não é não, só está esquecido.- Xena a rodeou e parou do outro lado. -Você tinha esse mesmo fogo quando encontrou Callisto.

-É, EU ME LEMBRO. E não quero que aconteça de novo.- Esbravejou. – Eu não posso suportar, Xena. A morte… a ideia de…

-Nós não estamos falando disso. Callisto já está morta. Precisamos mandá-la de volta para o Tártaros. Agora vamos. -Ergueu o cajado da barda. – Essa é sua arma, e aquele… – Apontou a árvore. -…é seu inimigo. VAI. Ataque.- Indignada, a loira obedeceu. -Ande, Gabrielle, firme o pé de apoio.- Agarrou os ombros da jovem e a forçou contra o alvo, fazendo Gabi se irritar ainda mais e olhá-la brava.

“-Muito bem. Eu sou Callisto. Bem aqui na sua frente. – Xena continuou e Gabrielle sentiu o sangue ferver embaixo de sua pele. -Eu me pareço com Xena, mas na verdade sou Callisto, então… me mate.- Erguendo a sobrancelha com seu olhar maligno, a mulher deu um passo para trás.

Sem vontade e rosto vermelho, Gabi levou o cajado contra o rosto da mulher, que desviou.

-EU MANDEI ME MATAR, O GAROTINHA.- Falou Xena. -Vem, bem no peito. -Gabrielle tentou de novo, mas seu golpe não teve efeito. – Lembre-se, eu matei seu amor. Eu peguei a minha espada e ENFIEI NELE e senti seu sangue quente em minhas mãos.- Continuou dizendo de dentes cerrados. – E você não pode evitar que morresse.

Despertando seu pior, Gabrielle bateu com força no estômago da guerreira, que caiu no chão, num gemido inesperado. Recuperando o ar, Xena sorriu e parabenizou a barda pelo seu feito. Soltando seu cajado, Gabi se apoiou na árvore atordoada e ouviu um pedido de desculpas cínico. A próxima vez que olhou sua companheira de viagem, achou um punhal amarrado na ponta de seu cajado, o transformando em uma arma letal.  

 

*************

A barda praticava os golpes novamente. Xena dissera que voltava quando cuidasse da escória que as seguia, mas já passara um bom tempo e nada de voltar. Na medida que desferia golpes ao vento, Gabrielle sentia que aquele punhal não deveria estar ali. A intenção da guerreira era aguçar seus instintos contra Callisto, mas sua técnica de luta parecia menos efetiva agora. 

Quando a guerreira finalmente retornou, mandou Gabrielle seguir para Anfípolis na frente e ainda com aquele sentimento de estranheza, a barda obedeceu, sem saber que a mulher nesse meio tempo planejava tomar o exército de Callisto e dar ordens para capturarem as pessoas de Anfípolis. 

Ela desejava apenas ficar um tempo sozinha, principalmente agora que Xena ficará estranhamente agressiva e vinha lhe dizendo coisas para enfurece-la, no objetivo de matar Callisto. Caminhou por um tempo, até chegar numa nascente e resolveu parar para descansar e beber um pouco de água.  

-Por que ela fez aquilo?- Se perguntou, lembrando das coisas que sua amiga dissera e novamente notou que algo não estava normal. Xena não costumava reagir daquela forma, nem mesmo quando alguém que amava ficava em perigo, pelo contrário, ela se colocava num estado de concentração absoluto e evitava agir por impulso.

Suspirou e sua mente não parou de trazer lembranças e pensamentos ruins. Aqueles sentimentos não lhe pertenciam. Não estava acostumada com o mal estar que proporcionavam. Sentia o desejo de deixar tudo para trás e ser a Gabrielle de sempre. Mas sabia que jamais voltaria a ser a mesma.

Respirou um tempo e calculou que a qualquer momento Xena deveria passar por ela, o que a fez esperar. Foi quando começou a estranhar o fato da guerreira não dar nenhum sinal. Temendo pelo pior e principalmente, tremendo à solidão caso algo acontecesse com sua melhor amiga, a loira resolveu voltar. Chegou até onde Argo estava originalmente e se assustou quando viu sangue no chão.

-Oh não.- Correu até a mancha e viu que havia rastros vermelhos por entre as folhas. O seguiu, torcendo para que não fosse de Xena e mais adiante, ouviu gritos e som de espadas se cruzando. Um grito de guerra ecoou por entre as árvores e parecia muito com a voz de Xena. Com o coração batendo forte, Gabrielle chegou até a clareira e viu a cena que temia. Xena deitada no chão, tendo uma faca pressionada em seu pescoço por Callisto. Do outro lado, também jogado no chão, Joxer parecia ter apanhado feio e ao lado, Argo machucado e coberto por curativos rústicos.

Pensando rápido, ela correu até as duas mulheres e com o punhal preso no cajado, ameaçou  a mulher que atentava contra a vida de sua melhor amiga. Sentiu seu sangue ferver.

-Gabrielle, ANDE. Você pode acabar com ela.- Falou “Xena”.  -Ou pode morrer. Parece mesmo que alguém vai acabar morrendo. Nos dois casos, eu venço. -E piscou para ambas as mulheres. -Mata ela, Gabrielle. Rápido.

-Gabrielle.- Falou “Callisto”.  -Espere, me escute. Eu vou lhe contar o impossível. Eu sou Xena.

-Ela tá armando, Gabrielle, não de ouvidos.

-Callisto me iludiu com minha culpa.

-Ela se uniu a Ares. Lembra de Perdicas?

-Pergunte a ela sobre seus sonhos depois que Perdicas morreu.- Falou “Callisto”. -Lembra com o que disse sonhar desde aquele dia? 

Confusa com o que ambas diziam e agora intrigada com o porquê Callisto diria algo que só ela e Xena haviam conversado, resolveu questionar. 

-O QUE ERA?- Olhou “Xena”, sem a certeza de que a mulher saberia.  -O que eu sonhava?- Continuou e a mulher que aparentava ser sua melhor amiga arregalou os olhos. 

-Ela quer enganar você.

-O QUE ERA?- Insistiu a barda, agora afoita. Não podia ser que “Callisto” pudesse estar dizendo a verdade.

-Você sonhava com esse momento. O momento que você finalmente vingaria a morte dele. 

-Não.- “Callisto” se colocou a falar. -Gabrielle não consegue sonhar com nada desde que você, Callisto, matou Perdicas. 

-Xena?-  Gabrielle abaixou o cajado e não podia acreditar. 

Callisto, agora claramente no corpo de sua melhor amiga, derrubou Xena e correu para um cavalo próximo. Incrédula, Gabriele não viu quando a mulher jogou uma faca contra si e sem pestanejar, Xena, no corpo de Callisto, salvou sua vida. Sem tempo para lamentar que seu plano havia sido descoberto, Callisto atiçou o cavalo, pegou o chakran cravado numa árvore e fugiu floresta adentro. 

-Você é mesmo Xena?- Quis saber Gabi.

-Sou.- Respondeu a mulher se levantando do chão.

-Mas como?

-Depois eu explico.

-Eu quase te matei.- Abaixando a cabeça, Gabrielle pareceu voltar a si e tirou o punhal da ponta de seu cajado. Não sabia se era a presença da verdadeira Xena, ou apenas um despertar de consciência, mas voltou a enxergar que mesmo naquele estado, tirar uma vida não era o que desejava. 

-Temos que ir.- Falou Xena e Joxer acordou atordoado do chão. -Não tenho muito tempo. Hades me levará de volta para o Tártaros.

-Xena.- Falou Gabi. -Callisto tomou sua aldeia. Levou todos para a caverna.- A barda estava preocupada agora.

-Para fazer todos de refém?- Perguntou Joxer. 

-Não.- Xena respondeu. -Ela quer que minha aldeia acabe do mesmo modo que a dela. Incendiada. Quer que eu esteja lá para ver.

-Então, qual é o plano?- Joxer se manifestou.

-Vamos providenciar outras coisas. Callisto usou minha culpa para me trair. Usarei isso contra ela. 

*************
 

Caminharam cuidadosamente até chegarem à caverna onde Callisto mantinha todos de refém. Durante o trajeto, Gabrielle não podia tirar os olhos da figura que se revelou como Xena. Era um misto de sentimentos. Confiava, mas seu corpo e mente negavam a nova aparência. Associavam a dor da perda com a criatura a sua frente. Sentiu uma súbita falta da aparência original da guerreira e novamente, lembrou dos olhares preocupados que recebia ao longo do dia, do sorriso acolhedor e do toque reconfortante no ombro. Não seria a mesma coisa agora. 

-Acha que conseguirá seu corpo de volta?- Quis saber e na feição de “Callisto”, um olhar brando e sorriso complacente se formou. Era a primeira vez que via aquele rosto sem o ódio ardente. 

-Não sei. Mas vou me esforçar. 

-Xena…- Gabrielle quis muito dizer algo, mas mudou de ideia.

-Eu sei. Sei o que queria dizer. Eu acho que não poderia passar a vida ao lado do corpo da pessoa que mais odeio. Mas vamos nos concentrar primeiro em mandar a alma de Callisto para o Tártaros e depois vemos o que acontece. 

-Ta bem.- Gabi forçou um sorriso e seu peito esquentou. Era bom ter a sabedoria de Xena num momento como aquele.

-Agora, o que precisamos, é botar os capangas de Callisto para correr. 

-Que tal se eu aparecer lá com minha espada?- Joxer falou.

-Isca viva?- Perguntou Gabrielle na inocência, fazendo Xena rir. 

-O que? Não…

-Seria um bom plano, mas duvido que Joxer corre mais rápido que eles. Vamos fazer melhor. Estão com muitas tochas e jarras com produto inflamável na caverna. O que faremos é jogar óleo para todo lado e ameaçar atear fogo com eles lá dentro. Tenho certeza que não durará um. É quando entrarei em ação e faria Callisto dormir.- Naquele momento, o corpo que Xena usava ficou levemente transparente.

-Xena, você já está sumindo.- Gabi disse com pressa. 

-Então vamos correr com isso. 

Gabrielle e Joxer espreitaram na caverna, roubaram alguns jarros de óleo e se esconderam numa parte mais alta da caverna. Então, começaram a dividir o líquido em pequenas cumbucas, que seriam atiradas mais rapidamente. Não levou nenhum minuto para os homens de Callisto começarem a gritar e sair correndo, deixando sua líder para trás com os dentes rangendo de ódio. 

Gabrielle espreitou para ver melhor e viu o momento em que “Xena” e “Callisto” dialogavam, até que o corpo de Xena começou a ficar transparente novamente. Com um dardo banhado em sedativo, Xena acertou seu antigo corpo e o fez adormecer, desaparecendo em seguida.

-Vamos soltar todos, Joxer.- Falou Gabi, correndo na direção da enorme gaiola que as pessoas de Anfípolis foram aprisionadas. 

-Gabrielle. O que está acontecendo?- Falou Cyrene, que havia sido capturada pelos homens de Callisto enquanto Gabrielle estava perto da nascente de água. 

-Longa história, Cyrene, mas aquela mulher deitada no chão, não é Xena. Pelo menos não nessas últimas horas.

-Pelos deuses. Ela se mete em cada confusão.- Falou a mãe de Xena preocupada. 

Gabrielle começou a soltar todos da gaiola e enquanto escapavam, o corpo de Xena adormecido se debatia em agonia. Seja lá qual fosse a luta dela com Callisto, estava tendo um efeito no mundo físico. Preocupada e se apegando a ideia de sua melhor amiga voltar ao seu corpo original, a barda se sentou no chão e colocou a cabeça da guerreira em seu colo. 

-Vamos, Xena. Volte para nós.- Pediu em pensamento, mas estava demorando muito para algo acontecer. Estava começando a achar que era uma boa ideia estar distante do corpo, quando ele passou a ficar transparente também e aos poucos foi desaparecendo, até não restar mais nada. 

Gabrielle se levantou preocupada, temendo pelo pior e se colocou ao lado das pessoas com o cajado em posição de ataque. Foi quando algo surgiu no meio da caverna. Um corpo se estatelou no chão e ganhou forma aos poucos. Todos fizeram som de susto e o corpo de Callisto retornou ao mundo dos vivos.

-PARADA.- Falou Gabrielle. -Quem é você?- Disse brava, mas ao ver o semblante calmo, já soube da resposta.

-Gabrielle, sou eu. Estou de volta, mas meu corpo ficou com Callisto.- Respondeu e sem ter dúvida alguma, Gabrielle abraçou a mulher diante de si. A apertou forte, aliviada por Callisto ter ido embora, porém triste, por não ser o corpo de Xena que a apertava.