Por detrás dos alpes, o sol começou a surgir no coração do império romano. O tom avermelhado trouxe luz naquela nova manhã e o carvalho na grama deixou a paisagem encantadora.

Enquanto os camponeses despertavam, calçavam suas sandálias e saiam para a lavoura, duas mulheres continuavam adormecidas numa caverna escondida no meio do mato. Por entre as árvores era possível notar somente uma grande pedra com musgos velhos caídos.

Dentro da caverna, Xena e Gabrielle continuavam adormecidas e pareciam não ter se mexido muito durante a noite. Em determinado momento, Gabi virou de lado e Xena se encaixou nela numa conchinha confortável.

Ambas respiravam calmamente, até que os primeiros raios bateram na entrada camuflada da caverna e trouxe desconforto aos olhos da loira. Gabi se mexeu um pouco, o que fez Xena se afastar dela e deitar de barriga para cima.

Sentindo que suas costas estavam desprotegidas agora, Gabrielle abriu os olhos e encarou o local sem saber ao certo onde estava. Por um momento ela não se lembrava de todo ocorrido, mas seu cérebro finalmente sintonizou e a fez recordar que estava em perigo.

A loira suspirou numa ansiedade e procurou por Xena. Ao girar o corpo devagar, ela observou sua heroína adormecida e foi inevitável não sorrir. Sem poder tirar os olhos do rosto bonito da até então imperatriz, Gabi apoiou o cotovelo no chão e segurou a cabeça com a mão.

Xena tinha uma feição calma quando dormia. O cenho que vivia quase sempre contraído pela tensão ficava relaxado e os olhos atentos se fechavam delicadamente. Gabi queria tocá-la, então esticou o braço, apoiou no peito da morena e contornou o lábio dela com o indicador.

Ao poder sentir a boca macia, Gabi recordou do beijo de ambas. Cheio de fogo e desejo, mas outra coisa que a fez querer mais, foi o toque delicado. Ambos os lábios macios, a sensação aveludada das línguas e a fragilidade que parecia ter o beijo.

Era encantador estar envolta da áurea de Xena. Era uma mulher forte, bruta, rápida e poderosa, mas quando se despia, desejava e amava, voltava a ser uma mulher comum. As mãos que tinham calos por causa das espadas, incrivelmente eram macias. A morena se provou uma amante incrível e esforçada.

Gabrielle continuava sorrindo enquanto contornava os lábios da morena com o dedo e pensou que adoraria retribuir aquele cuidado, afinal, Xena podia muito bem ter aceitado sua execução e continuado como imperatriz, mas em vez disso, ela fugiu, renunciou e saiu correndo para viver aquele amor.

A escritora sabia que aquela seria sua próxima história e a melhor parte era saber que todo sentimento ali seria real. Com o coração apaixonado, Gabi se sentou, deu um beijo doce e cuidadoso nos lábios de Xena e se levantou.

Ela se sentiu culpada ao pensar em Xena na noite passada cavalgando enquanto ela dormia, então achou justo ir até o riacho ali perto e pegar dois peixes para comerem.

A loira foi até seu cavalo lentamente, pegou a rédea dele e o conduziu para fora da caverna. Ela estava feliz e retornaria em breve para ver o olhar de surpresa de sua amada.

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Perto dali, Alti, Cesar e Brutus olhavam cuidadosamente os rastros de cavalos deixados na lama. O imperador tinha certeza absoluta que eram as duas mulheres, mas o problema surgia quando mais pegadas de cavalo apareciam mais à frente. Eram ao todo cinco rastros e cada um levava para uma direção diferente.

Cesar estava irritado e prestes a matar alguém. O pelotão que havia levado com ele estava cansado e os homens comiam as rações em silêncio. O sol já estava no céu e eles andaram a noite toda para chegar naquele local.

-Vamos dividir o pelotão em cinco. Cada um segue um rastro. – Cesar disse determinado e Alti se afastou.

A feiticeira foi até sua bolça e pegou dali uma escova de cabelos feita de madeira e crina de cavalo. Ela olhou ambiciosa para aquele objeto, o que causou revolta em Cesar.

-Isso não é hora de pentear seus cabelos. – O imperador falou irritado.

-Por mais que eu quisesse, essa escova não é minha. – Alti falou ironicamente e se aproximou de Cesar. –Observe. – Ela mostrou a escova para ele e foi possível ver cabelos loiros presos por entre as cerdas. –Eu tenho um jeito mais fácil de encontrarmos a escritora. – Alti pegou alguns fios de cabelo da escova que pertenceu a Gabrielle e se afastou com eles.

A feiticeira caminhou até uma árvore grande e não deixou ser vista por Cesar e pelos demais soldados. Ela precisava de silêncio para contatar suas entidades espirituais que a ajudaria. A mulher se abaixou e começou a pronunciar palavras e invocação enquanto sugava veios mágicos que passavam pelas raízes daquela árvore. Quando menos esperou, as entidades apareceram mais uma vez e deram instruções para Alti. Minutos depois, a bruxa voltou para a companhia de Cesar e Brutos com um sorriso triunfante.

-Estou esperando para ver que magia você sabe fazer com uma escova de cabelo. – Cesar zombou mais uma vez.

Alti retribuiu a piada acida com um sorriso falso e simplesmente soltou os fios imbramados que tirou da escova. A feiticeira já havia conjurado um feitiço sob eles e no momento seguinte, os fios foram carregados pelo vento na direção que Gabrielle estaria.

Para a surpresa de Cesar e Brutus, os cabelos que um dia estiveram presos na cabeça de Gabrielle, saíram voando e seguindo perfeitamente o rasto dos cavalos que levava para a floresta.

Alti deu uma risada satisfeita e subiu em seu cavalo sem esperar uma ordem de Cesar. O imperador não gostou daquela atitude, mas teria todo tempo do mundo para repreender a mulher quando matasse Xena.

Assim, o imperador e seu pelotão seguiram para as florestas sem delongas.

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Xena acordou minutos depois com dor nas costas. A morena abriu os olhos e suspirou enquanto olhava para os lados. A luz que entrava na caverna irritou seus olhos azuis, o que a levou a coça-los.

-Gabrielle? – Xena chamou quando olhou para o lado e não viu sua amante ali. –GABRIELLE?- Xena chamou mais alto ainda e se sentou na manta.

Onde Gabrielle poderia estar? Não era possível que tivesse sumido por causa de Cesar, ou algo do tipo. Se tivesse sido levada, ela não estaria deitada tranquilamente até agora.

Talvez Gabrielle tivesse saído para olhar a paisagem, ou até procurar comida pela floresta. O que Xena julgou burrice, pois não deveria sair sozinha. Em última hipótese, Xena pensou que Gabi tivesse simplesmente partido, mas preferiu descartar aquela opção o mais rápido possível.

Com a cabeça cheia de perguntas, Xena saiu cambaleando para fora da caverna e viu pegadas do cavalo da loira indo para o sul. As pegadas eram lentas, o que confirmou a segunda suspeita de Xena que Gabrielle estivesse explorando a área.

-Merda. – Xena sentiu um desespero muito grande. Ela pegou as rédeas de seu cavalo e saiu galopando dali o mais rápido que conseguiu enquanto seguia as pegadas recentes de Gabrielle.

Quanto tempo será que Xena havia dormido desde que Gabi saiu? Ela não sabia, mas as pegadas estavam fundas, então deveria ser pouco tempo.

Xena saiu do meio das árvores, parou seu cavalo e começou a olhar para todos os lados. Foi quando ela sentiu um desespero enorme e avistou soldados romanos saindo da estrada principal e correndo a toda velocidade na direção de uma colina.

A morena não perdeu tempo e adiantou seu cavalo para a mesma direção. Ela cavalgou, até ver Gabrielle correndo para o leste, enquanto uma figura endiabrada ia em sua direção.

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Gabrielle saiu da caverna e enquanto apreciava a paisagem, foi em direção ao riacho. O dia estava lindo e prometia ser bom, isso é claro se não houvesse nenhum sinal de Cesar ainda.

Não tendo consciência do que estava prestes a acontecer, Gabrielle foi para o leste na direção do riacho que Xena mencionou noite passadas e ao chegar lá, desceu do animal.

A loira pegou o odre de água e encheu na água corrente. Ela pretendia usá-la para cozinhar, então devolveu no lombo do cavalo. Em seguida, Gabi retornou ao riacho e viu que os peixinhos dali não eram grandes o bastante para um ensopado e provavelmente teria dificuldade de agarra-los com a mão.

Decepcionada por não ter peixes ali, ela montou no cavalo de novo e seguiu reto para ver se o riacho alargava um pouco mais. Enquanto fazia sua busca calmamente, Gabrielle ouviu um barulho vindo de trás e seus olhos arregalaram quando viu Alti quase se aproximando.

Gabrielle bateu com as botas nas costelas do cavalo e o fez correr o mais rápido que pode. O coração da loira disparou e ela sabia que o mais prudente era voltar para Xena, mas se desse meia volta, estaria indo na direção da feiticeira de Cesar.

Conforme a loira corria, ela notou que estaria se afastando mais da única pessoa que poderia protege-la, então fez com que seu cavalo dessa meia volta e fosse na direção de Xena. Gabrielle imaginou que Alti jamais poderia pegá-la sob tais circunstâncias. Ela estava a alguns passos à frente, o que a deixava em vantagem.

Gabi jurou que conseguiria, mas Alti mostrou o porquê era tão maligna. A feiticeira desceu de seu cavalo e como se estivesse possuída por algo, começou a correr na direção da loira com muita velocidade.

A escritora bateu suas botas no cavalo de novo e continuou correndo. Quando sentiu seu coração sair pela boca, Gabi olhou para trás e simplesmente não avistou Alti. A feiticeira tinha sumido.

Aquilo definitivamente não era bom, mas por via das dúvidas era melhor não parar. Com aquela logica, Gabi continuou correndo e assim que avistou o caminho de volta para a floresta, Alti brotou em sua frente e a jogou do cavalo.

Enquanto caia, Gabi não entendeu como aconteceu. Alti apareceu do nada e nem a tocou para que aquilo acontecesse.

Com uma risada maligna, Alti observou a jovem escritora aterrissar no chão e partiu para cima dela quando Gabrielle tentou fugir a pé.

-Ah, que garota linda você é.- Alti pegou Gabrielle pelo pescoço e a imobilizou de joelhos no chão. –Sabe o que é pior do que a própria morte? – A feiticeira questionou enquanto contemplava o rosto de dor de Gabi. –Morrer antes de ter a oportunidade de saber quem realmente foi. – Com a intenção de ser mais cruel do que deveria, Alti revelou para Gabrielle o porquê ela vivia constantemente com um vazio.

Enquanto sentia os dedos de Alti fecharem em seu pescoço, Gabrielle viu a imagem de sua aldeia sendo atacada pelo senhor da guerra, viu em seguida sendo levada com todos os moradores para florestas para serem executados e escravizados. Sua cabeça doía muito enquanto via aquelas coisas e seu nariz parecia queimar. Então ela viu uma mulher alta, morena de olhos azuis sair do meio do mato e salvar a todos e como se tudo corresse conforme sua história perfeita, ela partiu com tal mulher.

Então, Gabrielle arregalou os olhos e viu toda uma vida passar diante de seus olhos e como se um passe de mágica acontecesse, ela se lembrou quem realmente era. A vida que ela sempre quis de fato existiu. Ela longe de Potedia, seus pais vivos e um amor que valesse a pena morrer.

Mas diferente do que fez com Xena, Alti induziu Gabrielle num transe e a fez viver todos os piores momentos de sua outra vida. A pressão na cabeça da barda foi aumentando e sangue começou a escorrer pela orelha, nariz e boca. Aquela tortura parecia não ter fim.

Alti se divertia enquanto via Gabrielle agonizar como um rato numa ratoeira. Ela estava aproveitando cada segundo para se vingar do fim que Gabrielle e Xena haviam dado para ela em outro mundo. Gabrielle não ia aguentar por muito tempo, até que um grito mais forte que um de guerra veio do topo da colina.

-ALTI!- Xena gritou a todo pulmão.

A feiticeira soltou a garganta de Gabrielle, o que permitiu a barda respirar novamente. A pressão na cabeça dela aliviou, porém, o choque de ter descoberto sobre quem realmente foi persistia.

Xena desceu a colina como o vento antes de uma tempestade. Com um arco na mão, ela lançou disparos na direção da feiticeira, mas não pode acertá-los, pois Alti estava sendo movida por sua magia.

O cavalo da guerreira foi forçado a parar quando sua dona puxou a rédea, mas o corpo de Xena foi projetado para frente e com uma cambalhota perfeita, ela aterrissou pronta para lutar. Assim que caiu no chão, Xena não conseguiu encontrar Alti. A morena olhou para todos os lados e se perguntou o que ela estaria tramando, mas ver Gabrielle ajoelhada e estado de choque pediu mais urgência do que seguir a bruxa.

Xena se ajoelhou na grama na altura de Gabi e tocou o rosto e pescoço dela. A loira permaneceu vidrada e com o sangue começando a ressecar por todo lado.

 -Vamos, Gabrielle. Levante-se.- Xena falou, mas Gabi não escutava. – O que ela fez com você? – Aquela pergunta foi mas para a própria guerreira do que para Gabrielle.

Xena sentiu uma raiva explodir em seu peito e se levantou enquanto gritava o nome da feiticeira. Não era só na vida que Cesar destruiu, ou nessa nova, mas sim em todas as vidas que Xena teria Gabrielle como seu ponto fraco. A simples menção ou expressão de dor na barda era capaz de despertar o instinto mais primitivo na guerreira.

Xena sentia que poderia fazer qualquer coisa para proteger e defender Gabrielle, e naquele momento em específico, ela queria e iria matar Alti mais uma vez.

-Meus poderes aumentaram, Xena.- A voz de Alti vinha de algum lugar, mas seu corpo físico não estava presente. –Quando olhei dentro da sua alma, você me fez lembrar de quem eu era e de tudo o que conquistei em outra vida. – O vulto e Alti passou no topo da colina e Xena continuou perto de Gabrielle. –Graças a você, eu posso usar novamente os poderes que eu tinha e os que aprendi nessa linha temporal. –

-Isso não se trata de você, Alti.- Xena gritou com raiva.

-Oh, sim!- A figura de Alti estava mais próxima do que Xena imaginou e começou a falar enfim. –Isso se trata sobre mim e a nova oportunidade que tive de viver. Hoje a sua história termina junto com a da escritora e a minha continua. – Alti usou seus poderes míticos para ir até Xena e ambas começaram uma luta fervorosa.

Xena estava com muita raiva de Alti e de todo o mundo. Ao se esquecer do que Xena era capaz de fazer ao se enfurecer, Alti vacilou e caiu no chão com o primeiro soco que recebeu. A feiticeira foi pressionada contra a grama e recebeu três socos pesados no rosto.

Com os murros que recebeu na face, Alti perdeu rapidamente a consciência e encerrou a hipnose que tinha imposto sob Gabrielle. A barda caiu no chão e começou a tossir.

-É aqui que terminam suas memórias, Alti.- Xena falou por fim. –Levante-se.- Xena pegou a feiticeira pelo pescoço, mas era tarde demais. O exército de Cesar conseguiu chegar até elas e começaram a atacar sua imperatriz em peso.

Xena deu um último soco em Alti, que caiu no chão atordoada. Em seguida, a morena girou o corpo, desviou do primeiro soldado e deu uma rasteira no segundo. Haviam em torno de cinquenta homens, e eles corriam na direção dela incansavelmente. Xena socou o rosto de outro soldado, segurou a espada dele e enfiou na barriga. Outro ousou se aproximar e foi morto sem tentar sequer. Homem por homem recebia um rasgo nos tecidos moles do corpo e caiam diante dos pés da guerreira enfurecida.

Mesmo banhada no ódio e magoa, Xena não foi capaz de resistir a quantidade de homens que a atacaram em seguida. Ela teria pensado em uma saída alternativa, se não fosse os arqueiros cravarem flechas em seu ombro e depois em sua barriga.

Xena tentou correr até Gabrielle, mas um guarda pegou a escritora. A morena gritou em protesto, mas a única coisa que recebeu, foi mais uma flecha no joelho. Xena caiu de lado e não pode correr.

Enquanto sentia mais ódio do que cabia em si, Xena viu Cesar na biga com um sorriso satisfeito. Ela estava pouco se lixando para o imperador e olhou novamente para Gabrielle, foi quando ela conseguiu reconhecer o soldado que a segurava. Era o mesmo que havia agradecido por ter tido a filha salva e o mesmo que a permitiu conversar com Gabrielle na masmorra.

O soldado pegou Gabrielle e enquanto ela se debatia, ele a afastava dos outros soldados que faziam questão de manter os olhos em Xena. A morena por um breve momento percebeu o que o soldado estava fazendo e simplesmente se deixou ser capturada para que Gabrielle tivesse uma segunda chance de fuga.

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O dia de Cesar havia começado mal, mas após o cerco contra Xena ter sido bem-sucedido, ele começou a sorrir para os ventos. Dia glorioso era aquele que Cesar finalmente acabaria com seu único e real problema e assentaria para sempre na linha temporal que criou.

-Não podia deixar de acontecer, não? – Cesar perguntou para Xena e a morena não respondeu a princípio. A única coisa que fez, foi olhar para Gabrielle e depois para ele.

-Me traiu de novo, Cesar. – Ela disse enfim. –Não importa qual vida você viva, sempre será escoria. Nem se quer os destinos podem mudar isso.

-Sua morte não será em vão, Xena, porque sempre permanecerá num lugar especial no coração de Roma e entre as conquistas de Cesar. – Cesar dizia com seu típico sorriso debochado e glorioso.

Xena deu um último olhar para Gabrielle e viu que ela estava a alguns passos mais longe. Então simplesmente cuspiu na cara de Cesar e riu em meio a dor das flechadas.

Quando a imperatriz começou a ser amarrada, Gabrielle tentou correr até ela, mas estava firme nas mãos do soldado.

-Não pode ajuda-la. – Disse ele. –Mas eu posso ajudar você. – E com essas palavras o soldado ganhou a confiança de Gabrielle.

Depois de um breve minuto, o soldado que amarrou os pés da morena a prendeu no cavalo saiu em disparada enquanto a arrastava pelo campo. Gabrielle sentiu seu coração sangrar e lagrimas escorreram.

Xena desapareceu depois da colina e Gabrielle foi levada pelo soldado até o cavalo dele.

-Vão leva-la para a masmorra. Lá você poderá vê-la novamente e depois fugir. – Ele disse baixo para Gabrielle e ela torceu para que Xena realmente chegasse em condições de falar novamente.

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Cesar retornou para seu palácio triunfante e pediu alguns minutos a sós em seu gabinete. Ele precisava regozijar de sua gloria antes de mais nada, então permaneceu trancado até o sorriso convencido finalmente se cansar.

Ele finalmente havia capturado Xena e a barda. Agora ele iria crucificar ambas e poder dormir em paz, sem sentir medo de em algum momento, alguém atrapalhar sua vida perfeita.

Cesar se sentou em cima da mesa e contemplou a janela. Ele recordou então de cada passo que deu aquela manhã e o momento que mais chamou sua atenção, foi quando Alti achou Gabrielle rapidamente com seus feitiços. Aquilo era incrível e ao mesmo tempo perigoso.

O imperador então, percebeu que nunca havia presenciado habilidades magicas tão latentes em alguém como em Alti e percebeu no mesmo instante que não entendia absolutamente nada dos poderes mágicos da mulher.

A feição de Cesar mudou e ele percebeu que estava em perigo mais uma vez. Alti nunca compartilharia aqueles segredos e podia prejudica-lo mais do que ajudar. Por esse motivo, Cesar planejou assassinar a feiticeira naquela noite, logo após o jantar.

-Imperador? – Brutus apareceu na porta e Cesar o encarou.

-Como estão as tropas? – Cesar perguntou.

-Excelentes, imperador. – Brutus respondeu. –Mas eles estão um pouco…- Brutus pareceu receoso. -… preocupados com a imperatriz.

-Ela me traiu, Brutus e atacou os próprios homens para salvar a amante. – Cesar se justificou e fingiu um ar melancólico. –É um ato de traição que deve ser punido com a morte.

-Compreendo, imperador. Mas Xena é muito popular…- Brutus não podia ignorar seu posto de conselheiro mesmo diante daquela situação. –As tropas a tomam como exemplo.

-Sim.- Cesar concordou e se levantou em seguida. –Mas e você, Brutus? A tem como exemplo? – O imperador olhou firmemente para seu conselheiro e não esperou por uma resposta. – Alti se unirá a nós na marcha para o leste como minha nova imperatriz. – Cesar soltou aquela informação mesmo pretendendo matar a feiticeira. –Tem algum problema com isso? – Ele caminhou ameaçadoramente até o homem e parou a poucos centímetros dele.

-Imperador, se levanto a voz é por precaução. Não quer dizer que seja menos fiel a você. – Brutus fez questão de lembrar Cesar da posição que ocupava.

-Por favor, não me entenda mal. – Cesar disse num tom mais calmo. – Não é que eu te ame menos, Brutus! – Ele falou e deixou o homem confuso. –Mas eu amo Roma muito mais. – Com a voz inflamada de repente, Cesar puxou o punhal que trazia escondido e cravou na barriga de Brutus.

Os olhos assustados do conselheiro penetraram nos de Cesar e conforme o corpo foi caindo, o mesmo olhar que o acusava de traição ganhava um tom frio e perdia a vida.

Cesar girou o punhal ainda na barriga de Brutus e o fez sentir mais dor. Por fim, o imperador deixou o corpo de seu “melhor homem” cair no chão e eliminou mais uma pequena parcela daqueles que traziam riscos para sua vida perfeita.

-Eu sou Roma.- Cesar jogou a adaga em Brutus e saiu do gabinete.