Inteiramente, sua.
por Concurso FanficsII Concurso de Fanfics
Tema: Carta de amor.
Par: Xena/Callisto (é minha nova obsessão, #sorrynotsorry)
Localização na série: Episódio – Sacrifice Parte II. Especificamente, na cena da fogueira de acampamento.
Aviso: Estupro (talvez?) Depende de como você interpreta uma determinada cena em Intimate Stranger (Ares zugzug com Callisto no corpo de Xena).
Inteiramente, sua
Esse é provavelmente o último céu noturno que verei.
Isso é, se ela cumprir a promessa e me matar.
Talvez eu devesse escrever algum tipo de testamento.
Como se eu tivesse alguém no mundo ou algo para deixar além de miséria. Xena saiu para uma caminhada.
Em pouco tempo, a loirinha foi atrás dela.
Não posso dizer a culpo.
Às vezes, gostaria de ser ela.
Inocente e perto da Xena o tempo todo.
Bem, talvez eu tente ser ela agora.
Vou até as bolsas e puxo um pergaminho, pena e tinta.
Ela escreve sobre Xena, certo? Sobre essas estúpidas missões heróicas onde Xena tenta fingir que não é apenas assassina uma, como eu. Uma alma arruinada, como eu.
O pergaminho em branco. Uma tábula rasa.
Talvez eu tenha sido isso um dia, antes de ela escrever a morte em mim.
Como bardos fazem? Um título primeiro? Ou por último?
Xena
É claro que essa é a primeira palavra que aparece ali. Como se houvesse outra coisa em minha mente. Como se eu fosse capaz de escrever qualquer coisa que não sobre ela.
Não consigo lembrar de um tempo onde você não é todos os meus pensamentos. É aprisionante, realmente, docinho. Eu não tenho um eu que não é informado por você.
Você não roubou apenas minha família, mas qualquer possibilidade de que eu possa ser. Só ser mesmo. Ser qualquer coisa que não isso que sou.
Nem humana eu sou mais, em nenhum sentido da palavra. Sou uma deusa. Como isso me valesse de algo. Apenas mais uma prisão.
Você lembra quando nos vimos pela primeira vez? Talvez não, você tenta me esquecer e fingir que não existo, mas não tenho esse luxo.
O que eu senti quando te vi pela primeira vez… eu queria ter as palavras da sua pequena preciosa Gabrielle para relatar.
Ódio. Com certeza. Mas também… uma infusão de vida e propósito.
Eu peguei seu chakram. Por essa você não esperava, hein?
E quando minha espada colidiu com a sua pela primeira vez, foi o raio de Zeus em meu corpo. O que eu não daria para repetir essa sensação eternamente?
Só dois destinos para mim fazem sentido. Morte, ou eternidade ao seu lado. Não terei o segundo, e espero que você me dê o primeiro.
Tem que ser você.
Você me deve.
Ter seu chakram em minhas mãos foi como ter você em minhas mãos.
Para acariciar, beijar, sentir e matar.
Mas eu nunca vou ter isso também.
O que é essa piada insana onde ódio e paixão são tão parecidos?
Eu nunca me interessei pelos vícios da humanidade. Sexo e entorpecentes. O mais próximo que cheguei disso foi quando estive em seu corpo. Oh, deuses! Estar em seu corpo. Ser você, de fato. Usar Ares, para possuir você, através de mim. Ter, ser.
O emaranhado visceral dessa experiência só pode ser desenrolado por um filósofo, e eu não sou uma.
Talvez eu devesse contar essa experiência para Gabrielle, fazer ela escrever sobre: Gabrielle, eu fodi Xena, através de Ares, enquanto estava no corpo dela, o que tem a dizer sobre isso?
Será que a amplitude moral dela consegue dar nome a essa experiência ferrada?
Talvez consiga, agora que ela já foi amaldiçoada pela vida algumas vezes.
Cresceu, pode-se dizer.
Como tudo que já fiz, me satisfez no momento, mas logo depois, perdeu o sentido.
Ter o seu corpo não é ter você, no final das contas.
Eu queria sua alma. Sua essência. Eu queria que você estivesse inteira em mim.
Você é cruel, Xena
Você é uma maldição escrita nos meus ossos.
E, ao mesmo tempo, a única coisa que importa para mim.
Isso é tudo o que eu sou, Xena. Um rascunho quebrado de você. Como essas palavras idiotas.
E no final, quando eu cair, quando sua lâmina me atravessar, espero que você olhe nos meus olhos e veja tudo o que você me fez.
Esse momento que anseio, tenho certeza, será só nosso.
Você verá que é tudo para mim.
Verá que essa imitação de amor, essa paródia de paixão de que sou capaz, é sua.
Que eu sempre fui completamente, inteiramente, sua.
Callisto.
Aquelas palavras me fazem começar a rir.
Talvez, em outra vida, eu pudesse ser uma poeta.
Tantas coisas que eu poderia ser e não sou.
Escuto os passos delas voltando. Guardo a pena e a tinta.
Num estalo de dedos, destruo o pergaminho numa bola de chamas. As cinzas são levadas pelo vento.
Não importa, realmente.
Gabrielle deita-se nas peles que estão no chão.
Xena me dá uma última olhada, uma ameaça sem palavras, antes de se deitar ao lado dela.
Eu não preciso dormir.
Vou velar o sono de ambas.
É algo bonito, até.
Mas não posso deixar de pensar…
Como seria dormir nos braços dela?
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