Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

By: Camila Beija-flor (Camila M.R.S)

Novembro 2009

DECLARAÇÕES: As personagens Xena e Gabrielle infelizmente não me pertencem :X  e sim à Renassaince Pictures e Universal Studios.

Mais um dia se levanta; Xena e Gabrielle ainda repousavam em suas peles. Algum tempo depois Gabrielle acorda e observa a guerreira dormir serenamente.

-“Ela dorme como um anjo.”- Pensou a loira.

Há muito tempo Gabrielle não dormia assombrada pelo que sentia em relação a sua amiga.

-“Deuses é amor. É vontade de tocar, beijar, abraçar…”- E os pensamentos continuavam enquanto os olhos da barda percorriam o corpo da guerreira. “Gabrielle pare agora com isso! Xena é somente sua amiga e mais nada, tudo isso é invenção da  sua cabeça. É por que você está muito tempo sem um namorado, sem um homem e já ta surtando… Mas ela é tão linda, cheirosa, me faz tão feliz somente estar perto dela, e essas coisas que sinto? Deuses o que é isso, nunca senti nada parecido…”

Xena se mexe nas peles e olha Gabrielle que no exato momento estava “encarando” um dos seios da guerreira que escapuliu para fora do vestindinho que usava pra dormir. Se todos os deuses do Olimpo pudessem ver a cara que Gabrielle fez ao notar que Xena a pegou com a boca, melhor: com os olhos na botija, eles passariam toda a eternidade que tinham rindo do embaraço da loira.

Xena notou o constrangimento que Gabby se encontrava ao ser flagrada mirando seu seios com cara de fome.

– Perdeu alguma coisa?

Gabrielle abriu e fechou a boca várias vezes, mas não tinha palavras para responder.

-Huum?- insistiu.
– N… Nada não. É só que…

Xena se levantou sentando nas peles e arrumou o vestido encarando Gabrielle.

– Desculpe, é que tinha um pequeno… Besouro por perto e… Eu acho… Não, tenho certeza que ele ia te morder… Os seus seios…
– Besouros não mordem. Besouros picam, e eu duvido muito que o prato principal dos besouros seriam os bicos dos meus seios.

Gabrielle corou mais, e abaixou a cabeça quase chorando, Xena concluiu que sua “brincadeira” soou um pouco má e tentou consertar.

– Brincadeira Gabby. Relaxa, até porque besouros têm hábitos alimentares estranhos e vai que esse queria justamente o meu seio?

As duas riram para fugir do embaraço, se levantaram e arrumaram o acampamento. Xena saiu para pescar e Gabrielle ficou escrevendo.

“Fogo que arde
Tristeza que me abate
Solidão que me parte
Eu a amo e ela nem sabe…”.

Gabrielle foi interrompida no meio de seus versinhos quando Xena voltou com o almoço. Enrolou o pergaminho rapidamente e enfiou no fundo de sua bolsa.

As duas prepararam o almoço e quando começaram a comer ouviram barulho de espadas se chocando violentamente. As duas correm até a estrada e avistam um homem muito ferido, e apenas as marcas das patas de dois cavalos que se afastaram. Elas o pegam e o arrastam até o acampamento. Xena monta em argo e grita para Gabby:

-Cuide dele, eu vou atrás dos outros… O ungüento está dentro da minha bolsa.

Gabrielle cuida dos ferimentos do homem, que agora limpos mostram que foram apenas dois cortes rasos no braço direito e um muito profundo na coxa esquerda. Um pouco mais consciente ele disse:

– Muito obrigado.
– Não tem de quê… Meu nome é Gabrielle. – disse estendendo a mão
– O meu é Antoniê. – ele apertou delicadamente a mão da loira.

Só agora Gabrielle conseguiu observar a beleza que Antoniê possuía. Dono de um corpo exemplar, cabelos ruivos na altura dos ombros, olho profundamentes azuis, barba por fazer da mesma cor dos cabelos e uma voz muito grave e baixa. Ela mergulhou nas duas pepitas do homem e pensou consigo mesma:

“- Deuses ele é lindo”.

Xena volta com Argo trotando rapidamente tirando-a de seus pensamentos.

– E ai como ele está?
-Bem. Só uns cortes, mas acho que ele não poderá andar por um tempo.

Xena se aproxima do homem e constata que ele é um excelente exemplar do sexo masculino, mas a guerreira só tem olhos e sentidos voltados para a loira.

– Meu nome é Xena, creio que ficará conosco por algum tempo.
– Meu nome é Antoniê. Eu não quero incomodar…
– Não será incomodo nenhum. Vamos almoçar, creio que todos estão famintos.

Durante todo o almoço a guerreira permaneceu em silêncio enquanto Antoniê e Gabrielle conversavam animadamente sobre muitas coisas, quando respondia era monossilábica.

Xena observou o modo como aquele homem olhava para a loira, sem dúvidas ele estava interessado nela. Perigo. Ela se perde entre seus pensamentos.

“- Esse desgraçado tinha que aparecer logo agora? Agora parece que a Gabby está toda derretidinha por ele. E eu não poso fazer nada, não posso esganar ele, ela não sabe do meu amor. Aiii que ódio. MALDITO!”

A última palavra foi dita e não pensada, mas por sorte o “casalzinho” caiu na gargalhada por causa de uma piada que Antoniê contou.

Quando deu tarde, as duas se retiraram para tomarem banho deixando o “intruso” no acampamento.

– Xena o que você achou do Antoniê?
– Sorridente demais pro meu gosto.
– Lá vai você implicar com o pobre homem.

Xena já estava no limite de sua educação para falar de Antoniê e soltou rispidamente:

– Foi você que perguntou o que eu achava então se não gostou não insista no assunto.

Terminado de dizer isso, ela saiu da água e começou a se enxugar para vestir sua armadura. Gabrielle congelou com a reação da guerreira, pouco depois saiu e foi se secar também.
Quando chegaram ao acampamento o jantar já estava na brasa. A loira e o homem voltaram a conversar enquanto a morena afiava sua espada perto do fogo. A conversa cessou e ela parou de afiar… Cavalo se aproximava.

A noite já havia caído, e Xena se pôs em guarda para o visitante noturno. O rapaz montado se aproxima gritando como louco:

-Xena, socorro. Ajude-nos…

Ele para perto ofegante e volta a falar apressadamente:

– Ajude-nos. A nossa aldeia está sendo saqueada, os bandidos estão roubando as nossas mulheres e crianças para vender como escravas, estão matando os nossos velhos… Por favor, ajude-nos.

Xena assovia e Argo aparece, ela rapidamente monta nele e grita para Gabrielle:

– Fique e cuide de Antoniê. Eu volto logo.

A guerreira some na escuridão juntamente com o rapaz.

Gabrielle perdeu toda a alegria que estava em seu rosto e abaixou a cabeça deixando poucas lágrimas silenciosas rolarem pela face. O ruivo ficou preocupado com a mudança de humor da loira e indagou:

-Porque choras?
– Não gosto quando Xena vai lutar sozinha…
– Pode ir, eu consigo me virar.
– Não é isso, é que eu tenho medo de perdê-la, nada mais.

Antoniê se aproxima sentando-se ao lado dela e a abraça. Gabrielle se assusta com o contato inesperado e vira o rosto para o lado onde Antoniê se encontrava. O verde com o azul se encontraram, sem perder o contato visual ele segura o rosto de Gabby entre as mãos e lhe dá um beijo nos lábios. No inicio não é correspondido, mas depois os dois se beijam com intensidade até Gabrielle se afastar dele rapidamente e dizer:

– Preciso dormir.
– Gabrielle, me desculpe eu não quis…
– Antoniê, amanhã conversaremos sobre isso. Preciso dormir.

Ela se levanta igual a um raio e vai para o outro lado do acampamento onde se encontravam suas peles deixando Antoniê com um sorriso nos lábios.

Gabrielle deitada em suas peles começa a chorar baixinho. Chora por achar que de certa forma traiu Xena. Ela para com seu choro e se põe a pensar.

– “Na realidade eu não a traí. Nós duas não temos nada… não podemos ter nada”. – E volta a chorar por causa de sua conclusão até pegar no sono.

A manhã se levanta e Gabrielle convicta de esquecer o sentimento que nutria por sua amiga.

Antoniê já estava desperto ha algum tempo e já havia arrumado desjejum. Gabrielle caminha até ele com cara de reprovação.

– Você não poderia ter se levantado.
-Que nada, já estou um pouco melhor. – dizia ele cheio de dentes para a loira.
– Não está não! Precisa de repouso, caso contrário sua perna pode piorar.
– Tuuudo bem! Da próxima vez você quem prepara o café.

Se instala um silencio constrangedor entre os dois até Antoniê quebrá-lo.

– Gabrielle, a respeito de ontem…

Ele espera a barda confirmar com a cabeça para poder prosseguir. Ela assente.

– Eu de forma alguma quis me aproveitar do seu estado emocional depois que viu sua amiga sair para lutar e você não poder acompanhá-la.
– Eu não me fragilizei por não poder ir à luta com ela, mas sim por temer que algo aconteça e eu não estar por perto.
– Entendo.
– Xena é minha única família Antoniê. Ela tem sido tudo o que tenho durante esses anos todos, não sei o que seria de mim se um dia eu acordasse e descobrisse que ela não mais existisse.
– Gabrielle, eu realmente estou gostando de você. Sou um homem rico, tenho muitas posses, ouro, prata e pedras preciosas de se perder de vista, centenas de empregados e aldeões a minha mercê. Na realidade sou o duque de Atenas, não tenho filhos nem esposa. Não sou tão jovem, mas também não sou tão velho e desde o momento que te vi me socorrendo na estrada após aqueles saqueadores me emboscarem tive a plena certeza que te queria para ser minha duquesa.

Gabrielle estava meio atônita com o que o ruivo disse e tropeçando nas palavras balbuciou:

– O quê… vo… Você quer dizer com isso?
– Quero que me dê a permissão de lhe fazer a corte durante o tempo em que ficarei aqui por causa da perna, após a minha melhora você me responde se aceita se casar comigo e ir para Atenas onde nos casaremos e te tornarei minha esposa e duquesa.

A loira parou em choque.

– Não precisa me responder agora se aceita ou não que a corteje, mas não demore com a resposta. – disse ele já se levantando apoiado no cajado da loira e caminhando em direção ao rio, deixando-a só para pensar.

“- Xena nunca vai me amar como a amo. Talvez nem entenda o que sinto em relação a ela. Deuses eu não posso ficar presa a um amor impossível, Antoniê gosta de mim e pode tentar me fazer feliz e quem sabe até conseguir, mesmo eu não o amando como amo-a posso fazê-lo feliz.”.

Gabrielle termina de viajar em seus pensamentos, caminha em direção ao rio com a intenção de falar com o ruivo sobre sua decisão. Chegando lá o vê sentado em uma pedra amuado, flutuando em seus pensamentos. A barda toca de leve o ombro do homem, ele se vira para encará-la.

– Já me decidi.
– E então?
– Aceito que me corteje e aceito sua proposta de casamento.

O rosto de Antoniê se ilumina e ele não consegue notar o desânimo nas  palavras da moça.

– Gabrielle, eu juro por todos os deuses que vou te fazer a mulher mais feliz dessa Grécia. Você verá.

Ele se levanta com dificuldade e beija a barda nos lábios novamente. Pouco depois ela o ajuda a voltar para o acampamento onde conversam com o intuito de se conhecerem mais. Chega a hora do almoço e a loira observa que Xena não retorna. Eles almoçam sem a guerreira e continuam a conversar até o ruivo se retirar para se lavar, logo depois sendo a vez de Gabrielle. A loira só não contava que enquanto se banhava seu noivo a observava detrás das moitas.

A noite caiu, jantaram e continuaram a conversar até Gabrielle se retirar para dormir. Cada um em sua pele.

Um novo dia anuncia a sua chegada, juntamente com o barulho das trotadas de Argo que parecia estar voando de tão rápido que a guerreira o conduzia.

Com o barulho dos galopes se aproximando, a barda e seu noivo acordam.

Gabrielle mal se conteve de tanta felicidade ao ver Xena desmontando de Argo e vindo em sua direção. Ela queria sentir o corpo de seu amor junto ao seu o mais rápido possível, tratando de correr para diminuir a distancia torturante que se fazia entre as duas. Ao abraçar a guerreira, mais uma vez foi confirmado o amor que tinha por ela. Os cabelinhos de sua nuca à mostra pelo coque se arrepiaram, um calafrio delicioso percorreu sua espinha e suas mãos ficaram frias. Ainda abraçada com sua amiga ela diz:

– Xena que saudade.
– Também senti Gabby. – a guerreira cheirava os cabelos da barda e a abraçava forte como se fosse perdê-la.
– Porque demorou tanto a regressar? Aconteceu algo?- Agora já um pouco mais distante e mirando a morena nos olhos.

Xena levanta sua mão e toca a barda no rosto de um modo carinhoso.

– Os aldeões precisavam de mim. Os saqueadores destruíram tudo o que eles tinham, mataram os velhos, levaram mulheres e crianças para servirem de escravos, destruíram as plantações e mataram os animais. Saquearam e devastaram tudo. Fui atrás, consegui trazer de volta algumas pessoas e os ajudei a arrumar o que ainda restou da aldeia.
– Estou orgulhosa de você, mas nem por isso a saudade é menor.

Antoniê achando que a conversa já tinha rendido muito interferiu de onde estava.

– Olá Xena! Como foi lá com os aldeões?
– Foi tudo bem, apesar de quando cheguei já não tinha muito para ser feito. – ela se afasta da loira e vai até onde o ruivo estava. Ela aperta a mão dele em sinal de comprimento. E se senta com ele no tronco de árvore, Gabrielle a segue e se senta ao lado da morena que continua a relatar.
– Eles acabaram com quase tudo Antoniê!
– Mas você conseguiu pegar algum saqueador?
– Sim, foi por isso que demorei. Eles deixaram alguns sinais; mesmo sendo bons estrategistas, eu consegui armar uma emboscada e peguei metade do bando e para o azar deles o chefe do grupo estava numa taberna da aldeia vizinha com parte do grupo. Aí eu acertei as contas com eles.
– Gabrielle, Xena pode ir conosco para Atenas e liderar nossa guarda pessoal e a guarda do castelo. O que você acha?

Gabrielle congelou ao ver a cara que Xena fez. Um misto de dúvida, dor e medo. Antes que a barda pudesse explicar a morena soltou:

– Do que ele está falando Gabrielle? Ir para Atenas? “NOSSA” guarda pessoal? Não estou entendendo nada.

Na realidade Xena já estava ligando as coisas, mas precisava ouvir de sua amada. Mesmo que doesse.

– Xena temos que conversar. – Soltou a loira  e agora se virando para o ruivo disse:
– Antoniê pode nos deixar a sós?
– Claro que sim. O tempo que precisarem. Estou no rio. – Disse isso se levantando e foi em direção ao rio.

Esperaram ele sumir entre as árvores para começarem a esclarecer os fatos.

– Então Gabrielle, não entendi.
– Xena, Antoniê me pediu em casamento e eu aceitei. Ele é o duque de Atenas e vamos nos casar assim que a perna dele melhorar e partiremos.

A barda falou de uma só vez, temendo não conseguir contar o que escolheu.

Xena sentiu o chão donge de seus pés, o ar não entrar em seus pulmões e uma dor esmagadora por dentro, só conseguiu balbuciar:

– O que?
– Eu e o Anto…
– Eu entendi, mas por quê?

Gabrielle abaixou os olhos e segurou para não chorar, ficou um tempo em silêncio e depois respondeu:

– Ele se declarou a mim, porque ele é um homem que parece ser bom, é bonito e gosta de mim e eu acho que estou gostando dele. –  na última parte ela mentiu feio. Não estava nem um pouco interessada nele quanto menos gostava. Ela amava a morena.

Xena com a última frase da loira sentiu um punhal banhado em veneno Talâmico invadir seu coração. Conseguiu esboçar um falso sorriso e dizer com a voz trêmula:

– Seja feliz. – ela sai em direção ao lago esquecendo que Antoniê ainda estava lá.
– E ai Xena, Gabrielle já lhe contou a novidade?
– Sim. Parabéns a vocês.

Um silêncio pesado se instalou entre eles até o ruivo o quebrar.

– Xena, eu sei que você é a única família que Gabrielle tem no momento, que te ama e eu sei que ela não seria feliz se a melhor amiga dela não estivesse por perto. Você não disse se aceita ou não ser a nossa comandante em Atenas. Se você desejar eu posso conseguir um cargo alto para você no exército do rei que é meu amigo, com a sua experiência, técnica e se tratando da Destruidora de Nações você conseguirá qualquer coisa do rei.
– Antoniê, eu não estou mais interessada em cargos altos no exército ou qualquer outra coisa e eu não sou mais a Destruidora de Nações. Eu agradeço o convite para ser a comandante da sua guarda e de Gabrielle e de seu castelo, mas não posso aceitar.
– Entendo, mas acho que Gabrielle não ficará satisfeita com isso.
– Ela ficará mais chateada ainda. Não comparecerei a cerimônia de matrimônio de vocês, vou voltar para Amphipolis, só vou esperar vocês partirem para Atenas.
– Quando decidiu isso?
– Há alguns dias atrás. Ia só passar um tempo, mas minha mãe está precisando de mim e Gabby vai se casar. Vou ficar definitivo. Conte para Gabrielle minha decisão, creio que será mais fácil para ela.

Voltaram para o acampamento, almoçaram num clima meio tenso. Xena só falava quando era questionada e respondia monossilábica.

À tarde Xena saiu para tomar banho sozinha e Antoniê aproveitou para contar a decisão da guerreira para sua noiva. Quando a guerreira voltou do banho, foi a vez de Gabrielle e após a loira voltar foi a vez do ruivo, deixando-as um tempo a sós.

– Xena porque não irá conosco?- Gabrielle estava triste, e essa tristeza era transmitida nitidamente pelos seus olhos que marejavam e a voz que tremia.
– Minha mãe e Toris precisam de mim em casa. E eu não quero atrapalhar o seu casamento. – a ultima frase soou com um claro tom de ironia.

O silêncio se fez novamente, sendo quebrado por Antoniê que regressava todo molhado ainda apoiado pelo cajado da loira.

– Vamos jantar?

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“Ilusão imaginar você pra mim
Você jamais me olhou
Sequer pensou que meu olhar fosse de amor
Meu coração dispara sempre que te vê
Eu mal posso entender
Como é bom te querer
Como é que eu posso ter
Coragem pra falar dessa paixão
Pois sei que vou morrer
Se você disser não
Então fico a sonhar com teu olhar
E você dizendo sim
E o primeiro beijo de amor sem fim
Te amo tanto e não sei mais
Como é que eu vou viver em paz
Se tudo que eu preciso
É respirar teu ar
Te amo tanto e sem querer
Mas sei que posso te perder
Pra alguém sem tanto amor
Mas sem temer falar
Ilusão”

(Sandy & Junior- Ilusão)

Os dias foram se arrastando, a cada dia o diálogo entre as duas era mais escasso e a perna de Antoniê melhorava gradativamente.

Na terceira lua depois do ataque feito ao ruivo, ele já se encontrava em perfeito estado e comunicou à sua noiva e à companheira morena de acampamento que no dia seguinte partiriam para Atenas para terem tempo de preparar o casamento com toda a pompa e circunstância que mereciam.

– Gabrielle, amanhã partiremos antes do sol se levantar. – disse o homem a sua noiva e agora se virando para Xena disse:  – Obrigado por tudo Xena.

Durante o jantar Xena tomava excessivamente o vinho que estava num galão que ganhara da aldeia vizinha. Não retirava os olhos da loira, para ela era fundamental guardar cada detalhe daquele rosto angelical que era contornado por seu longos cabelos loiros e duas esmeraldas radiantes, como se sua vida dependesse daqueles traços perfeitos.

Se despediram e foi cada um para sua pele. Desde que voltou, Xena dormia separada de Gabrielle, o que vinha sendo uma tortura não sentir mais o cheiro dos cabelos da barda.

A loira deitada em suas peles começou a chorar baixinho, estava infeliz por ter que deixar Xena por sua própria escolha, por escolher esconder o que sente pela morena. Parou de chorar e analisando a  fogueira se pôs a pensar.

“ Não posso ir embora sem que ela saiba o que sinto, mas não tenho coragem de falar para ela. Dizer que a amo. Creio que ela não me entenderia.” Interrompendo os pensamentos ela se levanta, pega sua bolsa e de dentro dela retira um pergaminho onde começa a escrever.

Após terminar de escrever, ela enrola o pergaminho e hesitando coloca-o de volta no fundo da bolsa. Gabrielle espera de olhos abertos a hora de partir, não conseguiria dormir, somente observar a mulher que ama ressonar pesadamente por causa do álcool.

Horas depois, Antoniê se levanta e ambos começam a arrumar suas coisas para partirem.

Gabrielle resolve não se despedir de Xena, Antoniê que já se encontrava há alguns metros da entrada do acampamento continua a andar lentamente e nem percebe quando a loira vai até onde a guerreira estava, retira o pergaminho que escreveu na noite anterior e coloca do lado do rosto dela, dá um suave beijo nos lábios de Xena que foi quase apenas um roçar e sussurra no ouvido dela:

– Eu vou te amar para sempre, nada nem ninguém vai tirar isso de dentro do meu peito.

Terminando de dizer, com lágrimas nos olhos ela corre até onde Antoniê a aguardava impaciente, pois iriam seguir a pé até a aldeia vizinha, o que seria quase um dia inteiro de caminhada sem parar.

Xena não ouviu nada do que a barda disse, a quantidade de álcool que ingeriu na noite anterior para aplacar sua dor interna a fez se entregar com tudo nos braços de Morfeu.

A guerreira levanta com o sol do meio dia reluzindo em seu rosto, ela se levanta e vê a vida sem brilho e alegria que teria que levar daquele dia em diante. Xena começa a arrumar suas peles para poder partir para Amphipolis quando encontra o pergaminho que Gabrielle deixou.

– Ela deve ter esquecido.

Ela se senta nas peles ainda em desordem, abre o pergaminho e começa a ler.

“ Xena,

Não sei como poderia lhe dizer isso pessoalmente,
Não sei se teria coragem o suficiente.
A realidade é que caso por amor,
Não a Antoniê, mas amor por você.
Amá-la em segredo por todo esse tempo me fez feliz e infeliz,
Feliz por estar ao seu lado e compartilhar a vida com você e infeliz por amá-la e você nem saber, não poder tocá-la como gostaria e beijá-la, não poder dizer o que lhe digo agora: Amo você.
O amor que sinto, vai além do que duas simples amigas sentem, eu a desejo, amo, a quero ao meu lado pelo resto dos dias meus, mas hoje já não podemos mais viver essa realidade. Irei me casar com Antoniê  para tentar esquecer o que sinto, creio que não entenderia o que alimento em meu peito por você.
Ver a sua rejeição me faria sofrer, até mais do que deixá-la.
Ilusão a minha imaginar que você um dia seria minha.
Não se esqueça que eu a amo para sempre.

Gabrielle.”

A morena ao terminar de ler o pergaminho com as lágrimas rolando em abundância pela face, sai correndo em direção a Argo e o monta como se o mundo fosse acabar.

Decidida a buscar Gabrielle e viver tudo o que sentia com ela, se fosse matar ou morrer pela loira ela o faria. Não abriria mão de falar o que sentia e trazê-la de volta. A única dúvida que teimava em assombrá-la era: “Será que Gabrielle quer?”

Ela ignorou a incerteza e cavalgou desesperadamente até encontrar a trilha de Gabrielle e Antoniê, a cada passo o coração apertava, mas a morena não ia desistir antes de lutar pelo seu amor. Quando os avistou em uma carroça que haviam conseguido nas redondezas da aldeia ela gritou bem alto:

– GABRIELLE ME ESPERA!!!

A loira não acreditava no que seus olhos lhe contavam, podia ser um truque dos seus ouvidos e vistas a mando de seu coração e mente perturbada. A guerreira vinha cortando o vento com uma pressa que faria qualquer um acreditar que o mundo inteiro a estava caçando. Antoniê se vira para Gabrielle e diz:

– Sua amiga veio se despedir.

Gabrielle estacou. Não sabia o que fazia, na verdade não sabia o que Xena faria.

A guerreira chegou onde os noivos estavam, desmontou rapidamente do cavalo e foi em direção à carroça.

– Olá Xena! – disse Antoniê, mas não foi respondido.

A morena para ao lado de Gabrielle e começa a falar ofegante.

– Gabrielle, eu li seu pergaminho. Eu também te amo, venha comigo e seremos felizes, viveremos juntas para sempre…
– Xena eu… Não posso. – disse a barda entre soluços.

Antoniê assistia tudo calado, como se já esperasse por isso.

– Como assim, você não pode? – estava confusa, não sabia o motivo de tudo aquilo, a morena estava perdida.
– Eu estou com Antoniê, o escolhi para ser meu esposo. Nos casaremos, teremos filhos, netos… Creio que não seria certo ficarmos juntas.
– Gabrielle, eu não posso te dar filhos e netos. Não tenho hoje o dinheiro que ele tem, mas eu não somente gosto de você, eu amo e sei que vai ser assim para sempre.
– Xena, por favor… – a barda continuava a chorar.
– Escuta o que eu tenho para lhe dizer, por favor… Se você quiser, nos casaremos, teremos uma casa, podemos ahhh, sei lá, pegar um órfão para criar. Eu juro que te farei a mulher mais feliz da face da terra. Eu não sei o que vai ser da minha vida sem você. Desaprendi a viver sem te ver acordar ao meu lado, meus dias ficam cinzentos, o perfume das flores fede a carne morta e nem o álcool aplaca a dor que esmaga os meus órgãos por dentro… – a guerreira interrompeu seu relato aos prantos, se sentou na beira da estrada e chorou igual criança.

Gabrielle também às lágrimas olhou para seu noivo como se pedisse autorização.

– Vai, seu amor nunca vai ser meu. – disse o ruivo com um pesar na voz e com uma pequena lágrima no canto dos olhos.

Gabrielle pulou da carroça e se juntou a Xena na beira da estrada, a abraçou e chorou com ela no seu colo.

– Ga… Gabby não há nenhum deus que condena os que amam, não há. – e voltou a chorar.
– Agora mesmo se condenassem, não teria importância alguma, porque eu te amo.

Elas nem perceberam quando Antoniê foi embora.

As duas se olharam e Gabrielle puxou a guerreira pelo rosto até alcançar sua boca e lhe dar  um beijo apaixonado. No inicio foi apenas um toque, até as bocas se abrirem e dar passagem para as línguas que se tocavam apaixonadamente. Gabrielle já estava com as mãos enfiadas nos cabelos da guerreira enquanto essa a apertava mais contra o seu corpo com uma mão enquanto a outra fazia o caminho das costas às  nádegas e coxas fazendo a loira queimar de desejo. A barda já havia mudado de posição sentando-se no colo da morena a abraçando com as pernas sem desgrudarem as bocas famintas.

Só pararam quando o ar faltou, perceberam que estavam na estrada e se continuassem o que estava fazendo alguém poderia pegá-las em situação constrangedora. Xena a olha nos olhos com todo o carinho do mundo e a abraça.

– Eu te amo Gabby.
– Eu também… Xena, aquela história de casamento era sério mesmo? – agora a loira a olhava com uma cara de dúvida.
– Não só ela, mas tudo o que te disse.
– Até que teremos uma casa fixa e poderemos adotar um órfão?
– Se você desejar eu aceito até o órfão.

Gabrielle volta a beijá-la.

– Hummm, péra aí Gabby… – disse Xena dentro da boca da outra, interrompendo o beijo.
– O quê foi? – a loira estava preocupada.
– Vamos para o centro da aldeia, tenho que comprar umas coisas lá.
– O que é?
– Surpresa, sua curiosa! – disse a morena sorrindo já de pé estendendo a mão para puxar a barda.
– Ahhh, mas já começamos com segredinhos? Isso não é justo!

Quando chegaram ao centro comercial da aldeia vizinha a que foi destruída elas se separaram. Gabrielle foi aos vendedores de roupas e Xena em direção ao joalheiro.

Passaram o dia inteiro entre compras, encontrando-se apenas no almoço e no final da tarde na hora de irem embora.

– Gabby, o que você comprou?
– Ahh, comprei umas roupas para mim e para você e umas coisinhas a mais. E você?
– Nada não.
– Nada não? O que você foi fazer no joalheiro, depois no estábulo e num monte de lugar onde eu não conseguir ver? – a barda estava com os braços cruzados e batia o pé parecendo nervosa.
– Que isso? Já está com ciúmes? – disse a guerreira com uma falsa cara de espanto. – Calma amor, o joalheiro era muito velho, tinha mal hálito e era meio torto, o homem do estábulo era baixinho, bigodudo e gordooooo, deste tamanho oh. – representou o tamanho do homem abrindo bem os braços. – E eu prefiro uma loira e também já te disse que tudo é surpresa. Mas só me responde uma coisa?
– O que?
– Amphipolis ou Potédia?
– Para quê?
– Para nos casarmos e vivermos lá.

A barda não acreditava no que ouvia, somente começou a chorar e abraçou a guerreira dando um beijo nela.

– Ei, para de chorar!- disse com o rosto da barda entre as mãos, bem doce e calmo.
– Eu te amo você sabia?
– Sim. Mas você ainda não escolheu.
– Amphipolis.
– Pensei que quisesse viver perto de seus pais.
– Os visitaremos com freqüência.
– Então vamos tenho que lhe mostrar algo.

Elas andaram até o estábulo onde Xena disse apontando para Argo que estava com uma carroça coberta presa a o seu corpo.

– Essa é uma das surpresas e não era um gordo, baixinho e bigodudo. – riram. – Chegaremos mais confortáveis ao nosso destino. Mas essa noite dormiremos numa estalagem aqui na aldeia.

Se dirigiram para a estalagem, jantaram animadas por um pequeno grupo de músicos e artistas que faziam alguns truques de mágica. Subiram para dormir. No quarto havia apenas uma cama de casal, uma mesinha com duas cadeiras e um lampião para ser aceso.

No meio da noite, Xena é acordada por duas pequenas mãos atrevidas que passeavam pelo seu corpo. A boca da barda estava colada em seu pescoço enquanto uma das mãos driblou o vestidinho que usava e acariciava o seu seio.

Gabrielle já se encontrava em cima da morena e a beijava fervorosamente enquanto uma das mãos tomava conta do bico de um seio e a outra acariciava as laterais de sua coxa.

– Gabby… – Xena ofegava.
– hummm…
– Gabby… ahhh para ai amor… ahhhhhh

A boca desceu para o pescoço, beijava, chupava, mordia e lambia causando um “fogo” na guerreira que mal podia se conter de tanto desejo e prazer.

– Por quê? Não ta gostando? – a boca já estava colada num dos seios da morena que se rendia gradativamente.
– Uhhhh, amorrr… é sério. Para vai. – na verdade a única coisa que Xena não queria era que Gabrielle parasse.

A loira deu um salto de cima de Xena e se sentou do lado dela que se recompunha. Com uma expressão confusa e atordoada a loira pergunta.

– O que foi? Não estava gostando?
– Não é isso. É que não queria que nossa primeira noite fosse aqui como se fosse qualquer pessoa. Quero que seja num lugar especial, o casamento e…

A loira disparou a rir.

– O que foi? – agora era Xena que estava confusa.
– Você quer se guardar para o casamento? Que lindo amor! – A barda já não ria mais, falava sério e segurava o rosto da morena entre as mãos num carinho perfeito.
– Eu te amo um tantão assim ó. – a barda abriu bem os braços na frente da guerreira.
– Mas isso é muito pouco. – riu a morena.
– Meus braços que são pequenos pro amor que sinto, ele é do tamanho do infinito.

Xena a beijou nos lábios. Voltaram a deitar, Gabrielle repousa sua cabeça no peito da morena.

Dormiram abraçadas esperando o novo dia as brindarem com seus raios de alegria.

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Como sempre, se há noite há dia, este se levantou brilhante iluminando os dois corpos abraçados  que descansavam sobre a cama. Pela luminosidade Gabrielle acordou primeiro e contemplou sua “noiva” deitada na cama. Pouco depois ela tenta acordá-la com beijos de todas as formas.

– Desse jeito eu fico mal acostumada. – suspirou tentando abrir os olhos.
– Mas vai ficar mais ainda.
– Todos os dias serei acordada assim?
– Não só os dias, mas as noites também.
-Uhhh, gostei dessa parte.  – A guerreira totalmente desperta dá um beijo profundo na loira e pouco depois pula da cama e vai vestindo as roupas.
– Nossa, mas já está se vestindo? Me provoca e depois sai correndo é? – soltou fingindo indignação.
– Quem começou foi você. Eu estava deitadinha dormindo o sono dos deuses e você me atacou enquanto estava desprotegida. Golpe baixo!
– Vai dizer que não gostou?
– Gostei, e você vai dizer que não gostou?- revidou.
– Gostei, mas porque a pressa?
– Para chegarmos mais rápido em casa e terminarmos o que não foi concluído ontem à noite.
– Desse jeito até eu vou correndo me vestir.

As duas caíram na risada e quando terminaram de se vestir desceram para fazer o desjejum.

Enquanto se alimentavam, conversavam animadamente sobre muitos planos que tinham em mente para a nova vida que levariam juntas.

– Gabby, antes de irmos mandarei uma mensagem para Mamãe avisando que estamos retornando e pedir para que ela arrume um lugar na pensão para nós.
– Xena, sua mãe sabe de nós?
– Não, mas vai saber quando chegarmos lá.

Gabrielle arregalou os olhos em espanto. Estava realmente preocupada, não sabia qual seria a reação de sua futura “sogra” quando soubesse qual o tipo de relação que unia ela a sua filha. Teriam que dividir o mesmo teto por um bom tempo e não queria que Cyrene perdesse o carinho que tinha por ela.

Como se lesse os pensamentos de sua amada, Xena soltou:

– Gabby, relaxa.
– Vou tentar.

Pegaram a estrada em direção a Amphípolis. Seriam dois dias árduos de viagem, sem parar para quase nada. As noites que passaram na carroça foram mais aconchegantes do que qualquer outra de suas viagens. A carroça tinha quase de tudo, era um pequeno cômodo onde tinha uma cama aconchegante e espaço para as bolsas de viagem e alimentos.

– Xena, falta muito para chegarmos?
– Não, antes de o sol estar a pino estaremos lá.
– Será que sua mensagem já chegou?
– Sim. Demoramos mais do que o mensageiro porque estamos de carroça, tivemos que pegar estradas maiores e não nos beneficiamos de alguns atalhos.
– haaaa.

O resto da vigem foi feito em total silêncio, ele não era incômodo nem tão pouco constrangedor podia se dizer que era até reconfortante e gostoso.

Quando chegaram à entrada de Amphípolis havia uma bifurcação, a direita levava para os montes e vales laterais, e a esquerda levava diretamente ao centro da cidadezinha onde situava a hospedaria da mãe de Xena. A morena seguiu para a hospedaria.

Chegaram e a morena já foi colocando a carroça no estábulo, retirou-a de Argo e a soltou num pasto próximo. Entraram juntas na pensão, Cyrene veio ao  encontro das duas e as abraçou com uma saudade reprimida por muito tempo.

– Graças aos deuses vocês vieram de vez.
– E famintas também. – soltou Gabrielle.
– Então venha porque a janta já ta na mesa.

Jantaram e pouco depois Gabrielle saiu para dar uma volta para fazer digestão. Xena aproveitou estar a sós para conversar com sua mãe.

– Mãe, Toris já te contou?- Começou meio encabulada.
– Sim.
– E…?- Xena estava apreensiva.
– “E” nada minha filha. Eu sabia que terminaria assim. Melhor, começaria. Parece que só vocês duas que não sabiam. – e riu da cara de espanto que Xena fez. Continuou. – Eu e Toris preparamos tudo o que você pediu na mensagem. E por milagre dos deuses conseguimos um sacerdote que além de aceitar realizar a união de vocês ficou muito contente em saber de você.
– Quem?
– Magnus. Aquele seu amigo que costumava apostar corrida com você e Lyceus a cavalo.

Havia mais de onze anos que Xena não via Magnus. Eram inseparáveis, até que ele foi embora com o pai viúvo para Atenas para estudar por lá.

Algum tempo depois Gabrielle  retornou de seu passeio e subiram para dormir. Ficou meio vermelha quando Cyrene mostrou o quarto em que dormiriam. Com uma cama de casal, totalmente à luz de velas e com uma tina convidativa. Quando por fim ficaram sós, ela já foi esclarecendo as dúvidas que a assombrava.

– Ela já sabe né?
-Huhum.
– E o que ela disse?
– Nada que me fizesse mudar de idéia.
– Decidida hein?
– De mais.

Xena a beijou apaixonadamente e pouco depois se afastou antes que a situação ficasse perigosa.

– Vem, vamos dormir. Amanhã é o dia da nossa cerimônia e não podemos nos atrasar.

As duas abraçadas caíram nos braços de Morfeu, até o astro rei as banhar com seus raios quentes. Acordaram quase na hora do almoço, desceram apressadas para ajudarem Cyrene e se prepararem para o evento esperado.

– Meninas, vejo que dormiram mais do que a cama. A noite foi boa? – disse brincando mas cheia de malícia deixando Gabrielle corada dos pés a cabeça.
– Sem piadinhas mãe. Dormimos mais do que a cama porque há dois dias não dormíamos em uma cama descente, estávamos cansadas da viagem.
– Claro que sim. Foi isso que queria dizer. – riu baixinho.
– Porque não nos acordou Cyrene? – indagou a loira mais descontraída.
– Não queria incomodar o “descanso”- fez aspas com os dedos – De vocês. Não seria legal. – riu mais uma vez.

Almoçaram rápido e foram se arrumar rapidamente.

Xena estava vestida com um vestido branco longo com um corte até o inicio da coxa, cabelos soltos e algumas jóias para dar um pouco mais de brilho. Já Gabrielle, usava um vestido na altura dos joelhos colado ao corpo com um decote comportado e os cabelos presos por uma tiara de pérolas.

Chegaram juntas ao templo do deus Apolo, contemplando-se, achando uma a outra a perfeição da natureza. O sacerdote sorriu ao ver as duas e depois de realizarem seus votos e confirmarem a união ele correu e abraçou Xena como um irmão que não vê o outro há séculos.

– Xena, quanto tempo.
– Oh meu amigo, muitos anos e você continua o mesmo.
– Soube de você, de Corinto e de você agora. Fico feliz por ter encontrado seu caminho. – Olhou para Gabrielle.
– Agora que o encontrei não vou mais sair dele.

Todos presentes no templo riram.

Após a cerimônia, ambas subiram em Argo e seguiram saindo de Amphipolis.

-Xena, estamos saindo de Amphipolis. Para onde vamos?
– Você verá.

Voltaram à bifurcação na entrada da cidade, mas desta vez pegaram o caminho da direita. Quando chegaram ao topo do monte o sol já estava se pondo no horizonte banhando a Grécia com seu show de luzes laranja, vermelha e amareladas. Gabrielle viu uma pequena casa de madeira e pedras com uma chaminé a todo vapor com cercas brancas e um jardim perfeito ao redor.

Xena desmontou e a ajudou a desmontar também, pegou-a pela mão e a levou à beirada do penhasco que permitia ver toda a Grécia e o mar e a beijou e disse:

– Gabrielle eu quero que saiba que eu te amo e farei de tudo para que possamos ser felizes. – antes da barda totalmente emocionada falar, a guerreira retira de dentro do vestido dois colares de ouro com uma pedra incrustada. O colar que ela entregou a barda era uma rosa em forma de G com uma esmeralda em forma de coração ao centro. Ela virou para Gabrielle e disse: – Vira aí amor. – colocou em seu pescoço um colar parecido, mas a rosa era em forma de X e a pedra era a safira.

Gabrielle fez o mesmo e assim que terminou de colocar o colar deu um beijo na nuca de Xena. Xena virou, lhe beijou os lábios e entregou um pergaminho.

– O que é isso?
– Algo que escrevi para você.
– Lê para mim?
– Gabrielle, não sou uma barda…
– Por favor?
– Ta.

(*)“O que eu poderia dizer que é amor?
É a paz que sinto ao sentir o teu perfume
É o fogo, desconcerto e ternura ao mesmo tempo com o seu mais inocente toque
É a freqüência que meu coração dispara e meu mundo para só por te ver sentada.
Como posso dizer que é amor sem dizer amor?
Sem parecer mais um clichê de adolescente apaixonada
Sem parecer mais uma cantada de um galanteador descompromissado
Sem parecer que só quero beijar teus lábios e mel e depois não querer mais nada.
Eu não digo que amo só por dizer,
Se quando não te vejo pelos corredores da vida creio que vou morrer
Se quando eu não sinto o seu perfume completando o meu vazio chego a pensar que não vale a pena viver.
Fico sem paz
Fico sem ar
Fico sem vida
Fico desiludida.
Fico morta de sentidos quando busco com os olhos e não te encontro.
Se tudo isso não é amor, eu não sei que palavra digo.
Se eu fosse condenada a descer ao inferno pelo que sinto
Eu aceitaria
Contanto que apenas os se seus olhos fossem comigo,
Porque nos seus olhos eu encontrei o meu paraíso.”

Xena acabou de ler, abraçou a barda e disse:

– Eu te amo de verdade. Quero envelhecer com você ao meu lado.
– Você é uma barda. – Gabrielle riu.
– Vem que quero terminar de te dar a surpresa.

Elas entraram de mãos dadas na casa. Gabrielle ficou impressionada com todo o conforto que havia ali. Era meio rústica, quase toda de madeira e pedra.

– Obrigada. – Disse a barda quase chorando.
– Vem que quero te mostrar o outro andar e o nosso quarto.

Elas subiram pela escada de dezesseis degraus, Xena mostrou todos os quartos para ela deixando o principal por último. Quando chegaram no quarto das “noivas” a guerreira vendou a loira e a levou até o centro do aposento, quando retirou a venda Gabrielle paralisou. As paredes que davam vista para o poente e o nascente eram todas de vidro e a cama delas se encontrava no meio onde tanto a luz do nascer quanto a luz do pôr do sol iluminava a cama.

– Ele é lindo… – suspirou boquiaberta.
– E é todo nosso.

A noite já se fazia rainha e as brindou com um céu recheado de estrelas. Gabrielle puxou a guerreira pela cintura e colou a boca na dela, suas pequenas mãos atrevidas já faziam o trabalho, enquanto uma abria o vestido a outra acariciava um seio por cima dele.

– Tá atentada hoje hein?- dizia a morena entre suspiros ofegantes.
– Ahãm!!! E você não imagina o quanto.
– Só quero ver.

Gabrielle a jogou na cama e deitou em cima, beijando-a ardentemente enquanto suas mãos a estimulavam sobre o vestido.

Elas já não suportavam mais as roupas como empecilho para seus corpos se tocarem plenamente. As mãos ágeis da guerreira já haviam lançado fora o intruso vestido de Gabrielle quando tocou aqueles pequenos seios rosados pela primeira vez. Foi como ir aos Elíseos e voltar em questão de segundos. Tocou-os carinhosamente, beijou-os com todo o cuidado e ternura que podia ter, abriu a boca que apanhou um deles, chupando-o e mordendo o bico fazendo a barda jogar a cabeça para trás e quase morrer de prazer ao sentir a boca de Xena em seu corpo; as mãos se encarregavam do resto do corpo. Enquanto uma tomava conta do outro seio tocando-o, estimulando-o com a ponta dos dedos, apertando levemente seu biquinho, a outra passeava livremente em suas costas e nádegas. Pararam por um instante para se livrarem do restante das roupas.

Já completamente nuas, ficaram um tempo se contemplando até Xena se aproximar de Gabrielle que estava em pé na beirada da cama e a abraçar.

– Eu te amo ta?
– Eu também te amo.

Gabrielle concluiu colando a boca na da guerreira. Xena a aproxima pela cintura sentindo todo o corpo tocar o seu causando um arrepio gostoso, empurra a barda devagarzinho sobre a cama e deita por cima dela  que solta um gemido baixinho de prazer ao ter a guerreira sobre si. Xena abre as pernas de Gabrielle com os joelhos e cola seu sexo com o dela sentindo o quanto estava molhado, acaba soltando um pequeno gemido. Sua boca desceu para o pescoço, tórax e seios, mordeu, chupou, lambeu e continuou descendo pelo corpo da loira sem parar o movimento de vai e vem de seus quadris, chegou ao umbigo onde passou a língua pelo buraquinho bem feito que havia ali fazendo Gabrielle gemer mais e a apanhar pelos cabelos. Continuou a descida tortuosa até alcançar o sexo de sua amada. Colou a boca com vontade, sugou e passou a língua por toda a extensão. Mordeu as laterais da coxa fazendo a barda suplicar.

– Ai amorrr, vai logo senão eu vou morrer aqui.

Ela não ligava, queria provocá-la mais. Sugava com toda a força o ponto pulsante entre as pernas da loira, passava a língua ligeiramente e a penetrava com esta, aumentando o desespero e tesão de Gabrielle. Xena a penetrou com os dedos devagarzinho para depois aumentar a velocidade, elas se beijavam fervorosamente e a loira sempre soltava um gemido entre beijos, seu corpo aos poucos foi tendo espasmos e pequenos tremores até que gozou profundamente.

Pouco depois Gabrielle recuperou suas energias, girou e ficou em cima de Xena beijando-a com fúria, suas mãos passeavam por todo corpo da morena, sua boca foi descendo para o pescoço onde ela mordeu e subiu para a orelha passando a língua por ela toda. Voltou para o pescoço e desceu até os seios onde adorou morder aqueles biquinhos enrijecidos de tanto prazer. Xena começou a gemer baixinho e a barda não parava. Desceu por todo aquele abdômen malhado deslizando a língua por toda a sua extensão quando voltou a descer até o ponto latejante entre as pernas da morena. Abriu seu sexo e mergulhou a língua causando arrepios, chupou-o como se dependesse de seu mel para viver; mordeu os lábios e quando viu que Xena estava prestes a gozar em sua boca parou aumentando a tortura; pouco depois voltou às carícias até penetrá-la com os dedos num movimento de vai e vem frenético até que a morena explodiu em um gozo intenso sacudindo todo o corpo e despencando na cama de tanto prazer.

Ficaram um bom tempo se amando apenas pelo o olhar até que pegaram no melhor sono que poderiam ter.

O astro rei já se dispunha no centro de seu reino e iluminava os dois corpos nus entrelaçados sobre a cama.

Elas dormiam o sono dos justos. Ou melhor, o sono dos que amam.

Fim

OBSERVAÇÕES:
Gostou ou não? Manda um e-mail, gosto de ouvir opiniões para poder aprimorar uma das coisas que mais gosto de fazer: Escrever.

(*) pedacosdomeueu.blogspot.com.br

Obrigada a todos pelo tempo disposto a ler essa fic. Ao meu querido Marcos que sempre que eu comentava que tinha um projeto para escrever me dava e dá apoio e me incentivava. Obrigada amigo.

Bjs a todos.

Nota