Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

    (Uma carta de Gabrielle para Xena)❣️🏹

    A estrada de terra que levava a Potedeia parecia menor do que Gabrielle lembrava. As árvores que um dia a assustaram com sombras longas agora apenas murmuravam com o vento. O portão da casa de infância rangia da mesma forma, mas nada ali era igual.

    Entrar ali novamente, depois de tanto tempo, era como atravessar um pergaminho velho com cuidado, temendo que as memórias se desfizessem ao toque.

    Ela passou os dedos pelos batentes da porta, reconhecendo a aspereza da madeira. O cheiro de poeira e tempo velho tomava conta do ar. A lareira estava fria. O banco onde contava histórias para Lila, sua irmã, ainda estava ali — torto, mas resistente. Gabrielle se sentou ali como se não tivesse passado mais que uma tarde fora.

    Mas não era uma tarde. Eram anos.

    Na parede, havia um cravo velho com o pano que sua mãe usava para enxugar as mãos. A cozinha parecia abandonada. O silêncio pesava. A casa — e Gabrielle — guardavam o eco de tudo o que foram.

    Ela abriu um dos baús sob a cama e encontrou alguns dos rolos antigos onde rabiscava seus primeiros contos. Um dos diários estava ali, enrolado em um tecido bordado por Lila. Sentou-se à mesa, puxou a pena e um pedaço de pergaminho gasto.

    Havia algo que precisava ser escrito.

    (Carta)💌

    Xena,

    O sol entra pela janela da minha infância, aquele mesmo retângulo de luz que eu observava quando imaginava terras distantes, guerreiros destemidos… e o mundo além desta aldeia pequena. Eu sonhava em ser qualquer coisa que não fosse a filha obediente de Potedeia. E então, você apareceu.

    Você — com seus olhos como tempestade contida e a espada mais pesada que os ombros que a carregavam. Você, que me olhou como ninguém jamais olhou. Não como uma menina cheia de palavras, mas como alguém com algo a dizer ao mundo.

    Estou aqui, de volta, depois de tantas batalhas, risos, fugas e noites frias embaixo das estrelas. Estou só, por enquanto. E tudo parece… quieto demais.

    Voltei porque precisava lembrar quem eu era antes de você. Mas acabei lembrando quem me tornei por sua causa.

    A verdade, Xena, é que amar você nunca foi como nos contos que eu escrevia. Foi como atravessar um campo minado de emoções — com medo, sim, mas com coragem. Porque você me ensinou a não fugir do que assusta. A enfrentar o mundo. E também o amor.

    Nunca te disse com todas as letras, mas minha alma se moldou à sua. Às vezes, me pego falando com o vento como se você pudesse ouvir. Talvez ouça. Você sempre teve esse dom — de aparecer quando mais precisava.

    Escrevo não para pedir sua volta. Nem para cobrar promessas. Escrevo porque amo você. E sempre vou amar. Mesmo se nunca mais nos encontrarmos. Mesmo se a próxima estrada for minha e não sua. Essa casa, esta aldeia, o lugar de onde parti… agora me diz que meu verdadeiro lar é onde você estiver.

    Com tudo que sou, sempre sua,

    Gabrielle

    Gabrielle dobrou o pergaminho com cuidado, como se as palavras fossem frágeis demais para o mundo lá fora. Guardou-o na caixa onde mantinha seus antigos escritos — uma oferenda silenciosa aos deuses da memória.

    A brisa soprou pela janela. Ela fechou os olhos.

    Por um instante, imaginou ouvir passos — fortes, decididos — no caminho de pedras. Seu coração pulou, mas quando abriu os olhos, era apenas o vento entre as folhas.

    Ela sorriu, pequena, serena.

    Talvez, em algum lugar, Xena tivesse ouvido cada palavra.

    E talvez, só talvez, estivesse voltando para casa.

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