Fanfic / Fanfiction Penumbra grega - Potrinho feroz

A lua estava alta no céu e as velas ainda estavam acesas no aposento da imperatriz. Xena estava deitada de barriga para baixo e com as mãos embaixo do travesseiro. Mantinha um sorriso no rosto e a pele se arrepiava.

Gabrielle estava ao lado dela, porém passeava com seus lábios pelas costas da morena. Quando não, distribuía beijos desde a lombar até a nuca e mordiscava levemente a pele. Repentinamente, desejou deixar ali sua marca e quando foi dar um chupão, Xena virou rapidamente e puxou Gabi em um abraço.

-Não se atreva.- Disse a imperatriz beijando os lábios doces de Gabi, mordendo o inferior e puxando levemente para cima. 

-Não posso por minha marca na sua pele?- Disse a garota.

-Não.- Xena virou Gabrielle e se deitou quase em cima dela. Apoiou a cabeça na sua mão e começou a encarar a jovem.

Gabrielle por sua vez olhava fixamente para a imperatriz enquanto acariciava o rosto dela. As pernas de Xena estavam entre as de Gabi e uma das mãos da conquistadora estava perto do seio.

Movida pelo desejo, a mulher preencheu sua mão com o peito de Gabrielle e começou a esfregar o mamilo rosado com a ponta do dedo indicador. Não demorou muito para sentir em sua perna o sexo molhado da garota.

-Você me quer pela quarta vez, Gabrielle?.- A imperatriz perguntou enquanto tomava os lábios de Gabi.

A loira em meio ao beijo respondeu que sim com a cabeça. Xena se afastou e acariciou os lábios de Gabrielle com os seus. As duas não estavam falando nada, somente sentindo o toque uma da outra. As mãos mudavam de local a cada minuto e a reação era arrepios por toda pele de ambas.

-Por que?- Sussurrou Xena.

-Eu não sei….Só a desejo. 

-Nós precisamos dormir. Amanhã vamos sair ao amanhecer.- Disse Xena se distanciando, mas Gabi a puxou de volta e encaixou a imperatriz no meio de suas pernas.

-Não vou conseguir dormir se me deixar nessa situação.- Respondeu a loira enquanto tocava seu sexo e mostrava para Xena o quão molhada ela estava.

Sem dizer nada a imperatriz se abaixou e lambeu Gabrielle. Sentiu em sua língua a garota pulsar e ficar mais quente. Xena circulava o clitóris agora inchado e variava com lambidas fortes e longas. Gabi estava meio sentada, com a costa apoiada na cabeceira da cama, então podia ver o que Xena estava fazendo nela. 

Seus olhos cintilavam num brilho novo e aquela mulher não parecia ser a menina doce que circulava pelos corredores do palácio. Aquela áurea era outra e Xena estava feliz por ser a primeira e única a ver aquela outra face. Por mais que o corpo de Gabrielle tivesse pertencido a outras pessoas, a imperatriz não se incomodava, porque a entrega daquela noite foi a única em que a loira fez por desejo próprio.

Enquanto penetrava a loira, Xena podia sentir o aperto envolta de seus dedos. Pensou em ajudar a jovem e voltou a usar sua língua com movimentos de vai e vem forte e rápido. Gabrielle enrolou os dedos no cabelo da imperatriz e ergueu o quadril para sentir mais. 

-Você está cada vez mais apertada, Gabrielle. 

Movimentando o quadril, Gabrielle sorriu para Xena e lambeu seus lábios. A imperatriz foi à loucura e se sentou entre as pernas da jovem sem tirar o dedo dela. Começou a dar estocadas mais fortes e Gabi gemeu.

Depois de palavras eróticas e repletas de intenções sensuais, Xena beijou a garota e quase de imediato sentiu seu dedo tão molhado quanto antes. Sentiu a Gabi ter espasmos e um gemido doce saiu de seus lábios carnudos. 

As pernas de Gabi tremiam e Xena não parou de penetrá-la até que a garota deu risada e pediu por trégua. As duas se abraçaram e enfim se deitaram. 

Gabi escondeu o rosto no pescoço de Xena e sem falar mais nada pegaram no sono em poucos minutos.

Aquela noite havia sido especial tanto para Gabrielle, quanto para Xena. A imperatriz quis dar para ela tudo o que não teve até então. Fez amor com a garota sem performar suas extravagâncias porque não queria assustá-la e no fim percebeu que a jovem tinha se divertido. Em sua cabeça, era incrível que uma garota de 21 verões estivesse cheia de desejos por ela. 

Para uma mulher de 45, até que não estou mal. Pensou a imperatriz pouco antes de dormir com um sorriso no rosto. 

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-Ei- Xena chamou por Gabrielle que parecia mais desmaiada do que dormindo. A imperatriz riu com o estado da garota e chamou novamente enquanto beijava o topo da cabeça loira. -Gabrielle.- Os olhos verdes se abriram levemente, mas voltaram a se fechar e rolar para o outro lado da cama. -Nós estamos atrasadas. 

-Não quero.- Gabi falou com voz de sono e cobriu a cabeça.

-É claro que quer. Você disse que ia ficar do meu lado.

-Mudei de ideia.- A voz sonolenta voltou a se manifestar.

-Você me persuadiu a ficar fazendo safadas até tarde da noite e agora quer me abandonar? Não mesmo. Eu vou contar até três, se não levantar eu vou arrastar esse seu traseiro maravilhoso para fora da cama. 

Gabi não se manifestou.

-1…2…3- Xena puxou a coberta, pegou Gabrielle no colo e descobriu que a garota estava rindo.-AAAH, então você só queria ser carregada…- Gabi soltou uma risada e quando foi colocada no chão, esfregou os olhos.

-Não, eu estou com sono mesmo.

-Eu vou te esperar no salão, não demore.- Xena já estava pronta, deu um beijo na testa de Gabi e saiu.

Gabrielle não demorou muito para descer até o salão, quando chegou lá descobriu que somente ela faltava.

-Bom dia! desculpe pelo atraso. 

-Tudo bem, agora vamos.- Respondeu Xena e toda a trupe saiu do palácio. Cada um foi para sua respectiva carruagem e partiram para a casa da duquesa de Corinto.

Ao todo eram, o duque de Loyola, Delfos, Acaia, Tessália, Mioll, Solan, Kaleipus, e um outro jovem de nome Murir, que aparentemente era primo adotivo de Solan. 

Xena convidou Solan para ir em sua carruagem, mas o garoto não aceitou. Então Xena e Gabrielle partiram sozinhas até o casarão. Saiu de Corinto três carruagens, e um grupo de 30 soldados escoltando a imperatriz e os nobres. Mioll estava montada a cavalo guiando os soldados.

Gabrielle debruçou na janela da carruagem para olhar a cidade, mas ficou desapontada quando viu que ainda havia poucas pessoas pelas ruas.

-Pensei que as pessoas acordassem junto com o sol.- Disse a garota.

-Elas acordam, mas estamos passando longe do centro de comércio, você não vai ver muita gente aqui agora… Venha cá. – Xena esticou o braço e colocou no ombro de Gabi.

A jovem estava muito confortável ao lado da imperatriz. As duas estavam experimentando um sentimento novo naquele momento e pareciam reflexivas. Xena nunca teve a liberdade de se envolver com alguém da forma que estava acontecendo com Gabrielle. A garota era espontânea e parecia não temer. Quando se distraía um pouco, logo notava os olhos verdes esmeralda encarando e esperando por atenção. Na noite passada sentiu o quanto Gabi a desejava e naquela manhã se sentia mais jovem. Todos notaram que o humor da imperatriz estava como nunca.

Gabrielle se sentia da mesma forma. Pela primeira vez podia falar o que quisesse sem medo de ser punida. Qualquer pessoa do mundo que tivesse a atenção da governante da Grécia, provavelmente iria usá-la para ganhar coisas em seu benefício, mas a única coisa que Gabi queria, era poder ficar à vontade e falar bastante.

As duas estavam de mãos dadas e Xena acariciava os dedos de Gabi enquanto olhava pela janela.

Espero que ninguém tenha notado ainda que estamos nos envolvendo de forma mais íntima. Pensou Gabi.

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Em menos de duas marcas de velas, eles chegaram no casarão da duquesa e foram recebidos por ela na grande porta.

-Bom dia, majestade.- Disse a senhora abaixando a cabeça.

-Bom dia, Delia. Espero não ter pego de surpresa com essa caravana e atrapalhado algum plano seu.- Disse a imperatriz.

-Sim você atrapalhou. Eu tinha planos de mofar na varanda o dia todo.- A duquesa respondeu como de costume. 

-Duquesa.- A voz de Gabi chamou a atenção da senhora.

-Minha querida.- As duas se abraçaram. -Como você está? Espero que a imperatriz esteja cuidando bem de você. 

-Está sim.- Gabi olhou com os olhos brilhando para sua imperatriz.

-Você ganhou peso, isso é bom. Quando chegou era mais fina que a minha bengala. E…- Antes de terminar, Delia viu uma figura nova descer de uma das carruagem. Aquele par de olhos azuis gelados a fez reconhecer a figura de imediato.

Gabrielle também olhou para Solan e viu que o menino tinha o mesmo olhar de ódio da noite passada.

-Solan. Essa é a duquesa de Corinto. Está casa é dela.- Disse Xena para o rapaz que se aproximou.

Delia chegou mais perto dele espantada com a semelhança que carregava de Xena.

-Se eu não estivesse vendo pessoalmente, eu jamais acreditaria que você é a cara da sua mãe, rapaz.- A senhora falou e Solan simplesmente a ignorou e entrou para dentro do Casarão. -Ele tem seu sangue ruim também.- A senhora falou para Xena e a morena deu um sorriso maldoso no canto da boca.

-Também senti sua falta, Delia.

Todos do conselho e os convidados tomaram café da manhã com a duquesa. Logo depois conversaram sobre bobagens e se distraíram.

-A duquesa tem muitos cavalos aqui. O duque tinha comércio de cavalos e eu fiquei bem surpreso em saber que conseguiu assumir, duquesa.- Disso o duque de Acaia.

-Quem você acha que ensinou Leon a vender, duque.- Disse Delia se referindo ao Duque já falecido. Todos deram risada e Xena continuou.

-Você sabe montar, não é Solan?

-Sim.- O aborrecido respondeu.

-Kaleipus me contou a um tempo atrás que você era apaixonado por cavalos.

-Uhum.

Todos os convidados à mesa se entreolharam e puderam reconhecer o sentimento mútuo de bater no garoto.

-Talvez você queira conhecer a mãe do seu cavalo.- Xena soltou essa frase e Solan olhou fixamente para ela.

-Como assim a mãe do meu cavalo?- Agora sim a coisa havia ficado interessante na mesa.

-Seu cavalo Slephinir nasceu nessa fazenda. Quando você fez 10 verões Kaleipus me disse que você queria um cavalo, mas não podia te dar um. Então eu mesma domei Slephinir e mandei para você.

O rapaz olhou para Kaleipus e o centauro confirmou a história. Solan amava o cavalo branco, quando se sentia triste ou irritado montava no animal e saia em disparada para lugar nenhum e recobrava a calma.

-Eu quero vê-la.- O rapaz falou e se levantou da cadeira.

Xena se levantou também e caminhou sozinha com o menino até a cocheira. Eles fizeram o caminho em silêncio e quando Xena abriu a porta do local, os olhos do seu filho brilharam com a quantidade de cavalos que havia lá dentro. 

-Por aqui.- A imperatriz guiou Solan pelo lugar e chegaram até a baia de uma égua linda. -Essa aqui é Argo, minha égua.-  Xena abriu a porta da baia e Argo relinchou ao ver sua dona.

Solan estava de boca aberta. A égua se aproximou de Xena e encostou a cabeça na mulher. A imperatriz fez carinho no pescoço do animal e beijou a cara de Argo.

-Pega aquela maçã ali e dê a ela.

Solan foi até o barril de maçãs, pegou umas três e estendeu para a égua. Argo cheirou a maçã e pegou com a boca grande. O garoto sorriu e Xena também. 

-Ela tem quantos verões?- Disse o jovem dando outra maçã Argo.

-Tem 23 verões. Já é velha. 

-Ela é muito bonita, nem parece velha assim.- O rapaz se aproximou de Argo e fez carinho nela. Ele e Xena estavam bem próximos e a imperatriz aproveitou o momento para olhar os detalhes do rosto de seu filho. Ele tinha quase a altura dela, provavelmente em meses estaria muito maior, então era importante aproveitar a visão da sua cria ainda um pouco menor que ela. 

-Ela é a égua mais inteligente e rápida que eu já tive. Salvou minha vida duas vezes e respondia somente aos meus comandos.

-Sleiphinir também é inteligente e rápido. Ele vem até mim quando assobio e não deixa ninguém além de mim montar nele….Como fez pra domá-lo.- Finalmente aquela carranca tinha sumido e Xena sorriu para ele.

-Eu estava treinando Sleiphinir para ser meu cavalo. Argo já estava cansada e não havia ninguém no universo que conseguissem domá-lo. A linhagem de Argo é muito boa e infelizmente ela deu só uma cria.- A imperatriz respondeu fazendo carinho em sua velha amiga.

-Por que ela deu só uma cria?

-Ela deixou só um macho encostar nela.- A imperatriz riu porque parecia familiar a história.

Solan não sabia se olhava para Xena rindo ou para Argo. As duas coisas pareciam surpreendente para ele.

-Se Slephinir só deixava você montar nele, então porque ele se aproximou de mim no primeiro dia em que me viu?

-Talvez ele tenha achado nosso cheiro parecido.-  Xena queria estar na cabeça do menino para saber o que ele pensou naquele momento. -Ou o cheiro.

-O pai dele está vivo?-  e a imperatriz respondeu que não com a cabeça. -O que aconteceu?

-Quebrou a pata. Tive que sacrificá-lo.- Por um momento a história da família de cavalos se assemelhou a de Xena e Solan. -Quer apostar uma corrida? 

-QUERO.- O menino parecia empolgado. 

Xena preparou dois cavalos e deu para Solan o que ela julgava ser melhor. Eles montaram e caminharam um pouco mais para frente. 

-Até onde corremos? – Ele perguntou.

-Até a praia. Acha que consegue?- A imperatriz riu e sem falar nada o menino bateu a bota no cavalo e saiu em disparada. Filho de uma bacante. Xena se apressou e correu logo atrás. 

Os dois passaram quase voando e jogaram poeira nos demais que estavam assistindo tudo. Kaleipus estava contente por finalmente Solan estar envolvido com algo. Desde que chegou  aquele era o primeiro sorriso que o menino tinha no rosto.

Por um instante os cavalos estavam na mesma colocação e quando Xena ia ultrapassar, Solan passou na frente e chegou na linha de chegada antes dela. Todos que assistiam bateram palma e comemoraram. 

-Acho que eu sou melhor que você.- Disse Solan com um sorriso.

-Pelo jeito você é ….Mais uma corrida até a cerca onde os outros estão?

-Vamos.- Dessa vez os dois saíram na largada juntos, mas, mais uma vez o menino ganhou e comemorou a vitória.

Xena deu risada e se aproximou de Gabi que estava sentada na cerca de madeira.

-Já montou antes, Gabi? 

-Nunca, majestade.

Xena esticou o braço e puxou Gabi para cima, que se sentou de lado na sela. Gabi quase caiu e Xena a segurou pela cintura. As duas riram e quando a imperatriz ia chamar Solan para mais uma volta, notou que a carranca havia voltado no rosto do menino. Ele desceu do cavalo, pulou a cerca e foi andando em direção ao casarão sozinho. 

-Acho que ele não gosta de mim, Xena. 

-Ele não tem motivos para não gostar, Gabi. 

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O almoço foi servido algumas marcas de vela mais tarde, mas Solan não estava presente. Passou o restante da manhã na cocheira com os cavalos e disse que não estava com fome. Quando terminaram, esperaram um pouco e depois todos que participaram do jogo foram para dentro da floresta que havia perto do casarão. Todos com a exceção das esposas dos duques e Delia ficaram para trás.

-A brincadeira é a seguinte.- Mioll começou a falar. -Vão ser dois times. Cada time vai ter um líder e vão escolher os integrantes. As armas que serão usadas são de madeira e só vale golpes da coxa até o ombro. Meio das pernas não vale. Cada time vai ter um refém e o objetivo do time adversário é resgatar esse refém. Quem libertar primeiro, ganha e escolhe a punição do outro. 

-Eu vou escolher meu time.- Solan tomou a iniciativa – Eu quero você como minha refém.- O garoto apontou para Gabrielle. 

Todos ficaram apreensivos com a reação de Xena, mas a imperatriz surpreendeu ao não contrariar o menino. 

-Eu vou tirar o time também- Xena tomou a iniciativa porque sabia que Solan queria lutar contra ela. – Eu quero aquele rapaz como meu refém.- Apontou para o primo de Solan. -Também quero o duque de Delfos, Loyola e Acaia.- Xena estava tentando provar para Solan que ela podia ganhar até com os piores guerreiros da  história.

Sobraram o duque de Tessália, Mioll e Kleipus para Solan. Antes dos times se separarem, Xena chegou perto de Gabrielle e brincou com ela.

-Quero uma recompensa depois de te salvar.

-Pode apostar nisso. 

Os times delimitaram até onde poderia prender o refém e se separaram. 

-É o seguinte. Eu não quero que vocês façam nada a não ser atrasar os demais competidores. Escolha entre si quem irão prejudicar. Eu foco em Solan. Conforme eu for dando a ordem, vocês vão se aproximando junto comigo.

-Onde vamos por o refém?- Perguntou o duque de Loyola.

-Não se ofenda, Muiri, mas vamos te enfiar naquela árvore oca e fechar sua boca.- O garoto podia e devia dar sinais para seu time o resgatar, então Xena amarrou a boca dele, as mãos e o colocou onde havia mencionado. – Se ninguém ficar olhando para trás, nunca saberão onde ele está. O próximo passo é atacar o mais rápido possível para que eles foquem em defender o território e não em atacar. Prontos?

-Sim.- Concordaram e começaram a avançar conforme o comando da imperatriz.

Xena sabia que Solan ia perder muito tempo tentando esconder Gabrielle, então avançou tão rápido que quando percebeu,  a mulher já estava no começo do território inimigo e ninguém do time adversário havia se movido ainda. A primeira estratégia de Solan foi mandar todos se esconderem em cima das árvores com exceção de Kaleipus que ficou responsável por matar quem se aproximasse. 

-CORRAM.- Xena avançou seu time para frente enquanto todos estavam em cima da árvore. Sabendo que o centauro pegaria o mais lento, Xena saiu em disparada e circulou por todo território atrás de Gabi, porém estrahou quando não pode ver nem Solan, nem a refém. -Majestade, só sobrou nós dois.- Gritou o duque de Delfos. 

Xena viu que dois de seu time haviam “morrido” e Mioll pulou logo atrás dela. As duas trocaram “lâminas” por alguns minutos enquanto o duque de Delfos subia em uma árvore para fugir do centauro. Sem muitas delongas, a imperatriz desviou da espada de Mioll, derrubou ela e “matou” a general. 

-Kaleipus.- Xena gritou para o centauro que se distraiu com o duque de Delfos e quando ele olhou, viu a espada de madeira ir em direção a sua barriga. Se fosse uma de verdade ele teria sido estocado. Em menos de 5 minutos, Xena matou uma general e um centauro. -SOLAAAAAN- a imperatriz estava começando a ficar nervosa e de repente o garoto apareceu atrás dela.

Ele levantou a espada achando que derrubaria Xena, mas a mulher deu uma cambalhota no chão e se esquivou. Pegou a espada de Mioll do chão e ergueu para defender sua cabeça. Solan foi rápido e girou a espada para tentar atingir a coxa de Xena, mas a morena se levantou muito mais depressa e começou a investir em ataques que foram bem defendidos. Os duques que sobraram começaram a lutar entre si e ambos morreram. Agora era só Xena e Solan.

-Cadê Gabrielle, Solan.- Xena com uma certa bronca perguntou.

-Você não é a super mulher, mamãe? Vá encontrá-la- A ironia na voz de Solan alertou Xena de que algo estava errado. 

A imperatriz decidiu parar de brincar e levar a coisa a sério. Em uma rasteira inesperada, ela fez Solan cair e foi pra cima dele com um leve ataque de raiva.

-CADÊ ELA?- Kaleipus tentou intervir e antes de dizer algo todos ouviram o grito de Gabrielle. 

Xena saiu em disparada na direção do grito e os demais também. O duque de Delfos ficou para trás e foi soltar Muiri que ainda estava escondido. 

-GABRIELE.- Xena gritou, mas Gabi não se manifestou. – Cadê ela, SOLAN.- Xena perguntou mais uma vez, mas o garoto não parava de rir. 

-SOLAN, CADÊ ELA?- gritou Kaleipus que também começou a ficar nervoso. 

Gabi gritou de novo e dessa vez Xena ouviu de onde vinha. Saiu correndo e quando viu onde Gabrielle estava, notou que a menina estava pendurada em cima de uma árvore de ponta cabeça. Na sua frente havia um lobo negro, típico da região. Xena freou seu passo assim como todos atrás, menos Kaleipus, que avançou na direção do animal e deu um coice. Amedrontada, a criatura que jamais vira um ser metade homem e metade cavalo, se colocou a correr e Xena subiu na árvore o mais rápido que conseguiu e cortou a corda que prendia os pés de Gabi. Antes da menina tocar o solo, o centauro pegou ela no colo e colocou no chão. 

A imperatriz estava furiosa. Quando desceu da árvore, caminhou com ódio na direção de Solan e agarrou ele pelo colarinho. 

-QUE TIPO DE IDIOTA É VOCÊ?  

-Você não sabe brincar, mamãe?- Disse o rapaz dando risada.

-NÃO BRINCA COMIGO, MOLEQUE.- Solan ficou sério e afrontou Xena.

-Vai fazer oque, me matar assim como fez com meu pai? 

-SOLAN.- Kaleipus gritou para o jovem 

Xena pensou em ignorar aquela brincadeira de mal gosto e empurrou Solan que caiu no chão.

-Você está bem?- A imperatriz perguntou para Gabi. Antes da menina responder, Solan se levantou e foi acertar um soco na cabeça de Xena, porém a mulher segurou o punho do menino e o imobilizou. -Você não ganha de mim, Solan. Eu tenho 45 verões, mas parece que eu já vivi 1000.- Xena empurrou ele de novo e mais uma vez o garoto tentou acertar o soco.

-POR QUE VOCÊ DÁ TANTA ATENÇÃO PRA ESSA VADIA.-  O menino gritou e todos à volta estavam nervosos.

Xena não se controlou e acertou um tapa no rosto do garoto. 

-Você quer dar um de louco? Eu vou te mostrar o que é loucura.- Xena grudou no menino pelo pescoço, derrubou ele no chão e começou a gritar. -VOCÊ SE ACHA UM HOMEM, MAS É SÓ UM MOLEQUE MIMADO.- A imperatriz mirou um soco, mas acertou o chão de propósito.

-Xena, por favor. Para.- Gabi se aproximou da imperatriz e implorou.

-Majestade.- Mioll chamou apreensiva.

-Xena.- Gabi tocou o braço da imperatriz e a ela se deu conta de que estava quase enforcando Solan.

Xena se levantou e o garoto também. 

-Solan, eu nã….- Antes de Xena terminar de falar o rapaz saiu correndo na direção da fazenda com cara de assustado e sumiu de vista.

A brincadeira havia acabado ali. No fim das contas o pouco de progresso que Xena fez com seu filho foi por água abaixo. 

Todos voltaram para a fazenda e em poucos minutos estavam nas carruagens voltando para Corinto. Delia voltou com eles dessa vez e Solan ficou trancado no aposento assim que chegaram. Não foi visto até o dia seguinte.

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-Ele sorriu para mim, Gabrielle. E em menos de horas eu estraguei tudo.- Xena estava deitada no sofá de seu aposento com a cabeça no colo de Gabi.

-Eu sei que se você tivesse voltado no tempo teria feito diferente.

-Afinal, como ele te pendurou lá em cima? 

-Ele não pendurou. Apenas me pegou pelo braço e me levou até lá. Ia me amarrar no tronco da árvore quando viu vocês se aproximando. Ele me largou e eu não vi que tinha a armadilha no meio das folhas. Quando pisei, fui erguida e gritei. Quando gritei novamente, foi por causa do lobo..- Gabi falou.

-Ele não fez nada como você, Gabi? 

-Não.

-Merda.- Xena se sentou no sofá e cobriu o rosto. -Que droga foi aquela que eu fiz. Eu parti pra cima do garoto como se fosse um de meus inimigos. Se estivesse em seu lugar, não desejaria jamais olhar em meus olhos.

-Ele está com ciúmes de mim, Xena. Eu tenho quase a mesma idade que ele e você passa mais tempo comigo. Talvez tenha raiva que você trate melhor uma escrava do que o próprio filho. Não é a mim que ele quer machucar, é você. 

-Você não é mais escrava e eu não o trato mal. O que fiz foi para protegê-lo.

-Fui até semanas atrás. As pessoas ainda me tratam como escrava e ele com certeza ouviu. Quanto a você protegê-lo, ele não sabe disso, Xena. Para uma criança, nenhum lugar é mais seguro do que ao lado de um pai ou uma mãe.

-Pelos Deuses, Gabi. Isso tudo é um enigma sentimental para mim. Será que consigo ser mãe nessa altura do campeonato?

-Você já é, Xena. Só precisa de mais treino.