Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

Gabrielle, Xena e Laura cavalgaram de volta para a habitação do casal. Assim que chegaram à casa, Xena e Gabrielle desmontaram dos cavalos, e Laura fez o mesmo, embora seu olhar continuasse voltando para a floresta. Elas se dirigiram à varanda, onde a luz suave da lua iluminava seus rostos cansados.

– Precisamos conversar – disse Gabrielle, quebrando o silêncio. Ela se apoiou na grade da varanda, olhando para Laura – amanhã, assim que o sol nascer, iremos atrás de Carmilla.

Laura balançou a cabeça, seu rosto tenso.

– Eu não preciso de descanso. Minha natureza vampírica me permite ficar alerta – afirmou, com determinação – não posso simplesmente ficar aqui enquanto Carmilla está lá fora.

Xena trocou um olhar significativo com Gabrielle, a preocupação estampada em seus olhos.

– Você pode não precisar de sono, mas nós sim. Precisamos de um plano claro antes de nos movermos novamente – disse Xena, sua voz firme e controlada.

Laura cruzou os braços, franzindo o cenho.

– Eu entendo o que vocês estão dizendo, mas não posso esperar. Não posso deixar Carmilla sozinha.

Gabrielle deu um passo à frente, sua expressão suave, mas decidida.

– Laura, por favor, faça essa promessa. Não vá atrás de Carmilla sozinha. Deixa a gente te ajudar. A situação é complicada, e precisamos ser cuidadosas.

Laura hesitou, a determinação em seu olhar se misturando com a vulnerabilidade.

– Eu não quero que vocês se arrisquem por mim – confessou, a emoção transparecendo em sua voz.

– E nós não queremos que você se arrisque sozinha – Xena reiterou, seu olhar firme. – prometa que irá esperar até o amanhecer.

Laura respirou fundo, lutando contra a tempestade de sentimentos que a dominava. As memórias de Carmilla a consumiam, a ânsia de ir atrás dela era intensa.

– Tudo bem – concordou finalmente, a relutância evidente em sua voz – eu prometo que não irei atrás de Carmilla sozinha. Mas, por favor, não demorem.

– Umas horinhas de descanso e estaremos novas. É o tempo que a própria Carmilla precisa, talvez.

– Espero que esteja certa – falou Laura.

– Eu também.

 

***

 

No interior do inferno, uma escuridão opressiva dominava o cenário, cortada apenas por chamas vermelhas que dançavam como almas torturadas. O calor era sufocante, o cheiro de enxofre pairava no ar e clamores de desespero ecoavam pelas câmaras de pedra como uma adágio sombria. No trono de obsidiana, Lúcifer se ergueu com fúria. Seus olhos ardentes brilhavam como brasas.

– Que porcaria de demônios são vocês? – rugiu, sua expressão uma mistura de desprezo e raiva – como permitiram que uma alma escapasse de sua danação eterna?

Os lacaios, criaturas grotescas e distorcidas, se aglomeraram diante dele, os olhos medrosos baixos, tremendo sob o peso de sua ira. Um deles, um demônio de pele escamosa e chifres retorcidos, tentou se explicar.

– Senhor, foi um descuido. A energia das almas gêmeas parecia tão intensa, tão poderosa. Nós não previmos que…

– Silêncio! – Lúcifer interrompeu, avançando em direção ao lacaios com passos firmes, sua presença ameaçadora – almas gêmeas, an? Ah, isso tem dedo daquela vadia da Trácia, eu tenho certeza. Séculos se passam e ela ainda é um espinho do meu pé! Maldição!

Ele gesticulou com a mão, e as chamas se intensificaram. O calor aumentou, e os lacaios ofegaram.

– Precisamos encontrar Carmilla antes que ela se reúna com aquelas que ousaram intervir – Lúcifer continuou, sua voz agora um sussurro perigoso – Carmila está na terra, mas sua alma ainda está cheia do inferno. Preciso trazê-la de volta antes que ela volte a si.

Os lacaios, percebendo a gravidade da situação, começaram a sussurrar entre si, buscando desesperadamente uma solução.

– Senhor, podemos convocar os caçadores de vampiros – sugeriu um deles, mais ousado – aqueles que foram enviados ao mundo acima podem ser usados para rastreá-la. Eles são poucos, mas ainda existem.

Lúcifer parou, seu olhar penetrante se fixou no demônio que falava, e um sorriso sutil se formou em seus lábios.

– Sim, isso pode funcionar – disse ele lentamente – convoquem o melhor que temos. Mas lembrem-se: se falharem novamente, a punição será severa. E se for Xena que estiver envolvida nisso, não a subestimem. Avisem o caçador sobre ela e a aquela insuportável loirinha que ela carrega com ela.

Os lacaios assentiram, a esperança misturada ao medo, e se dispersaram apressadamente para cumprir suas ordens. Lúcifer observou sua partida, seus pensamentos girando em torno de Xena. Ele voltou a se sentar em seu trono, as chamas refletindo em seu rosto, e murmurou para si mesmo:

– A liberdade é um luxo que não será concedido a aqueles que me desafiam. Carmilla pagará por isso, e quando a hora chegar, Xena também sentirá o peso da minha ira.

Um sonho antigo, há muito enterrado, voltou a assombrar os pensamentos de Lúcifer. O sonho de ter a alma de Xena em seu reino. De destruir a redenção da guerreira.

– Oh, Xena…

 

***

 

Deitadas na cama, envolvidas em um manto de cobertores, Xena e Gabrielle se aconchegavam uma na outra, a luz da lua enxertando-se pelas janelas e iluminando o quarto de maneira tênue. O silêncio da casa era confortável, mas a mente de ambas estava agitada, repleta de pensamentos sobre o tumulto da noite.

– Você acha que Carmilla pode realmente ser salva? – Xena quebrou o silêncio, sua voz suave e hesitante, como se temesse a resposta. O olhar dela buscava o rosto de Gabrielle, tentando soar displicente, mas sem sucesso.

Gabrielle suspirou, os olhos perdidos na escuridão do quarto.

– Não sei. O que vi nela era pura dor e raiva. Mas, ao mesmo tempo, tudo isso me lembra de nós. Nossa história também foi marcada por dor e escolhas difíceis. E você… – ela hesitou, um sorriso triste surgindo em seus lábios – você não é um monstro. Eu sempre soube disso.

– E você não é menos do que uma heroína, mesmo quando cometeu erros – Xena respondeu, o tom de sua voz carregado de emoção – não posso deixar de me perguntar se, em algum momento, nós não poderíamos ter sido vistas da mesma forma que Carmilla.

– Como duas almas perdidas em busca de redenção? – Gabrielle sorriu, apesar da amargura em suas palavras – a verdade é que a história delas é tão parecida com a nossa. Elas também lutaram contra os próprios demônios, literalmente.

Xena soltou uma risada suave, um som que misturava humor e tristeza.

– Às vezes, é como se o universo estivesse repetindo suas lições.

– E agora estamos aqui, com um novo velho desafio diante de nós – Gabrielle refletiu, seus dedos brincando com os cabelos de Xena – mas, independentemente do que aconteça, precisamos ajudá-las. 

Xena assentiu.

Ambas se abraçaram um pouco mais apertado, como se quisessem se proteger dos fantasmas do passado e das incertezas do futuro.

 

***

 

Junto com os primeiros raios de sol que surgiam no horizonte, Xena, Gabrielle e Laura se aventuravam entre as árvores. Apesar da beleza do sol nascente, algo pesado e sombrio parecia pairar na floresta.

Laura, à frente, caminhava com passos decididos, seus olhos escaneando o ambiente em busca de qualquer sinal de Carmilla.

– Precisamos manter os olhos abertos – disse Xena, seu tom de voz firme e controlado – Carmilla pode estar ferida ou confusa.

Gabrielle acompanhava de perto, seu olhar atento, buscando rastros nas folhas caídas.

– Pense em onde ela pode ter ido, Laura.

– Aqui, olhem! – Laura apontou para uma marca no solo, onde as folhas estavam amassadas de forma anormal – acho que ela passou por aqui.

Xena e Gabrielle se aproximaram, examinando o local com cuidado. As pegadas eram nítidas, mas também pareciam estar se dissipando rapidamente.

– Ela estava correndo – Gabrielle observou, uma sombra de preocupação passando por seu rosto. – se ela está tão assustada quanto parece, pode ter se afastado mais do que imaginamos.

– Vamos seguir – Xena disse, já se movendo na direção das pegadas – quanto mais rápido formos, mais chances teremos de alcançá-la.

Laura assentiu, a determinação em seu olhar intensificando-se.

– Eu não vou deixar Carmilla sozinha. Não posso permitir que ela enfrente isso sem mim.

O trio seguiu adiante, imerso na floresta que, apesar de bela sob a luz da manhã, parecia esconder muitos mistérios. Cada estalido de galho e sussurro do vento mantinha a adrenalina em alta, e Laura sentia a pressão de cada segundo que passava. Elas precisavam encontrar Carmilla antes que o medo e a raiva a consumissem novamente.

 

***

 

Os rastros de Carmilla as levaram mais fundo na floresta. O dia foi se transformando lentamente em noite, e o sol desapareceu atrás das copas das árvores.

Laura, preocupada, olhava ao redor com ansiedade crescente. O crepitar das folhas sob seus pés parecia cada vez mais pesado, e a escuridão que se aproximava fez seu coração acelerar. Ao perceber sua inquietação, Xena e Gabrielle se aproximaram, determinadas a acalmá-la.

– Laura, veja – começou Gabrielle, apontando para os rastros deixados por Carmilla – os rastros indicam que ela está perdida, mas não ferida. Ela não se afastou em direção a áreas habitadas. Isso mostra que ela ainda está confusa, mas não quer machucar ninguém.

– Exato – acrescentou Xena, sua voz firme e reconfortante – ae Carmilla quisesse causar dano, teria feito isso ao fugir. O fato de que ela está se movendo dentro da floresta sugere que está tentando encontrar um lugar seguro, um refúgio.

Laura respirou fundo, tentando absorver as palavras delas. Embora a urgência estivesse em seu coração, a razão de Xena e Gabrielle ajudou a acalmá-la.

– Então, precisamos apenas encontrá-la? – perguntou Laura, seus olhos refletindo a dúvida.

– Sim – respondeu Gabrielle com um sorriso encorajador – assim que a encontrarmos, podemos decidir o que fazer. O importante agora é que a procuremos com cuidado e paciência. A última coisa que queremos é assustá-la ainda mais.

 

***

 

Xena e Gabrielle trocaram olhares significativos, percebendo que a escuridão estava se aproximando rapidamente.

– Precisamos montar acampamento antes que a noite caia completamente – disse Xena, seu tom prático demonstrando a experiência de quem já havia enfrentado muitas noites ao ar livre.

Gabrielle assentiu, um sorriso nostálgico brotando em seu rosto.

– Isso me lembra dos nossos tempos na Grécia.

Xena sorriu, seus olhos brilhando com a lembrança.

– Ah, sim. E as noites em que você insistia em me ensinar sobre constelações e mitologia, enquanto eu tentava manter a fogueira acesa.

Laura observava em silêncio, intrigada pela dinâmica entre as duas. As lembranças compartilhadas se desenrolavam como um filme em sua mente, e ela podia quase sentir o amor que as unia. Havia algo de reconfortante nas histórias de Xena e Gabrielle, algo que a fez se sentir parte de uma conexão mais profunda. Aquilo, por algum motivo, a deu a certeza que conseguiriam trazer Carmilla de volta.

Com aquele sentimento, Laura não resistiu à curiosidade e perguntou:

– Por que vocês falam como se tivessem vivido na Grécia antiga? 

Gabrielle trocou um olhar significativo com Xena antes de responder.

– Bem, é porque nós vivemos, de fato. Não apenas em uma vida, mas em muitas. 

Laura franziu a testa, confusa.

– Como assim?

Xena se inclinou um pouco para frente, a chama da fogueira iluminando seu rosto de forma dramática.

– Nós somos clones. Criados a partir das memórias de Xena e Gabrielle de vidas passadas. Cada uma de nós carrega todas as experiências delas, suas alegrias e suas dores.

Gabrielle continuou, seu tom suave mas firme.

– Isso significa que, mesmo que sejamos novas neste corpo, temos todas as memórias e emoções que elas viveram. Nos reencontramos em diversas vidas, enfrentando desafios e celebrando triunfos juntos.

Laura ouviu, absorvendo cada palavra. Gabrielle a olhou e riu.

– Parado para pensar… todas nós somos aberrações, cada uma a seu modo.

– É quase como se o destino tivesse de fato arranjado nosso encontro – comentou Laura.

– Eu já vi o suficiente – disse Xena – deitando-se nas peles que tinha estendido no chão – para saber que isso é provavelmente verdade. Afinal, o que pode explicar a ideia maluca de Gabrielle de comprar uma casa isolada na Estíria? Onde, por acaso, uma vampira precisa da energia de almas gêmeas para ressuscitar um amor perdido?

Laura sentiu um arrepio estranho. Uma parte dela achava a coincidência fantástica, outra, a fazia sentir-se como o joguete de forças além dela mesma. Perguntou-se se estava realmente no caminho certo. Observou, de soslaio, Gabrielle e Xena se aconchegarem uma na outra para dormirem e aquilo, de alguma forma, a reassegurou de que não tinha cometido um erro. Afinal, se aquele amor tinha sobrevivido tantos desafios, o dela também poderia.

Manteve guarda enquanto as duas mulheres tinham o sono merecido.

Nota