Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

    A galeria estava incrivelmente cheia, o que deixou Jane um pouco desconfortável. Era totalmente avessa a locais com muitas pessoas. Talvez esse fosse o motivo de ter escolhido estudar veterinária. Os animais eram mais fáceis de se lidar, entender e amar. Mas ali estava ela. Cercada de pessoas falando e debatendo sobre as obras dispostas nas paredes. Esse era o preço a se pagar para apreciar uma de suas paixões. A arte.

    A exposição havia sido anunciada fazia duas semanas, mas estava tão concentrada em seu último trabalho, que acabou se esquecendo e deixando para visita-la no último dia. Talvez, só talvez, algumas muitas pessoas tenham feito a mesma coisa que ela.

    Jane Moore tinha os cabelos castanho um pouco abaixo dos ombros, olhos azuis, 1,77m de altura e pele bronzeada – agradecimento a seu trabalho por isso, pois passava mais tempo em campo do que no próprio consultório. Não que ela reclamasse disso.

    A exposição era realmente incrível. Os quadros tinham um toque que remetia a Grécia antiga. Se parasse para observá-los com cuidado, perceberia algum detalhe que acabava remetendo aquela época. A artista se mantinha no anonimato, assinando as obras com um pseudônimo. Isso tornava a obra ainda mais valiosa para Jane. Demonstrava que o único propósito ali era a arte.

    Continuou andando pelo salão olhando cada uma das pinturas. A decoração do local e a disposição das obras também chamavam atenção. A curadora realmente teve bom gosto e delicadeza em preparar tudo. A maioria das obras se concentrava no salão principal, onde também estava sendo servido o coquetel. Conforme caminhava notou que o burburinho havia ficado mais no salão principal e diminuía mais e mais conforme ela continuava. Chegou até um dos últimos quadros, não tinha ninguém ali, e ela agradeceu mentalmente por isso.

    O quadro retratava um pôr do sol. As várias tonalidades de laranja se misturavam com o azul do céu e o tom esverdeado do vale e das montanhas que estavam ao fundo.

    Se aproximou um pouco presa aos detalhes, como por exemplo a luz utilizada e os tons de tinta. Sorriu. A artista tinha brincado também com a profundidade, deixando o sol bem ao fundo.

     

    Estava tão imersa na pintura que não notou quando uma pessoa se aproximou, só se dando conta de sua presença quando a mesma falou.

    -Gostou mais desse. Por quê? – perguntou curiosa.

    Jane então percebeu a presença próxima a ela. Uma mulher de cabelos longos, loiros até quase o meio das suas costas, olhos verdes, 1,63m de altura e pele clara. A loira se mantinha olhando para o quadro.

    -Como sabe que gostei mais desse? – a morena perguntou intrigada.

    -E não gostou? – respondeu olhando para Jane.

    -Você sempre responde uma pergunta com outra? – questionou levantando uma sobrancelha. – Aquele simples movimento deixou a loira um pouco incomodada.

    -Eu não. E você? – A loira sorriu, e Jane sabia que nunca tinha vista um sorriso mais lindo.

    -Responda a minha pergunta e eu respondo a sua. – Piscou para ela.

    -Você não se demorou tanto nas outras obras. – Sabia que tinha acabado de se entregar com essa frase. – Ruborizou de leve.

    -Estou sendo observada? – perguntou um tanto convencida.

    -É o meu trabalho. – Estendeu a mão para a morena – Sarah Mathews, a curadora.

    -Prazer. Jane Moore. – respondeu apertando a mão da loira. Se prenderam naquele momento alguns segundos.

    -Por quê? – Insistiu na pergunta – De todas as obras, essa é a que me deixa mais desconfortável. Mais triste.

    -Triste? – Aquela descrição a intrigou. Assim como a loira.

    -Sinto uma tristeza grande quando olho pra ela. Como se algo acabasse ali. Uma ausência que chega a doer. – O olhar dela denotava tristeza e Jane sentiu uma vontade absurda de abraça-la. Afastou o pensamento e viu que a loira ainda esperava por uma resposta.

    -Eu sinto paz. Como o sentimento de um dever cumprido ao final do dia e a esperança de que no dia seguinte terão novas oportunidades. – Se virou para o quadro e começou a falar e a mostrar a que se referia -A forma como a artista brincou com a luz, deixando alguns espaços mais escuros, mostrando que mesmo que haja escuridão, sempre tem a esperança da luz, ela sempre volta ao amanhecer. O azul do céu me remete ao infinito. Não sabemos onde ele começa e ele tão pouco tem um final. Como tudo que fazemos com ou por amor. Todo esse verde ele…– se virou para Sarah, mas parou de falar quando olhou nos olhos da loira. Não era o mesmo verde do quadro. Era um verde único, profundo, intrigante. Ruborizou voltando a olhar para o quadro. – Ele me desperta a vontade de conhecer cada canto dele, é um lugar único, profundo e intrigante. Essa pintura representa um recomeçar constante. A certeza de que o que parece ser o final é apenas o prenuncio de um novo começo.

    Sarah a olhava sem saber o que dizer. Desde que a morena havia chegado na exposição ela lhe chamou a atenção. Ela não se misturou ou se quer tocou no coquetel. Olhava as obras uma a uma, como se não houvesse mais ninguém ali. Quando ela parou em frente a essa obra em especifico Sarah se viu mais curiosa ainda sobre ela. Havia deixado essa obra mais afastada das outras justamente por causa da sensação que tinha sobre ela. E agora estava ali com uma descrição tão delicada da pintura que a atormentou durante quatro semanas. Queria saber mais, queria ouvir mais, queria conhecer mais…

    -Srta. Mathews, com licença, mas um comprador quer falar sobre uma das obras. – Um dos funcionários se aproximou tirando Sarah de seus pensamentos.

    -Eu já vou. Me dê 5 minutos. – O mesmo assentiu e saiu – Eu preciso atende-lo. – Disse se virando para Jane.

    -Claro. Eu já tomei demais seu tempo. – A frustração na sua voz era evidente.

    -De forma alguma. Eu gostaria de continuar essa conversa, mas realmente tenho que atende-lo. – a frustração era recíproca pra ela também.

    -Boa noite Srta. Mathews. E parabéns pela exposição. Realmente encantadora. – Disse com aceno de cabeça se virando e caminhando em direção a saída. Na sua cabeça as palavras “único, profundo e intrigante” se repetiam. Foi então que em um momento de coragem se virou novamente para a loira que estava parada no mesmo lugar a olhando. -Gostaria de jantar?

    -Eu estou realmente ocupada hoje com o último dia de exposição. – disse franzindo o nariz.

    -Quem sabe outro dia talvez. – Sorriu curto, fez um aceno com a cabeça e se virou novamente em direção a saída. Duas frustrações seguidas já eram mais que suficientes por noite. Seu peito estava apertado.

    -Não vai se propor a comprar todas as obras pra eu poder terminar a exposição mais cedo? Um homem tentou isso uma vez. – Sorriu nervosa. Não queria que ela fosse embora. Não ainda. Seu coração se apertou assim que ela começou a caminhar para a saída.

    Jane parou e sorriu antes de se virar para a loira. Olhou para Sarah e caminhou em sua direção, a confiança de segundos atrás voltando com tudo. Ficou bem próxima a loira. O que a deixou ambas nervosas.

    -Eu não teria sucesso.

    -Não? Por quê? – sua voz deu uma pequena vacilada.

    -Uma mulher de verdade não está à venda. – Disse próxima ao seu ouvido.

    Sarah não estava preparada para isso, o que fez seu coração certamente errar uma batida. Jane se afastou um pouco, mas nem tanto assim. A proximidade ainda a estava deixando nervosa. Precisava reagir. Jane já tinha tomado a iniciativa, agora era a vez dela. Tirou seu cartão do bolso e o entregou a morena.

    -Eu gosto de massas. – Disse sorrindo ao entregar seu cartão para a morena, que o leu e guardou em seu bolso.

    -Mais uma coisa que temos em comum além da arte. – Sorriu – Boa noite Srta. Mathews.

    -Boa noite Srta. Moore.

    Dois anos depois…

    O casamento seria no dia seguinte. A ansiedade era companheira de ambas já fazia algumas semanas. Mas hoje, em especial, ela havia atingido níveis exorbitantes. Sabiam que teriam que se separar dentro de poucas horas. Decidiram que não dormiriam juntas naquela noite e só iriam se ver no altar. Tinham passado o dia conferindo os detalhes. Mesmo tendo preferido uma cerimônia simples no campo, queriam que tudo saísse perfeito.

    Essas últimas horas juntas foram reservadas para a troca de presente das noivas. Elas estavam na sala da casa de Jane. A morena estava sentada no sofá observando sua noiva tendo mais um surto. Era fofo.

    -Ok. Eu estou realmente nervosa. – A loira andava de um lado para o outro na sala. Segurando um envelope – Eu sei que não é algo que você goste. – Parou e pensou um pouco – Essa frase não começou bem.

    Nem reparou que Jane tinha se levantado, só notando quando ela estava na sua frente e tomando suas mãos.

    -Eu vou amar. Sabe como sei disso? – a loira negou com a cabeça – Porque você fez pra mim. Não existe como eu não gostar de algo que você tenha feito pensando em mim. – Tocou o rosto dela e a loira apenas recebeu o toque e isso foi o suficiente pra se acalmar um pouco. Jane voltou a se sentar. Sarah sentou na mesinha de centro ficando de frente para Jane. Ela olhou para o envelope em suas mãos. Ele era de um tom pastel envelhecido. Respirou fundo e entregou para Jane. Ela sorriu enquanto abria. Dentro um papel dobrado que demonstrava já ter sido dobrado e desdobrado algumas vezes. Abriu ele por completo e leu a primeira linha. “Eu te vi”. Olhou para Sarah e a mesma fez um sinal tímido com a cabeça incentivando-a a continuar. E então Jane começou a ler.

     

    “Eu te vi”

     

    O céu noturno,

    antes vasto e inatingível,

    reinava absoluto na minha imaginação.

    um mistério imenso, intocável,

    que eu contemplava em silêncio,

    com o coração cheio de esperas.

     

    Por tanto tempo,

    Eu tracei rotas, desenhei mapas,

    fazendo cálculos com precisão,

    como quem procura algo que talvez nem exista…

     

    Por tanto tempo acreditei

    que jamais te encontraria,

    e convenci a mim mesma

    que seria apenas solidão.

    Convenci meu peito

    de que o amor era apenas um astro distante.

     

    No primeiro olhar,

    pensei que fosse uma estrela,

    tão perfeita e distante,

    feita de luz e mistério.

     

    Comecei a observar e a decifrar teus sinais,

    até que compreendi, com espanto e ternura,

     

    Você não era apenas um ponto no céu.

    Você era o céu inteiro.

    Bela, infinita, um universo inteiro onde me perco.

     

    Sou apenas uma observadora,

    mas diante de ti, eu abandono os cálculos frios,

    só quero me aproximar,

    para alcançar o que antes parecia inalcançável.

     

    Vou te puxar suavemente,

    trazendo-te cada vez mais perto,

    Até que não haja mais distância,

    até que não reste mais ausência,

    nem fronteiras entre nós.

    te puxo pra mais perto,

    e, rendida, me deixo ficar.

     

    Eu, que antes era feita de mil pedaços dispersos,

    um caos espalhado,

    encontro, em ti, significado.

     

    Te trago para mais perto,

    para tão perto,

    até que sejamos um só céu.

     

    E então,

    eu te vi.

    E você me fez inteira.

     

    Enfim,

    eu te vi.

    E então,

    de novo e sempre,

    eu te vejo.

     

    Ao final ambas choravam. Jane colocou a carta de lado, se inclinou para frente e tomou o rosto de Sarah entre as mãos a beijando logo em seguida. O beijo era calmo, delicado, a morena tentava demonstrar ali o quanto havia amado cada palavra dita por ela, amado o fato de que a mulher que ela escolheu para passar o resto da sua vida junto era simplesmente perfeita, e também a amava, tanto quanto ela a amava. Se é que isso era possível. Ela não era apenas seu céu. Mas seu universo inteiro. Ela era sua poetisa favorita. De hoje em diante aquele poema não estava apenas escrito no papel. Estava escrito no seu coração.

    Quando o ar se fez necessário elas se afastaram. Ambas sorriam.

    -Eu escrevi na primeira semana que nos conhecemos. Essa é a primeira poesia do meu livro. E ela é dedicada a você. Você me deu um motivo pra escrever. O amor. Obrigada. – O tempo em que ficaram se olhando era irrelevante. Elas faziam muito isso. Às vezes passavam minutos apenas se olhando sem dizer uma palavra. Não precisavam.

    -Vem comigo. – A morena se levantou e disse estendendo a mão para Sarah que a segurou e a seguiu. Entraram no escritório de Jane e a mesma soltou a mão da noiva se dirigindo até um canto do cômodo puxando um embrulho retangular, grande e com espessura fina. Pegou com certa dificuldade e trouxe até o meio da sala.

    -Comprou um quadro? – perguntou ansiosa. Jane não respondeu, apenas sorriu e fez sinal para que Sarah abrisse.

    Começou a tirar o papel e sua expressão que antes era de pura excitação agora se tornava espanto e curiosidade.

    -Como? – Perguntou olhando para a pintura agora totalmente descoberta. Na sua frente estava o quadro do pôr do sol. – O quadro foi vendido no dia seguinte ao final da exposição, para um comprador anônimo. Nem eu soube quem comprou, era uma das condições para a compra.

    -Eu comprei. – Jane disse. Eu me encantei por você naquele dia. Eu não saiba se continuaríamos nos vendo. Eu queria eternizar aquele momento de alguma forma. Então comprei o quadro, porque eu sabia que toda vez que olhasse pra ele, eu lembraria de você. Pra você o pôr do sol pode significar o fim. E claro que ainda quero ressignificar esse momento pra você – Ambas sorriram entre lágrimas – Mas pra mim é uma promessa de começo. De recomeço. – Encostou o quadro na mesa. Se aproximou e deu um selinho em Sarah – Quero ser sempre seu recomeço. – Enlaçou a cintura da loira e ficaram ambas lado a lado olhando o quadro. – Eu prometo te amar pra sempre. – Dizendo isso depositou um beijo na cabeça de sua noiva.

    Três anos depois…

    A casa tinha dois andares, não era luxuosa vista de fora. Era uma casa igual tantas outras no bairro. Dentro dela tudo era acolhedor e aconchegante. Os sons de conversas animadas vinham do quintal.

    O fundo da casa era grande, gramado, com um pequeno jardim, uma árvore grande onde se via uma casa na árvore pouco mais acima. Tinha uma mesa disposta em um canto com muita comida, bebida e doces.

    A morena estava mexendo na churrasqueira, enquanto a loira estava sentada no chão perto de uma pequena piscina inflável onde ela brincava com uma menininha que tinha pouco mais do que 1 aninho. Sentada na mesa uma adolescente de 17 anos mexia em seu celular. Na casa da árvore um garoto com seus 13 anos se pendurava nos galhos de um lado para o outro.

    -Amor. Por favor? – A loira disse olhando para Jane e em seguida para o garoto. Jane sorriu entendendo o pedido.

    -Ok garoto. Já chega por hoje, desce e vem comer.

    -Ah, mais 5 minutos? Por favor?

    -Nada disso, você está aí a tarde toda. Desce Solan. Vem comer. – O tom de voz apesar de ainda calmo era firme. O garoto nem tentou argumentar, afinal de contas, sua barriga já tinha roncada umas quatro vezes. -Eva por favor, organiza a mesa pra podermos comer. Já terminei aqui. – A adolescente deixou o celular de lado e começou a organizar tudo.

    -E você, chega de água mocinha. – Sarah pegou a toalha e tirou a pequena da água. Que claro não gostou nem um pouco e começou a chorar. – Agora é a hora de comer meu amor. – Se aproximou de Jane com aquele pequeno pacotinho em seus braços ainda fazendo bico.

    -Ei Hope, que bico mais lindo é esse? – A criança ainda chorava um pouco, mas estava mais calma ao se sentir aconchegada pela loira.

    -Vou trocar ela e já volto. – Sarah dá um selinho em Jane e entra na casa.

    Alguns minutos depois todos já tinham feito a refeição. A tarde estava terminando e o sol já começava a se despedir. O garoto ajudava a organizar o quintal. Eva tinha Hope dormindo em seus braços.

    -Posso jogar um pouco de vídeo game? – Solan perguntou olhando para Jane.

    -Pode. – O garoto comemorou – Depois que tomar banho e colocar seu pijama. – Sua animação diminuiu um pouco, mas ainda assim sorriu em agradecimento.

    -Vou colocar a Hope no berço e depois tomar um banho. – Disse se aproximando das duas. Ambas deram um beijo em sua testa.

    -Obrigada meu amor. Depois passamos no quarto de vocês pra dar boa noite. – Sarah disse acabando de guardar a louça. E os três foram para seus quartos.

    Depois de muito conversarem decidiram adotar uma criança. Mas a ideia acabou triplicando quando conheceram os três irmãos. Fazia pouco mais de um ano desde a adoção. Hope era recém nascida. Enfrentaram problemas de início, como adaptação, escola, rotina, disciplina, etc. Mas depois de um tempo as coisas foram serenando. Com muito amor e paciência todos estavam aprendendo. Tanto a serem mães como também a serem filhos. Era uma experiência nova para todos.

    -Amor. Poderíamos colocar o Solan naquele negócio de escalar. Sabe? Que tem os vídeos no Instagram. – Jane estava estendendo um cobertor próximo a uma fogueira, que ela já tinha acendido a uns minutos atrás.

    -Negócio de escalar? – Perguntou segurando o riso.

    -É. Ele ficaria em um ambiente controlado com instrutor. Ele adora ficar pendurado nessa árvore.

    -Você quer dizer escalada esportiva? – Sarah observava Jane que estava concentrada arrumando o cobertor.

    -Não sei o nome, mas são aqueles vídeos que eles ficam pendurados e sobem a parede correndo – Se virou vendo a loira a observando segurando o riso. – Está se divertindo comigo Srta. Mathews? – Se aproximou enlaçando-a pela cintura.

    -Sra. Mathews Moore. Por favor. – Disse depositando um selinho em Jane que sorriu.

    -Vem Sra. Mathews Moore.

    Direcionou Sarah até o cobertor fazendo com que ela se deitasse sobre seu peito.

    -Podemos colocar ele pra aprender a escalar sim. A Hope se interessa muito por água. Seria interessante colocar os dois na natação. Evitaria nós duas de cabelo branco cada vez que eles se aproximam de uma piscina. – A loira disse brincando com um botão da camisa de Jane.

    -Conversamos com Solan amanhã sobre isso. – Fez uma pausa e prosseguiu. – Eva logo vai pra faculdade. Ela combina com filosofia. – A última frase da morena saiu mais como uma divagação.

    -Eu não consigo imaginar ela fazendo outra coisa. – Riram, pois, a adolescente era a calma em pessoa, gostava de entender tudo, falava sempre sobre vida e universo.

    Ficaram em silêncio por alguns minutos.

    -Sabe qual é nosso momento favorito pra mim? – A loira perguntou levantando a cabeça e olhando para a morena. Jane sorriu com malicia o que a fez ganhar uma cotovelada de Sarah. – Para. – respondeu vermelha.

    -Qual é? – perguntou enfim sorrindo.

    -Esse! – disse se aninhando nos braços da morena. – Quando você disse que faria um buraco no meio do nosso quintal e iria fazer ali um local para fazermos uma fogueira, eu realmente achei estranho. Mas assim que nos deitamos aqui pela primeira vez, era como se esse fosse nosso lugar. É nostálgico de uma forma que não consigo explicar. E fazer isso nos finais de tarde ressignificou o pôr do sol pra mim. Se tornou meu momento favorito nosso.

    Jane a abraçou mais forte ainda. Não sabe ao certo o motivo que a fez querer uma fogueira, mas desde que conheceu Sarah e começaram a se ver constantemente ela quis que a loira tivesse uma experiência diferente com o pôr do sol. E enfim tinha conseguido.

    -Pra mim, o nosso momento favorito é quando você sorri pra mim. Desde a primeira vez que eu vi esse sorriso, eu sabia que eu queria isso pelo resto da minha vida. – Sarah levantou sua cabeça, olhou para Jane e sorriu. Ficaram se olhando alguns segundos até a loira voltar a deitar sua cabeça no peito da morena. Ficaram abraçadas ainda um tempo, em silêncio, apenas aproveitando cada segundo juntas. Jane então disse:

    -“Há um momento em que eu olho para você, e não tenho palavras, a minha língua trava, e então o fogo corre pelo meu corpo e eu estremeço, fico pálida e quase morro de tanto amor…pelo menos é o que parece.”

     

    -Safo. É um poema de Safo. – Sarah levanta subitamente se sentando. Seus olhos estavam úmidos. Jane se senta também e toca o rosto da loira, limpando uma lágrima que havia acabado de cair.

    -Sua poetisa favorita. Eu posso ter lido uma poesia ou duas. – disse revirando os olhos. – Essa em específico descreve o que eu sinto cada vez que eu te olho.

    -Eu te amo Jane, obrigada por tanto. – Jane se aproximou e tocou o rosto da loira olhando em seus olhos.

    -Se eu tivesse apenas 30 segundos de vida, eu gostaria que fossem assim, olhando nos seus olhos. Nem em muitas vidas eu seria capaz de te dizer o quanto eu te amo Sarah. – Trouxe Sarah para mais perto e a beijou. Depois de alguns segundos encerraram o beijo, mas continuaram de olhos fechados e as testas juntas. Jane quebrou o silêncio.

    -Vem cá. – Se deitou novamente trazendo Sarah para se deitar novamente sobre seu peito.

    -Sabe, algumas vezes as pessoas acham que lar é um lugar. Ele pode ser uma pessoa. – Sarah disse nos braços de Jane que sorriu.

    Na sala, sobre a lareira estavam a carta de Sarah para Jane em uma moldura protegida por um vidro e ao seu lado o quadro do pôr do sol. No canto inferior direito do quadro, bem discreto e pequeno podia-se ver a assinatura da artista. “Afrodite”.

    Fim!…

    …apenas do dia de hoje, pois essa história ainda teria muitas vidas pra acontecer.

    1 Comentário

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    1. Theo Medeiros
      2 Jun, '25 at 20:30

      Eu sou extremamente suspeito pq eu sou APAIXONADO por fics Uber ❤️😭

    Nota