Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

    Construção de Mundos.

    Esse post foi escrito à partir de um texto do “30 Days of Worldbuilding” de Angeline Trevena. A autora é britânica e bastante jovem e sua jornada pela escrita é tão antiga quanto o tempo em que ela aprendeu a segurar uma caneta. A tradução a seguir é da parte do livro “Worldbuilding basics” ou “O Basico da Criação de Mundos”.

    Apesar de eu ter traduzido uma boa parte sobre o texto abaixo, ele não está integral. Você pode adquirir esse livro através do link a seguir: Site da autora

    Ela está falando sobre a construção e escrita de livros, mas o que são as fanfics épicas senão livros? (A Série “Big Little Lies” por exemplo, nasceu de uma fanfic e foi comprada pela Reese Witherspoon pra se transformar em algo próprio para a TV. Sonhe alto. Como leitora, eu sonho com mundos pra visitar e como bibliotecária, sonho com mundos para partilhar!).

    O Básico da Criação de Mundos de Angeline Travena.

    Tradução por Amanda Perbeline

    Embora autores de fantasia e ficção fantástica possam estar fazendo o trabalho pesado ao criar seus mundos fictícios, a construção de um mundo existe em praticamente todos os gêneros. Até certo ponto.

    Seja a criação de um café imaginário em uma cidade real, ou imaginar um resultado alternativo para um evento da história, qualquer livro, de qualquer tipo, pode envolver a construção de um mundo. Na Fantasia, Ficção Científica e no Horror, os peso-pesados da construção de mundos, pode significar a construção de um sistema mágico, ou monstros, ou galáxias, ou doenças, que se encaixam dentro do mundo real. Ou talvez seja a construção de um mundo completamente novo com novas espécies e culturas, até mesmo a construção de um universo inteiro totalmente novo.

    Isso pode se tornar uma tarefa bastante épica!

    Agora, não sei vocês, mas eu tendo a ficar sobrecarregada por tarefas épicas. E é por causa disso que eu ainda estou lidando com as caixas da última mudança em casa. Eu olho pro serviço todo que tenho que fazer e não consigo saber por onde começar e acabo não fazendo absolutamente nada.

    Por mais que eu entenda a utilidade e a importância de dividir as coisas em pedaços que possam ser viáveis, em etapas simples, a habilidade e o método para fazer isso muitas vezes me escapam. Ao contrário de muitas outras pessoas, posso ver a madeira muito claramente. São as árvores com quem tenho problemas.

    E é por isso que criei esse material. Para que a tarefa de criar um mundo inteiramente funcional possa ser feita aos poucos. Mais precisamente 30 pedaços (com um bônus ao final). Se você simplesmente completar uma tarefa por dia, ao final de um mês, você terá um mundo inteiro para começar a escrever dentro, ou simplesmente continuar construindo e refinando os detalhes.

    […]

    A criação de mundos precisa estar interligada com a criação dos seus personagens e seu roteiro. Seus personagens, os objetivos deles, suas lutas, sua jornada… é a razão pela qual o seu leitor vai aparecer. E é a razão pela qual eles continuarão virando as páginas. Você pode ter um mundo maravilhoso, mas se não popular esse mundo com personagens convincentes, simpáticos e confiáveis, os leitores vão parar de ler. Do mesmo modo se seus personagens forem maravilhosos mas você os colocar num mundo sem profundidade, um mundo de papel, eles não vão acompanhar as personagens ou conseguir explorar as coisas com eles.

    Tanto quanto seus leitores querem acreditar nos seus personagens, você quer que eles acreditem no mundo que você construiu também.

    Deixe que eles sintam o sal na brisa, ouçam o zumbido dos insetos. Deixe que eles sintam o calor das construções, sintam a opressão do governo. Eles precisam andar cada passo com seus personagens. Convide-os a entrar. E convide-os a ficar. Ao ponto deles quererem construir uma casinha ali, lutar por aquele lugar, ajudar a modificá-lo.

    Sua construção de mundo é tão importante quanto sua história e personagens. Dê aos seus personagens algo real pelo qual eles queiram viver, e dê aos seus leitores algo real para visitarem. Você não pode simplesmente separar essas coisas se você quer escrever o melhor livro que puder.

    […]

    Diferentes tipos de construção de mundos

    Existem alguns poucos diferentes meios de se aproximar da construção de mundos e, escolher entre eles vai depender tanto dos seus objetivos, sua história e seu gênero.

    Construindo um mundo inteiramente ficcional:

    Este é o mais usado para escrever fantasia e ficção científica, e envolve a criação de um mundo inteiramente ficcional do mais puro nada. Alguma coisa que talvez nunca tenha e nem irá existir num mundo real. Podem ter similaridades com o nosso mundo, e podem ter diferenças imensas. […]

    Um lugar real com um passado ou futuro alternativos:

    Pode acontecer num lugar real, tipo Londres, por exemplo, e mudar toda a história ‘oficial’. Imagine por exemplo que o Grande Incêndio de Londres* começou pela baforada de dragões. Como isso mudaria o nosso mundo hoje? Ou pegue o mundo real e jogue num futuro imaginado. Isso é bem comum em distopias, imaginando um futuro desagradável para o nosso mundo.

    Ao usar esse tipo de estilo de construção de mundo, seu mapa está praticamente quase inteiro pronto.

    Talvez você mude algumas coisinhas, talvez lugares físicos que desapareceram, ou foram construídos, ou outros nomes para os lugares. A extensão das mudanças depende inteiramente da sua história, e como você pretende mudar e imaginar o passado ou futuro para esse lugar.

    *(NT: O Grande incêndio de Londres durou 5 dias, as estatísticas oficiais não contavam crianças, mulheres e nem plebeus. Logo apenas homens nobres foram contados entre as vítimas. O incêndio começou no dia 02 de Setembro de 1666 e foi até o 6 de setembro);

    Um lugar real dentro de um mundo fictício paralelo:

    Outra forma de colocar sua história dentro de um mundo real é ter um mundo fictício criado em paralelo a ele, dentro de algo invisível ou escondido dos olhos do público em geral. Tal como os livros de Neil Gaiman ou Harry Pooter ou Hellboy. O lado ficcional do mundo pode estar interligado com as coisas do mundo real ou podem estar separadas. Depende, outra vez repito, da sua história.

    E independentemente de qual tipo de mundo você esteja construindo, seu objetivo ainda é o mesmo: criar um mundo crível que seus leitores realmente consigam se imaginar andando dentro dele.

    Criação de Mapas

    Uma das minhas partes prediletas […] é a construção de mapas. […]

    Imagine seus personagens viajando do ponto A ao ponto B. Se, num capítulo, B está a oeste de A, e de repente, vira o sul, seus leitores vão notar. Ou se B é uma cidade costeira e passa a ser uma vila nas montanhas no minuto seguinte, seus leitores vão notar, e isso vai tirar eles da sua história. Além do mais, eles vão adorar chamar sua atenção pra este fato. Vão te mandar emails, vão te mandar mensagens nas redes sociais. Vão escrever isso nas reviews.

    Como autor, seu trabalho é manter eles dentro da história. Manter eles acreditando que aquilo é real. Pra saírem do mundo real e construírem um novo pra eles, enquanto estiverem lendo seu livro. Imprecisões gritantes vão arrancar eles do seu mundo. Imprecisões quebram a ilusão e os lembram de que eles estão simplesmente lendo uma história. Que eles não são heróis lutando contra inimigos terríveis. Isso os joga diretamente em sua fria, dura e entediante realidade. E ninguém quer isso!

    Além do que, durante a produção das obra, o mapa do mundo serve pra você. […]O mapa é apenas para os seus olhos. Construa usando lego, no minecraft, de massinha, um bolo, qualquer coisa! Desde que seja útil pra você ( e você não esteja tentado a comê-lo!)

    E não fique tentado a simplesmente desenhar um mapa e colocar as cidades de qualquer jeito dentro dele. Isso não acontece, não é crível. As cidades são fundadas em lugares específicos, por razões específicas. E a maior razão de todas é: Sobrevivência!

    […]

    Fonte de água fresca:
    Já notou que as maiores cidades tem um rio atravessando elas? (NT: E as pessoas por ignorância ou qualquer outro motivo jogam sujeira dentro dele e emporcalham tudo t.t)

    Fonte de comida variável:
    As pessoas não podem viver apenas de pão. Ou bolo, infelizmente. Eles precisam de fontes variáveis de comida o suficiente para mantê-las saudáveis.

    Recursos naturais:
    Eles precisam de recursos o suficiente pra serem capazes de construir suas casas, e as coisas que precisam. Eles também podem usar os recursos para trocar/vender;

    Terra apropriada para colheitas/animais:
    A paisagem que eles escolherem fixar acampamento vai impactar fortemente no tipo de comida e animais que eles vão poder criar.

    Acesso e segurança:
    Eles podem defender suas terras de maneira fácil enquanto mantém tudo protegido de intrusos?

    Rotas de comércio:
    Os mercadores podem visitar o local onde as personagens vivem? Está dentro de uma rota maior de comércio ou elas precisam depender de pessoas que façam viagens especiais?

    Predadores:
    O que vive nas florestas? E nas montanhas? Como seus personagens se protegem contra essas coisas?

    As pessoas, de maneira geral, vão escolher as opções mais fáceis pra ter uma casa, a menos que enfrentar os perigos compense muito pra eles. Exemplo: Você não vai querer colocar uma casa dentro do ninho de um dragão. Mas talvez achar uma escama de dragão que caiu naturalmente… pode ser valioso e ajudar a alimentar a família por três meses… então talvez conseguir uma dessas perto de um ninho valha a pena a aventura.

    Dando Nomes aos Lugares

    Existem vários meios de dar nome aos lugares no seu mapa. Lembre que não são só as cidades e povoados que você precisa nomear. Dependendo de quão grande é o seu mapa, você pode precisar dar nomes para montanhas, rios, florestas, condados, países, oceanos, continentes e até mesmo planetas.

    E assim como as coisas no seu mapa não são jogadas de maneira aleatória, elas também não devem ser aleatoriamente nomeadas. Elas devem/podem ser nomeadas pensando no seu fundador(a), em sua paisagem, seus recursos naturais, sua vida selvagem, o rio ou a montanha que são próximos delas. Ou talvez possam ser nomeadas por causa de uma lenda local; os nomes dos seus locais podem conjurar histórias por eles mesmos.

    Claro, você pode fazer até uma engenharia reversa nisso. Primeiro você cria nomes, depois cria a razão por trás dos nomes. Talvez ninguém se lembre o motivo por trás disso. Talvez não importe pra você, ou para os seus personagens, ou para a sua história. Você não precisa ter uma história completa pra cada coisinha.

    E claro, existem geradores de nomes online. Faça uma busca e você encontrará milhares. Eu particularmente gosto de dois:

    O Squid

    Random Name Generator

    E o Seventh Sanctum

    https://www.seventhsanctum.com/

    História

    Seu mundo atual é um produto de tudo que já aconteceu dentro dele, mesmo que ninguém dentro do seu mundo se lembre. E é seu papel, como autor, saber. Lembrar o que eles não podem.

    Eu não estou falando pra você escrever cinco milhões de anos de história do mundo. A menos que você esteja disposto a fazer isso. Algumas pessoas estão. Mas, você definitivamente precisa saber para compreender porque as coisas são como elas são. Saber o suficiente para efetivamente criar o mundo, sua cultura, seus valores.

    Como pessoas, nós agimos de acordo com a nossa cultura. E cada cultura é diferente. Há variações mesmo dentro de uma mesma cultura. As coisas que damos valor. As coisas que vemos como rudes, ou educadas, ou desnecessárias. As coisas que nós queremos, que evitamos. Religião. Festividades. O modo como tratamos nossos idosos. A forma como tratamos as crianças. O tipo de comida que comemos, e o jeito como nós comemos. Os tipos de ocupações que temos. As diferenças entre ricos e pobres. Diferenças entre uma alta cultura e uma baixa cultura.

    E estas coisas mudam através dos tempos. Culturas invasoras. Culturas migratórias. Eventos importantes. Uma guerra, ou um desastre natural podem mudar grandemente a cultura de um local. Mudando o que é importante para as pessoas naquele local. Mudando a forma como eles vivem suas vidas.

    E você precisa se lembrar que cada vez em que algo mudar, isso vai afetar todo o resto.

    Existem diferentes níveis em como um evento pode ocorrer.

    Eventos internacionais:
    Algo que afete o mundo todo. Uma mudança climática, explosão populacional, a morte de um Sol, apocalipse zumbi, etc.

    Eventos nacionais:
    Alguma coisa que afete o país ou uma grande área. Como uma quebra econômica, um disastre natural, a morte de um monarca, etc.

    Eventos locais:
    Algo que afete uma cidade ou comunidade. Falha nas colheitas, inundação, eleições locais, a migração de um novo predador, um novo acordo comercial, etc.

    Eventos individuais:
    Algo que afete uma pessoa ou família. Luto, perda de emprego, perda da casa, nascimentos, casamentos, ganhar na loteria, etc.

    É óbvio que um evento de nível internacional afeta tudo. Tenho certeza de que uma invasão zumbi de nível mundial vai te afetar e afetar a sua família. Mas e se for o oposto?

    Vou te dar um exemplo para você entender. Então, imagine só, uma família que está se preparando para um casamento. Eles ordenam uma grande compra de vinho da vila vizinha. Isso dá ao fazendeiro dinheiro suficiente para finalmente viver seu sonho de comprar um navio e explorar os mares. Mas, quando vem as chuvas de inverno, o excesso de água prejudica o vinhedo que está na encosta e isso causa um deslizamento de terra que destrói uma cidade mineradora logo abaixo, o que leva a uma escassez de moedas, o que resulta em um colapso econômico.

    Este é, é claro, um exemplo um tanto extremo, mas é uma coisa importante para se ter em mente. Pense sobre o efeito borboleta, e as ondulações que você pode estar causando.

    Imagine que seu mundo é como uma lagoa. Cada evento, cada construção, cada coisa que você muda ou cria, é como jogar uma pedrinha na água. Algumas vezes, as ondas duram alguns minutos. Algumas vezes, alguns anos. Afetando mais pessoas. Algumas vezes, porém, estas ondas podem durar por séculos.

    Como seu mundo afeta seu personagem e história

    Você pode usar a sua construção de mundo para criar conflito. Lembre-se de que o conflito é criado quando o objetivo do seu protagonista é interrompido, ou sofre oposição, e você pode usar seu mundo para fazer isso.

    Acredito que o exemplo mais óbvio de dar é o objetivo do protagonista exigir que ele viole as leis. Mas você pode usar outras coisas também: limitações de magia, normas sociais e expectativas, papeis de gênero. A paisagem local pode ser uma barreira física, ou o clima, ou a falta de recursos.

    E você pode usar tudo isso para elevar as apostas dentro da sua construção de mundo. Aumentar a tensão.

    Seu mundo não existe separado das pessoas que vivem nele, e você deve criar ele com estas pessoas em mente. Eles vão ter opiniões sobre tudo. Crenças, esperanças, temores. Coisas que amam, que odeiam. Coisas que querem mudar. Coisas que vão lutar para mudar. E estas coisas vão se diferenciar baseado nas nuances deles: gênero, idade, classe social, religião, etc., E as opiniões deles será diferente das opiniões das pessoas que estão ao lado deles. Eles até podem se opor uns aos outros. Conflito.

    Você tem que se lembrar de que tudo o que acontece volta para “assombrar” a personagem. Quer dizer, você tem que lembrar que você não está escrevendo uma história sobre um mundo que por acaso tem pessoas vivendo nele. Você está escrevendo uma história sobre pessoas que por acaso vivem num mundo particular.

    Construção de mundo. História. Personagem. Nada disso é independente um do outro.

    (Fim da tradução).

    Gostaria de dizer que eu sei que apesar de ter suprimido parte do texto, traduzi muita coisa. Depois disso a autora trás um desafio por dia, sendo o primeiro a definição de gênero e configuração do mundo, depois vem o mapa, os recursos e por aí vai. Ela faz assim. Mas tem outros autores que fazem de maneira diferente e conforme eu encontrar outros textos interessantes para ajudar os bardos dessa taverna, irei compartilhar.

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