Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

    PARTE 10

    Em 9 de abril de 1865, o general confederado Robert E. Lee

    se rende ao general da União, Ulisses S. Grant, em

    Appomattox, Virginia.

    Em 14 de abril o presidente Lincoln é assassinado

    no teatro Ford por John W. Booth com um tiro na cabeça.

    Em 10 de maio o presidente confederado Jefferson Davis

    é capturado pelas tropas do general James H. Wilson, na Georgia.

    Em 23 de junho  de 1865, a última tropa de confederados se rende

    e a guerra civil americana, que durou   quatro anos e meio, chega ao fim.

    20 de Julho de 1865

             A Guerra Civil Americana finalmente havia acabado. Agora era tempo do sul e do norte se reconciliarem para um novo futuro, sob um mesmo governo. Mas era uma coisa difícil de ser feita. A guerra havia aberto um fosso entre os sulistas e nortistas que perduraria por muitos anos. O sul estava de joelhos, com cidades arrasadas, milhares de vidas perdidas, feridos, orfãos, viúvas, a economia destruída. Mas o orgulho e a força dessa gente aos poucos estava fazendo-os recomeçar a se reerguer. Do meio das cinzas, ressurgia o sul, como uma fênix.

    Vivien contemplou pela última vez a casa em que vivera aqueles anos de guerra e suspirou. Ali deixava muitas recordações, mas não pretendia voltar nunca mais.Vendera sua firma de exportação, vendera a casa, não tinha mais nada que a ligasse à New York ou aos nortistas. Seu lugar era em sua terra, Charleston. E era para lá que estava voltando.

             Dali, só levava a sua amada Deidre. Mas ela era muito mais que um bem material, ela era a pessoa mais importante em sua vida. E Deidre iria com ela para Charleston, porque ela fazia parte de sua vida há um ano e meio. Deidre, desde aquela noite de ano novo, rompera com a família e nunca mais os vira. Por ela. Por amor, escolhera ficar com ela e rompera com os pais. Havia maior prova de amor? Deidre era sua alegria, sua luz. A vida sem ela agora seria impensável. Cada dia que passavam juntas, era uma bênção. O amor que as unia se fortalecia à cada dia. Cada noite de amor parecia a primeira, pois a paixão não diminuíra com o tempo. Deidre era surpreendentemente criativa e não deixava o sexo cair numa rotina.

             Seu coração se oprimiu mais uma vez ao pensar em perdê-la. Não tivera a coragem de contar à Deidre a promessa que fizera ao seu irmão. E agora que estava voltando para casa, sabia que teria que cumprir sua promessa.

             -Vicent! – Chamou Deidre, olhando pela janela da carruagem, sorrindo – Apresse-se, temos que pegar o trem!

             Vivien voltou-se e fitou Deidre. Ela estava linda, com aquele gracioso chapéu verde-água combinando com o vestido, o belo rosto rosado de excitação devido à  viagem.

             -Só estava dando uma última olhada, Deidre. Mas tem razão. Vamos indo, ou perderemos o trem – Disse, aproximando-se da carruagem e abrindo a porta. Entrou, sentou ao lado de Deidre, diante de Mooke, e gritou a ordem para o cocheiro partir. A carruagem começou a se movimentar, puxada por quatro cavalos.

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    A viagem foi como um mergulho em um pesadelo. Por onde o trem passava, se viam as marcas da guerra. Homens feridos voltando para casa, com os olhos perdidos, ainda aturdidos pelo desfecho do conflito. Mulheres e crianças sem lar, viúvas e órfãos da guerra, mendigando em cada cidade que o trem passava. A paisagem desoladora de casas e campos  destruídos, devastados pelos bombardeios dos canhões nortistas.

             Deidre se encolheu contra o peito de Vivien, mortificada pelas cenas que se desenrolavam diante de seus olhos horrorizados. Ouvir sobre a guerra e realmente estar onde ela acontecera, era uma grande diferença. Os jornais de New York enfatizavam as batalhas e cidades conquistadas pelas tropas do governo, dando números vagos das baixas de ambos os lados. A guerra era algo quase irreal, numa cidade que não estava na área do conflito. Mas agora, ela estava vendo o lado sórdido da guerra: o sofrimento dos inocentes. Seu coração naturalmente cheio de compaixão pelo próximo estava oprimido de angústia pelas cenas presenciadas.

             -Meu Deus, Vicent! – Ela gemeu, enterrando o rosto no peito de Vivien – Que horror! Como essa guerra foi desumanda! Quantos inocentes vagando sem lar, sofrendo!

             Vivien rodeou os ombros dela com o braço e a apertou contra si, beijando os cabelos louros com carinho.Mooke também estava consternada pelas cenas que presenciara, mas limitava-se a se benzer.

             -Todas guerras possuem esse lado cruel, Deidre. Os homens que as fazem ignoram o sofrimento dos inocentes, a perda de suas vidas, a degradação em que ficam. Porque eles estão protegidos em um palácio, enquanto o povo se mata – Disse Vivien, com a voz cheia de tristeza.

             -Eu sei… mas ver esse sofrimento diante de nossos olhos, é doloroso demais… – Soluçou Deidre.

             -Oh, Deidre! Eu já imaginava que você ia ter essa reação! – Disse Vivien, beijando-a na testa – Por isso eu pedi que pensasse bem antes de tomar sua decisão em acompanhar-me! Eu sabia que você iria se chocar com o que iria ver! Está arrependida? Eu a levarei de volta para New York!

             Deider ergueu o rosto, fitando-a com os belos olhos cheios de lágrimas.

             -Não, Vicent! Nunca me arrependerei de nada que fizer, para poder estar ao seu lado! Nunca mais pense em propor-me deixar você! Sabe que eu não poderia viver longe de você, meu amor! Eu o amo, quantas vezes vou ter que dizer isso para que acredite em mim?

             Vivien trocou um olhar com Mooke e o desviou para fora, sentindo-se uma covarde desprezível. Pobre Deidre! Se ela soubesse de sua promessa! Ela iria ficar louca de sofrimento! Oh, Deus! Quantas vezes, ao ir para casa ao encontro dela, pensara em revelar a promessa que fizera ao irmão! Mas quando a via tão cheia de amor, fitando-a com aquele sorriso radiante, sua intenção se esvaía, sabendo que não resistiria em ver aqueles olhos a fitarem com decepção, o amor naqueles olhos se apagar e aquele sorriso se transformar em uma máscara de dor. Não, não podia fazer isso com a mulher que amava! Esperaria. Adiaria ao máximo essa revelação. Somente depois de verificar o paradeiro de Audrey, se ela continuava solteira, se tivera o filho de Vicent, é que tomaria uma decisão.

             -Que houve, Vicent? – Perguntou Deidre – Está com uma expressão esquisita!

             Vivien a fitou com um sorriso forçado.

             -Expressão esquisita?

             -Sim. Algo o está perturbando. Algo que o faz ficar infeliz.

             -Eu, infeliz? Está enganada.

             -Eu sinto isso em você, meu amor. O que o está perturbando? – Perguntou Deidre, fitando-a nos olhos.

             -Oh… bem. Estou preocupado com a chegada à Charleston. Mooke já foi antes, para tentar arrumar a casa, se ainda estiver de pé. Mas não pôde enviar notícias, porque o serviço postal está em colapso para o norte. É isso.

             -Não fique assim, meu amor. Com o tempo, tudo se resolverá.

             Vivien sorriu, apertando-a contra seu corpo.

             -Eu sei, querida. É que essa ansiedade só passará quando eu chegar à fazenda.Eu não sei como vou encontrá-la.

             -Eu entendo. Mas logo saberemos. Quantas horas faltam para o trem chegar?

             -Umas duas horas, se tudo correr bem.

             -Então, sejamos pacientes até lá – Sorriu Deidre.

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             A chegada a Charleston foi tensa e triste.  Pela janela do trem, dava para ver a destruição da guerra . O trem parou na estação e elas desembarcaram, em meio à uma pequena multidão que esperava a chegada de parentes e amigos .

             Vinícius, o marido de Mooke, havia vindo buscá-las. Ele havia recebido a notícia da chegada de Mooke e Vivien por um  empregado de Vivien, que havia voltado para Charleston dez dias antes e recebera a tarefa de avisar o marido de Mooke da chegada delas.Ele se aproximou assim que elas desembarcaram, com lágrimas de emoção nos olhos.

          Ele abraçou Mooke e fitou Vivien travestida de homem com ar assustado. Mooke o levou em um canto e cochichou no ouvido dele a transformação da identidade de Vivien. Ele assentiu quando ela recomendou segredo, sem discutir. Vinícius era um criado fiel, que fazia o que mandavam sem perguntar o porque.Se miss Vivien agora era seu irmão Vicent, ele não tinha nada com isso e só queria viver sua vida em paz.

             Vivien se aproximou do velho criado, que tinha um metro e noventa, os cabelos completamente brancos e um rosto que ainda revelava traços de sua antiga beleza negra. Suas roupas estavam puídas, mas limpas.

             -Como está, Vinicius? – Disse, estendendo a mão para ele. Vinícius hesitou, mas apertou sua mão sorrindo.Seguindo o conselho de Mooke, falou com certo embaraço:

             -Vou indo com a graça de Deus, patrão.

             Vivien o fitou ansiosa.

             -Vinicius, e Paradise? Ainda está de pé? Como está a fazenda?

             Vinicius a fitou encolhendo os ombros.

             -A casa principal tá cum muita parte avariada, patrão. Mas tá de pé ainda. Os ianques atacaram a fazenda e depois roubaram tudo que puderam. E levaram as vacas e os cavalos. Mataram os porcos e galinhas para comer. Só escapou uns dois porquinhos e uma vaca que tava perdida no campo.

             Vivien o fitou com alívio.

             -Mas se a casa ainda está de pé, podemos ficar nela, não? Há ainda quartos que podem ser utilizados?

             -Sim. Os ianques ficavam lá abrigados no inverno. Tem uns quartos bom.

             Vivien fitou Deidre, puxando-a pela mão.

             -Vinicius, essa é miss Deidre Mackena. Trate ela da mesma forma como sempre me tratou.

             Deidre sorriu para Vinicius, que se inclinou respeitosamente, com o chapéu nas mãos grandes.

             -Tudo bem, patrão.

             -Agora, vamos pegar as bagagens e ir embora para casa. Estou ansiosa para chegar em Paradise – Disse Vivien, indicando as malas.

             A bagagem foi colocada na   carruagem que servia a família. Antes da guerra era uma bela carruagem, mas agora estava com a pintura descascando, o estofamento cheio de buracos e as rodas rangendo por falta de graxa. E os quatro cavalos estavam magros. Mas Vivien, vendo isso, jurou a si mesma que iria fazer tudo que estivesse ao seu alcance para tudo voltar ao que era antes.

    Elas embarcaram e a  velha carruagem seguiu com rapidez pelas ruas desertas. O velho Vinicius  estava com receio de serem abordados por malfeitores. Muitos ex-combatentes nortistas, desertores, andavam pelas ruínas da cidade praticando saques e estuprando qualquer mulher que eles  encontrassem desprotegida.

    Vivien havia sido informada desse perigo e viajava armada com uma Mauser, que havia colocado no bolso do casaco. Nunca havia atirado em um ser humano, mas não hesitaria se alguém atacasse Deidre .

    A cidade estava uma sombra do que que havia sido. Quarteirões inteiros destruídos, escadarias de mansões em ruínas subindo para o nada, tudo em tonalidades cinza e negra que os bondardeios produziram. Mas aqui e ali ainda se viam casas milagrosamente ilesas, uma árvore, um resto de gramado, tênues sinais de vida, mas que trazia a esperança que nem tudo estava perdido.

             Felizmente, a carruagem atravessou a cidade sem incidentes e alcançou a estrada que levava à Fazenda Paradise. Agora a paisagem poderia ser a que Vivien conhecera, não fossem as munições e canhões abandonados pelas margens. Meia hora depois,  atravessaram os antigos portões de Paradise. Eles haviam sido danificados por uma bala de canhão, que fizera um rombo em seu nome com letras douradas, mas ainda permaneciam de pé.

             Finalmente a carruagem parou diante da casa principal da fazenda. O cocheiro Vinicius desceu do banco e abriu a porta da carruagem para Vivien, Deidre  e Mooke descerem.

             Vivien desceu agilmente e estendeu a mão para Deidre, como um perfeito cavalheiro. Ela pousou a mão na sua e desceu, olhando em volta. Vivien também olhou, emocionada. A imponente mansão de outrora estava com as paredes chamuscadas, uma parte do telhado destruído, mas continuava de pé. Sua querida Paradise resistira aos ataques dos nortistas, como Vinicius dissera!

             Dominada pela emoção, Vivien abraçou Deidre pelos ombros, falando com em voz emocionada, indicando a casa com um gesto:

             -Veja, Deidre, essa é a casa em que nasci com meu irmão, e que meu pai e meu avô nasceram. É uma casa que já acolheu quatro gerações dos Talbot, desde quando meu bisavô veio da Inglaterra. E ela vai ser   o nosso lar, porque vou consertar cada avaria que fizeram nela e restaurar sua estrutura original.

             Deidre contemplou a construção e sorriu, pousando a cabeça no peito de Vivien.

             -Nosso lar… como isso soa maravilhoso…é tudo que quero da vida, Vicent. Viver ao seu lado até o final de minha vida.

             Vivien sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ela fizera uma promessa. Será que o destino permitiria que vivesse com Deidre até o fim? Como queria acreditar nisso!

             Apertou-a contra o corpo, procurando afastar seus perturbadores pensamentos.Tinha que acreditar que tinha a chance de ser feliz!

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              Dos oito quartos que antes possuía, somente três estavam em condições de serem habitados. Ainda assim, com as paredes sujas, o chão de madeira com marcas de sapatos com lama, as camas  sem colchão, as janelas sem as cortinas, um cheiro de mofo predominando. Os ianques haviam roubado as roupas de cama, as roupas  do pai de Vivien que ficaram na casa,

             Vivien percorreu a casa toda, vendo a destruição e sujeira de cada ambiente, acompanhada por Deidre e Mooke, que resmungava xingamentos contra os malditos ianques.

             Vivien voltou ao salão principal, olhando para Deidre com ar desanimado.

             -Acho melhor dormir aqui no salão. Está em melhor estado que os quartos.Pelo menos, não tem cheiro de mofo. Ainda bem que você lembrou de trazermos roupas de cama e tapetes. Você é uma mulher previdente, Deidre.

             Deidre sorriu, segredando no ouvido de Vivien para Mooke não ouvir:

             -Eu penso em tudo para poder estar ao seu lado, meu amor. E podemos dormir em qualquer lugar, desde que estejamos juntos.

             Lágrimas de emoção vieram aos olhos de Vivien. Pousou as mãos no rosto de Deidre, fitando-a nos olhos. Viu tanto amor neles que só pôde falar com voz embargada:

             -Deidre… você é meu porto de paz. Não consigo mais pensar na vida sem você. Eu a amo muito…

             Deidre falou, os braços rodeando a cintura de Vivien:

             -E você é a razão de minha vida, meu amor. Só você me faz feliz.

             E dominadas pelo profundo amor que sentiam, seus lábios se uniram em um beijo cheio de ternura, esquecidas de quem as cercava.

             Mooke presenciou aquele beijo, aquelas palavras. E fitando-as, não pôde deixar de reconhecer que formavam um belo par. E mais, nunca vira um casal tão apaixonado, um amor tão verdadeiro. E teve pena de Deidre. Ela iria sofrer muito por aquele amor.

              A viagem as havia deixado exaustas. Elas comeram uma refeição leve de maçãs, queijo, pão e vinho, que Mooke trouxera de New York, tomaram um banho na banheira esmaltada que Mooke desinfetou com água fervente, situada no antigo quarto de Vivien, um dos três preservados, e adormeceram logo após, abraçadas sobre as mantas no chão da sala.

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     O dia amanheceu e Vivien foi acordada por um raio de sol batendo em seu rosto. Abriu os olhos lentamente, olhando por onde o sol penetrava: pelas vidraças sem cortina. Os malditos ianques haviam levado até as cortinas! Só não puderam levar o grande sofá, mas haviam cortado seu forro, a grande mesa de refeições e as cadeiras. Teria que mandar reformar o sofá, uma relíquia de seus bisavós.

             Sentiu um beijo em seu pescoço e voltou a cabeça, vendo o sorriso de Deidre, os olhos cheios de ternura.

             -Bom dia, amor… – Disse Deidre – Porque já acordou?

             Vivien indicou as vidraças com o queixo.

             -Essas vidraças sem cortinas permitem a entrada dos raios  do sol, que incomodam a vista. Mas hoje mesmo vou dar um jeito nisso. Vamos à cidade comprar material para reformar a casa e comprar móveis novos para substituir os que foram destruídos.

             Deidre a fitou com incredulidade.

             -Você acha que o comércio ainda sobrevive depois dos bombardeios dos canhões?

             -Bem, tenho esperança que sim. Senão, terei que comprar tudo em New York e trazer para cá.Vamos nos levantar, que há muito a fazer.

             Deidre se ergueu e deitou sobre Vivien, fitando-a nos olhos, sorrindo.

             -Mas antes disso, quero meu beijo de bom dia!

             Vivien a fitou com um sorriso divertido.

             -Não estamos em um quarto privado, meu anjo. Não quero embaraçar Mooke com cenas de amor entre nós.

             Ela deve estar ainda dormindo, amor… – sussurrou Deidre, inclinando o rosto, sua boca a menos de cinco centímetros da de Vivien – vamos…não me negue esse beijo…

             Foi fácil  Deidre convencer Vivien. Seus lábios se encontraram em um beijo cheio de ternura. Deidre, inconscientemente, moveu os quadris para se apertar contra Vivien, que colocou as mãos em seu traseiro macio, apertando-a mais contra si.Mas se separaram quando ouviram Mooke dizer mortificada:

             -Jesus!

             Deidre rolou para o lado e fitou Mooke com o rosto vermelho.

             -Mooke! Acordou cedo! Pensei que ainda estivesse dormindo!

             -Humf! Que nada, miss Deidre! Há muito serviço pra fazer! Tenho que limpar muita coisa!

             Vivien sorriu do embaraço de Deidre, sentando-se e espreguiçando, levantando os braços.

             -Ahhhhhh… esse chão não é nada bom para meus ossos! Vamos levantar.

             -Sinhô Vicent, seu banho já  tá pronto – Avisou Mooke – E o café já tá aprontando.

             Vivien se ergueu agilmente e estendeu a mão para Deidre. Estava sensual com aquele pijama de seda negro, aos olhos famintos de Deidre.

             -Venha, querida. Você irá comigo.

             E como faziam desde que Deidre fôra morar com Vivien, foram tomar banho juntas.

             Dessa vez, o banho foi rápido. Vivien tinha muita coisa a fazer. Tomaram um café com bolinhos que Mooke fez, tendo a previsão de trazer de New York  um saco de trigo, duas dúzias de ovos , cinco quilos de açucar e um pote de manteiga. E foram para a cidade, na carruagem dirigida por Vinicius.

             Vivien observou com alívio que nem toda a cidade havia sido destruída. Haviam quarteirões que não tinham sido alvo da artilharia ianque, estando preservados com suas casas, igrejas e comércio. Ao que parecia, por ter se desligado dos confederados e aderido à União, Charleston havia sido preservada pelos ianques parcialmente.

             Vivien estava vestida com seu impecável terno cinza com riscas de giz, chapéu de abas estreitas da mesma cor, gravata vermelha e botas reluzentes, e Deidre com um elegante vestido verde-água com pequenas flores brancas, chapéu de abas largas de veludo verde escuro, amarrado sob o queixo com um laço de seda também verde escuro. Sem dúvida, um casal elegante e transpirando prosperidade, ao contrário da maioria dos habitantes da cidade, que haviam perdido quase tudo que possuíam na guerra e estavam falidos.

             De braço dado com Vivien, Deidre observava tudo com vivo interesse, procurando conhecer a terra de sua bem amada Vivien.

             E ao passarem por um armazém, uma pessoa que saía esbarrou nelas, fazendo Deidre cambalear. Vivien amparou-a e olhou para a pessoa com a intenção de reprovar a saída intempestiva, quando a reconheceu e congelou.

             Ali, diante dela, estava Audrey Lancaster!

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