Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

Dos limites da floresta, uma luz parece tomar forma na mesma expansão das estrelas que Xena e Gabrielle estiveram olhando antes de caírem no sono. A luz se une em um fino ponto do chão, e lentamente toma uma forma familiar.

Ephiny sai da luz e olha para suas amigas. Ela sorri, vendo-as entrelaçadas uma a outra. Há um denso cobertor por cima delas, para protegê-las do ar frio da noite.

– Algumas coisas nunca mudam – ela se ajoelha perto de Gabrielle e gentilmente sacode sua amiga. – Ei dorminhoca, acorde.

Gabrielle lentamente acorda, visivelmente não gostando de ser trazida para fora de sua calorosa soneca.

– O qu… – ela olha apra cima e balança a cabeça antes de se deitar de novo e fechar os olhos. – Desculpe, Ephiny. Estou cansada demais para sonhar esta noite. Volte amanhã.

Ephiny tenta segurar uma risada, mas não tem muito sucesso.

– Você não está sonhando, Gabrielle. Agora vamos. Acorde.

Gabrielle balança a cabeça de novo e abre os olhos.

– Eu tenho que estar sonhando, você está morta – ela se interrompe ao parar para pensar. – Ao menos, é claro… Oh não, de novo não.

Agora Ephiny verdadeiramente ri enquanto balança a cabeça e ajuda Gabrielle a sair dos braços de Xena.

– Não, Gabrielle, você não está morta.

Gabrielle esfrega os olhos e tenta compreender o que está acontecendo, mas ela não está fazendo isso muito bem.

– Então por que você está aqui? Xenan está em apuros novamente?

– Não, não, Gabrielle. Eles estão bem e o bebê está crescendo como…

– Um centauro?

– Sim. Um centauro. Não, eu estou aqui por você e por Xena.

Gabrielle dá à sua amiga um olhar confuso, depois olha rapidamente para Xena.

– Mas nós estamos bem. Melhor do que nós já estivemos faz um bom tempo, na verdade.

– Eu sei, mas ambas tiveram pequenas questões correndo por suas mentes. E acho que vocês precisam das respostas a essas questões. Mas você tem que saber que vocês podem não gostar do que virem.

– Eu já passei por isso. Nada do que você poderia me mostrar seria tão ruim quanto aquilo.

Ephiny consente, enquanto ambas olham para Xena.

– Eu entendo. Nós deveremos acordá-la para começarem?

– Ambas de nós?

– Ambas de vocês.

Gabrielle se ajoelha e sacode Xena gentilmente.

– Xena? Acorde.

– Hein? O que há de errado, Gabrielle?

– Você precisa acordar. Ephiny está aqui para nós.

Xena se senta ereta, olhando diretamente para Ephiny.

– Olá, Eph. O que você está fazendo aqui?

– Estou aqui para responder algumas de suas questões, Xena. Venha. Vai ficar tudo bem. Eu prometo.

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Xena e Gabrielle, de mãos dadas, seguem Ephiny por um redemoinho de névoa. Xena estremece, e Gabrielle olha para ela.

– O que há de errado?

– Eu odeio neblinas. Elas não são nada além de problemas.

Ephiny dá uma risada sem se virar. Ela simplesmente continua as levando através da névoa, a qual começa a diminuir e finalmente desaparece para revelar uma densa floresta.

– Esta é a floresta das Amazonas.

– Sim, é. Isto é o que teria acontecido se a ambrosia não tivesse funcionado.

O trio se move adiante pela floresta até o vilarejo Amazona.

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O vilarejo parece próspero. Amazonas de várias tribos entram em contato umas com as outras, trabalhando, rindo, lutando. Gabrielle olha em volta lentamente.

– Está a mesma coisa e também está diferente.

– Muito diferente. Sigam-me.

Enquanto elas caminham pelo vilarejo, Xena rapidamente percebe que nenhuma única mulher está dando atenção a elas. Elas se aproximam dos aposentos da Rainha, e as duas guardas na porta nem mesmo tentam pará-las enquanto elas caminham para dentro. Xena dá um olhar desgostoso para trás quando elas entram pela porta.

– Que segurança maravilhosa que elas têm aqui.

– Hum? Ah, elas? Elas não podem nos ver ou ouvir. Somos apenas observadoras aqui. Não podemos interferir de jeito algum.

Xena está para responder quando um pano do lado de trás do quarto farfalha e a Rainha Gabrielle caminha passando por ele. Os olhos de Xena se alargam enquanto a Gabrielle parada perto dela ofega suavemente. A Rainha parada diante delas é claramente a barda, mas não a mesma Gabrielle que está de pé ao lado de Xena.

A Rainha Gabrielle é mais velha e mais magra. Seu cabelo ainda é longo, trançado no estilo tradicional amazona. Suas roupas são obviamente amazonas, refletindo sua posição como Rainha da tribo. A única coisa estranha é o manto castanho que se pendura no seu lado direito, ocultando o lado inteiro de seu corpo. Xena logo percebe que a Rainha Gabrielle é mais magra, mais musculosa, e com mais cicatrizes de batalha. Gabrielle percebe que seu ‘alternativo eu’ tem olhos que podem apenas serem descritos como mortos.

Enquanto elas observam, a Rainha Gabrielle toma um assento diante de uma escrivaninha e começa a olhar para uma pilha de pergaminhos velhos e esfarrapados. Ela os folheia, lentamente espalhando-os pela escrivaninha. Ela deixa os dedos deslizarem pelos escritos como se ela estivesse dizendo uma prece.

– Eu deveria ter dito algo – sussurra a rainha para si mesma.

Xena morde o lábio enquanto observa esse ‘fantasma’ de Gabrielle.

Uma batida na soleira da porta faz todos as ocupantes do quarto se virarem.

– Entre! – ordenou a rainha.

Outra versão de Ephiny entra na cabana, levemente se curvando em reverência.

– Minha Rainha.

A Rainha Gabrielle se ergue da escrivaninha, cruzando o quarto para encontrar sua Regente.

– Ephiny, você é praticamente minha única amiga aqui. Por que você insiste nesses títulos absurdos?

– Eu peço desculpas, minha Rai… Gabrielle. As guerreiras estão prontas para sua inspeção.

A Rainha Gabrielle gira os olhos e sorri enquanto ajeita o manto sobre seu lado direito.

– Então não vamos deixá-las esperando.

Enquanto as duas deixam a cabana, o trio pode ver que, bordado no manto da Rainha Gabrielle, está o Chrakram de Xena junto com o desenho que foi traçado em seu peitoral. Quando a Gabrielle e a Ephiny deste tempo e lugar deixam a cabana, as observadoras as seguem.

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Enquanto a Rainha Gabrielle e a Regente Ephiny entram no vilarejo, jovens e velhas Amazonas se reúnem em volta de sua rainha, oferecendo suas gentis palavras e frescos pães assados no forno. Algumas das garotas muito jovens trazem a ela algumas flores silvestres que elas colheram dos campos ali perto, até que ela esteja segurando um pequeno buquê.

Xena se inclina e sussurra no ouvido da ‘sua’ Gabrielle.

– Elas te amam, barda.

Enquanto elas continuam a caminhar pelo vilarejo, a multidão lentamente se dispersa. A Rainha Gabrielle olha para as flores em sua mão.

– Eu preciso levar estas flores para ela. É um desperdício deixá-las morrer.

A Regente Ephiny apenas balança a cabeça e a segue até um pomar de árvores cítricas e uma pequena clareira sobre um prado, com um riacho que corre através dela. Há uma grande árvore em cima de um pequeno aclive. Uma grande cripta de pedra está protegida da luz por essa árvore.

A Rainha Gabrielle caminha lentamente até a tumba e coloca as flores em um pequeno recipiente preso a um lado da cripta. Ela corre sua mão sobre a pedra fria, com um sorriso triste em seu rosto, depois se inclina para frente e dá um suave beijo na pedra.

– Olá, meu amor. É um lindo dia – ela pára, e limpa uma lágrima solitária que corre por sua face. – Deuses, Xena… Por que precisou da sua morte para que eu admitisse isso a mim mesma? Para você?

A Regente Ephiny apenas observa enquanto a Rainha Gabrielle se senta em um pequeno banco de pedra.

Xena puxa a ‘sua’ Gabrielle um pouco mais para perto dela quando percebe a inscrição na cripta.

Xena de Amphipolis,

Princesa Guerreira.

Ela deu sua vida para que

outros pudessem ser livres.

Nunca deveremos esquecer.

A Rainha Gabrielle olha para o sol que brilha intensamente na campina e reflete como diamantes na água do riacho.

– O festival vai começar em breve. Eu queria que você estivesse aqui para ver essas mulheres. Elas sempre competem tão duramente pela honra de carregar seu chakram e serem a campeão da Rainha por um ano.

A Regente Ephiny dá um passo à frente.

– Gabrielle, por favor, por favor, não faça isso a si mesma! Já tem quase dez anos que Xena morreu. A nação prospera sob o seu governo. E ainda assim você não tem desfrutado da vida que nos tem dado.

A Rainha Gabrielle olha para ela, mas depois desvia o olhar. A Regente Ephiny vacila um pouco ao olhar para o rosto de sua amiga, mas continua.

– Você tem trabalhado e lutado duro para fazer esta nação completa, Gabrielle. Por que você tem que continuar sofrendo?

– Eu sofro, Ephiny, por que é tudo o que me restou. É tudo o que há para mim.

– Mas há tantas pessoas aqui que poderiam ser suas amigas, ou mais, se você simplesmente deixasse. Você não acha que é hora de deixá-la ir?

– Não.

– Por que não?

– Porque eu nunca disse a ela que eu a amava, Ephiny. Ela morreu sem sequer saber como eu me sentia – a Rainha Gabrielle olha para a tumba e desliza a mão por sobre a pedra fria. – Eu a deixei ir tanto quanto estou disposta.

– O que não é nada, afinal! Gabrielle, você não faz nada além de cuidar dos assuntos do vilarejo e sentar-se aqui. Você não escreve mais… – a Rainha Gabrielle joga o manto para trás para revelar o fato de que não tem mais sua mão direita.

– Eu NÃO POSSO escrever mais, Ephiny! César cuidou disso quando defendemos nossa terra contra os Romanos.

– Você ainda pode contar histórias, e você sequer faz isso mais.

– Todas minhas histórias morreram no dia que ela morreu.

– Gabrielle…

A Rainha Gabrielle se ergue rapidamente do banco, se certificando de arrumar seu manto para cobrir sua desfiguração. Ela dá um exaltado passo na direção da Regente Ephiny.

– JÁ CHEGA! Eu tenho dado tudo o que eu tenho… tudo o que eu sou para esta nação. Não é o suficiente? Você não pode ter minha alma, Ephiny. Xena a tinha, e ela só será completa quando eu estiver com ela novamente. E queiram os Deuses que eu não tenha que esperar tanto assim por isso!

Xena e Gabrielle se abraçam forte enquanto Gabrielle enterra sua cabeça no pescoço de Xena e se recusa a olhar para a cena diante dela. Uma lágrima solitária corre pelo rosto de Xena enquanto ela olha para a Ephiny delas.

– Acho que já vimos o suficiente aqui.

Assim, Ephiny as leva de volta ao acampamento.

Nota