Cap 1 – Uma amazona na guarda real
por MNSAo nascer do sol a Capitã das amazonas assomou na entrada do jardim, encontrando a princesa a contemplar o surgir do carro de Apolo.
– Querias me ver Gabrielle?
– Sim Ephiny. Vamos caminhar, por favor.
– Claro.
Andaram por um tempo, cada mulher imersa em seus pensamentos e a capitã da guarda real, comandante das forças amazonas e amiga de Gabrielle não tinha a menor ideia no que poderia estar incomodando a princesa das amazonas trácias.
– Ephiny, quais são os procedimentos se uma guerreira une-se à Nação,sendo já uma adulta treinada em combate?
– Bom… Primeiro ela deverá receber autorização da Casa Real para ingressar na Nação e depois ser devidamente testada pela mestre de armas, e se for uma guerreira que realmente merece este nome entre nós, irá compor as fileiras no clã de defesa. Ali será definida, após avaliações das comandantes, em qual Elidia prestará serviço.
– Você não prestou atenção Ephiny. Eu quero saber como ocorre quando a mulher é acolhida já sendo uma guerreira.
– Existe uma grande diferença entre ser uma guerreira e ser uma guerreira amazona Gabrielle.
– Mesmo?
– Uma guerreira amazona precisa de sentido de grupo e cumprir ordens sem segundos pensamentos. Deve entender sua oficial como a voz da comandante, esta como a Casa Real que por sua vez representa a própria Artemis .
– A cadeia de comando?
– Mais que isso. Em nosso caso pode ser a diferença entre a vida e a morte da amazona, suas irmãs ou da Nação.
– Tão grave assim?
– Temos uma metodologia própria na batalha e fora dela que deverá ser conhecida e respeitada. É nossa força. Posso perguntar o que está acontecendo Gabrielle?
– Sim, você pode Ephiny. Você saberá mais cedo ou mais tarde, embora eu desejasse que fosse mais tarde. Quero dizer não é como se fosse uma guerra ou algo assim né… E eu posso aceitar pessoas na Nação.
– Claro. Você já fez isso muitas vezes, por isso não estou entendendo qual é a dúvida.
– Eu recebi uma guerreira na Nação. Adulta, já treinada, mas com a benção e permissão de Artemis .
– O que você quer que eu diga Gabrielle? Não me cabe contrariar você, muito menos uma permissão de Artemis. Que ela seja bem-vinda à Nação onde certamente haverá uma Elidia adequada às suas habilidades e provavelmente ela não terá problema algum em absorver nossas normas, técnicas, táticas e costumes. Será apenas uma questão de treinamento. Qual é o verdadeiro problema?
– Ela permanecerá muito tempo junto a mim e eu gostaria que ela fosse aceita na guarda real sem mais demora.
– Isso dependerá muito de suas qualificações como combatente e da força de seu caráter. Não é algo que se faça por simpatia ou descritério. A permanência de um elemento na guarda depende muito do desejo da Casa Real , mas sua inclusão é de livre acolhimento e competência exclusiva da capitã da guarda, mesmo que seja chamado Zorah. É feita de forma independente e sem pressão. Tem sido assim desde o princípio dos tempos, pois sua segurança deve prevalecer sobre seu conforto ou momentâneas alegrias.
– Por favor, Ephiny, é muito importante pra Nação.
– Dependerá mais dela do que de qualquer outra coisa. Conheço?
– Sim.
– Posso saber quem é?
– Xena de Amphipolis.
– Quem?!?!!
– Xena de Amphipolis. A Conquistadora, capitã. Suas habilidades são adequadas aos seus padrões Ephiny?
– Claro! Quanto às suas habilidades como guerreira não há dúvidas, mas eu não tenho muita certeza quanto a sua capacidade de agir em grupo quando ela não está no comando.
– Por favor, Ephiny. É realmente muito importante pra Nação e pra mim.
– É uma ordem alteza?
– Não comandante. É um pedido. Um pedido com muita esperança de que seja atendido.
– Eu não sei o que está acontecendo Gabrielle, mas prometo que irei considerar seriamente a possibilidade da Imperatriz do mundo na guarda real, com uma condição.
– Qual?
– Que ela passe nas etapas de treinamento específico como toda guarda, não recebendo nenhuma concessão especial devido a sua posição. Não aceitarei na guarda nenhum membro, que mesmo por um breve momento, possa destoar do conjunto e colocar sua segurança em risco por acreditar-se maior ou melhor do que suas irmãs ou mesmo você.
– Posso aceitar isso, mas tal treinamento não pode por em xeque sua posição como Imperatriz do mundo.
– Não colocará, ao menos não publicamente. Realizarei o treinamento da forma mais privativa possível, mas tem mais uma coisa Gabrielle.
– O quê?
– Você não irá interferir no treinamento dela. Existe um objetivo para tudo que é feito e quem não conhece a dinâmica pode se surpreender ou mesmo achar injusto. Esta é a razão pela qual o treinamento das guardas reais é realizado nos campos do extremo noroeste do território, longe dos olhares do restante da tribo.
– Você tem minha palavra.
– Certo. Ordene que se apresente em meus aposentos em uma marca de vela, quando o sol estiver iniciando sua subida desta manhã, para que eu possa avaliar como irei organizar seu treinamento . Farei meu melhor Gabrielle, mas não acho que você ficará muito satisfeita com os resultados. Ela realmente não sabe seguir ordens.
– Ela estará lá. Obrigada Ephiny.
– Meu privilégio alteza. Com sua licença irei providenciar os preparativos.
– Claro.
Sem que houvesse uma explicação razoável seria improvável que a Senhora do Mundo estivesse junto a capitã amazona em uma marca de vela, mas Gabrielle contava com algo que Xena sempre dissera: a principal vantagem em ser senhora de tudo que vê, é todos olharem em outra direção, evitando serem pegos mirando. Ela faria o que desejasse e não haveria alma viva que questionasse algo. Ao menos não viva por muito tempo se o fizesse.
Entrando no estúdio da Conquistadora a princesa das amazonas trácias aguardou o término do assunto entre a Senhora do Mundo e o capitão da guarda, levando aos poucos o assunto para o tema de sua visita.
– Bom dia majestade.
– Bom dia Gabrielle. Como está tudo? Algum problema?
– Não realmente majestade, apenas minha capitã necessita organizar a entrada de uma irmã na guarda e será a primeira vez que isso é feito fora de nossas terras, mas será levado a termo acertadamente. Tenho fé em Artemis que ela não será mal avaliada.
– Certamente não haverá problemas, pois a capitã não iria realizar tal feito de própria mente. É algo que requer habilidades específicas e treinamento rígido. Passa-se o mesmo com os falcões, não Palaemon?
– Sim majestade, mas entendo as dificuldades. A nova guarda deve valer a pena para tal risco princesa.
– Certamente que sim capitão, eu faço muito gosto que assim seja, pois ela me é agradável companhia. Ephiny aceitou a presença na guarda da nova amazona, contanto que ela passe por todas as etapas do treinamento. Garanti a ela que seria aceito, contanto que feito em privado.
– É aquela que me falaste? Ela tem potencial. Como sua capitã pretende realizar tal feito?
– Não sei. Isso sempre foi algo feito distante da vila e por períodos estipulados entre as comandantes e o Conselho, mas as guardas reais passam por todas as Elidias e comandantes antes de chegarem neste estágio.
– Pelo que conheço é algo muito adequado às tarefas que são chamadas a desempenhar, mas há uma parte que não é conhecida de ninguém que não tenha estado na guarda. Depois de determinado estágio e uma vez aceita, apenas a morte retiraria uma amazona da guarda real.
– Talvez deva repensar isso tudo Imperatriz e minha nova irmã ser apenas mais uma irmã em nossa tribo.
– Não Gabrielle. Agora mais que direito é uma obrigação dela fazer parte de sua guarda. Fique tranquila que ela passará pelas etapas, afinal ela tem muitas habilidades. Quando será a entrevista?
– Ephiny quer sua presença nos aposentos dela em uma marca de vela a contar de agora. Estará esperando.
– Então irei ter com sua capitã e determinaremos os locais e horários que ela poderá usar. Palaemon, eu pretendo fazer parte deste treino amazona, então será de bom jogo que mais tarde você converse com Ephiny e mantenha as áreas que ela desejar usar livres da presença de qualquer pessoa, mesmo Falcões, pois não queremos uma repetição do que aconteceu com Hutanis. Terquien levará Corinto na minha ausência. Diga a Janis que me encontre em meus aposentos em meia marca, por favor. Dispensado.
– Ao seu comando, Conquistadora.
– Agora se me der licença princesa, desejo me banhar e me preparar para tal encontro. Deverá ser divertido.
– Claro. Até mais tarde Conquistadora.
– Até o almoço princesa. Você é minha convidada para um almoço privado em meus aposentos.
– Estarei lá.
Xena vai aos seus aposentos e se lançando nas águas da piscina, com braçadas calmas e contínuas faz meia marca de vela flutuando no percurso. Ao sair, Janis aguardava junto ao divã e fazendo uma massagem com atenção a cada grupo muscular, passa óleo de amêndoas com toques de canela, relaxando completamente a musculatura de sua senhora.
– Obrigada Janis. Como tens sido tratada?
– Muito bem majestade. Gostaria de agradecer a oportunidade para treinar e praticar tanto com armas, como minhas massagens. A idade chega para todos e quando o corpo não puder mais lutar, ainda será tempo para as mãos que dão alívio.
– Tens razão. Podes te dirigir ao pátio e executar tua série de exercícios por duas marcas e depois estás com o tempo livre para o que quiseres fazer em qualquer lugar de Corinto. Estejas de volta ao palácio antes da noite, mas peça para Cassandra lhe entregar algumas dracmas e uma amazona te acompanhar, ou duas se quiseres. Sei que podes te defender, mas é melhor ter apoio nesta tua primeira excursão à cidade.
– Obrigada, majestade.
– Meu prazer Janis.
Janis secou os cabelos de sua senhora e escovou-o como sempre fazia após a massagem antes dos treinos, prendeu-os em um rabo de cavalo no alto da cabeça com grampos.
– Você pode se retirar e não precisarei de você após o treino. Explore Corinto e compre algo que lhe agrade Janis. Dispensada.
– Conquistadora.
Erguendo-se do divã Xena escolhe um conjunto de calça de couro e camisa branca que seus homens sabiam ser traje de treino. Uma vez que declarou assistir ao treino de uma amazona, ninguém estranharia. Xena pegou sua espada e ajustou na cintura, colocou uma adaga na bota esquerda, posicionou os braceletes e se dirigiu aos aposentos da capitã amazona, que era na porta frontal aos aposentos de Gabrielle.
– Gaius, desloque a guarda para as escadas de acesso a este andar e ninguém sobe sem ser amazona ou que eu determine pessoalmente isso. Vou me divertir e não quero interrupções.
– Ao seu comando, Conquistadora.
– Bom dia Squiona.
Squiona saudou a Senhora do Mundo e abriu a porta enquanto Kleith anunciava sua presença para a capitã da guarda real.
– A Conquistadora capitã.