Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira
    Capa de Origens de Xena.
    XenaAçãoAresGabrielleHércules

    Origens de Xena.

    por Luca Fiuza

     

     Prólogo:

         Nos anos 90, o seriado Xena, a Princesa Guerreira estava bombando na televisão mundial, em especial, no Brasil! Como fã da série, eu neste ano de 2025, tive a inspiração de escrever um conto, voltado para origem desta personagem icônica, de um modo que a série de tv não retrata – sua ligação umbilical com uma Nova Zelândia Mítica! Tão impressionante e atrativa quanto a mitológica e Antiga Grécia, de deuses, deusas, monstros e fantásticos heróis! Muitos deles semideuses!

          A grande esquadra ateniense estava destroçada! Poucos barcos sobraram, após as monumentais tempestades que a atingiram naqueles mares desconhecidos! Há dois anos, a frota comandada pelo rei Miklos saiu de Atenas e ousou a aventurar-se no Oceano Atlântico, fora dos limites do bem mais tranquilo, Mar Mediterrâneo! Estranhas forças, provavelmente conjuradas pelos deuses olímpicos, carregaram os navios do soberano, fazendo-os contornar a costa ocidental da África, passando pelo futuramente chamado Cabo das Tormentas e bem mais tarde chamado de Cabo da Boa Esperança! Durante estas peripécias, parte da esquadra foi de fato destruída por temporais oceânicos e os barcos sobreviventes foram impelidos pelo oceano que viria a se chamar Índico, ao misterioso Pacífico sul, do outro lado do mundo pelas mesmas forças divinas, em um misto de destruição e proteção! Ao mesmo tempo em que desabavam as tormentas fatais, ventos favoráveis conduziam aquele resto de frota! Navios preparados para navegar nas águas calmas do Mediterrâneo e milagrosamente enfrentavam quase ilesos, a turbulência de oceanos bravios! A vontade dos deuses é algo inescrutável! Por esta razão, os ocupantes da nave capitânia e de duas naus restantes ainda estavam vivos! Durante a fantástica jornada, a tripulação dos navios, ao jogar redes de pesca nas águas, via estupefata, estas serem recolhidas com tantos peixes que ficavam pesadas, a ponto de rebentar! Deste modo, sempre havia proteína fresca para todos! Tempos depois, nas diversas ilhas, pelas quais passaram nas águas, um dia, a ser chamadas de Pacífico sul, acabaram por encontrar, uma variedade enorme de frutas exóticas de sabor nunca antes sentido! Aves multicores e animais esquisitos, jamais vistos na Grécia, ou Hélade, fascinavam os atenienses. Algumas destas ilhas eram povoadas por homens, mulheres e crianças de um tipo físico diferente de tudo que o rei Miklos e sua gente tinham encontrado em suas várias viagens colonizadoras ao longo da costa do Mar Mediterrâneo e adjacências. Mesmo o norte da África e o sul da Península Itálica não possuíam criaturas semelhantes aquelas pessoas de pele amorenada, cabelos muito lisos e negros, roupagens coloridas e comportamento amistoso! Donas de uma inocência quase pueril! Também era incrível, o ambiente paradisíaco e verdejante destas ilhas a contrastar fortemente com o azul pronunciado, tanto do céu quanto do mar insondável! Unidos como um só, em sua imensidão inefável!

         Assim, por dias a fio, o trajeto por aquela miríade de arquipélagos deslumbrantes, em meio a recifes e atóis de coral conduziu os navios por rotas ignotas, somente conhecidas pelas divindades reinantes no distante Monte Olimpo, mas que para os gregos eram donas de todo o mundo, quiçá do Universo!
    Quando a noite caía, Miklos e a tripulação da nau capitânia, bem como das demais, olhavam em êxtase o céu estrelado, a brisa morna a acariciar suas faces e um pouco mais tarde entregues ao sono reparador, após a ceia, repousavam embalados pelo suave balouçar das ondas e também ao som de seu leve fragor, ao se chocarem no casco das embarcações, a flutuar, bem seguras
    pelas pesadas âncoras, a jazer, como ídolos imotos, fixadas firmemente, em solo marinho, a esconder-se, nas negras profundezas daquele grande oceano, tão distante da
    mãe-pátria.

          Em um radioso dia de sol, os navios vindos do distante Mediterrâneo, se aproximaram do conjunto de ilhas que um dia seria chamado de Nova Zelândia! Bandos de alegres golfinhos acompanhavam as naus, a saltar radiantes, corpos de um cinza luzidio, envolvidos por uma cortina cintilante de água e espuma, enquanto se elevavam ao lado da esteira dos navios em curso de aproximação com a terra firme. Uma hora depois, os navios adentraram em uma enseada de águas calmas, de um azul estonteante. De longe era possível ouvir o grito das aves. Os marujos trataram de realizar as manobras necessárias para aportarem e pisar definitivamente em solo seco, após o término daquela dura viagem.

         As três embarcações se aproximaram da costa, ancorando a uma boa distância da terra, o suficiente para não encalhar. Duas horas depois pequenos barcos foram lançados n’água e marujos fortes principiaram a remar para a praia. Por ordem do rei, alguns homens da tripulação de cada nau, o acompanhou. Segundo o soberano, seria o apropriado para iniciar as explorações preliminares naquele território tão inusitado, aos olhos dos atenienses. Estes, então, desembarcaram e caminharam pela areia branca da praia, se detendo junto a um palmeiral, onde resolveram acampar. O rei ordenou que uma fogueira fosse acesa e que certa quantidade de peixes trazida da nau capitânia fossem assados para o almoço. Para completar, na fímbria de uma mata próxima foi encontrado um ninho no chão, de onde foi tirado um ovo gigantesco! Fez-se necessária a participação de vários homens
    para o transportar. Sua casca grossa foi rompida a golpes pesados, de espada e a gema crua, bastante substanciosa, que dele manou, alimentou a todos! Um saboroso complemento aos deliciosos peixes assados na fogueira, já em brasas vivas!

         Após a refeição, o rei Miklos reuniu os homens e determinou que alguns deles retornassem aos navios e trouxessem o restante da tripulação para a terra firme. Apenas dois homens ficariam a bordo e só no dia seguinte abandonariam as naus para se juntar aos demais na praia. O dia transcorreu sem novidades, ou percalços! A tarde morria e um magnífico sol poente lançava seus raios avermelhados sobre as águas tranquilas da enseada. O céu ia adquirindo um tom opalino! À medida que a carruagem dourada, do deus Hélios mergulhava no horizonte! Esta divindade radiante era a personificação do sol, que agora conduzia seus cavalos flamejantes para iluminar outras plagas! Quando a luminosidade solar, findou, as primeiras estrelas cintilantes podiam ser vistas no firmamento que aos poucos escurecia em um pretume intenso, como se fosse uma pedra de carvão! A noite então se imiscuiu e com ela, um frio gélido! Felizmente, tendas tinham sido erguidas em um semicírculo, enquanto no centro deste, crepitava uma grande fogueira, a qual trazia luz e calor! Após uma ceia frugal, todos foram se deitar, esgotados pela faina daquele dia. No entanto, por precaução, o rei Miklos dispôs sentinelas em pontos estratégicos do acampamento. Estes homens de têmpera de aço e fiéis a seu soberano garantiriam a segurança daquela gente desgarrada de sua terra natal com estes guardiães fiéis, também lançados pelo capricho dos deuses, em mares nunca dantes navegados por um grego!

         A noite correu tranquila! Não trouxe surpresas de nenhuma espécie! O dia raiou ensolarado e belo! Uma brisa vinda da enseada era como um chamado ao movimento e à vida, depois do repouso noturno! Da mata próxima, os gregos trouxeram pequenos ovos de uma ave estranha do tamanho de uma perdiz grande, mas de bico fino, a qual não teve outra opção, se não abandonar correndo, seu ninho à sanha de homens famintos! Frutas exóticas foram colhidas para consumo imediato e do palmeiral, em torno foram tirados pequenos cocos, cujo sabor delicado de sua polpa esbranquiçada, encantou o paladar dos atenienses! Em verdade, se achavam em um verdadeiro paraíso terrestre! Pareciam ser os únicos habitantes humanos daquelas cercanias, pelo menos assim, o parecia. Aparentemente, também não havia os terríveis monstros que infestavam a distante Hélade, como grifos, centauros, górgonas, serpentes marinhas e outras criaturas fabulosas que enchiam o imaginário do povo grego!

         A vida se desenvolvia, tranquila e modorrenta para o rei Miklos e sua gente. Tinham se fixado naquela praia isolada! Estavam satisfeitos e suas explorações do terreno se limitavam às imediações e não tão fundo na mata, em busca de comida e água fresca. Os animais encontrados, em sua maioria aves, lagartos e animais pequenos eram pacíficos e inofensivos! O único ser de grandes proporções, que sabiam existir nas redondezas era a ave grande que havia posto aquele ovo gigante, descoberto há semanas na fímbria da mata! Os homens bem que tentaram achar outro ovo daqueles, mas sem sucesso! Ao ser informado, o rei achou melhor assim! Se uma coisa capaz de botar tão monstruoso ovo, os atacasse, ia ser muito difícil a deter e seguramente, muitos homens morreriam na contenda contra aquele pássaro titânico!

           Os dias passaram lentos. Miklos e sua gente conheciam cada vez mais profundamente a área onde tinham se estabelecido e um pouco melhor as circunvizinhanças. O clima era no geral fresco e agradável, pouco calor. As noites eram frias, mas suportáveis! De certa maneira, lembrava o clima da amada e longínqua Hélade. Os atenienses estavam paulatinamente se adaptando à nova pátria! Sim! Pois tinham consciência de que jamais conseguiriam retornar a Atenas! Não só pela imensa distância a percorrer, como também por outros motivos que ninguém se atrevia a mencionar a viva voz…parecia ser um tabu! Portanto, fora a saudade da pátria distante, nada havia de significativo para perturbar aquele “Olimpo” terrestre. A existência, ali era tão pacífica que as precauções mais elementares foram aos poucos, esquecidas.

        Certa noite de lua cheia, o rei Miklos estava sozinho na praia, distraidamente olhando o movimento ritmado de um pequeno siri vermelho a andar na areia, movendo-se meio de lado, como o faz este tipo de crustáceo. De repente, o rei pressentiu que não estava só! A princípio, julgou ser um dos seus marujos, atrás de si. Voltando-se, percebeu a presença de uma mulher de incrível beleza! Uma beldade, não grega! Ela era alta. Cabelos negros ao vento, pele escura, olhar profundo como o próprio oceano! Tinha um belo sorriso no rosto expressivo e forte. Roupas diáfanas e imprecisas a modelar o físico sensual. Um belo colar de contas coloridas, pendendo do pescoço. O som de sua voz era musical e de maneira inexplicável, Miklos entendia perfeitamente suas palavras de amor! Como que dominado por um langor suave, Miklos deitou-se na areia macia, enquanto a belíssima e perfumosa mulher se curvava sobre ele! E então, ambos se amaram profunda e intensamente! O rei grego tivera muitas mulheres em sua vida!

        Se casara e perdera uma esposa amantíssima! Porém, nenhuma delas o levou a um êxtase tão completo quanto aquela fêmea extraordinária! Miklos se sentiu desfalecer lenta e deliciosamente, enquanto ouvia o sussurrar daquela voz argentina e sentia o calor delicado daqueles lábios adocicados, em sua pele e boca! Todo ele a fremir de puro prazer!

           Miklos despertou sob o calor e a luz do sol da manhã. O rei estava bem-disposto como nunca e em seu rosto brincava um sorriso feliz! Seu humor, estava excelente e o estômago faminto reclamava atenção imediata! Ergueu-se num pulo ágil e chamou por sua gente! Os seus comandados se aproximaram ainda sonolentos, alegremente surpresos com o bom ânimo de seu soberano!

    Todos comeram com apetite, o lauto café da manhã preparado pelos cozinheiros reais. A refeição consistia em frutas exóticas, alguns peixes assados na brasa e água de coco fresca para beber. O ambiente era alegre e risonho, organizado, sob uma estrutura coberta feita de galhos e folhas de coqueiro. Apesar de já adaptados à nova terra, um quê de melancolia, por causa da recorrente saudade da pátria amada, sempre marcava o rei e seus concidadãos! Isto, até aquele dia esplêndido, onde tudo em volta parecia belo e brilhante! Intimamente, o soberano, atribuía seu atual estado de espírito à experiência da noite anterior, na qual conhecera o verdadeiro amor! Desta vez, não inspirado por Eros, filho da linda deusa Afrodite, mas sim, por uma divindade mais maravilhosa que todas as deusas de suas crenças milenares!

         Alguns dias se passaram. Dias tranquilos, naquele paraíso, o qual de certa forma, lembrava um Campos Elísios terrestre…! As noites cálidas e enluaradas se configuravam em longas horas dedicadas à paixão entre Miklos e a mulher misteriosa! Como uma névoa, ela se desvanecia, ao raiar de cada manhã e o rei se quedava ansioso pelo próximo anoitecer! Quando ficava sozinho, o soberano vivia a sonhar com o olhar, o toque e a voz doce daquela entidade divina que veio do éter somente para amá-lo!

            Certa manhã, os gregos foram visitados por um grupo pequeno de homens e mulheres, saído do interior da mata, nas proximidades da praia, onde estavam morando, Miklos e sua gente. Eram pessoas de enorme estatura! Gigantes, na verdadeira acepção da palavra! A altura destes indivíduos variava entre 2.10 metros em relação às mulheres e 2.40 metros em relação aos homens. Detalhe que espantou profundamente os estrangeiros! Por sorte, os recém-chegados se revelaram de boa índole. Sem que pudessem explicar como, Miklos e sua gente entendiam perfeitamente as palavras de saudação daquelas pessoas, mesmo o rei respondendo em sua própria língua era claramente compreendido pelos homens e mulheres nativos daquela terra! Eram belos! Bem diferentes dos tipos humanos conhecidos pelos gregos em suas viagens exploratórias pelo litoral do Mediterrâneo. Eram de fato, belíssimas criaturas, especialmente as mulheres! Os homens, se apresentavam bonitos, musculosos e viris! As mulheres exalavam uma sensualidade natural, sem maldade ou luxúria! Todos tinham cabelos negros muito lustrosos, a pele tatuada, de tom achocolatado e queimada de sol, de um modo que os assemelhavam a ídolos vivos, de carne e osso! Após um breve diálogo, Miklos e os seus levantaram acampamento e se internaram na floresta, acompanhando aquele pequeno grupo de autóctones que até pareciam deuses e deusas, devido a sua altivez e magnificência, mescladas com uma delicadeza notável no trato! Fato que intimamente encantou tanto ao rei ateniense, quanto a seus homens, advindos do outro lado do vasto oceano!

         A jornada durou uma hora, em meio ao lusco-fusco da mata, os caminhantes estrangeiros se sentiam envolvidos pelo som de aves desconhecidas, de cores extravagantes! O sentido olfativo fortemente inebriado, pelos odores variados das plantas circundantes! O cicio contínuo dos insetos, de tipos jamais vistos na Grécia era parte integrante da orquestra sinfônica silvestre, executando sua performance sem fim para quem a quisesse ouvir! Os nativos que guiavam os gregos, seguramente através dos tortuosos caminhos, os quais se descortinavam palmo a palmo diante deles, se riam de mansinho e silenciosamente do estado de êxtase que os homens de longe experimentavam! Ainda assim, os entendiam! Não havia paraíso como aquele! Verdadeiro presente dos deuses! Uma terra maravilhosa! Mãe gentil! Protetora de todos os seres que nela vivem! Portanto, por que não podia acolher também ela, aqueles homens estranhos em seu cálido seio virginal?


    Ao chegarem na aldeia, encontraram um ambiente festivo! Sim! Havia um grande e delicioso banquete à espera! O chefe da aldeia, um portentoso gigante de pele escura e juba negra encaracolada, recebeu os atenienses calorosamente, convidando-os à mesa logo após a ablução com água límpida e fresca. As iguarias oferecidas eram monumentais! Ave gigante assada, ovos enormes desta mesma ave a ser consumidos com gema e clara cruas retiradas diretamente do interior das monstruosas cascas! Foram servidas muitas frutas de sabor dulcíssimo e polpas delicadas. Para celebrar aquele momento de deliciosa
    confraternização, uma beberragem de gosto diferente chamada kava, cujo agradável efeito revigorante se fez sentir mais intensamente nas pessoas de fora. O líquido foi sorvido gostosa e avidamente por adultos e crianças! Quanta alegria! Quantas risadas! Nem mesmo em sua Corte, Miklos se sentira tão bem, tão seguro e tão estimado! Para completar, como num fantástico sortilégio, qualquer barreira linguística ainda existente entre os gregos e aquele povo amável que os acolhera desapareceu de vez, como se nunca tivesse existido e eles então celebraram juntos! Unidos agora por laços inquebrantáveis de amizade que davam a impressão de existir desde sempre!


    Ao fim da portentosa refeição, os convidados de outras terras ficaram conversando com os habitantes da aldeia. Da mesma forma, que os atenienses sentiam curiosidade a respeito deles, seus anfitriões experimentavam o mesmo desejo. Então, pode-se imaginar a troca de experiências que começou a ser trocada entre estes povos tão distintos. E podemos dizer mais! O quão prazeroso, o foi! Os primorosos momentos que de horas se converteram em vários dias! Agradáveis instigantes! Logo, parecia que os gregos, realmente eram parte daquela terra, inicialmente estranha e dona de um exotismo único! Da mesma maneira, os
    autóctones, através das histórias contadas por seus novos amigos, aprenderam a conhecer e amar a Hélade longínqua! Seus mitos, seus poderosos deuses, deusas e seres monstruosos como a Medusa, a Hidra de nove cabeças, bem como Medéia, a feiticeira, e a Pitonisa de Delfos! Heróis invencíveis como Héracles, Teseu e Perseu! Tudo isto, em meio à demonstração de coragem e resiliência dos comuns mortais no trato com a terra agreste das oliveiras, dos rebanhos de carneiros, das manadas de bois e do clima rude, cheio de contrastes como a própria Grécia!

         Certa noite, a deusa, maravilhosamente envolta por uma luminosidade suave, de tom azulado surgiu diante de Miklos, enquanto este dormia sozinho, em uma grande cabana construída especialmente para ele. O casal se entregou ao amor! Antes de partir, a belíssima entidade disse a seu amado que nova vida fora nela inserida! Miklos alegrou-se! Seria pai! Pai de um ser de características divinas e também mortais! Algo que ele conhecia como semideus(a)!


    O tempo passou. Então, em uma noite enluarada, o choro pungente de um ser recém-nascido acordou o rei ateniense. Atraído pelo som, Miklos saiu de sua habitação, para encontrar a poucos metros da entrada, em uma cestinha finalmente trabalhada, um bebê! Na verdade, uma linda menininha de tez alva e olhos de um verde profundo. Ternamente, Miklos tomou a pequenina em seus braços fortes, enquanto estupefato, a admirava, cheio de amor! Naquele instante, uma voz suave trazida pelo vento, sussurrou nos ouvidos do rei: –
    Eis nossa amada filhinha! Meu adorado, por conseguinte chama-la-á de XENA! Ele aquiesceu! Sem Miklos sequer suspeitar, naquele momento tinha em seu regaço uma menininha que no futuro viria a ser uma mulher LENDÁRIA!


    No dia seguinte, uma mulher jovem, se apresentou a Miklos, bem cedinho. Ela disse que inspirada pela
    Grande deusa, seria a nutriz da criança! A mulher era solteira! Não tinha, é claro, gerado filhos! Ainda assim, havia leite materno de sobra(milagres da deusa)! Miklos agradeceu polidamente. A mulher pegou a menina e esta buscou avidamente pelo rico alimento, mamando sofregamente naqueles fartos seios, entumescidos de vida líquida!

        A mulher nutriz era também a sacerdotisa mor da Grande deusa e através desta forma mortal, a entidade se manifestou a Miklos, certa manhã. A deusa explicou que era apenas uma centelha de sua divindade que vivia na mulher! Não o suficiente para tirar da nutriz, sua personalidade própria e seu livre arbítrio. Com o tempo, o rei de apaixonou tanto pela nutriz, quanto pela manifestação da deusa eterna naquele corpo carnal! Em poucos dias, o casamento foi realizado e a mulher mortal se uniu a Miklos através do matrimônio. Foi uma grande festa! Mais tarde, à noite, Miklos amou intensamente sua esposa que na verdade era duas em uma! Inclusive, nas horas claras do dia!


          Xena cresceu saudável e alegre tendo em seus pais, o esteio e o carinho necessários para o seu bom desenvolvimento físico e mental! A menina era muito querida por todos e suas inúmeras traquinagens eram tratadas com alegria e condescendência, pelos habitantes da aldeia. Xena era uma líder nata! Era ela que determinava e comandava os folguedos. As outras crianças a seguiam sem pestanejar!


    Os anos se passaram! A velhice e a fraqueza chegaram para Miklos. Ele estava feliz em sua nova pátria! Do mesmo modo, os homens que viajaram com ele, na poderosa esquadra que há muito deixou o
    Mediterrâneo para aparentemente desaparecer para sempre na imensidão do oceano desconhecido. Estes homens também passaram a amar aquela terra. Ali constituíram família e outros tantos, já estavam mortos, sepultados no solo tão gentil que os acolhera tanto em vida, quanto no final da existência carnal.
    Portanto,
    Xena, já moça e capaz de entender certas realidades foi chamada pelo pai idoso e acamado. A mãe não se encontrava na habitação, pois estava ocupada com seus afazeres, no pequeno templo da Grande deusa, localizado em um dos extremos da aldeia. Com voz fraca mas firme, Miklos contou sua história. Relatou as intrigas e maquinações que levaram a uma injusta abdicação do trono, através de clamor popular e invasão do palácio por tropas de assalto, comandadas por um de seus generais da mais absoluta confiança! Justamente, este general se declarou rei! Tentou tomar a rainha como esposa, mas a mulher preferiu, corajosamente, tomar uma taça fatal de cicuta, a submeter-se aos caprichos doentios do usurpador! O destino de Miklos e dos soldados, ainda leais a ele foi diferente! O falso soberano sabendo que matar Miklos o tornaria um governante impopular e o rei deposto, um mártir, espertamente, o arremedo de conquistador convocou Miklos e o mandou para o exílio, alegando que o monarca caído foi incumbido pelo atual rei, de lançar uma poderosa esquadra ao mar, para empreender uma longa viagem de exploração, em nome de Atenas e seu povo! Xena escutou em silêncio, a história contada por seu pai. Uma revolta profunda começou a crescer em seu íntimo! Mas não deixou seu genitor perceber nada. Não queria entristecê-lo! A jovem sabia que no coração do antigo rei não havia lugar para sentimentos de vingança! Ele abrira seu coração para trazer à filha, apenas o conhecimento sobre suas origens gregas, apesar de ela ter nascido naquela terra que um dia seria conhecida como Nova Zelândia!

          Depois de despedir-se carinhosamente do pai, Xena foi até a porta do templo e aguardou que a mãe terminasse os trabalhos junto à deusa e seus fiéis. A mãe apareceu e pediu que a filha a acompanhasse até um local reservado, no interior daquele local de culto e oração. Antes que Xena dissesse qualquer coisa, a mãe e sacerdotisa revelou que já conhecia a história do marido. E disse mais: contou a origem divina da jovem! Em verdade, quem lhe falava era sua mãe divina, a toda poderosa, deusa Hina, reverenciada por todo o Pacífico sul pelos ilhéus daquela parte do mundo! Xena abraçou o corpo físico da mulher mortal que também era sua mãe e contou seus planos presentes e futuros. Ambas as madonas apoiaram decisão de sua filha e aprovaram, o fato de Xena ter poupado o coração bondoso do pai de emoções fortes!

    Nos meses seguintes, a jovem, agora chamada por todos de Princesa Guerreira, dedicou-se com redobrado afinco, buscando tornar-se mestra na Arte do combate armado e desarmado, encontrando excelentes professores entre, não somente, os soldados atenienses de seu pai, mas também entre os representantes daqueles ilhéus avantajados, ágeis e fortíssimos fisicamente! Aliás, a grande força física de Xena, bem como sua incrível velocidade no ataque e na defesa, decorriam do sangue potente daquele povo audaz, a correr em suas veias! Aliada a isto, ainda havia o poder fantástico de sua herança divina, advinda de sua genitora celestial!

         Assim, em um período muito curto, Xena já dominava o estilo de combate ateniense no uso da espada e do escudo, bem como, o manejo da lança e do arco e flecha. Com seus aparentados, aprendeu o subterfúgio da camuflagem em ambiente natural. Aprendeu golpes específicos em luta corpo a corpo. Subia em árvores com a presteza de qualquer uma das aves arborícolas presentes nas ilhas. Também nadava como um peixe. Audição, olfato e visão acima da média! Parecia ter olhos nas costas, pois mesmo os mais experientes guerreiros do povo autóctone e os soldados atenienses que o tentaram não conseguiram a surpreender em ataques por trás! Aliás, de jeito nenhum! Xena era imbatível na Arte da Guerra, mesmo ainda tão jovem. Para reforçar seus dotes bélicos, tinha uma inteligência sem igual. Aprendeu tudo o que podia com seu pai, a respeito da Grécia. A forma de falar de Atenas, os dialetos das diferentes regiões daquele país distante. Conheceu como ouvinte, as variedades de hábitos e costumes. E todas essas coisas, ela aprendeu em pouquíssimo tempo! Mas não só de treinos intensos e aprendizado didático, vivia a Princesa Guerreira. Também tinha tempo para conviver com família e amigos, de modo alegre, sociável e descontraído. Só que havia um toque sombrio, só percebido pela mãe de Xena, o ódio que se avolumava no espírito de sua filha contra quem tirou do pai dela, o trono dourado de Atenas. O bom é que a jovem guerreira, nada ocultava de sua genitora. Xena contou à mãe que em sonhos, lhe apareceu uma entidade. Um dos deuses de seu pai que se identificou como Ares, o Senhor da Guerra! Este deus envenenou ainda mais o coração de Xena e a convocou para um dia, retornar a Hélade, para vingar-se dos verdugos de seu amado pai! E mais! Xena se tornaria uma emissária de Ares! Ela ia promover guerras sanguinárias! Se transformaria na Conquistadora feroz dos povos da Grécia! Sua lâmina se tingiria de vermelho e a sede inesgotável de destruição enlutaria inúmeras famílias. O nome de Xena seria temido e odiado! As riquezas do mundo antigo estariam a sua mercê! A mãe de Xena muito se entristeceu. Contudo, não procurou demovê-la de sua decisão em abraçar a causa de Ares. Só pode abraçar ternamente, a filha adorada e imperceptivelmente, a parcela divina da genitora celestial, conhecida como Hina, inseriu um gatilho na mente da guerreira…! Um mecanismo sutil que poderia servir no futuro para que Xena, quando, se possível abrisse os olhos para a enormidade de seus crimes e perversões, não fosse esmagada por seu peso mortal e encontrasse a Luz guia, do caminho da redenção!


    Certa ensolarada manhã, a jovem foi chamada às pressas! Seu pai querido estava às portas da morte! Largou sua espada e escudo que estava usando em mais um momento de seus duros treinamentos e correu desesperada até o leito, onde o pai jazia, há meses consecutivos! Chorando muito, Xena curvou-se sobre o moribundo! Este, serenamente, procurou acalmá-la! A mãe também estava ali, num sofrimento contido! Aos gritos, Xena clamou à sua genitora celestial que não deixasse morrer, o pai! A mulher a olhou tristemente, em silêncio. Foi o genitor quem falou, com uma voz decidida e forte! Quase como ela era, antes da doença que estava prestes a levá-lo! Miklos disse à filha que ele estava indo, porquê sua hora chegara! De que valia abreviar sua morte, se ele jamais poderia ser o homem que já fora, um dia? E se poderes divinos lhe devolvessem a saúde e a juventude, o que mais seria a não ser um engodo? Não! Todo ser vivo tem seu tempo sobre esta Terra! Ele foi e fez tudo o que queria! E mais! Tivera uma deusa como esposa para substituir a que lhe fora tirada na longínqua Hélade, há tantos anos! Tivera uma filha linda, maravilhosa! Uma
    semideusa, na verdadeira acepção da palavra! Trouxera a salvo seus comandados e com certeza, amigos para uma pátria nova, onde eles puderam recomeçar suas vidas e criar famílias! Miklos se sentia feliz e realizado! O trono ateniense não lhe daria o prazer que sentia em seus últimos instantes! Melhor ainda, iria para junto de Hina, vivendo eternamente ao lado dela, em seu mundo celestial. Que seus antigos deuses e deusas o perdoassem, mas o seu Olimpo era aqui! Xena entendeu! Tomou as mãos geladas de seu paizinho nas suas e chorou livremente, enquanto fortes soluços sacudiam seu corpo. E então ele expirou e seu derradeiro olhar foi de gratidão, para a filha, para a esposa mortal e para alguns de seus amigos, entre atenienses e autóctones, chamados
    para vê-lo deixar o mundo carnal. O complexo cerimonial fúnebre durou vários dias! Neste meio tempo, o cadáver foi tratado com produtos naturais e poções para atrasar o processo de putrefação. E assim, em uma tarde radiosa, Miklos foi sepultado com todas as honras, de acordo com as crenças locais, pois mesmo os atenienses, acreditavam que a alma de Miklos não iria para o Hades Grego e sim, para os reinos celestes da nova pátria, para junto da divina esposa, Hina. Integralmente!


    Um mês depois, Xena se despediu de sua mãe carnal em um abraço longo e demorado! Abraçou e beijou carinhosamente, as pessoas da aldeia, onde nasceu e cresceu! Sem olhar para trás, com os verdes olhos marejados de lágrimas tomou o pequeno barco a vela, forjado com suas próprias mãos e lançou-se ao mar! Partiu em direção à Hélade distante, de seus antepassados!
    À frente ia a sombra triunfante de Ares, como um espectro assustador E ele gargalhava! Antevendo a carnificina que seria desencadeada em seu nome! Horror, materializado na forma de Xena, a Princesa Guerreira! O Flagelo de Nações! Matadora de deuses!

     

    FIM.

    EPÍLOGO:

        Passam-se os séculos e as lendas sobrevivem à passagem do tempo! A Grécia Mítica, onde Xena viveu sua fase adulta, não mais existe! A Hélade deu lugar a uma Grécia moderna! Aqueles tempos idos estão hoje retratados em livros sobre Mitologia Grega e em compêndios escolares! Os deuses e deusas olímpicos(as), não mais fazem parte do cotidiano e das crenças do povo grego, o qual professa, atualmente, a Religião Ortodoxa Cristã! Há ainda, um grupo reduzido de pessoas que crê no chamado Paganismo Helênico! Contudo, a Princesa Guerreira não é jamais citada nas referidas obras! Ela simplesmente desapareceu, como se nunca tivesse existido! Mesmo tendo ela marcado a sua época, tanto quanto o fez Héracles (Hércules), cujo nome sobreviveu à passagem dos éons, até os dias de hoje! Fala-se, à boca pequena, dos Pergaminhos de Xena! Um documento que caso seja real, terá o poder de trazer a Guerreira audaz, de volta à luz! Quem o pode saber? E aqui encerramos esta aventura, de sabor épico! Boa leitura!

    Xena, a Princesa Guerreira foi um seriado de televisão americano, produzido na Nova Zelândia, entre 1995 e 20011.

    Origens de Xena / Fan Fic.

    Por Luca Fiuza.

    Início: 08/09/5. / Término: 18/09/25.

    1 O programa foi criado em 1995 pelos diretores e produtores Robert Tapert e John Schulian, foi produzida pela Pacific Renaissance Pictures LTDA em parceria com a Universal Studios, foi distribuída pela MCA e internacionalmente pela MCA International.[1] A série é uma fantasia histórica que narra as aventuras de Xena, uma guerreira que tenta redimir-se de seu passado violento ajudando todas as pessoas, Xena é acompanhada por Gabrielle, cuja história é contada paralelamente durante o seriado.[2]

    Fonte de referências sobre a série: https://pt.wikipedia.org/wiki/Xena:_Warrior_Princess#:~:text=Xena:%20Warrior%20Princess%20(no%20Brasil,18%20de%20junho%20de%202001.

    1. Ainda não há capítulos publicados.
      Nota