Violência – Onde houver Xena, haverá violência. É apenas uma daquelas coisas. Mas este tipo não é muito gráfico, e evitamos menções de membros sendo cortados e usados como gravetos, ou qualquer descrição de glóbulos oculares sendo arrancados por um chakram errante, ou qualquer coisa assim.
Subtexto – Esta história, como foi a última, e a anterior, que fluiu como um monstro de sargaço do meu terminal, partindo da suposição de que se trata de duas mulheres que se amam muito. Mais uma vez, não há nada gráfico, mas o tema se envolve ao longo da história, e se você não aguenta, leia alguma outra boa peça de fan fiction. Farei minha declaração habitual – se o amor o ofende, envie-me um bilhete com seu endereço de correio tradicional e eu lhe enviarei uma torta de limão autêntica, encontrada apenas no extremo sul da Flórida. (ideal para verões quentes.) Porque eu realmente me sinto mal por você.
Há personagens nesta história que se originaram em uma pequena cantiga que escrevi chamada A Warrior by Any Other Name (Guerreira em sua essência). Não se sinta mal se não souber quem eles são. Não sinta que você precisa ler a história original para entendê-los – tentei dar muitas dicas.
Todo e qualquer comentário é sempre bem-vindo. Você pode enviá-los por e-mail para: [email protected]
Aviso: Sofrimento Emocional! — Você pode ocultar o conteúdo sensível marcado ou com a opção no menu de formatação . Se conteúdo alternativo for fornecido, será exibido em seu lugar.
Notas de advertência
A história menciona a morte de personagens, bem como momentos de violência e sofrimento emocional.
Laços – Parte 3 (I)
por Melissa GoodJessan se virou na cama, piscando para afastar o sono de seus olhos, e encarando o céu pré-amanhecer do lado de fora com uma falta de entusiasmo evidente. Droga. Suspirou para si mesmo. Preciso sair dessa fossa em que me meti. Queria saber o que está acontecendo comigo. Ele se ergueu de suas cobertas sedutoramente quentes e caminhou até o lavatório, respingando água fria em seu rosto e encharcando sua pelagem na tentativa de acordar. Não costumava precisar fazer isso. Ele passou os dedos pelo cabelo em sua cabeça e pescoço, e piscou para si mesmo no pequeno espelho ali.
E suspirou novamente, ao perceber o ar cansado em seus olhos dourados. Preciso de alguém para me dar um sacode. Refletiu, então um meio sorriso apareceu em seus lábios, e ele olhou em direção ao alojamento da curandeira. Ahh.. Acordada. Agora seus lábios se curvaram em um sorriso completo. Elaini foi bastante otimista quando checou sua paciente.. ele pausou, então riu baixinho. Pacientes, ontem à noite, estimando que de manhã ambas sairiam do sono de cura. Elas tinham saído, ele notou, e o que ele podia sentir de ambas indicava que as coisas estavam bem, muito bem, na verdade.
Bem, ele riu baixinho. Se você queria um desafio, você conseguiu um, seu gordo desajeitado. Mas ainda assim, sentiu um calafrio de excitação percorrer sua espinha. Algo sobre Xena simplesmente… talvez fosse o ar de perigo que geralmente a cercava. Ou a maneira como as coisas aconteciam ao redor dela que esticava os limites do possível. Ou talvez fosse aquele sorriso.
Ou sei lá. Ele ficou feliz por ter sido o escolhido para quebrar aquelas rochas – mas ela se manteve viva pelo poder de sua própria vontade, e aquelas rochas foram movidas no final pelo impulso dela. Nunca tinha visto uma força de vida tão forte antes. Era assustador. Ele refletiu, enquanto terminava de se lavar e voltava para seu quarto, onde vestiu um par de calças verde-escuro, fazendo uma careta com o ajuste apertado. Preciso fazer algo sobre isso também. Suspirou. Está ficando fora de controle. Talvez ele pudesse retomar suas corridas matinais.
Ele ouviu os sons fracos de movimento no restante do alojamento, e inclinou a cabeça. A mãe estava acordada, e.. Lestan também, e na sala de conferências. Pergunto-me o que está acontecendo tão cedo? Ele saiu de seu quarto e desceu o corredor, os ombros roçando as paredes de esteira tecida de ambos os lados.
Ele virou a esquina e espiou na sala de conferências, e parou – ao reconhecer com quem seu pai estava conversando.
Tio Warrin.
O alto e cicatrizado habitante da floresta estava afundado na cadeira no final da sala de conferências, e observava Lestan enquanto ele examinava um conjunto de pergaminhos.
– Ah. Jessan. – Lestan murmurou, olhando para cima. – Entre. – Ele acenou com a mão para Jessan se sentar em frente a ele.
– Bom dia. – Jessan murmurou, lendo a tensão na sala. – Tio Warrin. – Ele deu um aceno para o homem mais velho.
– Jess. – Warrin ronronou, apoiando a cabeça em uma das mãos, que estava apoiada na mesa. Seus olhos sombreados observavam seu sobrinho. – Ouvi dizer que você tem uma visitante.
Ele não pôde conter o sorriso rápido. – Sim. – Ele respondeu, quietamente.
Warrin assentiu. – Ouvi dizer que ela e a contadora de histórias… – Ele hesitou, como sempre fazia. Nesse assunto.
– Sim. – A voz de Jessan era muito gentil. Warrin era aquela coisa rara, um membro sobrevivente de um Elo de Vida quebrado. Sua parceira havia morrido durante um acidente de caça – uma chance improvável – mas havia o filho deles para criar. Dizia-se que era necessária uma razão convincente para que um parceiro sobrevivesse à passagem do outro. Isso foi… para Warrin, convincente o suficiente.
Mas isso não o tornava completo. Somente a morte faria isso, agora. E ele caminhava na escuridão, por todos os seus dias, como um infiltrador, um escoteiro e um assassino. Nem mesmo Lestan sabia quantas pessoas haviam caído pela lâmina de Warrin, e ele provavelmente não queria saber. Sussurrava-se sobre Warrin que ele gostava de matar… que usava a emoção feroz da caçada para substituir o fogo mais gentil de sua parceira perdida.
Seu filho, Alainis, primo de Jessan, era um rapaz tranquilo, que tinha um toque da natureza sombria de seu pai, mas tinha um humor gentil sobre ele que Warrin totalmente carecia. Alainis havia tentado, em várias ocasiões, romper com a reserva sombria de seu pai, mas sempre era afastado, gentilmente, mas ainda assim.
– Estranho. – Warrin disse, enquanto uma sombra passava por seus olhos. – Nunca ouvi falar disso em um humano.
– Nenhum de nós tinha. – Lestan disse, distraído. – Bem, estamos nessa. – Ele suspirou e empurrou os documentos para o seu filho. – As patrulhas de reconhecimento de Secan avançaram novamente em nosso território.
Jessan estudou os mapas, desenhados na mão cuidadosa e precisa de Warrin. Era o território deles, com a vila principal e os seis postos avançados espalhados ao seu redor. O rio marcava um limite, as montanhas outro e a crista costeira o terceiro. Warrin havia marcado os lugares onde havia avistado patrulhas de seus vizinhos ao norte avançando. Novamente.
Lestan suspirou. – Secan tem um verdadeiro problema com meu tratado com Hectator. Acha que sou um traidor para o nosso povo, sabia. – Ele se esticou e mostrou seus caninos em um bocejo amplo. – Terei que enviar patrulhas para observar suas patrulhas. Droga. Acabamos de resolver as coisas com os humanos, e agora temos problemas com nosso próprio povo. – Lestan fez uma careta e virou os olhos para o filho. – Nem uma palavra sobre isso para nossos convidados, aliás. Eles não precisam saber que predamos uns aos outros assim como eles fazem.
Jessan levantou os olhos do mapa e lhes deu um olhar estranho. – Espera aí. – Ele pôs o pergaminho de lado e gesticulou com as mãos. – Espere. Você tem… oh… apenas a senhora guerreira que conquistou metade da Grécia aqui, nesta vila, e você não quer pedir a ela ideias estratégicas?
– Jessan, você não entende. – Lestan rosnou, deixando um punho cair na mesa com um baque.
– Claro que entendo. – Seu filho respondeu, sem se intimidar. – Mas que parte de nossa natureza você acha que Xena não entende? – Esses olhos, pai, viram mais morte, mais escuridão e mais mal do que você e eu juntos veremos em todas as nossas vidas. E ainda assim ela sorri. E estende a mão para ajudar aqueles que precisam. – Ela olhou para mim e viu um homem, pai, e nunca fui outra coisa em seus olhos.
– Você é um tolo, garoto –, suspirou Warrin. – Você não pode confiar nos humanos. Eu te digo isso, de todos os anos que passei observando-os. Rastreando-os. Matando-os. Honra não é geralmente o forte deles. Eles não têm graça na batalha, nenhum orgulho na justiça, nenhum prazer no exercício de sua arte da guerra.
Lestan hesitou, então colocou uma mão no braço de Warrin. – Você sabe que não sou amigo da humanidade, Warrin, mas nem todos são assim. Hectator é um homem honrado. – Ele olhou para Jessan, cujos olhos estavam brilhando com lampejos de raiva, e cujo corpo estava tenso com isso. – E… meu filho está certo sobre uma coisa. Xena nos conhece, conhece nossos corações. Ela também é uma pessoa honrada.
Warrin balançou sua cabeça pesada. – Tolos. – Ele deu de ombros. – Diga a quem você quiser. – Ele continuou, então levantou-se, esticando seu corpo sinuoso. – Estarei fora depois do anoitecer hoje.
E ele se foi, desaparecendo pela porta na crescente luz da aurora.
Lestan e Jessan se olharam. Lestan deu de ombros. – Ele os odeia, Jess.. eles tiraram oElo de Vida dele.. mesmo que tenha sido um acidente, ele nunca perdoou. Nunca esqueceu. – Lestan olhou para fora da porta entreaberta. – Eu me lembro dele antes.. ele era luz, e risos, e uma natureza gentil. Agora…
Seu filho se levantou e contornou a mesa, parando em frente à janela e olhando para fora. – É terrível, o rompimento.
– Sim. – Lestan sussurrou, então virou-se, quando Wennid entrou e colocou um prato na frente dele. – Então, como estão nossos hóspedes nesta manhã tão cedo?
– Bem –, Jessan respondeu, distraído, então virou-se e cumprimentou sua mãe com um abraço. – Bom dia, mãe. – Ele sentou-se novamente e apoiou os antebraços na mesa. – Elaini estava certa, acho.
Wennid caminhou até ele e afastou a pelagem de sua testa. – Elas estão bem, então?
Jessan voltou sua Visão para o leito da curandeira.
E ficou vermelho, mais vermelho do que as rosas cultivadas por sua mãe em seu pequeno jardim. – Uh. Bem –, ele engasgou. – Muito bem. Sim. Uh.. elas estão ótimas.
Lestan e Wennid trocaram olhares confusos, então irromperam em risos. – Oh… – Lestan rugiu e tombou de volta da cadeira, batendo no chão sem uma pausa em sua risada. – Melhor ter cuidado com o que está Vendo agora, Jess.
Até Wennid estava rindo, apontando para o rosto ainda vermelho de seu filho. – Oh querido. Nunca vi essa cor antes.
– Pare. – Jessan murmurou, cobrindo o rosto. Ele tinha esquecido… um pecado capital em um povo tão sensível quanto o seu, que em certos momentos do dia, amanhecer, crepúsculo, nascer da lua… era melhor manter sua Visão para si mesmo. Ou corria o risco de passar vergonha. – Vamos lá.. parem.
Wennid beijou sua cabeça carinhosamente. – Está tudo bem, querido. Todos nós já fizemos isso em alguma ocasião. – Ela deu um tapinha em seu ombro. – Deixe-me te arrumar o café da manhã.
– Uh.. – Jessan disse, levantando-se. – Não…não… acho… tenho algo a fazer. Tchau. – Talvez uma corrida. Sim. Sua mente levantou uma sobrancelha divertida para ele. Tentar um mergulho no lago, melhor. Ares… Não consigo acreditar que fiz isso. Ele balançou a cabeça e começou a trotar, seguindo além dos limites da vila.
Mas o gosto ainda estava com ele. Tinha sido um toque muito breve… mas a textura dourada do que ele havia Visto tinha sido tão poderosa que tinha dominado seus sentidos por um instante intemporal, e o fez entender, pela primeira vez, o que seu pai e mãe sabiam. E o que Warrin havia perdido.
Warrin atravessou silenciosamente o pátio ainda tranquilo e seguiu pelo caminho coberto de folhas que levava até sua cabana pouco usada. Entrou pela porta, fechando-a atrás de si, e deu uma olhada ao redor com curiosidade ociosa. Nunca mudava. A cabana redonda tinha paredes de esteira entrelaçada e um chão de madeira, um pequeno cômodo com água pronta para o banho, uma mesa, uma cadeira e, no cômodo seguinte, sua cama. Sem itens pessoais, sem adornos nas paredes… era um espaço muito impessoal.
E eu gosto assim. Ele pensou consigo mesmo. Sem vínculos. Sem apego emocional. Ao longo dos anos, aprendera a cortar essa parte de si mesmo, a evitar desencadear suas memórias do que era antes. Ele existia em um estado constante de presente… indo de situação a situação, batalha a batalha, mantendo-se quase obsessivamente ocupado. Qualquer coisa para evitar pensar. Ou lembrar.
Como agora. Ele se sentou silenciosamente, olhando pela janela clareada para o amanhecer, e simplesmente foi… lugar nenhum por um tempo, deixando a beleza do dia fluir através dele. Então lembrou por que estava chateado, e a paz se desfez.
Humanos. Conhecendo esse dom.
Ele não tinha nada contra eles pessoalmente, raciocinou consigo mesmo. Havia conhecido a contadora de histórias por apenas alguns segundos, em Cirron, e não havia conhecido Xena de forma alguma. Mas ele sentia como Wennid – isso deveria ser reservado apenas para sua espécie – ter humanos sabendo disso degradava o dom. Degradava suas memórias.
Por um longo momento doloroso, permitiu-se lembrar como era, sofrendo o vazio que se seguiu sem reclamar. Mesmo depois de todo esse tempo, sentia falta disso, e passar tempo perto de sua própria espécie só piorava as coisas, especialmente sua irmã, o que os machucava ambos.
Mas… ele refletiu, recostando-se e observando o nascer do sol. Eles não podem estar certos. Humanos não podem saber disso, não podem sentir isso. Eles são Cegos, e sempre foram. Então… ou Lestan está enganado, ou essas duas estão mentindo, ou talvez elas simplesmente não saibam o que está acontecendo. Acho que é melhor eu ir checar.
Ele se levantou e se esticou, dando uma sacudida para ajeitar sua pelagem, depois saiu para o alpendre e para a luz do sol que agora jorrava através do alto dossel de folhas.
“Isso realmente aliviou as tensões”, comentou Gabrielle, com um sorriso astuto, enquanto se deitava de costas e esticava o corpo ao longo do comprimento do colchão.
Xena apenas riu e ofereceu-lhe uma fatia de maçã, que ela pegou e mastigou pensativamente. Elas haviam terminado uma grande parte do pão dos viajantes e um par de fatias de queijo entre elas, com Gabrielle observando atentamente para garantir que Xena não lhe desse a maior parte dos alimentos, como era seu hábito.
– Ei, você também ganha um pouco disso –, ela rosnou, cutucando a guerreira no braço.
– Eu estou –, Xena protestou, segurando uma fatia em autodefesa e colocando-a na boca.
– Grr. – Ares enfiou o nariz sob seu cotovelo e cheirou a maçã. Ele piscou para eles, então suspirou. – Roo?
Gabrielle riu. – Não.. não tem maçãs para você, porquinho. Eu vi sua mamãe te dar aquele pedaço grande de pão e queijo. – Ela lançou a Xena um olhar falso de reprovação. – Quando ela achou que eu não estava olhando.
Xena levantou uma sobrancelha para ela e pegou outra fatia de maçã, cortando-a ao meio e estendendo-a. – Relaxe. Eu já comi bastante… mais do que deveria, na verdade, já que eu não tinha comido nada por dois dias –, seu olhar suavizou. – Mas obrigada.. por cuidar de mim.
Gabrielle sorriu. – Se eu não fizer, quem fará? – Ela se levantou da cama e cruzou até suas mochilas, tirando uma toalha da dela. – O banheiro aqui tem um reservatório bem legal, aquecido pelo sol, e então você deixa a água escorrer sobre você. Vou experimentar.
– Eu vou com você –, Xena respondeu, balançando as pernas para fora do colchão e para o chão um pouco rigidamente.
A barda ficou na frente dela e levantou uma mão cautelosa. – Tem certeza? Você sabe, não tem nada que diga que você precisa sair da cama assim tão rápido. – Como se isso fosse impedi-la. Certo. Bem, eu tenho que tentar. – Ficarei feliz em te dar um banho. – Isso com um brilho muito malicioso.
Uma sobrancelha erguida de Xena, que apenas balançou a cabeça e sorriu. – Você poderia relaxar um pouco? Gabrielle, eu realmente estou bem, OK? – E para provar, ela se levantou suavemente, sentindo uma boa dose de dores latejantes, mas nada com que não tivesse lidado mil vezes antes. – Vamos? – Um riso. – E além disso, ainda tenho poeira de granito grudada em mim. Então, venha.
Ela viu o olhar nos olhos de Gabrielle e suavizou sua voz. – Venha cá. – Estendendo um braço em direção à barda e deixando-o descansar nos ombros de Gabrielle quando ela se aproximou. – Estou um pouco tonta depois de tanto tempo deitada…–, ela admitiu. – Vou precisar de apoio. – Às vezes, às vezes, Xena, você precisa diminuir um pouco a atitude autossuficiente. Ela precisa disso.
– Claro. – A barda sorriu, envolvendo firmemente um braço em torno da cintura de sua parceira. – Posso fazer isso.
Elas caminharam lentamente até o banheiro, e Xena rapidamente deu sua aprovação ao sistema de água, enquanto estavam embaixo do reservatório.
– Gosto disso. – A guerreira riu, deixando a água morna lavar seu corpo. Ela pegou um pedaço de seu sabão, mas Gabrielle a interrompeu e o tirou dos dedos dela com um sorriso.
– Ei… você não deveria se esforçar tanto. Aqui. – E ela começou a trabalhar, esfregando suavemente, depois se aproximando para conseguir passar os braços ao redor de Xena. E se viu presa em um par de braços acolhedores. Ela olhou para cima e viu o sorriso. – O que foi?
– É quase como se estivesse chovendo. – Xena provocou, puxando-a para perto.
– Mmm… é. – Gabrielle concordou, circulando os braços em volta do pescoço da guerreira e puxando levemente. – Deixe-me ter certeza de que me lembro de como isso foi. – Os lábios de Xena tocaram os dela, e ela foi transportada, por um breve momento desorientador, de volta à Vila dos Centauros.
– Água mais quente. – Ela murmurou, enquanto paravam.
– Sem centauros. – Xena respondeu, dando-lhe uma mordida brincalhona na orelha.
Gabrielle riu. – Ainda está com fome?
Recebeu uma risada baixa e profunda em retorno. – Não me faça começar.
Gabrielle deixou os olhos percorrerem o corpo de sua parceira e suspirou. – Acho que é melhor sairmos e sermos sociais, né? – Ela encostou a cabeça no ombro de Xena por um longo momento, depois olhou para cima. – Acho que sou viciada em você. – Como se isso fosse uma nova descoberta para ela. – Você sabia disso?
– Sim. – Xena disse, suas mãos começando uma massagem lenta nos músculos das costas de Gabrielle. – Você sabia que é mútuo?
– Unngh. – A barda fechou os olhos e ficou mole. – Graças aos deuses que é. – Ela bocejou. – Eu poderia fazer isso para sempre. – murmurou felizmente. E ouviu, sob sua orelha, o coração de Xena parar por apenas um segundo, depois recomeçar a bater mais rápido. Ela levantou a cabeça e procurou o rosto tranquilo acima dela. – O que há de errado?
Eu não deveria dizer nada. Certo? Foi uma manhã realmente boa, estou me sentindo muito melhor, e está um belo dia lá fora.. não estrague isso. Xena pensou silenciosamente. Então ela olhou nos olhos de Gabrielle e de alguma forma se perdeu ali. – Apenas pensando. – Ela finalmente disse. – Vamos lá… – Pegando as toalhas delas, ela jogou uma sobre os ombros de Gabrielle e começou a se secar.
Gabrielle hesitou, estudando-a. Vamos lá, Gabrielle – recue por um tempo. Ela passou por Hades nos últimos dias.. dê a ela um pouco de espaço. – OK – já está na hora de todo mundo começar a acordar de qualquer maneira. – Ela conseguiu sorrir e bateu levemente com a toalha.
– Ei! – Xena falou, e a puxou de volta, fazendo a barda gritar e atrair a atenção de Ares. O filhote se aproximou delas e pegou a ponta da toalha de Gabrielle enquanto ela se preparava para retaliar.
– Não vale! – A barda protestou, puxando o tecido. – Ele está do seu lado! – Ela lançou um olhar falso de reprovação para Xena. – E você já tem bastante vantagem.
– Grrr. – Ares puxou com entusiasmo, sacudindo a cabeça para frente e para trás e cavando as patas.
Xena riu. – Bom garoto, Ares. – Ela incentivou o filhote, que olhou para ela de canto de olho e abanou o rabo. A guerreira enrolou a toalha ao redor do corpo e prendeu as pontas, e passou pela barda, inclinando-se e dando-lhe uma mordida leve no pescoço.
– Ui! – Gabrielle gritou e largou a toalha, fazendo com que Ares tombasse para trás e se enrolasse no tecido solto de repente. Ela virou-se e lançou um olhar de raiva para Xena. – Eu vou te pegar por isso.
Ela apontou para a bola de linho que era o filhote no chão. Ares tinha um pedaço do pano enrolado em volta da cabeça e mastigava contente na ponta dele. – Olha só! – Ela pôs as mãos nos quadris e fez uma careta.
Xena atravessou de volta e removeu sua toalha, colocando-a nos ombros de Gabrielle e usando as pontas para secar gentilmente o rosto dela. – Pronto. – Ela disse, alisando os cabelos úmidos da barda dos olhos. – Tudo bem?
Gabrielle sentiu sua irritação se dissolver e um sorriso surgir nos lábios. Ela levantou uma mão e tocou levemente a contusão ainda vívida que cobria o abdômen de sua parceira. – Parece que ainda está doendo. – Os olhos foram para Xena, para avaliar a reação, e viu relutância ali. – Imaginei – Ela ergueu uma sobrancelha severa. – Quero que você me prometa que vai pegar leve até que isso sare.
– Não é.. – Xena hesitou. Doeria prometer? Não havia nenhuma lei que dissesse que eu tenho que passar dias com dor para superar isso, não é? Além da minha própria lei, é claro. Além disso… Ela suspirou interiormente. Acho que preciso de um tempo para considerar… se quero continuar fazendo isso. – Tudo bem. Eu prometo. – Ela disse finalmente, quietamente.
Isso foi fácil demais. Os sinos de alarme de Gabrielle começaram a tocar, mas ela os calou e sorriu para Xena. – De qualquer forma, se você começar devagar, pode incentivar Jessan a fazer o mesmo. Ele está… hum…
A sobrancelha de Xena se arqueou, e ela retomou o sorriso. – Eu percebi.
A barda colocou a mão sobre a barriga de Xena. – Não provoque ele. – Ela lançou um olhar conhecedor para a parceira. – Ele prometeu que não iria te provocar sobre nós.
A guerreira riu. – Trato. – ela respondeu, dirigindo-se para a área principal do alojamento da curandeira e pegando uma túnica nova. – Na verdade, vou relaxar lá no alpendre e refazer aquelas armaduras. – Ela fechou a túnica, ajustando as dobras do tecido ao redor de seu corpo longo. – Isso vai satisfazer você, minha barda? – E talvez pegar minhas ferramentas de armadura e tentar endireitar aquela armadura… deve estar toda amassada. Ela suspirou…
– Parece uma boa ideia. – Gabrielle concordou, deslizando em uma saia e uma blusa sobressalente. – Tenho que lavar essas… – Ela indicou seu conjunto habitual, e a sobrancelha de Xena se ergueu ao reconhecer as manchas.
– Sangue? – Ela questionou, aproximando-se.
– Hemorragia nasal. – A barda deu de ombros. – Bati o rosto no pescoço de Argo.
– Fazendo…? – Veio a pergunta dita suavemente, enquanto Xena segurava gentilmente sua mandíbula e inclinava seu rosto para a luz, estudando-a atentamente.
Oh Deuses… esqueci que ainda não contei a ela sobre nada disso… – Hmm… bem, havia esses saqueadores.
Ambas as sobrancelhas se ergueram. – Saqueadores?
– No desfiladeiro do vale, sim… e eu… bom, na verdade, foi a Argo que fez tudo, eu apenas me segurei, sabe, e então, quando ela pousou, bati a cabeça.
Xena mordeu o lábio para evitar sorrir. – Você pulou da Argo. Sobre caras com espadas? –
– É. – Um longo silêncio, enquanto se encaravam.
A guerreira suspirou. – Você poderia ter sido…… Ferida. Morta. Droga.
– Se eu tivesse deixado eles me pararem, é o que eu teria querido que acontecesse. – Gabrielle disse abruptamente.
Um longo e intenso olhar daqueles olhos azuis. – Você não quis dizer isso. – Mas acho que ela quer.
Os olhos de Gabrielle brilharam de raiva. – Não me trate como uma criança. – Ela disse, devolvendo aquele olhar intenso. – Sim, eu quis dizer isso. – ela respirou fundo e soltou. “Eu quero dizer exatamente isso.
Emoções contidas por dias agora estavam borbulhando à superfície, e ela sabia que não seria capaz de contê-las. – Eu sei como é quando você morre, Xena. – Ela pausou. – Eu não posso passar por isso de novo. Eu não posso. – Sua voz quebrou. – Eu não posso. – ela repetiu suavemente, ciente da forma tensa e imóvel de Xena, uma mão ainda segurando sua mandíbula. – Eu não quero estar aqui sem você. – Isso, em um sussurro, enquanto a mão de Xena deixava seu rosto e deslizava ao redor de seu corpo, e a puxava firmemente para perto.
– Gabrielle. – Apenas o nome dela, mas cantou com uma tristeza dolorosa que circulou seu coração e o segurou firmemente.
– Doía tanto. – Em um sussurro rouco. – Estava me dilacerando. – Gabrielle se permitiu afundar no calor e amor que se tornaram uma parte essencial de sua vida, e flutuou em um nevoeiro de luz solar tingida de verde, e o cheiro do sabonete delas, e a fragrância quente e seca da túnica de linho de Xena, suave contra sua bochecha. E disse a verdade pungente em seu coração. – Eu não posso viver sem isso mais, Xena. – E contra seu ouvido, ela sentiu a forte batida do coração de Xena, muito mais rápido do que o normal.
Xena olhava sem ver sobre o ombro de Gabrielle. Eu não posso fazer isso com ela. Eu simplesmente… não posso. Eu fecho os olhos, e ouço aquele maldito som que saiu dela quando ela pensou que eu estava… E eu lembro o que senti nela depois que morri. Como aquilo estava vazio. Não mais. Eu preciso parar essa tentativa inútil e perigosa de me redimir, e apenas… mantê-la segura. Isso significa me manter segura.
– Então temos que garantir que você nunca tenha que… – Veio a resposta inesperada, e quando a barda olhou para cima, viu um olhar inesperadamente perdido nos olhos de sua parceira.
– O que você quer dizer com isso? – Ela perguntou, suavemente, tentando estudar os olhos azuis pálidos que, de repente, não a encaravam. – Xena? – Sem resposta. Deuses… o que está acontecendo lá dentro?
Finalmente, a guerreira deu um suspiro bem profundo, e o soltou, e encontrou o olhar de Gabrielle com intensidade silenciosa. – Significa que vou ter que encontrar uma maneira de manter nós duas seguras, certo?
Gabrielle olhou para ela, os sinos de alerta soando novamente. – Mmm… certo. Mas você não costuma fazer isso?
Os lábios de Xena se contraíram com um leve sorriso arrependido. – Não… eu encontro uma maneira de manter você segura. Nunca pensei muito em mim mesma. – Ela fez uma pausa. Eu realmente não posso – fazer ou não fazer algumas das coisas que geralmente faço.
– Mas… – a barda começou, confusa. – Eu não…
Xena lhe deu um sorriso e um aperto. – Não se preocupe com isso por enquanto, Gabrielle. Apenas algo em que pensar. – Ela esfregou as costas da barda rapidamente. – Vamos…
Gabrielle a segurou à distância de um braço. – Fale comigo. – Olhos verdes tão diretos e claros quanto a luz do sol em um lago calmo. – O que está acontecendo com você? – O que está acontecendo que faz seu coração bater tão rápido, tão forte? O que está fazendo você estremecer, você que não teme nada, nem ninguém, e que encara a morte com regularidade?
Xena hesitou, dividida entre abrir seu coração e saber que Gabrielle não estava preparada para ouvir isso agora. Que ela ainda não estava pronta para dizer isso. E sabia de uma coisa que distrairia temporariamente sua parceira. Ela fechou os olhos e balançou um pouco, agarrando o ombro da barda para se apoiar.
Instantaneamente, Gabrielle se aproximou e passou um braço preocupado ao redor dela. – Ei..
– Desculpe… – a guerreira suspirou. – Um pouco de luz depois de todo aquele descanso forçado. – Ela deu a Gabrielle um sorriso hesitante e colocou um braço sobre seus ombros. – É bom saber que você está aqui.
Um sorriso da barda. – Sempre. – Ela prometeu, com um aperto. – Você quer se deitar?
Xena respirou fundo e balançou a cabeça. – Não… não… eu realmente gostaria de sair. É… – Ela olhou ao redor. – Eu simplesmente gostaria disso.
Gabrielle entendeu. – Claro.
Xena parou e pegou suas roupas de couro surradas e seu kit de conserto, e elas saíram para a luz da manhã, observando o sol rastejar pela vila como um caçador silencioso, queimando a névoa cinza-clara e despertando as cores dos azuis fracos. e verdes para uma vida vibrante.
Do outro lado da área central, eles podiam ver os movimentos matinais da sentinela, caminhando pela grama com passos soltos, e ouvir os relinchos vindos do pátio do estábulo. As orelhas de Xena se ergueram e ela emitiu um sinal baixo e vibrante. Foi recompensado por um relincho familiar que trouxe sorrisos aos rostos de ambos – Tenho que ir visitar Argo. – Xena comentou.
– Sente-se um pouco, primeiro. – Gabrielle persuadiu, levantando uma sobrancelha em resposta, mas observando com contentamento como sua parceira fez o que lhe foi solicitado, e recostou-se na cadeira de madeira talhada, jogando uma perna casualmente sobre o braço e relaxando. – Isso é melhor. – E deu a Xena um sorriso tranquilo.
– Sim mãe – a guerreira brincou, – mas me faz um favor e vai dar uma olhadinha nela, tá?
Gabrielle assentiu – Claro… volto logo. – E ela foi em direção aos estábulos.
Xena a observava até que ela desapareceu para dentro do prédio e então suspirou.
Mas algo estava errado, seus sentidos periféricos lhe diziam que ela estava sendo observada.
Warrin estava nas sombras cinzentas, seu corpo escuro e peludo se mesclando ao tronco da árvore em que ele estava recostado. Seus olhos percorreram todo a cabana da curandeira e ele notou um pássaro fazendo um ninho no telhado do quarto em que ficava a cama da curandeira. A fogueira matinal tinha muita lenha verde que emanava um perfumado aroma pelo ambiente. O chão sob seus pés descalços estava úmido por causa do orvalho, que também brilhava na grama e caía suavemente nas folhas que cercavam seu rosto.
Curiosamente, ele lambeu uma das folhas, e provou o sabor picante da folha, áspero contra sua língua, e o sabor levemente doce do orvalho. Então seus olhos voltaram para a cabana da curandeira, analisando cada movimento da porta.
Ah. – seus olhos absorveram a visão das duas humanas conforme elas caminhavam para a varanda em direção à luz do sol. A menor lhe era familiar, ele lembrou dela sobre o assassino no frio chão de pedra, seus olhos verdes eram incomumente penetrantes para alguém de sua espécie. Uma barda, ela era uma barda, ele se lembrava, mas carregava um cajado como se soubesse como usá-lo.
E seu corpo também dava essa impressão, sendo magro, mas musculoso, e quando ela se movia, dava pra ver a calma autoconfiança de alguém que sabia lidar consigo mesma.
Então aqui estava a barda, novamente, olhando a grama, a brisa fria da manhã soprando seus cabelos para trás de seus ombros, então seu olhar se moveu para a companheira dela.
Então essa era Xena. Warrin considerou, estudando-a intensamente. Alta, para uma fêmea humana, e bem constituída com longos braços e pernas e um jeito de se movimentar, mesmo machucada, que lhe dizia algo… Seus lábios curvados levemente. Oh sim. Ela era uma das filhas de Ares, sem dúvida.
Ele ouviu um baixo assovio e a resposta subsequente de sua égua, e a quieta conversa entre elas, conforme a barda procurava um assento para ela e então seguia para o estábulo.
Quero olhar mais de perto essa humana. Ele decidiu. Quero ver se ela realmente dá vida às histórias que eu ouvi… as lendas que contavam e, que imagino que sejam impossíveis.
Então ele se esgueirou para atrás da árvore e se movimentou silenciosamente em direção a cabana, chegando perto dela e conseguindo um bom lugar para observar sem ser observado, se pressionando contra um largo carvalho em frente à construção e sendo bem silencioso.