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Warning Notes

Esta é a estória de Xena, a Conquistadora e Imperatriz do Mundo! Seu império superou o de Roma ou até mesmo o Mongol. Essa mulher, quando jovem, defendeu sua terra natal contra invasores. Perdeu o seu irmão nesse processo e foi julgada culpada por sua mãe, que a expulsou de casa. Movida pelo instinto de batalha, Xena torna-se a Destruidora de Nações, a Conquistadora da Grécia e a Imperatriz do Mundo Conhecido. Xena é uma personagem que surgiu na série de Tv Hércules, por alguns episódios, mas que cativou uma série de fãs e ganhou uma série própria de televisão. Suas estórias estimularam a criação de uma imensidão de fics na internet. Esta é minha versão alternativa da sua estória, imaginando como seria a vida de Xena sem a existência de Hércules. Com alguns personagens e lugares de minha autoria, espero que com esta fic eu possa divertir vários fãs, que assim como eu, sempre imaginaram diferentes alternativas para a estória principal. Xena, Gabrielle e outras personagens da série: Xena a Princesa Guerreira pertencem a seus criadores, que são detentores de direitos autorais. Esta é uma obra de ficção, sem fins lucrativos, apenas para divertimento e contém: sexo consensual e não consensual (entre pessoas do mesmo sexo e de sexos diferentes), violência, tortura e escravidão. A leitura desta estória por pessoas com sensibilidade aos temas mencionados e menores de 18 anos, não é aconselhada.

Agradecimentos à Jéssica Karoline da Rocha, minha leitora beta, que com muita paciência e dedicação apoiou e ajudou neste trabalho e Diovanne Ouriques pelo design editorial na edição em pdf.

A Nação e o Império

A Nação Amazona

Na tribo, diariamente após o jantar a Rainha lança a bênção de Artemis sobre todos os presentes e então é tempo das bardas contarem as histórias onde são transmitidas a herança do povo em suas leis, costumes e tradições. No festival da lua cheia acontecem apresentações de teatro, dança e música. As uniões são celebradas e a entrada de novas amazonas é realizada. Esta era uma das ocasiões. Sibila, abraçando suas filhas, estava ouvindo atentamente as palavras da Rainha:
– Agora que está acolhida na tribo, ficará na casa comunal e desempenhará as atividades em todas as Elídias. Poderá sair da tribo quando desejar, mas passadas duas estações, deverá decidir se quer se tornar uma amazona ou sair da tribo, caso em que receberá cento e cinquenta dracmas e uma escolta até a fronteira que escolher. Cuidará das suas crianças e também das órfãs que não forem adotadas, enquanto as adotadas irão morar com sua nova família. A tribo tem sua divisão de tarefas estabelecida em cinco grandes clãs: produção, defesa, manufatura, cultura e clã das almas. Cada um deles separados em Elídias. O clã de produção é ligado aos alimentos, o clã de defesa, ligado à proteção, clã da cultura lida com o ensino, leis, história, dança, música, teatro e o clã da alma afeito à medicina e religiosidade. Escolhe com sabedoria onde irá fincar tuas raízes, ponderando que a educação de uma criança amazona é responsabilidade de toda a tribo e não apenas de sua família.
– Sim majestade.
– Cuida que até os sete verões as crianças recebam uma educação baseada em brincadeiras; a partir dos sete verões realizam pequenas tarefas. Aos nove anos começa a inserção nas Elídias, aos dez, a amazona escolhe sua arma de preferência com a qual treinará diariamente uma marca de vela após o nascer do sol e aos doze verões é inserida em toda a Elídia de defesa pela manhã. O arvorismo já é utilizado com treinamento de vigília e o rastreamento da caça como habilidade de aproximação silenciosa para ataques. Finalmente aos treze será encaminhada para dois clãs de sua escolha e atuará neles até a fase adulta, quando aos dezoito verões escolherá a Elídia em que prestará serviço à comunidade. Toda amazona é hábil no manejo de ao menos uma arma, com a qual treina diariamente por uma marca de vela ao nascer do sol e atuará pelo menos em dois clãs diferentes a vida toda. Você compreende isso?
– Sim, majestade.
– As inseridas no clã de defesa estão em serviço permanente, afeitas ao regulamento militar e exigências próprias do exército regular, podendo constituir família apenas com permissão especial. Neste clã existem dois grupos especiais por suas especificidades: a guarda real e as escoteiras. São a elite do exército, sendo as escoteiras voltadas para a vigilância e rastreamento, e a guarda real à proteção dos membros da família real. O treinamento de ambos os grupos é específico e sua dedicação é ininterrupta, no entanto toda amazona, mesmo um membro da Casa Real está obrigada ao dever de vigília que é feito sempre em duplas em cada posto, sob ordens da Comandante escoteira, pois é para a proteção da tribo e nosso modo de vida. Você é bem-vinda Sibila.
– Obrigada majestade.
– Toquem e festejem, pois uma nova filha de Artemis está entre nós!

Assim era realizado o ingresso de um novo membro na tribo e Melosa cuidava para que todas soubessem claramente o que era esperado delas e como cada amazona tinha sua força na unidade do grupo.

A casa real

A Casa Real amazona é constituída por mulheres que têm como missão representar Artemis e conduzir a Nação à prosperidade. A Rainha age no melhor interesse de seu povo, devendo sempre colocar as necessidades deste em primeiro lugar.

Um membro da Casa Real passa pelas mesmas etapas que as demais, porém seus erros são avaliados com maior severidade e a sua condição real é uma agravante no julgamento.

A posição de uma aprendiza depende única e exclusivamente do administrador ou comandante da Elídia em que atuará e sendo ela um membro da Casa Real, irá atuar desde as funções mais humildes das Elídias, devendo respeito e obediência aos orientadores como qualquer de suas irmãs. Sua educação se diferenciará aos treze anos, pois não haverá escolhas, indo obrigatoriamente para o clã de defesa e das almas, pois considerando a rainha ser a líder da Nação em todas as dimensões, deverá ser treinada nas habilidades específicas destas Elídias. O estudo de línguas e leis a acompanhará toda a vida.

Na Nação Amazona não há diferenças entre filhas da carne ou adotadas, seja na criação, herança ou direito de sucessão, cabendo à mãe ou mães a designação daquela que será cabeça da família em sua ausência. Assim é também na família real, cabendo à Rainha designar quem reinará depois dela. A casta é a posição dentro da sociedade e o Direito de Casta, desde que livremente doado e recebido, transmite todos os direitos, deveres, posição e privilégios de uma amazona devendo tal doação ser feita por escrito ou em caso extremo com o uso de testemunhas.

Zorah é um instrumento legal pelo qual todo poder é concedido ao membro da Casa Real que o invoca. Qualquer membro da Casa Real poderá invocar Zorah, que é indicativo de obediência absoluta à sua decisão, contra qual não haverá argumento, respondendo apenas à Rainha por tal ato. Nem o Conselho terá voz quando Zorah for invocada. Além da rainha, somente o comandante da guarda real poderá contrariar tal instrumento legal, fazendo-o por sua conta e risco, caso em que responderá com sua vida se a Rainha não encontrar mérito em sua intervenção.

Toda amazona deverá honrar a lei e é a rainha que emite a lei. Sua palavra é definitiva. O conselho é um órgão consultivo da realeza, mas sempre a decisão final será daquela que representa Artemis.

As amazonas da Trácia eram governadas por uma rainha forte, sábia, justa e Melosa estava passando de meia centena de verões. Ainda tinha força de espírito, técnicas de combate e estratégia insuperáveis.

Por duas vezes foi desafiada pelo trono por amazonas que acreditavam saber melhor os caminhos para a prosperidade da Nação. Aconselhar e abertamente propor não foram suficientes, elas queriam o trono e somente através do desafio obteriam seu objetivo de governar a Nação.

Apenas no Festival de Artemis tal desafio não era restrito aos membros da Casa Real – sem ser considerado traição – e é sabido que amazonas não aceitam golpes de estado ou traição, pois a fidelidade à Casa Real é um dos pilares de seu modo de vida.

O desafio é uma luta até a morte ou em posição de tirar a vida do oponente numa derrota clara e inequívoca, cabendo à vencedora a vida da perdedora que fará dela o que desejar e quando quiser, sendo sua decisão acatada por todos como justa. O trono pertence àquela que representa Artemis, assim, somente com as bênçãos de Artemis alguém derrotaria a rainha em desafio.

Melosa venceu limpamente ambos os desafios, emitidos no curto espaço de duas estações, após ter realizado o tratado com a Conquistadora. Como não gosta da ideia de matar uma irmã com quem convive, normalmente escolhe chobos como arma e enquanto derrota sua oponente, vai lhe dando uma lição a cada golpe bem colocado.

Não se desafia a rainha impunemente.

Alhana e Cleo tiveram esta experiência e as consequências de terem desafiado Melosa ainda hoje se fazem sentir, pois foram banidas das atividades comunais, devendo se apresentar na cabana da rainha todas as noites na lua alta.

Quando se recuperaram dos golpes passaram a realizar seus treinos em separado sob supervisão de uma monitora e a atuar como cuidadoras dos cavalos, transferindo sua residência para junto dos armazéns da selaria e correaria, onde deveriam fazer suas refeições, banhar-se e ali serem atendidas pela sanadora caso necessário.

Estavam proibidas de emitirem qualquer parecer quando não consultadas diretamente, reportando-se à administradora da criação sobre as necessidades dos animais.

O que acontecia na cabana real não era jamais mencionado.

Uma trial é pra toda vida

Na aldeia havia um número variado de Triais, nas mais diferentes Elídias, mas em raras ocasiões a Trial se formou antes das Elídias serem definidas.

Na tribo de Melosa havia uma Trial formada por quatro meninas inseparáveis, com caminhos indefinidos, mas uma ligação que ultrapassava as convenções.

Buscando orientação no Templo de Artemis a jovem Rainha Melosa tomou a decisão de permitir a formação da Trial fora das Elídias, pois estas quatro meninas se completavam e mais que tudo a Trial é um ser vivo e completo. Ainda agora, em Elídias separadas e funções independentes na Nação, a Trial se mantém com Ephiny desde sempre sua comandante.

EPHINY

Ephiny é dona de uma força de vontade e lealdades extraordinárias. Dois verões mais velha que a princesa Terreis, com cabelos encaracolados castanhos como seus olhos, de olhar profundo, possui inteligência e percepção acima do comum.

Capitã da guarda real como sua mãe antes dela, é extremamente dedicada aos seus afazeres, podendo ser encontrada na alvorada fazendo seus exercícios individuais que juntamente com as atividades diárias da guarda, inspeções ao pôr do sol e treinos noturnos de ataque, vigilância e captura mantém seu corpo e mente preparados.

Sua técnica em arvorismo somente é superada pela comandante das Escoteiras e na luta corporal apenas a Rainha e a mestra de armas possuem mão superior.

Ephiny apresenta grande resistência e agilidade, sendo praticamente imbatível sobre um cavalo. Muito cedo demonstrou ser uma especialista na espada curta e estratégias de combates. Embora domine o arco, tem o bastão como arma de escolha desde a infância.

É possuidora de amplo discernimento e profundo sentido de antecipação do perigo, com natural diplomacia, preferindo evitar confrontos embora não fuja da luta quando esta é inevitável.

Inserida no clã de defesa, atua duas marcas de vela por dia junto ao clã da cultura, onde seu conhecimento das leis e tradições a tornam valiosa conselheira e sua capacidade de empatia faz com que seja uma líder entre suas irmãs.

EPONIN

Diariamente Eponin acorda antes do nascer do sol, toma seu desjejum e percorre a trilha de Inélia, que saindo pelo oeste da aldeia, passa junto ao templo de Artemis a seis milhas a noroeste no alto do morro, descendo até o lago e retornando pelo portão sul, indo diretamente ao campo de treino executar sua rotina até o fim da alvorada.

Com o nascer do sol as amazonas vão tomando suas posições e se exercitando sob o olhar atento da mestra de armas por uma marca de vela, permanecendo apenas as guerreiras até o meio da manhã, que depois se deslocam para o trabalho com os cavalos e este é o momento em que Eponin volta sua atenção ao treino das monitoras, organizadas por tipo de arma, idade e tamanho de suas classes. Por uma marca de vela Eponin avalia e orienta sobre a formação das jovens amazonas, enquanto estabelece novos padrões de treinamento individual para cada elemento da tribo. Com o sol quase a pino vai banhar-se no rio e encaminha-se à cabana comunal central para almoçar.

Eponin é a mestra de armas da tribo amazona da Trácia, como sua mãe antes dela e a mãe dela antes. Sua é a palavra final quando se trata de treinamento no manejo das armas ou luta corporal.

Muito mais do que tradição, sua posição foi ganha com seu esforço e persistência ao dominar cada arma do arsenal com maestria, assim como ser expert na luta corporal.

Diariamente à tarde, duas marcas de vela antes do pôr do sol, a mestra de armas realiza seu treino pessoal de combate, quando as guerreiras entram no campo de treino e combatem em duplas, com ou sem o uso de armas. A última meia marca de vela é dedicada ao tiro de arco, punhal e qualquer outra arma de arremesso.

Nunca se disse que Eponin negou um desafio. Era sua função inspecionar a aquisição e confecção das armas, o aprendizado do manejo e o treinamento de uso em combate. De todo o dia, tira para seu uso pessoal o período entre o almoço e o treino de combate. À noite repassa seu dever junto ao clã de produção realizando qualquer tarefa que lhe seja solicitada por Ânia, a cozinheira chefe da aldeia.

À noite, quando vai para sua cabana, exercita seu corpo antes do banho, indo dormir tranquila, sabendo que a sentinela postada em sua porta a despertará caso aconteça algo que exija sua presença.

SOLARI

Solari não nasceu amazona. Foi adotada aos dez verões depois que sua família foi dizimada por bandidos que atacaram a caravana perto da fronteira amazona.

Encontrada desmaiada sob a carreta que tombou, levou alguns dias para voltar a si e o dobro do tempo para falar com qualquer pessoa. A escoteira que a encontrou, solicitou permissão para adotá-la imediatamente, mas a rainha disse que somente autorizaria se a menina demonstrasse interesse em ficar na tribo.

Educada como qualquer amazona, rapidamente suas habilidades foram desenvolvidas e desde muito cedo demonstrou ser capaz de seguir as pistas de sua presa por marcas de vela a fio, se deslocar por grandes distâncias de árvore em árvore e chegar perto de um javali sem ser percebida. Sua dedicação à segurança da tribo aproximou-a cada vez mais da Elídia escoteira, onde teve ascensão rápida e constante.

Como comandante, Solari exige das escoteiras capacidade de observação, superação, resistência, precisão aliadas à lealdade e obediência inequívocas. Improvisar, superar, realizar estas são as palavras pelas quais as escoteiras se imortalizaram na história da Nação.

Ela avança de árvore em árvore, buscando acompanhar a movimentação na mata abaixo e avistando a grande figueira na meia clareira, sorri observando o grupo que conversa ao redor do fogo na segurança do perímetro interno. O grupo forma uma Trial escoteira. Grupo de no máximo quatro escoteiras que atuam como uma só e agem em conjunto como uma equipe, tendo uma escoteira sênior como orientadora responsável.

Silenciosamente Solari desce colada ao tronco e toma a aljava e o arco que estavam encostados, subindo novamente e retornando pelo mesmo caminho que viera, guardando a arma em seu alforje e calmamente cavalga em direção à clareira.

Taíra a orientadora do grupo, recebe Solari que ao desmontar solicita às aspirantes, relatório sobre animais percebidos, marcas avistadas no solo e sinais de passagem mostrados na vegetação.

Lara com apenas quinze verões é a mais jovem da Trial, falaria apenas se lhe fosse perguntado diretamente. Ela guardou silêncio quando Karin, Dieynisa e Deian, iam respondendo todas as questões neste exercício de rastreamento. Deian e Dieynisa demonstrando grande senso de observação e direção e Karin, além destes uma capacidade única de organização do grupo, relatando os progressos realizados nesta avaliação da qual depende sua posição nesta Elídia e permanência no clã de defesa.

Com o avançar da noite a conversa fica mais informal e pouco a pouco as quatro aprendizas começam a relaxar de estarem tão perto da Comandante Escoteira.

As conversas recaem sobre medos, preferências e ansiedades. É tempo de qualquer pergunta feita ser respondida com o máximo de verdade entre as seis mulheres.

Solari pegou uma maçã para o final desta avaliação e escolheu Lara para a prova. Lançaria a maçã para o alto e a fruta não poderia tocar o solo, devendo ficar cravada no carvalho próximo, sem ser tocada por outra amazona.

Taíra sabia que o desempenho delas era sua responsabilidade e estava confiante. Mandou Deian ir até a figueira buscar o arco e a aljava para o teste, ficando surpresa quando ela retornou de mãos vazias.

Sorrindo, Solari perguntou diretamente a Lara se mesmo assim ela faria o teste, recebendo de Lara apenas uma resposta silenciosa quando sacudiu afirmativamente a cabeça. A comandante lança a maçã no ar e nos momentos seguintes a fruta estava presa ao carvalho por um punhal afiadíssimo.

Ainda sorrindo, Solari sobe em seu cavalo, dá os parabéns à monitora e confirmando a aprovação da Trial entrega o arco e a aljava nas mãos de Taíra. Solari estava satisfeita, seus padrões tinham sido observados.

ASSOYDE

Loira, usando um cabelo médio preso por um rabo de cavalo, com a pele branca, olhos pretos profundos e um sorriso que iluminava os olhos, ela era simples no seu humor sempre otimista, que preenchia cada espaço de seus seis pés de altura.

Assoyde tinha a concepção que um mestre arqueiro devia não apenas comandar sua arma, mas os locais, ângulos, condições e situações pelas quais a usaria. Treinava ao nascer e pôr do sol, com a luz em seus olhos e a suas costas, acima e abaixo de seus alvos, alternando as distâncias dos mesmos e também se o fazia parada ou em movimento.

Dia a dia e nas mais diferentes condições climáticas, Assoyde passava marcas de velas treinando sua habilidade e toda amazona que fosse enviada para seu esquadrão de elite sabia de antemão que dormiria muito pouco e treinaria até seus dedos não sentirem mais o atrito com as cordas. Costumava indicar que deveriam dominar a arte do arvorismo, pois suas duas mãos estariam ocupadas com o arco e seus olhos com o alvo, restando muito pouco para dirigir seu corpo sobre as árvores. De igual forma a equitação não deveria ser uma preocupação, mas naturalmente dominada tanto quanto o senso de direção e a capacidade de realizar sua tarefa em qualquer plano inclinado ou não.

O início do dia e o início da noite a encontravam no mesmo lugar e se estivesse livre de tarefas, estaria sobre as árvores frontais ao pátio de despedida, na mais alta e central aponia gigante, principalmente quando em noites sem nuvens percebia o silêncio da noite, preenchido por um lamento interno que a batida dos tambores não encobririam jamais e o tempo não tinha sentido, trazendo com clareza as sensações de doze verões atrás.

Há doze verões, aquela seria uma noite perfeita não fosse a fumaça da fogueira indicando que sua mãe e sua amada irmã mais velha não levantariam novamente para orientar a melhor forma de segurar o arco. A rainha Melosa havia permitido que ela acendesse a pira funerária, da maneira que era devida a uma grande arqueira e retesando o arco com toda sua capacidade de menina, aos doze verões, deitou no chão colocando seus pés ao lado da seta, puxando a corda fazendo o arco vergar e mirando os céus sabia de antemão que a seta cairia certeira nas madeiras embebidas em óleo que sustentavam o corpo em mortalhas de ambas as mulheres que mais admirava na terra. Repetiu o gesto mais uma vez e quando sua flecha acertou as madeiras ao leste, que sustentavam sua irmã, as cinquenta arqueiras do grupo de elite de sua mãe liberaram suas setas e a irmã de Ephiny entoou o canto fúnebre.

Sem olhar para trás, subiu na grande aponia, sendo acompanhada por Solari, Eponin e Ephiny para ver suas mentoras subirem, na fumaça, em direção à lua de Artemis. Não chorou e não choraria nesta ou outra ocasião, decidindo naquela hora sagrada que se tornaria a melhor arqueira que já pisara na aldeia de Melosa.

Desta noite em diante, Assoyde passava com o arco nas mãos todo o tempo permitido, frequentando as Elídias conforme especificado e realizando seus treinamentos como era adequado, mas todo tempo possível gastava em aprimorar o manuseio da arma, das distâncias, ângulos e materiais. Acostumara-se com o peso do arco, mas também com cada corda, sua distensão e curvaturas. Com o passar do tempo, dominava a arte de tal maneira que Melosa lhe consagrou a mais jovem mestre de arco da história da Nação e quando completou dezenove verões lhe concedeu o comando de um grupo de elite, o qual treinava segundo sua própria experiência.

O Império – o Palácio de Corinto

Na ala oeste do palácio ficava o grande salão de audiências públicas, local onde era distribuída a justiça e as questões do reino podiam ser discutidas livremente por qualquer cidadão, sem distinção de classe social. As demandas eram ouvidas e consideradas pela soberana. Este salão tinha acesso principal externo através de imensa escadaria, sendo sustentado por doze colunas de cada lado, sendo magnífico na sua ornamentação referente aos doze Deuses olímpicos e simples na concepção arquitetônica.

A Conquistadora tinha visão livre de toda a sala e era igualmente observada de qualquer ponto. Seu trono ficava num plano mais elevado, o teto, quase em cúpula sobre sua cabeça, combinado com o formato oitavado das paredes atrás de si, fazia com que tudo o que era dito na nave fosse escutado por todo o salão.

Por trás do trono havia corredores largos que davam acesso ao corpo central do palácio e eram amplamente iluminados por janelas altas. À direita do trono as portas através das quais a Conquistadora entrava na sala vinda do interior eram ricas em detalhes esculpidos.

À esquerda do trono ficavam as enormes portas duplas que uniam a sala da justiça com o salão de jantar, onde ocorriam as recepções com grandes banquetes, renomadas em todo o reino.

O salão de jantar possuía vários acessos. Dava entrada do pátio exterior através de linda escadaria e seus portões altos e largos de madeira de carvalho e ferro forjado com leves detalhes em prata e ouro no X envolvido por um chakram, ladeado por dois leões e cortado por uma espada, eram esculpidos em todo entorno do marco, dando a medida de seu esplendor. Em seu interior as mesas ficavam alguns degraus acima da entrada e estavam dispostas de maneira a estipularem um semicírculo, com um triângulo central cujo vértice era a mesa principal ocupada pela Conquistadora e seus convidados de honra.

O espaço vazio ao centro deste triângulo, um pé mais baixo, era dedicado a apresentações e divertimentos dos mais variados. Ocasionalmente a soberana utilizava tal espaço para gratificar um merecedor ou punir exemplarmente um erro. Era onde a mão da justiça alcançava os nobres com velocidade e força, e a corte enfrentava as consequências de um mau julgamento e de atitudes inadequadas para o bem da Grécia.

Atravessando o pátio interno, ao sul ficavam os alojamentos dos servos e escravos que atendiam a casa da Conquistadora e abaixo do grande salão, atingindo também um subsolo encravado que utilizava o declive do pátio, foi construída a grande cozinha, com suas salas adjacentes, depósitos e adega.

Siana cuidava do salão e da limpeza geral do palácio. Os escravos esfregavam as mesas, o assoalho, trocavam cortinas, batiam tapetes e limpavam as paredes durante toda a semana. Estavam dando o último polimento nos espelhos e no mármore do grande salão.

O pátio frontal estava impecável, com os arbustos podados e as árvores frondosas contrastando com o gramado intercalado por passeios calçados que levavam à escadaria principal. Fontes espalhavam-se por todo o espaço central, intercaladas com tochas. A fonte central era uma obra de arte com uma escultura centralizada no largo a oeste das escadarias, onde um caramanchão dava um ar de sossego bucólico quebrado pelas marteladas dos carpinteiros que estavam freneticamente tentando terminar os bancos encomendados.

Da cozinha

A cozinha, com suas despensas, assadores e enormes fogões era dirigida com mão de ferro, força e vontade inquebrantáveis por Cassandra que comandava tudo, estando sua atenção em todos os detalhes.

Cassandra era sobrinha de um grande amigo, que pereceu em Eiraskan, defendendo o passo de uma cunha espartana. Meia cabeça mais baixa do que a Conquistadora e dez verões mais velha, foi tomada sob sua proteção e passou a conduzir a cozinha como se fosse um campo de batalha. Todas as estratégias, ordens e organização eram realizadas para que os alimentos ficassem prontos dentro do horário e com qualidade insuperável. Isso e outras atitudes fizeram dela uma serva de extrema confiança. Sabedora de seu lugar, nunca tomou liberdades com o poder que possuía, mas exercia sua autoridade com firmeza e determinação. A qualidade dos serviços oferecidos para a Conquistadora era uma questão de honra para esta mulher de formas arredondadas e profundo senso de dever.

Tudo estava sendo organizado para o banquete da noite em comemoração à vitória da batalha de Eiraskan. Barris de vinho tinto, cerveja e hidromel eram empilhados enquanto carnes e vegetais frescos estavam sendo descarregados de dezenas de carroças. As salas adjacentes de preparação eram um torvelinho com serventes andando de um lado pra outro, enquanto nos assadores as lenhas iam sendo empilhadas para uso noite à dentro. Carnes eram preparadas nos espetos conforme requisitado considerando os costumes de cada signatário.

As delegações já haviam chegado e a Conquistadora era bem específica em suas recomendações, não havia margens para erros. Eram pratos vegetarianos; à base de peixe; caça; bois; aves. Leite era providenciado de várias espécies e os chás mais variados eram organizados. Apenas frutas, verduras e bebidas de ótima qualidade seriam utilizadas e disponibilizadas. Escravos descascavam e cortavam os vegetais, enquanto outros acendiam o fogo nas panelas e assadeiras As carnes haviam sido temperadas no dia anterior e começariam a assar ao romper da aurora, após o desjejum dos escravos. Pela noite estariam prontos, sem pontas soltas.

Em meio a este torvelinho, Cassandra determinava onde deveriam colocar a caixa com a fruta laranja de Chin quando surgiu na frente de seu rosto uma caneca de chá frio.

Alenia timidamente lhe oferecia uma pausa. Fazia muito tempo que ninguém cuidava se estava cansada ou se preocupava com sua saúde e Cassandra sorriu lembrando-se da tempestade que colocou esta menina em sua vida.

Tendo recebido um quarto no segundo andar do palácio, solicitou à Conquistadora que lhe fosse permitido um aposento mais perto da cozinha, facilitando seu trabalho de vigilância aos pratos delicados e ao andamento dos serviços. A Conquistadora queria mandar construir um aposento com todos os confortos do andar superior, mas Cassandra argumentou que apenas atrapalharia seu modo de vida, não saberia o que fazer com tanto espaço e Xena concedeu seu pedido e a deixou controlar seu mundo a sua maneira.

Isso mudaria.

Em uma tempestade, tarde da noite, Cassandra estava entre tosses, tomando um chá na cozinha e se preparava para dormir quando Xena, sentando em um banco ficou escorada na pedra.

– Boa noite Conquistadora, como posso lhe ser útil?
– Eu vim por um pouco de vinho, carne, queijo e saber por que mentiste pra mim Cassandra.
– Mentir majestade? Eu nunca lhe menti!!! Não compreendo.
– Disseste que tinhas pessoal suficiente nas cozinhas.
– Mas, estamos bem equipados senhora. Não houve mentira ou exagero quanto a isso. Realmente tenho todo o pessoal de que preciso.
– Por que não há nenhum daqueles inúteis aqui contigo agora?
– É muito tarde minha senhora, foi um dia duro e eles já foram deitar a algum tempo. Eu levantei-me a pouco para tomar um chá.
– Devias estar na cama e não rondando entre as panelas numa hora destas. Vou pessoalmente esfolar cada um dos teus auxiliares se encontrar novamente você sozinha a fazer qualquer trabalho. Sempre deve ter alguém nesta cozinha em todas as marcas de vela do dia e serei condenada antes de aceitar que seja você. Estou sendo clara?
– Minha senhora, eles são bons auxiliares, obedientes e esforçados e não seria justo terem ainda de velar por uma cozinha vazia.
– O descanso destes miseráveis não é preocupação Cassandra. Se precisar, aumenta o número deles, mas não acontecerá novamente uma cena como esta.
– É minha responsabilidade, meu prazer e uma honra cuidar para que seu alimento esteja disponível e saudável sempre que desejar. Não daria esta responsabilidade a ninguém. Realmente minha senhora, todo o serviço está pronto e apenas levantei para fazer um chá pra mim. Não era nada relativo ao serviço da cozinha.
– Isto não é um debate e tem minha palavra final sobre o assunto Cassandra. Irei açoitar pessoalmente cada um deles se algo assim voltar a acontecer.

Xena saiu da cozinha e Cassandra ficou sentada olhando o fogo, pensando como faria para atender esta exigência. Sabia que Xena cumpriria o que disse.

Duas noites depois, Cassandra foi chamada ao estúdio privativo da Conquistadora, em seus aposentos no andar superior do palácio, que ocupava toda a área acima do salão de audiências e grande salão de jantar.

Todo o andar superior possuía apenas quatro aposentos e uma sala da guarda. O da Conquistadora na ala oeste e os outros três distribuídos para uso de hóspedes especiais.

Preocupada, ia trilhando os corredores com uma bandeja das uvas preferidas de Xena, pensando sobre as possíveis razões desta convocação. O jantar tinha sido servido no estúdio da Imperatriz não tendo sido relatado nenhum incidente. Havia feito tudo que fora ordenado, mantendo a cozinha sempre com fogo aceso e dois escravos cuidando para atender qualquer exigência, com ordens de acordá-la, se necessário. Esperava não ter caído em desgraça com a Imperatriz que estava com humor negro estes últimos tempos.

Os guardas do estúdio sorriram para a cozinheira e isso lhe trouxe um ânimo alentador. Abrindo a porta, o soldado espera Cassandra passar para fechar a porta sem fazer ruído.

– Obrigada, Télio.
– É um prazer Cassandra.

Cassandra entra indo diretamente colocar a bandeja com as uvas na mesa auxiliar junto à janela lateral do estúdio e virando-se para Xena, cumprimenta sua senhora.

– Boa noite, majestade. Desejava me ver?

Xena estava na grande janela que dava para as ruas de Corinto observando o movimento das luzes na cidade abaixo. Aproxima-se da bandeja, servindo-se das uvas.

– Boa noite Cassandra. Elas estão mais doces este ano. Não te parecem maiores que as últimas?
– Certamente, majestade. São de uma variedade nova que estão desenvolvendo bem nas propriedades mais ao sul, tomei a liberdade de agregar outro fornecedor ao palácio.
– Sabe que você tem minha permissão para agir como achar melhor quanto a isso. Comunica Akiba de tuas necessidades e ele providenciará que sejam supridas de acordo com tuas especificações. Sempre que desejar modificar algo, ele tem ordens de atender suas exigências. Até agora você agiu certamente em meu melhor interesse Cassandra e confio que continuará a fazê-lo.

Olhando para a Conquistadora, Cassandra ainda aguardava saber o motivo de sua vinda, mas aprendeu cedo que a Imperatriz tinha seu próprio tempo para fazer conhecer seus desejos.

– Soube que agregaste mais alguns escravos ao trabalho da cozinha, que agora opera dia e noite.
– Foi sua recomendação, senhora. Entendi errado seu desejo?
– Parte deles foi bem atendido sim, mas por que precisavas dobrar o efetivo? Acreditava que bastaria estender o horário de alguns e tudo ficaria bem.

Cassandra estava surpresa. Não era da Conquistadora se interessar pelos problemas domésticos do palácio e menos ainda com gastos menores. Alguns escravos e servos a mais nas cozinhas não era questão de estado, que merecesse sua consideração. Não sabendo o que esperar ou como agir, optou por justificar sua conduta.

– Se ficassem extremamente cansados não produziriam a contento minha senhora, poderiam cometer erros e a qualidade dos serviços oferecidos poderia cair. É melhor contar com uma equipe devidamente alerta e não quis arriscar.
– Erros de escravos se consertam com o açoite Cassandra.
– Sim, majestade, mas aí já teriam ocorrido e eu apenas pretendi evitar que acontecessem. Humildemente peço o perdão de vossa majestade se de alguma maneira minha atitude não foi de vosso agrado.
– É muito importante saber quando devemos buscar outras fontes, até para preservar a qualidade do que já temos não te parece? Aquele que é responsável por algo deve procurar de todas as maneiras prevenir erros e impedir que missões fracassem.

Deixando que por algumas batidas de coração o silêncio fizesse penetrar suas palavras na mente da cozinheira, Xena volta novamente sua atenção para a cidade e Cassandra não sabia o que pensar ou fazer. Era a primeira vez que a Conquistadora a chamava ao seu estúdio que não fosse para solicitar uma refeição especial ou dizer que haveria um banquete de estado. O silêncio começava a pesar e passado algum tempo, Xena vira novamente para Cassandra e apontando para sua mesa faz com que o olhar da cozinheira se volte para lá.

Parada em frente à mesa de Xena, vestindo uma túnica curta de algodão cinza e os pés descalços, está uma menina magra, com aproximadamente cinco pés e meio de altura, uns quatorze verões de idade, cabelos pretos, curtos e olhos grandes. Seus braços pendiam ao lado do corpo e fitava os desenhos do tapete no chão tremendo de quando em quando.

– Concordo contigo e não quero te ver em uma jornada de trabalho excessivamente longa. O que disseste sobre poupar o povo das cozinhas faz sentido e se aplica a ti também, então providenciei que tenhas sempre alguém para atender suas necessidades. Não há razão de fazer força e passar desconforto quando temos recursos disponíveis. Esta é Alenia, ela estará ao teu dispor para organizar teus aposentos, teu banho, consertar tuas roupas, fazer compras, providenciar chás para ti ou qualquer coisa que penses. É uma escrava para teu uso pessoal e não para os serviços do palácio. Estamos entendidas? – apontando novamente a menina, Xena deixa clara sua posição.
– Agradeço profundamente o interesse de vossa majestade em meu bem estar, mas realmente isso não é necessário. Vivi minha vida até agora sem ter alguém a me servir e pela grande Deusa Atena, minha senhora, com todo o respeito, é um absurdo mudar isso!
– Recusas meu presente Cassandra? Ela não te agrada?
– Por favor, majestade, não tome como uma ofensa. Vossa bondade comigo é imensa e só tenho a agradecer vossa generosidade. Não é isso! É que eu jamais teria outro ser humano como minha propriedade, não é de minha natureza. Por favor, entenda que isso vai contra tudo que meu tio sempre ensinou e mesmo em nossa propriedade não tínhamos escravos, apenas servos contratados.
– Ela não será tua propriedade, é minha. Tanto quanto a cama em que dormes. Não compreendo teus pudores, uma vez que estou apenas fazendo o mesmo que tu, cuidando do pessoal que trabalha pra mim e procurando zelar pelo andamento adequado dos serviços não te sobrecarregando. É para teu conforto, mas meus motivos são totalmente egoístas.
– Minha senhora, por favor!
– Vamos Cassandra, dá uma chance pra menina. Sua família foi condenada por traição, num complô onde planejavam atentar contra minha vida. O pai e os irmãos mais velhos serão crucificados amanhã, os dois mais jovens aguardarão nos calabouços e provavelmente serão enviados a Abdera, para serem vendidos em leilão. Estou tentando ser piedosa com a garota. A mãe e as três irmãs ainda estão aguardando definição de sentença. Tudo dependerá do desempenho delas esta noite, mas pensei que ficar contigo seria mais adequado para ela, visto ser quase uma criança.
– Eu não saberia o que fazer com uma escrava, minha senhora.

Xena olha na direção de Alenia, virando uma ampulheta sobre a mesa e fala para ela em seu tom de comando que não permite escolhas.

– Tens minha permissão para tentar convencer esta cabeça dura a te aceitar Alenia. Podes falar qualquer coisa que te venha à ideia, não serás punida por nada que digas até que as areias desta ampulheta se esgotem, quando então decidirei teu destino.

Fazendo uma respiração profunda, Alenia toma uma decisão que poderia condená-la ainda mais, mas confiando na palavra de sua senhora, fala o mais enfaticamente que consegue, olhando para a ampulheta e para a Conquistadora dispara em um só fôlego tudo que o conseguira pensar nas últimas horas.

– Lamento por minha família, mas também por vossa majestade, acato vossa decisão embora saiba que são inocentes. Meus pais ensinaram que sua palavra é a lei e atender seu comando é o que se espera de um súdito leal. Talvez os verdadeiros conspiradores desejem que vossa majestade pense que está tudo terminado e esperem nas sombras para atacar novamente majestade. Meus pais foram incriminados, senhora. Jamais meu pai poderia durante os festivais em Olímpia, ter pessoalmente contratado em uma taverna o homem que atentou contra seus homens, ofendendo a senhora, como disseram. Ele esteve comigo nos últimos quinze dias em Atenas quando fui acometida de uma febre majestade. Meu pai não saiu de nossa casa. Estava fazendo sacrifícios a Zeus tonante, pedindo para a saúde voltar a mim, não tinha tempo para conspirar. – voltando-se para Cassandra e segurando as mãos à frente do corpo, Alenia implora à Cassandra. – Por favor, senhora, me aceite ao seu serviço. Eu comerei pouco e prometo trabalhar muito. Sou versada no tear e na costura, falo, escrevo e leio em grego e persa, faço contas. Farei todas as tarefas que me forem designadas, serei obediente, posso picar ou descascar legumes. Por favor! Por Palas Atena, eu suplico. Juro que honrarei sua bondade e bendirei sua misericórdia a cada nascer do dia. Se minha presença a ofende, ordena e ficarei longe de suas vistas, buscando honrar todos os seus comandos, aprenderei rápido. Por favor, em nome da donzela, eu imploro que não me envie a Ares!

Não suportando mais a pressão que sofria nestes últimos dias e ainda fraca de sua doença, Alenia chorava enquanto falava. Sabia bem o que a esperava se Cassandra não a aceitasse. Observara toda a vida seus irmãos e seu pai jogarem com as escravas novas que chegavam a sua casa, mesmo aquelas que eram suas cuidadoras pessoais. Várias vezes elas ficavam marcadas por noites como resultado do prazer de seus senhores e ira de sua mãe.

– Eu não sei do que falas, criança.

Cassandra rapidamente olha para a Conquistadora que tomando seu vinho, calmamente, espera a decisão da cozinheira.

– Ela sairá desta sala com a sentença sobre a cabeça, Cassandra. Irá ficar ao teu serviço ou será enviada aos quartéis como um presente a Elthor que fez por merecer um prêmio especial. Eu tinha pensado em um fogoso cavalo, mas acredito que uma escrava virgem também será adequada.

Rapidamente Cassandra faz sua decisão.

– Eu agradeço e aceito seu presente, minha senhora. Acredito que será um benefício na qualidade de meu trabalho e ela poderá dormir no cômodo pegado ao meu. Creio que será interessante ter alguém para ensinar, se for do agrado de vossa majestade.
– Faz como quiser Cassandra, mas a principal função dela será teu conforto, não as cozinhas. Não esquece isso. Tens sorte menina, espero que me sejas mais fiel do que teus pais foram.

Caindo em seus joelhos, Alenia faz o juramento inquebrantável, que a ligaria para sempre à Imperatriz.

– Juro por Palas Atena servir lealmente a casa da Senhora Conquistadora, conforme seus desejos, sem nenhum pensamento que não o de cumprir os comandos recebidos.
– Era isso Cassandra. Envia uma tábua com carne de veado e queijo aos meus aposentos.
– Sim, senhora.

Cassandra dirigiu-se às cozinhas com uma assustada, mas agradecida Alenia seguindo-a de perto. Toda esta cena não passou despercebida para o General Terquien que estava discretamente na sala lateral observando. Terquien é o mais antigo e próximo oficial do exército de Xena. Estando com ela desde antes de Cortese, era uma dezena de verões mais velho que a Conquistadora, sua fidelidade e confiança faziam dele o General da Guarda de Elite.

Os Falcões formavam a equipe mais treinada, habilidosa e confiável do Império, tanto em força quanto em estratégia, sabiam atuar como um grupo e individualmente. Eram consideráveis forças a seu dispor. Lealdade, honra e força. Sabiam pensar, decidir e também seguir ordens.

– Então, o que pensas Terquien?
– De Cassandra ter aceitado ou da petulância da garota, minha senhora?
– Ambos.
– Cassandra certamente se deixaria convencer no momento em que soubesse da alternativa da jovem e a menina tem coragem pra invocar um caso depois da decisão ter sido tomada no tribunal. Confiou na palavra de vossa majestade sobre estar anistiada. Não creio que esta menina estivesse mentindo descaradamente. Pareceu que ela realmente acredita na inocência de Clito para arriscar-se assim à vossa ira. Ela deve ter um mínimo de certeza, pois sabe que sua mentira traria consequências desastrosas para os que permaneceriam vivos, considerando-se que o pai e os irmãos mais velhos cumpram sua sentença amanhã.

Meditando uns instantes, uma decisão se forma e chamando seu ordenança Xena diz para Yolker que faça vir Akiba imediatamente. Akiba era o homem de frente da Conquistadora, organizando as questões de governo e a agenda oficial, fazia parte do corpo administrativo do governo.

Não tardou muito, Akiba entra no estúdio da Conquistadora e curvando-se respeitosamente aguarda que ela manifeste seus desejos.

– Akiba, a Casa de Clito foi condenada no tribunal esta manhã a ser erradicada, porém chegaram indícios de que possa ter havido manipulação dos dados. Expede ordens suspendendo a execução dos membros masculinos da família. Irei posteriormente decidir sobre eles. Destinei uma escrava para servir a Cassandra e ver seu conforto. Verifica que ela seja bem instalada e conheça seus deveres.
– Quais seriam estes deveres, majestade?
– Atender toda e qualquer ordem de Cassandra, evidentemente, sem nenhum tipo de restrição. Cassandra terá poder de vida ou morte sobre ela. Faz com que todos aqueles vermes da cozinha saibam disso e que a menina somente poderá ser tocada com ordem ou permissão de Cassandra.
– Ao seu comando, majestade.
– De igual forma, destinei três novas escravas para o palácio. Fala com Siana que lhes dê ocupação para o dia e parte da noite. Não as quero ociosas.

Akiba curva-se para Xena e sai para cumprir suas ordens.

– Terquien, faça que os três julgados da Casa de Clito assistam os interrogatórios em silêncio e atenciosamente. Mande uma ordem aos interrogadores do calabouço norte para que escolham três condenados pelo massacre de Tesione, semelhantes em altura, peso e ombros a estes homens de Clito e usem protocolo de guerra para arrancar informações completas, fazendo que eles sejam devidamente incentivados a contarem tudo o que sabem sobre o mandante desta atrocidade e após suas revelações, sejam quais forem, raspem todo e qualquer pelo que tenham no corpo e arranquem suas línguas com facas quentes, para evitar perda de sangue que possa causar aceleração na morte e vazem seus olhos. Mantenham-nos vivos e conscientes para que se movam e gritem. Vistam-nos com as roupas de Clito e seus filhos, crucificando-os na hora marcada.
– Sim majestade.
– Quero a esposa e as filhas assistindo esta crucificação, a meia distância, não podendo em hipótese alguma se aproximar. A menina Alenia assistirá ou não a crucificação se Cassandra ordenar ou permitir, deixo a ela essa decisão e faz com que os homens da Casa de Clito sejam colocados junto ao exército de forma a serem ocultados dos inimigos. Apenas o comandante geral da força que os acolher saberá quem são, devendo receber o mesmo tratamento que qualquer recruta. Coloque-os em função que não possam conversar com muita gente nem serem vistos e que eles saibam que este arranjo é temporário, dependendo de seu comportamento a boa saúde de toda a sua família, não esquecendo o que viram no calabouço.
– Ao seu comando.
– Temos que desvendar estes eventos o mais rapidamente possível. Não vou permitir guerra civil e nossos inimigos estrangeiros devem ser mantidos fora de nossas terras. É só isso no momento. Obrigada Terquien, boa noite.
– Boa noite majestade.

Um treinamento

Uma lua depois os soldados treinavam no pátio interno, junto às cavalariças.

Haviam sido submetidos ao treinamento de armas e não poucos foram parar na enfermaria devido à força dos golpes ou fio das lâminas. Já estavam treinando a cinco marcas de vela e seus braços não conseguiam mais impor ritmo ou força nos golpes, mas o Major Volair não dava sinal de encerrar o treino.

Chamando o combate em duplas, um jovem loiro e alto estava derrotando homem após homem e sua destreza com a espada não passou despercebida. O Major quis saber como se sairia contra um ataque coordenado, então, usando apenas as mãos, comandou um ataque de dois contra um, resultando em um homem desarmado e outro desacordado no chão. Com um breve intervalo, Volair chama Dínia, Milenti e Novaes para executarem a manobra de ataque ao novato.

Novamente, um homem foi rapidamente desarmado, resultando em Milenti indo buscar sua arma, afastando-se da refrega enquanto o novato procurava derrubar Novaes, perdendo a visão total sobre Dínia. Ela pega seu punhal oculto e quando Novaes forçando um cruzar de espadas quase na empunhadura, no aproximar dos corpos, perde o equilíbrio chamando a atenção do adversário ao cair, o novato fica a mercê do punhal de Dínia que é fixado sob seu queixo rapidamente, quase perfurando a pele.

Com o trio considerado vencedor, Volair ordenou a todos que guardassem as espadas e entrassem em formação, iniciando uma sequência de corridas ao redor do campo que durou uma marca de vela. Finalmente Volair encerra o treinamento dispensando-os para que fossem banhar-se, jantar e descansar com a certeza de que o treino havia sido produtivo.

Do alto do torreão Xena observava o treinamento, fazendo notas mentais sobre este ou aquele soldado que em sua opinião se destacava positivamente ou deveria retornar para o exército regular, pois não estava a altura dos Falcões.

Aquele jovem loiro merecia ser acompanhado de perto.

Lentamente uma ideia foi tomando forma tão integral que quanto mais pensava mais achava interessante e pouco antes de entrar em seus aposentos, ordenou a Yolker que convocasse Terquien para o dia seguinte pela primeira hora da manhã.

Banhos e prazeres

Em sua sala de banhos ainda pensando sobre a reunião matutina entrou na piscina para relaxar na água, lavar-se ou talvez um pouco mais.

Djira esperava com as toalhas na mão na entrada de seus banhos e suas três escravas corporais aguardavam no lugar de costume, esperando um sinal para servir, tão estáticas e sem vida que pareciam estátuas de mármore.

Praena era uma morena de olhos azuis, com mãos grandes e pernas longas. Seu cabelo curto valorizava o pescoço. Orin era loira de porte médio proporcional, com olhos verdes, longos cabelos que ultrapassavam a linha da cintura e Kyla tinha vindo do norte o que era quase evidente por seus cabelos vermelhos, selvagens e olhos negros. Era forte e tinha a mesma altura da Conquistadora.

Todas escravas corporais, todas obedientes e sem imaginação e isto estava começando a aborrecê-la.

Djira adiantou-se e ajudou a despi-la, entrando com ela na água e lentamente começou a esfregar suas costas. A Conquistadora sentou-se na beira da piscina e deslizando com graça nadou até o outro lado. Apoiando a cabeça nos degraus ficou assim parada a observar o trio de estátuas no meio de sua sala de banhos. Fechando os olhos, voltou a organizar a reunião com Terquien em sua mente.

Djira foi caminhando até sua senhora, o que lhe causou um pânico considerável, pois sendo mais baixa que a Conquistadora no meio da piscina a água lhe cobria a boca e teve de andar na ponta dos pés para conseguir respirar.

– Posso servi-la de algum modo, minha senhora?

Sem nenhum tipo de aviso uma mão agarrou-a pelos cabelos forçando sua cabeça dentro da água e somente quando estava sem ar há algum tempo foi puxada para fora, com uma voz muito baixa falando com ela que lhe fez gelar até o último osso.

– Quem deu permissão para sujares o meu ar com tua presença e interromper meus pensamentos?
– Perdão ama. Eu pensei que desejava continuar seu banho neste lado das águas.
– Quem lhe permitiu pensar? Desde quando animais pensam? Você pertence a mim, e fará o que eu permitir que faça, o que eu ordenar que faça e apenas isso.
– Sim mestre.
– Ah… Agora lembras teu lugar. Diz Djira, o que faria pra compensar esta falha?
– Qualquer coisa mestre. Farei qualquer coisa que desejar.
– Eu quero que você morra. Lenta e silenciosamente. Coloca teu corpo na água e fica lá embaixo até não respirar mais ou eu mudar de ideia.

Mesmo assustada, Djira não teve coragem de olhar para a Conquistadora. Balançou sua cabeça em concordância, deu um passo para trás e foi abaixando-se lentamente. O pânico entrou em sua mente e os pulmões exigiam ar. Esta seria uma morte suave, pensou ela e subir não era uma opção, pois sabia o que acontecia com quem descumpria a vontade de sua senhora. Já vira uma morte cruel. Todas viram naquela noite no pátio interno, quando serviam numa festividade.

Um dos lordes encostou Ediene num canto escuro quando ela estava com uma tigela de sopa nas mãos para levar até a mesa. Ele ia ter com ela, dizendo que a sopa poderia esperar. Ninguém sabe o que aconteceu realmente, mas ela lançou sopa no rosto dele e saiu apressadamente para a outra entrada do salão. Continuou a servir a noite toda como se nada tivesse acontecido. Para ela o jantar transcorreu sem outro episódio, mas Ediene sabia que havia feito algo errado quando queimou um convidado, esquecendo onde estava e quem era, o que era.

Certamente ele não fizera reclamação, pois era uma regra não escrita que as agentes da soberana não eram para prazer físico, pelo menos não sem uma ordem dela.

No dia seguinte foram todas reunidas na grande sala de jantar e a Conquistadora foi diretamente a Ediene perguntando o que havia feito. Ela negou!!! Disse que não havia feito nada. Não se sabe como a Conquistadora descobriu, dizem que tem olhos por toda a parte. Como Ediene foi mentir assim!?!?!!

A Conquistadora disse que daria uma última chance. Mandou trazer uma tigela com água fervendo e ordenou a Ediene que colocasse as mãos dentro da tigela. Ela se negou, chorando, afirmando que não fizera nada errado e quem tinha dito diferente era mentiroso.

A Conquistadora apenas sorriu. Ela sabia, ela sempre sabia de tudo! Fez um sinal aos guardas que despiram Ediene e a seguraram sobre a mesa. Oito tigelas de água fervente foram derrubadas sobre ela. Seus gritos até hoje ainda ecoam nos ouvidos de quem estava lá. Ela foi vestida com uma bata de juta e enviada para os depósitos a descarregar carroças. Dizem que morreu meses depois de infecção não tratada. Nunca mais alguma foi tola o suficiente para mentir para a Conquistadora ou se negar a cumprir suas ordens ou castigos, pois as consequências eram sempre piores.

Seu corpo começou a subir, sem que ela quisesse ou fizesse algo. Estava difícil manter-se embaixo e em desespero para obedecer, segurou-se nas pedras próximas da Conquistadora. Djira cumpriria os desejos de sua senhora até o final. Quando estava quase desmaiando, uma mão agarrando seus cabelos puxou sua cabeça para fora da água e dando um empurrão a Conquistadora mandou que saísse da piscina indo para junto das outras.

Levantando das águas, Xena fez um sinal à Praena que tomasse uma toalha e abrindo os braços deixou-a secar seu corpo e seus longos cabelos. Agarrando Praena pelas mãos, jogou-a no divã deitando-se sobre ela, sugando seus seios avidamente. Apertando-os, beija-a com violência, penetrando sua boca com a língua, sugando e mordendo seus lábios repetidas vezes. Passeia suas mãos, vagueando pelo corpo, tocando-a como se estivesse ao mesmo tempo em todos os lugares e de forma abrupta e sem aviso penetrou seu centro com dois dedos bombeando violentamente. Tomou-a fazendo-a sua e deixando bem claro quem estava no comando ali.

Satisfazendo um pouco seu desejo, ordenou que saísse, exigindo um cálice de vinho tinto e enquanto se dirigia à sua cama e escorava nas almofadas ficou observando Kyla, Orin e Djira que já estavam ajoelhadas aos pés de sua cama, aguardando comandos.

Ordenou a Kyla que tomasse Orin e Djira de várias maneiras e que Djira prestasse muita atenção no que era feito e aproveitasse a chance de aprender alguma coisa. Terminando o segundo vinho saca Kyla pelos cabelos e fazendo uso de um fallus, ordena que fique virada tocando os lençóis com seu estômago e a possui repetidas vezes. Levanta os quadris de Kyla, até que fique em seus joelhos, continuando com as estocadas cada vez com maior impulso e mais velocidade.

Chegando ao clímax e terminado seu divertimento, a Conquistadora fica deitada em suas costas, de olhos fechados se concentrando por instantes nas sensações de seu corpo assumindo o ritmo normal de repouso, se permitindo dormir. Suas escravas escoram-se na parede, sobre um tapete, aguardando para atender novamente os desejos da Conquistadora.

Levantando antes do nascer do sol, Xena dirige-se aos banhos para nadar um pouco e iniciar seu dia. Tinha uma entrevista com seu General e não queria chegar atrasada.

Observando as mulheres tornarem novamente ao seu lugar ao lado da piscina a Conquistadora percebe que não se diverte com elas tanto quanto antes. Seu prazer nestas quatro está diminuindo e é hora de substitui-las por algum desafio mais animado.

A reunião

Chegando frente ao estúdio da Conquistadora, Terquien entrou sem ser anunciado.

– Queria me ver Xena?
– Sim. Estive observando o treino dos homens ontem e percebi que lhes falta uma movimentação mais real. Penso antecipar os treinamentos de campo para daqui a algumas luas, com uma representação de duas unidades de cada Divisão. Assim poderão se organizar entre os que mantêm o campo, a defesa e o ataque.
– Creio que a zona ao norte do lago Esdel servirá bem para manobras.
– Foi uma bela jogada de Dínia e Novaes contra o novato. Qual seu nome? – Shuma. Acredito que ele é adequado aos Falcões.
– Estou tendendo a concordar com você, mas veremos. Diga pra Volair que ele está recomendado por mim para tratamento especial. Que o Shuma sirva nestes primeiros tempos cuidando dos animais e limpando as cavalariças. Vamos quebrar seu orgulho primeiro. Quero um relatório diário de tudo o que ele faz, fala e pensa.
– Será feito Conquistadora.
– Já é tempo de Dínia ser promovida, acredito que tenente seja um posto mais adequado às suas características e dedicação. Concordas?
– Sim, plenamente. Volair já me havia lançado esta ideia e só não trouxe antes por falta de oportunidade.

Pegando um pergaminho, Xena entrega-o a Terquien.

– Tenho ordens pra Dínia, Fabíola e Helena. Dínia comandará a expedição, desejo que leia e depois queime na tua frente. Nos encontrará no lago Esdel durante as manobras e apresentará relatório. Nada de Catapultas ou outras máquinas nos jogos, nós usaremos somente a cavalaria e a infantaria. Que te parece?
– Eu acho a ideia excelente, majestade. As coisas estão calmas na fronteira e Gylmnir ainda me deve dois cavalos do último embate.
– Quais unidades da Primeira Divisão tu pretendes levar?
– Vou deixar que Elthor conduza a segunda e eu conduzirei a primeira. As demais permanecerão em Corinto para manter a ordem.
– Então providencia os convites e diga-lhes que este ano eu vou competir como campo neutro com dez pelotões da guarda pessoal nos jogos. Duas unidades de Falcões e duas da Primeira Divisão farão segurança nas manobras, naturalmente. Alguma novidade sobre a casa de Clito?
– Parece que a menina falou a verdade. Algumas investigações discretas junto aos sacerdotes do Tonante e sanadores locais confirmam que ela esteve doente e Clito ficou junto da filha este tempo todo. De maneira alguma poderia ter estado em Olímpia nas festividades.
– Temos de saber como foi confirmada a presença dele em Olímpia, a quem interessaria desgraçá-lo e por que. Mande Volair fazer uma investigação completa e quero-o coordenando isso pessoalmente. Que vá a Atenas e faça levantamento da vida de Clito e quando voltarmos das manobras quero saber seus amigos, inimigos e comida preferida. Tem havido relatos de salteadores na região de Olímpia, então usaremos isto para enviar uma equipe à Pisatis apoiar o Conselho da cidade numa ação contra estes salteadores, fazendo um relatório detalhado de cada ataque, vítimas, itens roubados e se há um padrão. Enquanto fazem isso abertamente, busquem discretamente investigar Clito. Também precisamos saber quem confirmou a participação dele nesta bagunça toda. Se tivermos traidores na rede de informações devemos identificá-los rapidamente.
– Sim minha senhora, mas e se os informantes forem inocentes?
– Não são inocentes. Tentaram destruir uma família, provavelmente leal a mim Terquien.
– Existe a possibilidade de pressionarem o informante errado!
– Façamos o seguinte. Usemos mel para atrair este urso. Distribuam dracmas, ofereçam anistia e quinhentas dracmas por informações que levem ao culpado. Faça correr a notícia que eu quero este traidor entregue em nossas mãos ou começarei a cortar todos para baixo, culpados ou não, até que apareça.
– Será feito.
– O que diz da família dele? Como está Melinda?
– Ela não entende o que aconteceu, mas está agradecida a vossa majestade pela suspensão da sentença sobre seus filhos e seu marido. Nós tomamos o cuidado de enviar cada um para uma guarnição, assim não levantam suspeitas nem se comunicam. Todos os três estão trabalhando nas cozinhas, com recomendação de não chamarem atenção para si. Para todos os efeitos são homens alistados. Os dois meninos foram enviados para as cavalariças de sua propriedade em Megara e as três mulheres trabalham todos os dias com afinco no atelier do palácio. Siana diz que são as mais empenhadas costureiras do palácio.
– A menina de Cassandra?
– Ela é muito dedicada a Cassandra e tem se mostrado extremamente competente. Tem muita coragem a pequena.
– Vamos deixar assim por enquanto. Quem orquestrou isso teve muito trabalho para tirar a casa de Clito de cena e eu quero saber as razões. Suas propriedades entraram para o tesouro e nós vamos guardá-las para o momento apropriado.