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Warning Notes

Este capítulo contém cenas de humilhação, tratamento desumano, manipulação e abuso de poder, e pode ser perturbador para alguns leitores. É aconselhável a leitura para um público maduro, com compreensão de que a história aborda aspectos psicológicos e emocionais intensos.

– Conquistadora um Lesinius, tenente das forças do sul está aqui.

– Diga que entre Hisar.

– Conquistadora!

– Na facilidade Lesinius. Venha, sente comigo.

Muito preocupado com tal informalidade, Lesinius acompanha a Conquistadora, sentindo-se nada a vontade.

– Então, divertiram-se ontem a noite? Estava uma bela noite para caminhar.

– Sim, senhora. O comandante desafiou para irmos ver de perto as amazonas e faze-las tremer. Era uma aposta de dez dracmas por amazona assustada e um dinheiro a mais sempre cai bem na bolsa de um soldado majestade.

– Concordo. Quem ganhou?

–Nenhum de nós. Se elas se assustaram não demonstraram e fomos procurar mulheres de verdade. Não tivemos intenção de descumprir suas ordens, majestade.

– Minhas ordens foram de que não as tocassem. As tocaram?

– Não, senhora.

– Elas falaram algo? Foi dito algum comentário que eu deva saber?

– Não majestade, quero dizer, o comandante perguntou a causa das contusões por todo o corpo de uma delas e ela respondeu que desagradara vossa majestade com uma resposta, mas apenas isso.

– Ela disse qual foi a pergunta?

– Não, apenas respeitosamente disse que não cabia a ela revelar vossas ações, majestade.

– Algum outro comentário?

Lesinius não era tolo. Ele não sabia como, mas teve certeza de que Xena soube do que foi dito entre eles. Talvez alguma amazona tenha relatado. Eles haviam falado entre si e isso não era possível, pois encontraram a Conquistadora vindo do lado oposto quando ela o convocou para esta entrevista. Ela não sabia o que fora dito antes de chama-lo, mas elas podiam ter relatado.

– Todos fizemos comentários sobre como elas poderiam servir aos homens no exército, majestade.

– Meu ou de Briontis?

– Todos pertencemos ao vosso exército Conquistadora . Somos homens do General Briontis a vosso serviço.

– Lesinius, isto é um problema para quem acredita que mulheres não podem ser guerreiras, não concordas?

Deuses! Ela sabia cada palavra dita! Lesinius tinha certeza que as consequências seriam catastróficas. Ele avisou o comandante sobre seus comentários, e agora isso!

– Foi apenas maneira de falar, senhora. Estávamos bêbados, mas nos referíamos às amazonas, não à Escolhida de Ares.

– Bebida não é desculpa pra estupidez e oficiais não podem ser estúpidos. Qual a história do comandante e as amazonas?

– A irmã dele foi raptada por estas mulheres quando ele estava em missão. Ele chorou meia marca de vela e jurou vingança contra elas. Eu estava com ele, quando soube, senhora. Marcel e eu somos amigos desde meninos e quando Jéssica nasceu ele se tornou mais protetor que uma loba com sua ninhada. Era a alegria do comandante, majestade.

A Conquistadora levanta servindo-se de uma taça de vinho. Sendo inapropriado permanecer sentado, Lesinius levanta em silêncio, aguardando saber seu destino e de seus companheiros.

Xena vira-se para o tenente e fica um tempo olhando-o fixamente, bebendo lentamente, até que o silêncio se torna tão denso que o ar poderia ser tocado.

– Bom, onde está tua lealdade Lesinius?

– Minha lealdade é e sempre será de vossa majestade.

– Então, irás observar os homens de Briontis. Desejo saber se houver mais comentários sobre minha capacidade como guerreira, liderança do exército ou governo do império.

– Ele é leal, senhora. Ficar perto das amazonas lhe tira seu melhor juízo, mas em seu coração ele lhe é fiel. Aposto minha vida nisso.

– Aposta aceita, tenente. Bêbado ou não, estes pensamentos estão muito próximos da traição e seu amigo de infância cometeu um erro muito grave ao manifesta-los em público. Nenhuma palavra disso a ninguém , Lesinius.

– Sim, majestade.

– Dispensado.

– Conquistadora!

Algum tempo depois, Yolker entra com o desjejum, colocando-o sobre a mesa de Xena e se surpreende com o braço enfaixado de Gabrielle.

– Vejo que desaprovas eu cuidar de meu bichinho Yolker.

– Não, minha senhora. Eu apenas estou surpreso de vê-la sem a coleira.

– Ah. Ela irá colocar novamente, mas creio que não precisarei amarra-la novamente no poste. Preciso alteza?

A dor da noite comia Gabrielle em suas terminações nervosas . Qualquer toque, mesmo a fala era extremamente dolorido, mas Gabrielle sabia que não poderia se dar ao luxo de fazer Xena irritada. Usando sua voz mais cordata, procura controlar a dor e responder humildemente.

– Farei conforme agradar a vossa majestade, mas com vossa permissão majestade, em verdade, gostaria de me desculpar com este senhor.

Faz uma pequena reverencia para Yolker e olha em seus olhos .

– Eu não consegui enxergar com exatidão no escuro e tudo que via era uma sombra se movendo. Estupidamente não me ocorreu pensar que se os guardas lhe permitiram entrar, não era uma ameaça. Minha dor embotou meu raciocínio. Peço desculpas por meu comportamento e se eu lhe trouxe algum constrangimento senhor.

Yolker vira para Xena com surpresa em seus olhos e uma pergunta silenciosa de como deve reagir.

– É contigo Yolker, podes aceitar ou negar o pedido de desculpas de um membro da realeza amazônica. Vou tomar o desjejum aqui. Traz uma tigela com água, um pouco mais de pão, queijo e carne, pois quero ver se meu bichinho vai merecer alimentos.

Yolker sai pra atender a Conquistadora e ela olha pra Gabrielle tentando medir a sinceridade de suas palavras. Vamos fazer isso mais animado pensou.

– Se Yolker te desculpar tens permissão para comer e tuas irmãs talvez recebam água também, caso contrário, todas ficarão muito desconfortáveis até o sol se por.

Gabrielle não tinha ideia de qual comportamento seria adequado, mas se havia possibilidade de suas irmãs receberem algum conforto , ela estava disposta a pagar qualquer preço que esta mulher cruel exigiria. Rezou a Artemis que o coração do jovem ordenança não fosse tão duro quanto de sua comandante.

Yolker retorna com o desjejum solicitado colocando-o também sobre a mesa e a Conquistadora percebe que há mais do que normalmente é servido e afetando despreocupação enquanto se serve de queijo, Xena pergunta se ele aceitou o pedido de desculpas .

–Pensei no assunto e creio que me agrada saber que há mais alguém preocupado com sua segurança, majestade. Embora tenha ficado envergonhado de ter sido surpreendido e com meu braço dolorido, tenho de reconhecer , que a pequenina agiu em seu melhor interesse, minha senhora. Com sua permissão majestade, eu aceito o pedido de desculpas da princesa amazona. E com sua licença, devo ir verificar Giltar e conduzi-lo com Aster para alguns exercícios.

–Vai Yolker e leva algumas maçãs de minha parte. Eu irei ter com ele para um passeio a tarde, mas antes avisa a Xilant que retire das amazonas as correntes de pernas e que arrumem um odre com água. Elas são irmãs e gostam de compartilhar, então um odre apenas deve bastar para todas e que ele não mencione se podem sentar ou não. Vamos ver o quanto elas lembram das ordens que receberam.

–Sim Conquistadora .

–Como é seu nome amazona?

–Gabrielle, senhora.

Sentada a sua mesa, Xena observava o esforço que Gabrielle fazia para não demostrar a evidente dor que sentia.

– Muito bem, Gabrielle, tens sede?

– Sim, senhora.

– Não devemos deixar meu animalzinho sofrer de sede, devemos?

Xena faz sinal com o punhal para que Gabrielle se coloque no outro lado da mesa.

– Tire a tigela com água da bandeja e coloque na mesa Gabrielle.

Gabrielle respeitou os comandos e ficou aguardando.

– Podes beber, princesa. É evidente porém que animais não usam as mãos para beber, então, podes beber quanto quiseres desde que não uses as mãos.

Rindo, Xena continuou a saborear seu desjejum, observando uma frustrada amazona fazer tentativas de sorver água de uma tigela pequena. Gabrielle tanto tentou que acabou virando a tigela, molhando a mesa e a água começou a escorrer, formando um filete, momento em que Gabrielle abaixou-se aparando o máximo que conseguiu em sua boca, antes que não houvesse mais água escorrendo.

A Conquistadora continuou seu desjejum, sem se abalar que seu pequeno gracejo tivesse chegado ao fim. Tomou um pequeno pedaço de carne e jogou sobre a mesa, fitando Gabrielle com um sorriso. Gabrielle olhou para a Conquistadora e para a carne, mas não se moveu nem falou nada, ficou apenas esperando. Xena apontou a carne sorrindo.

– Preferes no chão?

Gabrielle abaixou-se um tanto sem jeito e pegou a carne da mesa com a boca. Estava faminta pois não comia nada desde o desjejum do dia anterior. Xena lançou pedaços de queijo e de pão. A vergonha estava cobrindo-a e sentia um calor subindo por seu rosto. Ela não levantava os olhos da mesa. Tinha certeza de que estava ficando vermelha e a dor permanente, que estava amenizando em virtude da dose de medicamento que Iodia lhe deu, parecia voltar em ondas.

Xena pica vários pedaços de carne e queijo, partindo pequenos pedaços de pão em sua tábua. Serve-se de uma taça de vinho e fica olhando para Gabrielle, sorrindo.

– Animais de estimação não usam roupas e é hora de te vestires de acordo com tuas irmãs Gabrielle. Para uma princesa amazona, você fica envergonhada com muita facilidade e nós devemos reparar esta falha em sua educação o mais rápido possível.

A Conquistadora inclina sua cadeira para trás e começa a sorver seu vinho sem tirar os olhos de Gabrielle , exigindo em tom baixo.

– Agora!

Gabrielle dá dois passos se afastando da mesa, ficando mais desamparada e começa a remover as peças de seu traje amazônico. Seu protetor de braços, de ombro, suas botas, sua saia , seu top e finalmente sua roupa interior, baixando a cabeça, fixa seu olhar no solo, colocando as mãos na cabeça.

– Levante lentamente sua cabeça, amazona e olhe pra mim.

Gabrielle obedece imediatamente.

– Ainda sentes fome?

– Sim, senhora.

– Coloca teus braços ao lado do corpo.

Baixando sua cadeira para posição normal a Conquistadora fica em pé e pegando outra taça de vinho joga os alimentos que tinha picado em sua tábua, espalhando-os pelo chão no espaço a sua frente e ainda sorrindo, completa o que havia planejado .

– Coloque-se em quatro patas, limpando o chão da tenda e cuide para não sobrar nada. Não quero saber de alimento desperdiçado, animal.

Gabrielle ficou em seus joelhos e suas mãos, chorando envergonhada foi comendo cada pedaço de alimento que havia caído nos tapetes enquanto Xena terminava seu vinho. Quando ela terminou o último pedaço de alimento, não sabia o que fazer, optando por simplesmente manter-se parada onde estava.

A Conquistadora sentara-se com a coleira na mão.

– Vem aqui e te ergue em teus joelhos.

Sendo obedecida imediatamente, colocou a coleira sem a trela e permitiu que a amazona se erguesse em sua altura plena.

– És muito obediente para um membro da Casa Real . O que está pretendendo com esta solicitude toda amazona?

– Pretendo demonstrar nossa total e completa lealdade a vossa majestade, com tudo o que o termo amazona significa Conquistadora. A Rainha Melosa assinou o tratado com vossa majestade, reconhecendo vossa autoridade fora do território amazona, tornando nossa Nação aliada , ao mesmo tempo independente e vassala do Império. É adequado que mostremos respeito a vossas leis e costumes e eu mais que todas devo ter tal atitude. Nossa presença em seu campo de treino foi uma infeliz coincidência e eu lamento ter sido a causa, mesmo involuntária, da jornada que trouxe tantas irmãs como criminosa aos vossos olhos por transgredir os termos de jurisdição da Nação.

Juro por Artemis Caçadora que não tínhamos nenhuma intenção ou missão oculta ou exposta que não fosse buscar o medicamento no templo de Atena.

– Falas bem amazona, mas teu julgamento não acontecerá aqui e agora. Tenho muito o que fazer, então tu vais ficar sob o carvalho, observando tuas irmãs em exposição. Sentarás na sombra, com um odre de água que sorverás conforme te parecer melhor. Aconselho faze-lo lentamente. Quando o sol estiver a pino virás aqui e te vestirás para assistir o julgamento de tuas ações. Talvez então poderás falar.

Gabrielle vai em direção ao carvalho, enquanto a Conquistadora entra na tenda de comando.

– Senhores.

– Bom dia Conquistadora.

– Vamos dar início aos jogos.

Sendo feita a escolha das posições de cada divisão, a Conquistadora esclarece as regras finais.

– Os senhores tem até a noite de amanhã para assumirem posição de defesa, quando estará aberta a temporada de caça as bandeiras. O raio será de sessenta e duas milhas deste comando, onde estará minha bandeira principal. Haverá mais três delas espalhadas neste campo.

– Ao seu comando.

– Proponho uma aposta simples entre nós, senhores. Para cada soldado perdido, o general pagará uma multa de um didracma, de seu próprio cofre, não valendo descontar dos seus soldados.

– Conquistadora, eles que se deixaram apanhar, deveria pagar de seus bolsos.

– Não seja tão duro Dionir, talvez teus soldados não tenham culpa de encontrarem adversários mais preparados, meu amigo.

– As terras da Trácia são duras o suficiente e meus homens batem os teus em qualquer exercício em igualdade de condições Icer. A proximidade com a pesca deixa os homens mais flexíveis .

– Vamos deixar a rivalidade para os jogos, rapazes.

– Gosto do desafio Conquistadora , é sabido que nas terras do sul, até os meninos agem como homens. Esparta que o diga. Aceito sua proposta majestade e concordo que um general tem que ser fiador de seus homens. Não concordas Terquien?

– Concordo, mas se um homem vale um didracma, um cavalo deveria valer vinte didracmas.

– Apenas os que forem levados até o campo que o capturou, Terquien!

– Certo, apenas os que forem presos no campo do captor.

– Concordo. Senhores, alguém tem outra proposta? Amanhã a noite iniciaremos os combates e os vocês poderão discutir no banquete quem tem os guerreiros mais preparados. Boa sorte senhores. Dispensados.

Todos colocaram-se em prontidão e saudaram.

– Conquistadora!

Ficando sozinha na tenda de comando, a Conquistadora manda Yolker chamar seus oito capitães de pelotão e começa a distribuir as tarefas.

– Cap. Xilant da primeira unidade e Cap. Alceu da segunda coordenarão a defesa, ficando a segunda unidade com a defesa do campo e a primeira unidade com a do perímetro mais afastado, sendo que cada um terá três outros capitães para consultar. Vocês oito se organizem em torno disso, possuindo até o meio da tarde para apresentar um plano de defesa eficaz e eficiente.

Os homens começam a discutir ideias e definir prioridades com Xena ouvindo e aprovando a maioria delas, ao final a Conquistadora delega responsabilidades ao grupo e organiza o ataque.

– Irei pessoalmente montar as forças tarefas para as incursões de ataque retirando alguns homens de cada unidade e terão que improvisar para suprir estas ausências. Dispensados.

– Conquistadora!

A manhã já adiantara e o sol estava quase a pino. Hora de diversão.

– Yolker !

– Conquistadora.

– Já lavaste Gildar?

– Ainda não majestade. Agora a pouco acabei seu exercício e estou esperando que descanse na sombra.

– Leve Gildar para o banho, que Aster lhe dê atenção. Diz pra Gaius tirar as amazonas de suas posições e conduzi-las ao lago com permissão para conversarem entre si e se movimentarem um pouco, podendo beber livremente. Chame os tratadores, que sejam lavadas junto com Gildar, não vejo motivo para eu ter de respirar o cheiro de seu suor durante o julgamento. Diga-lhes que eu ficarei decepcionada caso se aproveitem da situação, eles devem considerar que são apenas animais de outra pelagem e usem de seu profissionalismo. Sabem que não gosto de me decepcionar. Faço-te responsável por estas ordens Yolker, entendido?

– Perfeitamente, senhora.

– Deixem que a princesa se banhe sozinha. Ninguém toca nela.

– Conquistadora!

Fazendo uma saudação, Yolker sai para cumprir suas ordens. Todas as amazonas foram devidamente lavadas, sem que os homens aproveitassem a chance. Apenas as lavaram como fariam com o potro preferido da Conquistadora, mas diferente deste não demonstraram nenhuma oposição e docilmente obedeciam os comandos que lhes eram dados.

Estes tratadores, teriam o que se gabar aos netos e camaradas, poderiam dizer que tocaram no corpo das amazonas e sobreviveram pra contar.

Gabrielle recebeu um pedaço de sabão, e uma toalha pois devia voltar a tenda e vestir-se a rigor para o julgamento. Assim foi feito.

As amazonas foram identificadas por nome, idade e ocupação na aldeia e vestindo a túnica cinza curta dos escravos, são levadas até a tenda de comando exatamente no meio do dia, onde são posicionadas na lateral esquerda, guardadas por quatro homens.