13 – Os Preparativos

Saíram da tenda de comando maravilhados com a importância de sua senhora, que até os Deuses lhe devem favores. Dínia , Helena e Fabíola estavam aguardando Ephiny lhes dirigir a palavra, enquanto Gaius chegou próximo a Eponin e francamente se apresentou.

– Olá, sou Gaius, do primeiro pelotão da segunda unidade dos Falcões .

Eponin cruza os braços e fica encarando Gaius até que ele se mostra desconfortável.

– Eu lembro de você, Gaius.

Gaius fica em prontidão e olhando em frente, toma toda formalidade que consegue, tentando diminuir a desagradável sensação de ter pisado no pé de seu superior.

– Devo entregar uma tenda e todas as suas armas, senhora, entendo que é a Mestre de Armas, senhora.

– Gaius, na facilidade homem. No tártaro que sou uma senhora e sim, sou a mestre de armas. Lidere Gaius, vou contigo buscar as armas.

Salina, Dieynisa, Kleith, Squiona, Cora, Taíra! Venham conosco. Temos uma barraca para armar.

– Dínia, como poderíamos providenciar as roupas, comidas e cavalos?

– Os cavalos ficam à direita, as roupas na intendência e os alimentos na tenda cozinha Capitã.

– Iodia, Assoyde, Lara! Vocês vão com Helena à intendência buscar as roupas, precisamos sair deste saco de batatas cinza. Procurem algo em conformidade com a posição determinada de cada uma . Traga algo para você Assoyde, e também para Solari e Eponin, procurando bem achará um jogo do meu tamanho que tenha correspondência ao posto determinado pela Conquistadora. Temos que estar adequadamente apresentáveis na reunião daqui a duas marcas de vela.

– Certo Ephiny!

– Solari, tu vais com Leah e Fabíola escolher os cavalos.

Solari olha velozmente e a raiva sobe em seus olhos.

– Esquece o passado e atenda tua responsabilidade, não temos tempo nem espaço para rancores agora. O que acha? Novos ou os nossos?

– Os nossos, se estiverem bem tratados Capitã, pois é sempre melhor um cavalo que se conhece, diz Leah olhando para Dínia .

– Solari encara Leah e respondendo à Ephiny esclarece como entende a situação atual.

– Por ordem da Conquistadora, as condições não mudaram e continuamos sendo o que somos, nos mesmos postos e funções Ephiny, verei da melhor maneira.

Leah se da conta que não devia ter respondido. A pergunta fora feita à Comandante Escoteira e a ordem de Gabrielle de servir como segunda, ainda em vigor nas condições postas, ecoava em seus ouvidos na voz irada de Solari.

“Vai obedecer qualquer ordem que receba de qualquer amazona, mesmo as meninas que estão formando trial e fará isso como um cão bem treinado, sem choros, cansaços, caretas, gemidos ou lamentações.”

– Os novos ou os nossos se estiverem bem tratados Solari?

Abrindo um sorriso amistoso Solari toca no ombro da Falcão, respondendo a pergunta de Ephiny.

– Fabíola, veremos os cavalos e darei a decisão individualmente, caso a caso.

Dínia tenta esclarecer para Ephiny quanto às condições dadas aos animais no campo.

– Se estiverem bem tratados ? Certamente estão. A Conquistadora não leva fácil incompetência com o manejo dos animais, exigindo que estejam sempre prontos para uso, como todo o resto do equipamento individual.Cada um é responsável pelo seu, mas existem momentos que ficam com os tratadores. São os responsáveis pela alimentação e banho nos animais da Conquistadora e extremamente profissionais.

Antes de um piscar, a mão direita de Solari estavam indo no rosto de Dínia e Ephiny intervém impedindo Solari de atingir o alvo aparando o golpe com sua mão, fazendo Solari segurar o ataque e controlar seu impulso.

– Desculpe-a Dínia , ela não levou bem o tratamento que recebemos da Conquistadora, nos tratando pior que aos animais quando nos capturaram. Solari, ela não quis ofender. Tu e Leah entendem melhor de cavalos que o restante do grupo. Vamos esquecer o passado e ir em frente.

Virando as costas para Ephiny , Solari sai em direção às cavalariças. Fabíola a acompanha incontinenti, na mesma direção, ambas em passo largo e presas em seus pensamentos, sendo seguidas por uma Leah envergonhada.

Pensando que Ephiny se referia ao passado no seu tempo como prisioneiras, Dínia coloca-se em prontidão.

– Minhas desculpas por tê-las ofendido, Comandante Ephyni. Eu não sabia. Nós três estávamos em missão e chegamos no momento do julgamento, apenas a tempo de ver a entrada da Conquistadora na tenda e as senhoras já estavam lá dentro. Não soubemos de nada que ocorreu antes.

– Você não ofendeu. Vamos focar no agora, temos muito o que fazer em duas marcas de vela e uma missão a desempenhar. Karin, Zenit, Deian, vamos com Dínia buscar comida para amazonas famintas.

Dínia por uns momentos fechou os olhos e recordou de sua última missão, quando tendo sida chamada ao Gen. Terquien, recebeu dele uma bolsa contendo um talento de prata , e quinhentas dracmas para utilizar na missão. Eram aproximadamente seis mil e quinhentas dracmas e um pergaminho selado, com ordens pessoais da Conquistadora. Devia abrir, ler, queimar o pergaminho e executar as ordens imediatamente.

“ Envio-te com estas ordens a Tebas , leva Fabíola e Helena contigo. Escolham uma caverna isolada, cravem dois postes nela, formando um posto de castigos adequado.

Quero que encontrem uma mulher de nome Satrina que vive na zona rural como escrava de Aquiceu. Ela deve ser raptada deixando quatro minas de ouro, valendo cem dracmas cada uma, sobre sua cama. Nenhuma palavra deve ser dita para ela ou na frente dela.

Levem-na para a caverna, com os olhos vendados e prendam-na firmemente entre os postes, de maneira que seus pés mal toquem o chão. Devem cuidar bem de vocês, então comam, bebam, busquem dormir e caçar. Ela não poderá ter descanso, nem sono, nem alimento. Apenas água.

Não usem nenhuma roupa com divisas enquanto trabalham as técnicas de interrogatório para não dar a ela nenhuma ideia de quem são. Somente parem quando ela ficar inconsciente e a reanimem. Em nenhuma hipótese devem magoar seu rosto ou cabeça e procurem não quebrar seus ossos nos primeiros tempos. Ela vai gritar, implorar, perguntar quem ou porque. Nada deve ser dito. Ela deverá escutar somente sua própria voz.

Retirem a venda depois de algum tempo para que ela possa acompanhar todos os momentos de preparação do processo. Façam tudo com calma, uma parte depois a outra. Deem tempo para uma dor diminuir antes de iniciar a próxima, tempo para o medo se instalar antes da dor. Quero suas unhas dos pés e das mãos arrancadas utilizando pequenas agulhas de bambu, suas pernas tratadas com chobos e suas costas tocadas por uma cauda de chicote quatro vezes seguidas, ao nascer e por do sol, lentamente, todos os dias enquanto respirar. Apertem os bicos dos seus seios com alicates e coloquem argolas em ambos os mamilos, nos quais pendurarão pesos progressivos . Fervam uma panela de água e derramem de tempos em tempos, em suas nádegas, barriga e seios até levantar bolhas, facilitará seu trabalho mais tarde, mas não toquem nestas bolhas. Quebrem seus dedos, todos eles um a um e depois esfolem totalmente suas costas, coxas , pernas e braços. Lavem com água do mar e salguem as partes sem pele.Façam este processo ser o mais longo que conseguirem, prolonguem sua vida ao máximo.

Quando julgarem que minhas recomendações foram atendidas, e ela está sem voz de tanto gritar, deixem-na descansar, lhe deem água e algo de alimento. Tratem-na com bondade, façam-na agradecer sua bondade.

Neste momento Dínia, chegue ao seu ouvido e diga-lhe que a Conquistadora manda lembranças de Dagnine e Borias. Apenas isso, mais nada. Agora e somente agora, abram as bolhas das queimaduras, uma a uma.

Retirem-na do poste e deixem que rasteje como a cobra que é, apenas aguardem que morra e lancem seu corpo no pátio de Aquiceu, sem serem percebidas.

Aguardo relatório completo nas manobras junto ao lago Esdel.”

X

Fora tudo feito conforme ordenado e a escrava levou três dias e duas noites para morrer.

Respirando fundo, abriu os olhos e apressando o passo, alcançou a capitã amazona que estava reunindo o restante de seu grupo no local onde seria armada a barraca, para ir a tenda cozinha buscar algum alimento. No retorno, recebeu agradecimentos de Ephiny e a garantia de que as amazonas se arrumariam sozinhas, repassou as últimas informações e junto com Fabíola e Helena foram à tenda da Conquistadora para prestar relatório de sua missão. Já era quase hora da reunião.