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Warning Notes

🚨: Este trecho contém descrições gráficas de estratégias militares, armadilhas e combate. A leitura pode ser intensa e impactante para alguns leitores sensíveis. 🚨: contém diálogos que incluem comentários desrespeitosos em relação às amazonas, questionando sua coragem e lealdade. 🚨 contém diálogos que incluem insinuações sexistas, questionando a capacidade das mulheres em relação à honra. Leitores sensíveis podem achar isso perturbador.

Aliviada desta dor aguda, Gabrielle conseguia controlar melhor a espera do remédio fazer um efeito mais ativo e deitada no canto da tenda ficou tremendo, observando o dançar das chamas pensando no que a noite reservaria enquanto Xena entra na tenda de comando.

– Boa noite Falcões .

– Boa noite Conquistadora.

– Então, o que temos? Alceu?

– Podemos estabelecer o perímetro num raio de dois estádios, considerando que temos o lago ao leste não precisaremos colocar guardas ali. Deixaríamos uma guarda de seis homens na tenda de comando e em cada uma das bandeiras sobrando setenta e seis homens para fechar o cerco.

– Xilant?

– Colocaríamos cada pelotão responsável por uma entrada nos vãos deixados pela segunda unidade, posicionando-se em duplas não deixando espaço para ataques frontais.

– Fale, Ademon.

– Bom, nós sugerimos alguns guardas escondidos dentro da barraca cozinha e na intendência para toma-los de assalto caso passem pelas linhas.

– Sim, Novaes?

– Concordamos com o perímetro do grupo de Alceu, majestade mas não podemos esquecer das pedras na colina pela entrada sul. Talvez um grupo ali, junto as pedras pudesse ser a primeira linha daquele lado.

– Nós entendemos que é importante ter guardas também entre os cavalos majestade. Se forem capturados estaremos em grande desvantagem.

– Sem falar no meu prejuízo Meehiel.

Todos riram. Menos as amazonas.

– Perdão Conquistadora , mas o que há de tão engraçado em perder os cavalos? Não iriam abater os animais!

Risos novamente e a Conquistadora explica calmamente para as amazonas o motivo da diversão.

– Há um jogo de dracmas entre os comandantes. Cada soldado abatido é uma multa de um didracma, um cavalo vale vinte didracmas, mas apenas os cavalos que forem capturados e conduzidos ao campo do captor.

– Como vocês saberão que os soldados foram abatidos?

– Eles ficarão marcados com tinta. A guarda de segurança irá fazendo a contabilidade sobre quem está abatendo quem. Nossa cor é vermelha, os outros possuem amarela, verde, azul, preta, roxa e branca. As espadas são sem fio, específicas para este treinamento, assim como as flechas sem ponta. A alijava e as bainhas estão impregnadas com a tinta.

Eponin chama Ephiny , que pede licença à Conquistadora e se reúne com Assoyde e Solari.

– Você não pode estar pensando seriamente em demonstrar a estes homens nossa tática de defesa interna!

– Estou Eponin, faremos isso e mais se ela quiser. Por nossa honra, foi feito o juramento de atender seus interesses no melhor de nossa capacidade, não podemos modificar isto agora.

– Concordo com Eponin, comandante. Não podemos colocar toda a Nação em perigo. Poucos homens que já viram nossa tática sobreviveram, é diferente de compartilha-las com oficiais militares de carreira.

– O que tu pensas Solari?

– Elas tem razão Ephiny , mas o que está feito está feito. Aceitamos acatando ordens de Gabrielle, não temos como selecionar o que nos é adequado cumprir.

Eponin estava em total desacordo.

– Não acredito! Eu não farei isso!

Ephiny enfrenta Eponin e encara suas companheiras firmemente.

– Tu farás como eu ordenar que faça. Não estamos com tempo de discutir e não vamos quebrar um voto sagrado. Sou a comandante desta expedição, da guarda real e de nossa Trial . Como questão de fato vocês farão exatamente como eu determinar que seja feito gostando ou não, até que eu morra ou seja substituída. Esta é a lei. Alguma de vocês deseja assumir meu lugar?

As três colocam a mão no peito e baixam cabeça . Assunto encerrado e voltando à mesa de discussões, Ephiny faz um sinal para as amazonas juntarem-se a ela .

– Problemas nas fileiras, amazona?

– Não majestade, apenas uma saudável discussão sobre nossas táticas e quais seriam mais adequadas apresentar aos seus propósitos. Poderíamos fazer algumas observações?

Mesmo sabendo que nem toda a verdade estava sendo dita, Xena deixou passar e autoriza esta linha de conversa.

– Senhores, vamos ouvir a comandante.

– Podemos usar qualquer outra arma ou equipamento?

– Não sendo letal , sim.

– Vocês estão se colocando numa armadilha e não estabelecendo perímetro de segurança.

Os homens se ofendem e começam a conversar agitadamente.

– Talvez a senhora possa nos dar alguma ideia melhor, afinal as amazonas mostraram em Tahal que sabem como defender um perímetro.

Poucos riram da piada, e a Conquistadora olhou fixamente para Sincinato .

– Explique Ephiny .

– A primeira defesa é o ataque, então algumas armadilhas fariam com que seus inimigos fossem conduzidos à outras e levados para um caminho mais interessante. Seus guardas junto ao lago ficariam expostos e sem proteção para um ataque no escuro. Deveríamos deixar fogueiras iluminando bem o local.

– Eles seriam alvos fáceis, reclamou Alceu.

– Mas poderiam enxergar. Vigias que não enxergam não servem para nada e o senhor nem ia garantir esta via de acesso, Capitão. Uma balsa, totalmente escura com dois arqueiros faria uma proteção aos guardas e pegaria os inimigos de surpresa.

– Sugerimos cavar fossos largos um pouco antes do início do morro, poderíamos abater os inimigos quando tentassem transpô-los. Aqui, aqui e aqui.

Eponin vai mostrando os pontos no mapa.

– Algumas bem camufladas armadilhas para javali, com o chão forrado de troncos deitados, devidamente sujos de tinta, neste e neste ponto pegariam mais alguns e obrigaria os outros a tentarem fazer entrada por estes pontos, onde seriam alvos fáceis para arqueiros sobre as árvores..

Assoyde ia mostrando os locais indicando os pontos a medida que ia sendo falado e Eponin enfatizava as alternativas.

– Nestes pontos aqui e naqueles outros cinco ali poderão ser acionadas armadilhas de troco e cordas o que diminuiria o gasto de homens na vigia por este lado. Os troncos também poderiam estar sujos de tinta. Solari, explique o caso das barracas.

– As barracas não deveriam estar guardando pessoal, mas parecer estar. Algumas armaduras, com fogo interno para fazer luz, iria enganar quem olhasse de fora, como um teatro de sombras. Isso os tornariam confiantes e descuidados para seus homens saírem de trincheiras cavadas e tapadas por escudos camuflados pela grama, saírem e atacarem por trás.

– Assoyde,explique dos cavalos.

– Sim Ephiny. Realmente, devemos deixar alguns cavalos a mostra, mas a maioria deles deveriam ficar neste ponto junto ao lago, onde as rochas fazem um curral natural, fácil de defender com apenas dois homens. A primeira linha de vigilância deveria ficar no alto das árvores avisando da movimentação inimiga e deixa-los passar mas impedir sua fuga caso tentem retornar. Assim ficarão entre duas forças.

– No momento, era o que conseguimos perceber para a defesa, senhores, conclui Ephiny .

– Elas tem um ponto. Vamos discutir o mérito de todas as ideias.

– A primeira unidade poderia utilizar este sistema de duas frentes e creio que Cadmo, com o segundo pelotão, afastando em mais quatro estádios a linha externa nas árvores formariamos pelo solo em posições espelhadas e sincronizadas em pinça com o terceiro de Felipe e o quarto de Sincinato, majestade . Xilant observa atentamente.

– Concordo capitão, disse Helena. Também poderíamos utilizar as armadilhas postas na mata, com as aéreas pelo centro e as fossas para javali nos flancos. Os que escapassem de uma, cairiam em outra.

– Meu pelotão poderia cuidar da entrada sul, cavando o fosso no início do morro e preparando as estacas para barrar a cavalaria.

– Mas deixe uma trilha próxima as pedras para eles entrarem, Adicles. Queremos os cavalos.

– Com certeza Alceu. Se formos cuidadosos os cavalos poderão entrar por dois caminhos, esta trilha ao sul e costeando o lago. A ideia da balsa é muito boa. É só uma seta acertar o cavaleiro e teremos a manada entregue em casa.

Alceu concorda com um sorriso.

– Poucos chegarão a ameaçar a bandeira . A segunda unidade está perdendo toda a diversão.

Todos riram da brincadeira. Menos Leander.

– As armadilhas não parecem maneiras honradas de combater. São nossos camaradas de armas e não cervos para serem tocados em direção ao abate. Isso não é um exercício de estratégia de combate mas estratégia de caça. Combater escondido longe, acertando de surpresa o adversário é para amazonas não para guerreiros de verdade.

Ao mesmo tempo Eponin e Solari reagiram erguendo-se em toda sua altura Ephiny não alterou sua fisionomia ou sua voz e sem tirar os olhos do mapa chamou-as para continuarem o que estavam fazendo, como se nada tivesse sido dito que lhe afetasse.

–É importante que os guerreiros da balsa sejam bons nadadores, pois não ficarão sobre a balsa, mas atrás e abaixo dela. Apenas o arco e a alijava ficarão sobre a balsa, também importa que a bandeira não seja presa por uma corda, mas por uma corrente.

– Por que? Qual a diferença?

– Evitará que seja roubado durante a noite, Fabíola .

Não aceitando ser ignorado, Leander faz outra tentativa para provocar uma reação em Ephiny .

– Só uma amazona pra se preocupar com truques de roubo ou com a corda que amarra a bandeira, como se a forma de prende-la fizesse diferença ao invés de buscar fazer um embate frente a frente.

Ephiny novamente determina que as amazonas continuem as marcações da melhor localização para a parte aérea, as armadilhas e a balsa. Não há nenhuma reação à provocação.

– Considerando que se perdermos a bandeira perdemos o jogo Leander, qualquer sugestão que nos aproxime da vitória é válida. Suas brincadeiras não estão sendo bem aceitas. Recomendo que troque de atitude e contribua para vencermos esta competição. Entendido?

Leander coloca-se em prontidão e responde de imediato.

– Sim Conquistadora, não tive intenção de ofender.

Ainda olhando o mapa, agora marcado com as armadilhas, Ephiny sugere colocarem as bandeiras em pontos estratégicos, como alvos cercados por armadilhas e vigias ocultos.

– Estes guardas devem estar visíveis para distrair os inimigos e serem bons com a espada para resistirem tempo suficiente, evitando que seja percebida a movimentação da vigilância oculta. Acredito que esta missão seria bem agradável para seu pelotão capitão Leander, um bom combate individual demorado.

– Bom, creio que fizemos um bom quadro, senhores. Como os jogos somente iniciam amanhã a noite, não poderemos realizar nenhuma movimentação ofensiva antes do por do sol de amanhã. Xilant, você cuidará das armadilhas aéreas e terrestres da mata no perímetro mais avançado e teus homens farão o mesmo no interior do campo e no morro ao sul, Alceu. Eponin, Assoyde e Solari auxiliarão orientando a construção de algumas armadilhas e separem os Falcões que conhecem arvorismo, tenham boa pontaria com o arco e os nadadores.

– Sim senhora.

– Alceu, nomeia bem os que cuidarão do nosso curral. Não quero perder nenhum dos meus cavalos. Ephiny , tuas amazonas tem ordens de descansar até o meio dia de amanhã. Como exercício, Leander, monta teus homens como defensores da bandeira do campo esta noite e usem cordas para hastear.

– Ao seu comando Conquistadora.

– Agora vou nomear os que farão parte das equipes de assalto. Devem se reunir aqui amanhã após o almoço. Serão três grupos compostos por dezenove Falcões e seis amazonas. Xilant, Gaius, Solari ; Eliano, Novaes, Ephiny , Meehiel, Ademon, Assoyde ; Télio, Dietar, Milenti, Eponin; Fabíola , Dínia e Helena. Poderão escolher o restante dos Falcões e amazonas para acompanhar. Dispensados.

– Conquistadora!

– Sincinato e Leander, fiquem.

Após todos saírem, Xena ficou de braços cruzados na frente dos dois capitães que aguardavam em prontidão.

– Expliquem.

– Permissão para falar livremente, majestade.

– Adiante Sincinato, não tenho a noite toda.

– Estas mulheres não sabem o que é ter honra, majestade! Como podem lutar ao lado de um homem que a tratou como animal e defender a vida deste homem? Caminharam como prisioneiras entre nós, ficaram em exposição como cavalos e chegam entre nós falando como iguais!?! Não são confiáveis, estão com algum objetivo oculto, senhora.

– E quais as suas razões Leander?

– Elas cheiram a covardia, suas ideias cheiram a covardia. Foram capturadas sem nenhuma resistência, nenhuma luta, não tinham perímetro de segurança estabelecido nem armadilhas, nem defesas. Elas não são guerreiras, majestade. São apenas mulheres que brincam de caça.

– É isso? Vocês tiveram este comportamento infantil em uma reunião onde elas compareceram convocadas por mim!!! E seus motivos são que não gostam de amazonas?!? Estão decepcionados com a facilidade que elas foram capturadas. Queriam despojos de guerra, talvez?

– Não Conquistadora.

– Bem, se elas tiverem algum objetivo oculto é bom termos nossa visão nelas Sincinato e estás errado Leander. Elas apenas não montaram perímetro por que não havia um exército inimigo lá fora, estavam de passagem e não em campanha. Quando aconteceu de estarem cercadas, era o meu exército e elas não iriam levantar armas contra mim, por que sua rainha assinou um tratado e as amazonas honram a palavra de sua rainha. Vocês me decepcionaram hoje. Eu declarei que elas eram seus iguais e vocês não honraram minha palavra. Aproveitem senhores, não sou dada a segundas chances. Que não se repita este comportamento. Dispensados.

– Conquistadora!