Aviso: Submissão, Violência, Militarismo! — Você pode ocultar o conteúdo sensível marcado ou com a opção no menu de formatação . Se conteúdo alternativo for fornecido, será exibido em seu lugar.
Notas de advertência
1 - Este trecho contém conteúdo adulto e cenas de violência, sendo apropriado apenas para leitores maduros. 2 - Há referências a submissão, punição e descrição intensa de treinamento, podendo ser sensíveis para alguns leitores. 3 - A descrição de estratégias militares e hierarquia é uma parte significativa do texto, podendo ser impactante para alguns leitores.
20 – A realeza no cativeiro
por MNS– Artemis seja louvada. Seja bem vinda alteza, estamos felizes de encontra-la novamente e com saúde.
– Por favor, levantem-se minhas irmãs e obrigada por suas palavras Kleith, mas não seria apropriado uma força do exército imperial curvar-se perante mim, agora. Me chamem de Gabrielle, por favor.
– A própria Conquistadora disse que continuaríamos sendo o que éramos , princesa, mas não queremos causar-lhe problemas. Venha, junte-se a nós em nosso descanso.
Todas já estavam sentadas sob o salgueiro, em um círculo com Gabrielle, ouvindo suas palavras e aproveitando o convívio.
– Descanso? Como assim?
– Recebemos ordens de descansar até o meio do dia e estamos aproveitando para fazer alguns punhais sem fio, com cabos de madeira pra esta guerra de mentirinha que chamam de treinamento.
– E você Leah, o que tem que está tão calada?
– Solari lhe proibiu de falar desde as cavernas Gabrielle, nem pra Conquistadora ela responde. Mas e tu Gabrielle, como estás? Como tem sido este tempo com a Conquistadora ?
– Ela tem me tratado como um animal de estimação e parece que está se divertindo muito em constantemente recordar-me a atual situação. Tudo tem se resumido a cumprir suas ordens de forma rápida e completa, no entanto, se considerarmos como poderia ter sido, eu estou bem. Só em saber que vocês estão vivas, livres e com possibilidade de um dia retornar ao nosso povo agradeço a cada respiração a intervenção divina. Artemis olhou por nós e Atena foi misericordiosa. Quando vinha pra cá, ouvi alguns Falcões falarem que vocês obtiveram uma vitória sobre os homens de um capitão. Contem mais.
– Bem, a Conquistadora queria testar sua guarda que estava protegendo uma bandeira no alto do mastro principal da barraca de comando. Então Ephiny mandou Karin e Leah buscar e elas conseguiram em uma marca de vela. Não foi nada demais.
– Sério? Meus parabéns Karin e a Leah também, é claro. E como tem sido o relacionamento com os homens, quero dizer, eles tem respeitado vocês?
– Nenhum foi tolo o suficiente para tentar algo, mas recebemos orientação de sair sempre em grupo o que dificultaria pra eles fazerem qualquer coisa. As vezes recebemos alguma proposta ou piada, mas não passa disso. Você já comeu alguma coisa? Está com fome?
– Eu já comi, obrigada Lara. Preciso ver Iodia e cuidar o avançar do dia porque devo banhar-me e estar de volta na barraca antes da Conquistadora encerrar a reunião.
– Lara, vai buscar Iodia. Precisa de ajuda para banhar-se Gabrielle?
– Obrigada, Squiona.
– Venha, vamos nadar um pouco que vai te ajudar a relaxar.
Depois de ser medicada por Iodia, Gabrielle esquecendo sua situação por algumas marcas de vela, retornou pra um tempo em que jogos e risos preenchiam sua vida. Banhou-se a sério e retornou com passo mais leve para a barraca da Conquistadora quando faltava pouco para o meio do dia. Não queria arriscar um erro que poderia ser de graves consequências para suas irmãs.
Continuando a reunião, Xena segue discutindo com os oficiais sobre as estratégias de ataque e quem iria compor cada grupo até que Milenti entra na tenda de comando parando ao lado da aba, esperando ser autorizado, quando o olhar da Conquistadora parou sobre ele e erguendo a mão ela chamou-o para seu lado.
Deixando um momento a discussão para os oficiais, Xena da atenção ao Falcão à sua frente.
– O que foi Milenti?
A senhora disse que desejava ser notificada se algo diferente acontecesse com a princesa amazona, majestade. Ela foi banhar-se no lago e todas as amazonas presentes a saudaram como parte da realeza, depois ficaram conversando normalmente como se fosse uma delas novamente. Agora a pouco entrou em sua tenda, Conquistadora.
– Obrigada, Milenti.
Dando ordens para que cada comandante de grupo dedicasse a tarde em unir seu grupo e estipular formas de agir, Xena encerra a reunião indo em busca de Giltar para um passeio, encontrando-o suado e sem maçãs disponíveis. Indignada, abandona a ideia e decidida a continuar o treinamento de Gabrielle, vai para sua barraca, onde Yolker já havia disposto o almoço conforme o costume.
– Soube que você foi nadar Gabrielle. Algo diferente aconteceu no lago?
– Fui ver minhas irmãs, minha senhora. O senhor Yolker disse que eu poderia andar livremente pelo campo , majestade e deveria tomar um banho, fiz apenas isso.
– Yolker, vou ter de questionar seriamente Ephiny sobre isto de suas amazonas andarem se pondo de joelhos para meu animalzinho quando ele foi passear no acampamento. Se vão curvar para cada um dos meus animais não sairão muito cedo dos estábulos ou podem ficar rastejando pelo campo perto do centro de criação por algumas luas.
– Sim, senhora. Foi dito que todas tomaram tal atitude, mesmo as que estavam dentro do lago, saíram para saudar Gabrielle.
– Por favor, perdoe-as senhora, certamente não houve intenção de ofensa em tal atitude, foi apenas fruto do hábito. A culpa foi toda minha de ter ido até elas sem avisar, para que deliberassem uma postura mais adequada.
– É algo tão simples pra você Gabrielle, pedir perdão para poupar um castigo.
– Não, minha senhora. Eu aceito o castigo, foi meu erro, não delas. Peço que me perdoe se a ofendi, seu perdão majestade, não necessariamente é uma anistia.
– Você aceita?!? Chega a ser engraçado. Imagina que eu ficaria ofendida com o relincho de Giltar, então parece que você não entendeu ainda, mas com o tempo aprenderá. Tens fome?
– Sim, senhora.
– Vem, senta e te serve. Come comigo, Gabrielle.
Ainda sem entender onde chegaria esta amabilidade toda, Gabrielle vai servindo-se de carne e frutas e senta com os olhos fixos na mesa.
– Aceita uma bebida? Vinho ou água?
– O que quiser, senhora.
– Vinho com água então. Eu sei que foi uma mudança e tanto em tua vida Gabrielle, mas como membro da Casa Real , compreendes que as leis existem para serem cumpridas e se o governante não garante a sua lei, seu próprio governo começa a ser questionado, desrespeitado e todo seu trabalho vai ruir como uma coluna construída na areia, sem base.
– Sim, senhora.
Gabrielle estava perdida ao conversar com a Conquistadora , como se fosse um ser humano normal, uma mulher igual a ela! Será que era isso que a Senhora do Império desejava? Como deveria responder aos questionamentos feitos? “Poderosa Atena guie meus pensamentos pois o que ela diz parece fazer sentido. Artemis permita que eu consiga evitar punições ao seu povo, que infelizmente arrastei pra esta situação” . Então lembrou que a Conquistadora avisou de uma maneira bem clara sobre mentiras , verdades e omissões. Nunca mentir ou ocultar a verdade dela.
– O que está realmente pensando, Gabrielle? Olhe pra mim e não venha dizer que não estava pensando em nada.
– Pensava que a senhora tem razão no que diz e lamentava ter descumprido a lei, mesmo que involuntariamente, responde olhando a Conquistadora diretamente nos olhos.
– Foi por este aspecto não intencional que eu permiti manterem a vida. Toda decisão de um governante tem sua razão de ser Gabrielle, devendo ser respeitada por todos. Assim é na Nação Amazona e assim é no Império ou em uma casa.
– Sim, senhora.
– Como estão tuas dores?
– Elas estão controladas, minha senhora. Iodia me entregou uma dose do medicamento antes do meu banho e disse que agora no meio da tarde teria outra, uma vez que vossa majestade autorizou que eu recebesse o tratamento por todo o tempo que durassem os jogos. Agradeço sinceramente minha senhora, muito obrigada.
– Isto foi obra das amazonas que ganharam um premio de livre escolha e solicitaram o tratamento completo de tuas dores. Achei que era justo, porém estas atitudes externas de submissão delas contigo devem parar e a lealdade delas de maneira alguma interferir com a obediência aos comandos recebidos.
– Elas cumprirão qualquer ordem vossa, minha senhora. São mulheres honradas e guerreiras que conhecem muito bem a hierarquia militar e social.
– Não vou interferir na relação de vocês, mas as manifestações de reconhecimento de tua posição na Nação devem ser feitas de maneira privada e nunca publicamente. Reconhecimento que você poderá apenas aceitar, nunca exigir e te dirigirá a elas como fará com qualquer pessoa livre, com muito cuidado e respeito, por que reclamações terão consequências que você não gostará de perceber. Mais água?
– Não, obrigada Minha senhora.
Por alguns instantes o silêncio preencheu o ar que vinha trazendo uma umidade anunciando a tempestade que cairia antes do anoitecer e cada mulher na tenda estava entregue aos seus próprios pensamentos.
– Gostas de cavalos, amazona? Sabes trata-los?
– Sim, minha senhora.
– Escravos?
– Perdão? Não, claro que não! Que absurdo!
– Não esqueça com quem fala, Gabrielle. Já tiveste escravos?
– Por favor me perdoe senhora, não tive intenção de ofender, apenas me surpreendi com a pergunta. Na tribo da rainha Melosa não existe escravidão e em minha casa, logicamente não. Nós éramos muito pobres e em alguns anos, mal tínhamos para comer no inverno então não teríamos como comprar ou sustentar escravos.
– Se não fossem pobres, terias?
– Não sei, acho que não. Quero dizer, possuir outro ser humano e trata-lo como um animal e uma propriedade? Não acredito nisso.
– A escravidão é uma necessidade econômica do Império e vista de um certo ângulo, um benefício para quem está nesta condição. Mesmo a Nação amazona reconhece a escravidão como um componente de sua estrutura jurídica. Não sabias?
– Sim, mas realmente não é adotada. E que benefício pode haver na perda da liberdade?
– O fato de Melosa não impor tal sentença não significa que não esteja em vigor e se considerar as alternativas, verá que a liberdade é um preço pequeno para ter alimento, um lugar para viver e roupa para vestir no inverno e geralmente o que sobra numa área devastada pela guerra, faz a escravidão parecer acolhedora. No teu caso foi a diferença entre viver ou não.
– Sim, senhora.
– Espero que nossa conversa tenha sido esclarecedora pra você, pois dificilmente teremos outra. Vou te permitir um pedido, Gabrielle. Pensa bem, talvez seja o último pedido que tu terás oportunidade de fazer na vida.
– Sim, senhora. Obrigada.
– Então, que seja razoável! Já escolheste?
– Sim, Conquistadora. Já.
– Diga.
– Respeitosamente, solicito o perdão de vossa majestade por algum erro que minhas irmãs possam ter cometido aos vossos olhos em equivocadamente me receber hoje pela manhã como parte da Nação. Vosso perdão para elas.
– Vocês são inacreditáveis! Está ciente que este pode ser seu último pedido na vida e você escolhe o perdão para elas?
– Sim, se a senhora me permitir escolher, esta será minha escolha.
– Então está certo. Não vou punir as amazonas por seu comportamento esta manhã e elas serão notificadas desta sua escolha, afinal é bom que saibam que sua preocupação e lealdade é correspondida. A lealdade e a obediência fazem parte do código do guerreiro que com algumas modificações é semelhante em várias culturas.
– Sim, senhora.
– Vamos verificar como tuas irmãs vão equacionar a lealdade e a obediência devidas a mim. Quanto a você Gabrielle, não tem mais aceitar, escolhas ou decisões. Você apenas obedece, seja o que for e rapidamente. Neste momento podes apenas respirar sem ruídos ou manifestações e quero que fiques em pé naquele canto da tenda e observe atentamente, com muita atenção o que acontecerá.
– Yolker, faça vir Aster e mande chamar Ephiny , Eponin e que tragam Lara e Karin com elas.
– Sim, senhora.
Entrando na sala, as quatro amazonas saúdam a Conquistadora , colocando a mão no peito. Ephiny falando por todas .
– Conquistadora .
– Aguardemos um momento Ephiny, temos de aguardar uma nova convidada.
– Aster está aqui majestade.
– Deixe que entre, Télio. Ephiny , Aster é a tratadora de Gildar quando estou em campo e ela está comigo desde os quatorze verões, precisando no momento aprender algumas coisas que hoje serão ensinadas.
– Conquistadora .
– Por favor, sentem-se no tapete senhoras, vamos ter uma sessão de treinamento interessante e devemos aproveitar este momento agradável com muita paciência. Sirva o vinho, Karin. Eu estava pensando na proficiência das amazonas com o chobo ou o punhal e gostaria de ver uma demonstração da habilidade de Karin e Lara, assim como a capacidade de ambas em cumprir ordens. Qual sua avaliação mestre de armas?
– Ambas são muito boas, majestade e buscam cumprir as ordens recebidas no melhor de suas capacidades.
Aster entra ficando parada no centro da tenda, com os braços ao longo do corpo, sem entender muito bem a razão de sua presença.
– Queria me ver, minha senhora.
– Sim. Fui cavalgar e Gildar estava suado e sem maçãs disponíveis, onde você estava? No rio?
– Sim, minha senhora , eu tinha levado Gildar a um passeio e ainda não o havia banhado. Estava considerando fazer isso depois do almoço, quando o sol estivesse mais ameno e ele menos acalorado.
– Eu já tinha avisado que receberia um lembrete de seus compromissos por um bom tempo se algo como isso viesse a acontecer e não seria adequado desconsiderar um aviso feito.
– Sim, minha senhora.
– Pega aqueles chobos, Lara e vai praticar em Aster.
Lara pega os chobos e fica parada, olhando para a menina e para Xena .
– O que estás esperando?
– Estou esperando ela pegar os chobos dela, majestade.
– Ela não usará nenhum. Tu vais treinar nela, não com ela.