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olhos e ouvidos bem abertos

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Notas de advertência

A narrativa se passa em um contexto histórico/fantástico, explorando temas de conspiração e estratégia em um ambiente de tensão e poder. Indicado para leitores interessados em histórias complexas de intriga e relações de poder, típicas do universo de Xena, a Princesa Guerreira.

Quatro luas se passaram após os jogos de Esdel, com as divisões voltando a seus respectivos quartéis. Gabrielle foi acomodada no aposento que faz divisa com o estúdio da Conquistadora e as amazonas, incorporadas aos Falcões que patrulham o andar superior, alternando suas escalas com o trabalho junto as cavalariças reais e o treinamento dos Falcões , utilizando o aposento frontal aos de Gabrielle como seu dormitório, ao lado da sala da guarda, sempre havendo duas de sentinela nas portas do aposento de sua princesa.

Eram cinco guerreiros sentados sob as árvores a oeste de Corinto , discutindo uma possível ação futura.

– Dizem que a milícia local é tão bem organizada que nem o exército da Conquistadora possui uma guarnição ali, o que existe é uma guarda no porto mais para dar apoio aos coletores de impostos do que qualquer outra coisa.

– Mas de quantos homens estamos falando?

– Uns cento e trinta no máximo e até saberem o que aconteceu estaremos longe.

– É somente uma pousada, creio que teríamos mais vantagens atacando a zona rural ou comerciantes dos pontos de entreposto.

– A dois verões e meio atrás, estive ali e a quantidade de moedas lançadas à barda toda noite dava uma ideia do quanto circulava. Poderíamos pegar vários caminhos nos misturando com a multidão e nos encontrarmos nas termas a sudoeste da cidade. Na zona rural, quem tem dinheiro ou algo que valha roubar possui muitos escravos ou milícia própria e os comerciantes sempre tem algum sistema de segurança. Estou dizendo que ali é só a taverneira e alguns empregados com muitas rotas de fuga. Quem se importaria com um roubo numa pousada?

– E melhor ainda, seremos somente nós cinco para dividir.

– Combinado então, assaltaremos a pousada de Amphipolis e depois veremos se esta ideia de roubo dentro da cidade é viável, poderíamos também ir mais ao norte e fazer uma visita ao Templo de Atena ou de Afrodite, acredito que as armas das sacerdotisas de Afrodite valem a pena atacar.

– Vamos dormir um pouco que a noite nos espera e nas tavernas de Corinto vocês verão o que quero dizer sobre bardos, depois dando um pulo ao bordel no sul do porto podemos praticar um ataque e trocar golpes com o toque da Deusa do amor.

Os homens foram deitar entre risadas, aqui e ali um comentário obsceno iria acompanhar gestos vulgares sobre a próxima excursão noturna.

Lara e Karin não pretendiam ouvir a conversa destes homens, mas Solari mandara sua Trial ir praticar um pouco de arvorismo e acabaram nesta situação. Apenas quando ouviram eles falarem de Amphipolis ficaram interessadas, pois todas sabiam que sua princesa tinha relações com esta cidade.

Desceram onde tinham deixado os cavalos, pedindo à Caçadora que suas companheiras não demorassem muito.

– Deian, onde está Dienynisa?

– Já vem vindo e conseguimos divisar um bom campo de caça pouco mais a oeste.

– Certo. Vamos organizar a retirada, busque o cavalo dela e deixe pronto, pois precisamos informar a comandante Solari daquilo que presenciamos .

Chegaram galopando de forma tranquila como sempre faziam desde sua presença em Corinto e sua urgência somente era traída pela velocidade de seus passos e enquanto Dieynisa guardava os cavalos elas pararam a alguns passos de Solari que conversava com Helena e Dínia.

– Sim, Karin?

– Encontramos uma situação que necessita sua atenção imediata comandante.

– Que situação?

Olhando para as duas Falcões Karin resolve deixar que Solari julgue o quanto deve ser revelado na presença delas.

– Há um bom campo de caça a oeste dos portões e encontramos um jogo interessante.

– E isto não poderia esperar eu terminar minha conversa, Karin?

– Seria uma caçada que talvez a comandante Ephiny gostasse de julgar por ela mesma, dada sua posição única nas questões de Zorah, comandante .

Solari percebeu que para ser mencionado o nome de Ephiny , sua posição e Zorah, significava algo que incluiria a Casa Real e certamente Karin não sabia se devia mencionar na frente das Falcões .

– Então devemos fazer chegar a Ephiny esta informação. Você nos desculpa Dínia, mas preciso encontrar a comandante rapidamente ou meu turno dobrará novamente esta noite.

Dínia não era tola e desde que as amazonas foram incorporadas ela buscou aprender o máximo possível sobre seus costumes e leis.

–lamento Solari, mas se algo está incomodando suas amazonas eu gostaria de saber para tomar providencias, porque estas são minhas ordens e minha responsabilidade.

Solari sempre confiou em seus instintos e algo lhe dizia que Dínia não seria facilmente despistada.

– Apresente o relatório agora Karin e depois sua Trial está de serviço no parapeito do segundo andar na ala dos jardins internos pelas próximas sessenta marcas de velas.

– Sim, comandante. Seguimos a cavalo até o grupo de árvores a oeste dos portões, onde começa um pequeno riacho e se estende por muitas marcas de vela adiante. Deixamos os animais pastando em espaço mais fechado, com arbustos, formando um cercado natural e seguimos em duas direções por sobre as árvores, com Dieynisa e Deian indo rumo oeste e nós para leste. Meia marca de vela adiante eu e Lara ouvimos um grupo de homens que acampavam abaixo de nós conversando sobre realizar um ataque à uma pousada, dirigida por uma mulher e voltamos para comunicar imediatamente, interrompendo o exercício da Trial .

– Não é por que a vitima em potencial seria uma mulher que devemos nos envolver, Karin. Eles podiam apenas estar conversando, contando vantagem.

– Nós também não investigamos a fanfarra de qualquer valentão em Corinto , amazona. O que fez você achar que isto seria importante?

– Eles mencionaram uma barda a dois verões e meio atrás e que não haveria nenhuma guarnição da Conquistadora, mas apenas uma guarda do porto. Planejavam assaltar a pousada em Amphipolis e como sabemos que a princesa é uma barda que veio de lá, pensei que seria importante relatar o mais rapidamente possível.

– Você fez bem Karin, mas ainda estão de serviço no parapeito começando logo após comerem alguma coisa. Não digam nada sobre isso a ninguém, obrigada.

– Sim, comandante.

– O que você quer fazer Solari?

– É realmente importante comunicar a Ephiny , e rápido. Se houver alguém importante para a princesa nesta cidade é nosso dever intervir.

– A Conquistadora pode não aprovar vocês saírem.

– Isso é algo para Ephiny resolver.

– Ajudarei no que puder, mas devo relatar isso a meu capitão.

– Eu sei. Obrigada, mesmo assim tenente.

Foram juntas procurar Ephiny que estava na sala da guarda num debate amigável com Xilant, sobre a melhor forma de obter resposta imediata a um comando. Posicionaram-se de maneira a serem vistas e quando o debate foi interrompido, ambas fizeram sinal a seus comandantes e aproximando-se relataram o ocorrido.

– Acredito que devamos comunicar imediatamente à Conquistadora e ela decidirá o que fazer, capitão, pois de qualquer maneira eu precisaria da autorização dela para abortar tal ataque.

– Vou com você.

A Conquistadora estava jantando em seu estúdio, com Gabrielle servindo sua refeição e preparando o início de um conto épico.

–Sim, Gaius?

– Desculpe, majestade, mas a comandante amazona solicita uma audiência, diz que é importante. O capitão Xilant está com ela.

– Que entrem. Sirva nossos convidados Gabrielle.

– Conquistadora .

– Na facilidade. Aceitam vinho? O que é tão importante que os faz vir aqui interromper minha noite Ephiny?

– As jovens escoteiras estavam fazendo um exercício de arvorismo fora dos portões da cidade e encontraram uma situação inesperada. Parece que cinco homens estavam planejando uma excursão para verificar o tempo de resposta das forças de segurança e se era mais rentável roubar dentro da cidade do que na zona rural. Escolheram um alvo que nos diz respeito diretamente e solicito a permissão de vossa majestade para iniciar uma ação que aborte tal ataque.

– Que alvo?

– Uma pousada em uma cidade sem guarnição do exército, mas que é importante para meu povo.

– Desde quando uma pousada na cidade é importante para as amazonas, Ephiny ?

– Sua proprietária acolheu uma de nós e estabeleceu-se na Nação uma dívida de vida, Conquistadora .

Xena olhou para Gabrielle que havia empalidecido ao compreender tratar-se de Cyrene e temia a reação da Conquistadora quando isso fosse revelado. Gabrielle mentalmente pedia a todos os Deuses que não fosse perguntado a cidade, pois recordava a reação de Xena ao saber de sua relação com Amphipolis, mas sabia que esta seria a próxima questão.

– Onde fica a pousada?

Ephiny olhou para Gabrielle, que fitou o solo derrotada.

– Em Amphipolis , majestade.

– Capitão, o senhor está sabendo disso?

– Fomos notificados no mesmo momento, parece que as jovens em questão fizeram relatório na frente de Dínia e sua comandante que trouxeram a questão até nós. Os homens se encontram em Corinto esta noite e estão planejando pegar um barco até a Macedônia.

– Novamente Cyrene, Gabrielle? Sua permissão está negada Ephiny , comande a presença das jovens escoteiras aqui imediatamente.

– Ao seu comando, Conquistadora.

– Xilant Vamos aguardar o retorno da comandante, este conto deve ser devidamente apreciado.

– Ephiny envia Solari e uma das sentinelas do quarto de Gabrielle ao parapeito com ordem da trial se apresentar imediatamente e retorna para junto de Xena.

– Sentem-se capitães, Gabrielle estava para começar seu conto.

– Sim, minha senhora. Qual história a senhora gostaria?

– Conte sobre o nono trabalho de Héracles, acho esta história particularmente inspiradora.

Assim que Solari retornou com Lara e Karin, Xena também as mandou sentar e Gabrielle começou a narrar a história de como Héracles conseguiu o cinto da rainha Hipólita das Amazonas para a filha do rei Euristeu.

– Muito bem, Gabrielle. Prepare um banho e fique na sala de banhos até eu mandar chamar.

– Sim senhora.

Xena escuta as jovens relatarem todo episódio, colocando aqui e ali uma pergunta pertinente.

– Xilant a taverneira de Amphipolis já está sob custódia observadora desde Esdel , quanto a vocês, devem ir até a cidade em todas as tavernas se necessário, entrem nos bordéis e onde mais for preciso. Levem Dínia, Helena e Fabíola com vocês e identifiquem estes idiotas para as Falcões do grupo de Elthor, que colocará uma vigilância discreta sobre eles.

Eles não tocarão em Cyrene Ephiny , mas não quero que Gabrielle saiba disso, quando eles estiverem sozinhos e sem testemunhas, capturem-nos e tragam para as masmorras do palácio. Dispensados.

– Conquistadora .

Todos se retiram e Xena vai para seu banho nadar um pouco. “Imbecis, atacar Amphipolis e roubar Cyrene. “
– Está muito quieta, no que está pensando agora, Gabrielle?
– Penso que há tanto que preciso aprender sobre as amazonas e estou preocupada com Cyrene, minha senhora. Ela foi tão boa comigo e está ameaçada por estes homens e não sei quantos mais. Meu povo me disse que havia uma divida de vida, para com ela, mas eu realmente não sei o que isso significa.
– Significa que ela fez algo tão importante para a Nação que a Nação lhe deve
qualquer coisa que ela pedir, contanto que não interfira na Casa Real . Ela poderia pedir a cabeça de Ephiny e lhe seria entregue numa bandeja, mas a sua não é viável princesa.
– Ela jamais pediria algo assim.
– Pode ser, mas tua bondosa taverneira tem uma Nação inteira em suas mãos e sequer sabe disso. Tenho certeza que há pelo menos duas amazonas guardando a pousada sem que ela perceba, até pode ter alguma trabalhando como empregada dela neste momento.
– Eu não sabia.
– Claro que não. Você é uma ignorante que desconhece as regras do mundo em que anda e acredita que a bondade, alegria e otimismo são possíveis se agir com misericórdia e todos responderão da mesma maneira. Não são, Gabrielle e quanto antes você aprender, melhor. Procure Siana e diga que me envie Claudia e mande Cassandra preparar um desjejum com carne de cordeiro novo assado. Ela saberá o que significa e fique em teus aposentos até que eu mande chamar. Agora, vai
Gabrielle fez como determinado e quando deitou em sua cama, somente conseguia pensar na jovem ruiva, alta de cabelos longos com uma antecipação ansiosa sobre a noite de serviço à Imperatriz e de alguma maneira desejava que Claudia sobrevivesse bem a esta noite.
Era madrugada quando foi chamada por sua sentinela.
– O que é Cora?
– A Conquistadora esta chamando, alteza.
– Obrigada.
– Mandou me chamar, minha senhora?
– Prepare um banho para Claudia em teus aposentos e deixa-a dormir, quero que ela receba atenção de tuas amazonas como uma hospede e mande que lhe ensinem algumas técnicas utilizadas para agradar Terreis, elas saberão do que se trata. Darei outra chance pra ela mais tarde se não for eficiente irá fazer a ronda dos oficiais no quartel do primeiro exército até o próximo verão.
– Sim, majestade.
– Gaius!
– Conquistadora .
– Quando Xilant chegar, diga-lhe que não precisarei de um relatório até a hora do almoço. Ele e Ephiny almoçarão comigo em meus aposentos.
– Sim, senhora.
Pela manhã a Conquistadora convidou Palaemon para uma cavalgada.
– Como as amazonas tem se portado, Palaemon ?
– Bem majestade. São eficientes, eficazes, com senso de disciplina e dever que rivalizam bem com os Falcões . Instalaram um sistema de vigilância paralelo ao nosso, assim duvido muito que alguém conseguisse penetrar no perímetro interno sem ser identificado e parado.
– Elas tem se mantido longe de Gabrielle. Algum motivo pra isso?
– Não de minha parte senhora. Tenho estabelecido calendário de serviço e treinamento que possibilita certa folga diária. Elas gastam a folga treinando e quando não é uma comandante, é outra que não dá margem para relaxar.
– Elas são obedientes, submissas?
– São disciplinadas.
– Você acredita que quebrariam as leis do Império propositalmente outra vez?
– Permissão para falar francamente, majestade.
– Fale.
– Não acredito que tenham quebrado na primeira vez. Quer dizer, quando elas chegaram às cavernas não estavam no perímetro proibido, pois vossa majestade ainda estava a caminho de Esdel quando elas chegaram lá.
– Infelizmente pra elas, não tinham um advogado tão bom quanto você Palaemon e vou te dizer em segredo que eu já sabia disso. Apenas decidi diferente.
– Sim majestade.
– Como você está lidando com esta paixão pela amazona ruiva ?
– Senhora?
– O nome dela é Cora não? Deixe de bobagens capitão, uma vez que não afete seu trabalho tem minha permissão para corteja-la.
– Ela não pode, majestade. Sem a permissão da Casa Real delas ela não pode se interessar por alguém, muito menos por um homem.
– Você quer a permissão da Casa Real ?
– Sim, eu gostaria senhora, mas não será possível. A comandante dela não transmitiria a solicitação.
– Ela gosta de você?
– Acredito que sim, mas temos tido cautela para não ofender ninguém.
– Vou arranjar sua permissão, Palaemon , mas não deves dizer a ninguém , muito menos a ela. Os caminhos do Império são mais complexos do que parecem Palaemon e é importante esta princesa estar amarrada ao trono , literalmente.
– Sim, majestade.
– Hoje a tarde vou testar a comandante amazona, se ela passar no teste estarão liberadas para voltar para sua tribo. Nossa guarda consegue retomar a rotina sem o suporte amazona?
– Certamente, senhora.
– Então vamos voltar e não diga uma palavra a ninguém, será nosso segredo.
– Certamente, majestade.
– Que tal uma corrida até os portões?
– A sua contagem.
– Em três contagens. Um, dois, três…
Cavalgaram a toda brida, passando a trote leve ao cruzarem os portões da cidade e ao chegar a seus aposentos, Xena dirige-se aos banhos.
– Milenti, diga a Cassandra que mande servir o almoço em uma marca de vela e convoque Xilant e Ephiny .
– Sim, senhora.
Algum tempo depois, ambos atenderam a convocação.
– Então, Xilant, os homens estão sob custódia no calabouço norte?
– Não, senhora. Coloquei-os nos primeiros, pois não sabia o quanto a senhora desejaria que fosse adiantado.
– Você já atuou como inquisidora Ephiny ?
– Não, majestade.
– Por quê?
– A Rainha Melosa não acredita válido o uso de qualquer meio e aboliu algumas técnicas de nossa prática.
– Mas você conhece as técnicas?
– Sim, conheço. Quando fui enviada em intercambio com a tribo do norte fui particularmente apresentada a elas.
– Ainda existe a tribo das estepes? A tribo de Cyane?
– Sim, senhora. Fui enviada ali em meu segundo ano no Clã de defesa, nós quatro fomos.
– Então faremos assim, Xilant. Ephiny utilizará as agulhas de bambu com os cinco e se ainda assim não disserem tudo que queremos saber, fará uma polaina vermelha para cada um, braceletes, o que for necessário.
Ephiny fica pálida.
– Algum problema, comandante?
– Não, majestade. Entendi perfeitamente.
– Ótimo, então estamos resolvidos.
– Que informações nós devemos extrair deles?
– Quero que ouça de suas próprias bocas o plano todo, se há mais alguém envolvido e principalmente o motivo de terem escolhido Cyrene como alvo.
– E se não falarem?
– Se a comandante for boa como parece capitão , não passará do primeiro e eles estarão cantando, mas se ainda assim não revelarem nada, creio que sempre poderá dar-lhes uma armadura vermelha ou picadas de abelha, estás ciente disso Ephiny ?
– Estudei-as no norte, mas nunca coloquei em prática.
– Comece antes do jantar levando uma das jovens com você, acredito que elas devem conhecer algumas tradições antigas de seu povo e faça Gabrielle decidir qual das quatro irá. Terminemos nosso almoço com os planos para o treino de amanhã cedo, Eponin poderia fazer um treino de espadas, ou Assoyde de arco com o primeiro pelotão se você estiver de acordo, Xilant
Por duas marcas de vela ficaram trocando ideias sobre formação até que Xena encerrou a conversa, dispensando-os.
Gabrielle continuava em seus aposentos, dando atenção especial à Claudia com óleos e massagens, quando Ephiny entra solicitando uma audiência.
– O que está acontecendo Ephiny ? Por que tanta formalidade?
– Recebi uma missão para ser realizada antes do jantar e devo levar uma componente da Trial de Karin, mas necessito que a senhora escolha qual delas, alteza.
– E desde quando eu escolho quem te acompanha em missões, comandante?
– Foram as ordens que recebi.
– A missão requer alguma habilidade específica que poderia guiar minha escolha?
– Todas são aptas, mas um melhor manejo do punhal é especialmente indicado.
– Então pelo que sei Karin ou Lara seriam mais adequadas. Entre as duas qual delas você levaria?
– A escolha tem de ser de vossa alteza.
– É perigosa? Necessita de força física maior?
– Não.
– Leve Karin, pois ela como líder da Trial tem mais vivencia em tomar decisões.
Ephiny repentinamente cai em um joelho, colocando o punho direito no peito e baixa a cabeça.
– O que é isso Ephiny ?
– Peço o seu perdão, alteza.
– O que houve Ephiny , o que está acontecendo? Você fez algo errado?
– Peço que me perdoe, em nome de Artemis, peço que me perdoe.
– Diga-me o que está acontecendo! Assoyde, Solari! O que está acontecendo aqui?
– Não sabemos Gabrielle. Ela almoçou com o capitão Xilant e a Conquistadora.
– Ephiny é sobre algo que tu fizeste ou sobre o que vais fazer?
Ephiny não disse mais nenhuma palavra. Gabrielle recorre então ao seu último recurso. A formalidade.
– Capitã, diga exatamente o que está acontecendo e levante me olhando de frente, nos olhos, como sempre faz! Isto é uma ordem.
Ephiny se ergue e olhando em frente responde da maneira que Gabrielle sabia que faria.
– Recebi ordens de executar uma tarefa com técnicas utilizadas pela tribo do norte e abolidas entre nós por Melosa.
– Do que se trata?
– Agulhas de bambu, polainas, braceletes e armaduras vermelhas ou picadas de abelha.
– Não me venha com códigos. Do que se trata?
Ephiny cerrou os dentes e não diria mais nenhuma palavra sobre isso e Gabrielle virou-se para Eponin.
– Do que ela está falando, Eponin?
Extremamente pálida, Eponin responde sem rodeios o que Gabrielle deseja saber.
– De maneiras antigas para extrair informações.
– Tortura? Ephiny está falando de tortura?
– São os antigos modos Gabrielle, Melosa não os usou nunca.
– Então como? Quer dizer?!! Ephiny , o que a Conquistadora quer que você faça? Picada de abelha e polaina, bracelete vermelho o que são?
Ephiny não diria mais nada.
– Eponin, do que ela fala.
Técnicas militares antigas, Gabrielle.
– Descreva.
– Gabrielle, por favor, isso não vai fazer nenhum bem.
– Conta-me agora!
– O vermelho se refere à cor que ficará e pode ser obtido de duas maneiras. Bracelete vermelho se refere a um bracelete de metal que é aquecido em brasa, antes ou depois de ser aplicado ao braço do interrogado e a outra forma é utilizando um punhal muito afiado e esfolar o braço deixando vermelho pela ausência de pele no local.
– O que são picadas de abelha?
– Golpes precisos utilizando a ponta de um bastão da espessura de um cabo de faca ou um chobo infantil e até mesmo um bastão de treinamento para crianças.
– Armadura vermelha, agulhas de bambu?
– Armadura se refere ao mesmo principio do bracelete, assim como as polainas referindo-se à parte do corpo que será atingida e as agulhas são pequenas lascas de bambu inseridas abaixo das unhas, até que a unha inteira se destaque.
– Por que isso? Por que agora e por que você Ephiny ?
– Não sei, mas recebi ordens e não conseguirei realizar sem seu perdão, alteza.
– Você não receberá meu perdão, comandante, pois não há nada para ser perdoado, não será você fazendo estas coisas. Independente de quem for o objeto de tamanha crueldade, nós não temos poder algum aqui e mesmo que você se negasse a realizar outro membro da guarda iria fazê-lo em seu lugar, lembre sempre que nós estamos comprometidas com um juramento feito. Será tua mão, mas o braço da Conquistadora . Faz o que deve fazer, Ephiny e vai com minha benção e a proteçãoda Caçadora, minha irmã.
Saudando sua princesa Ephiny se retira em busca de Karin, e prepara-la para algo que elas sempre rezaram jamais realizar.
Quase dez noites se passaram sem que Gabrielle tivesse tido contato com suas comandantes amazonas e a vida continuou passando lentamente a cada momento.

 

Nota