Meia lua havia se passado, desde que os homens do nono pelotão chegaram , fazendo sete noites que estava na cidade um capitão do primeiro pelotão de Falcões
, para avaliar os que se candidatassem ao grupo de elite e Fabíola achou por bem recebe-los na propriedade.
Como fornecedor de cavalos para o Império, Télio convidou o grupo para um jantar com os expoentes da região. Os membros do Conselho que estavam na cidade, Tegiste, Diestor e o tenente Plauto , para o jantar de boas vindas aos homens da Conquistadora. Contratou algumas mulheres do bordel, deixando claro que seu papel seria de divertir os hospedes, como estes ordenassem e Fabíola resolveu dar oportunidade para suas escravas que desejassem atuar neste jantar como entretenimento. Sua intenção era observar a intimidade de algumas com Diestor, o administrador e o tenente, identificando possíveis espiãs ou desleais.
Chamou Dóris,Polínia e Xalita, deixando claro que necessitava de informações sobre qual escrava se mostrava intima destes homens ou com a atitude de transmitir informações sobre ela, Télio ou algum de seus negócios ou sobre seu pessoal. Servindo todos em sua melhor maneira, elas juraram ficar de ouvidos abertos e colocar toda sua atenção nos convidados.
– E como estão as escravas da casa, senhora Fabíola ?
– Foram muito bem treinadas em seus afazeres, senhor Diestor, não tive nenhum problema em ver minhas exigências atendidas prontamente.
– Imagino. Na minha última semana aqui, tive de aplicar um corretivo numa destas infelizes, mas creio que a deixei com senso de obediência mais aguçado. E rindo, Diestor pegou seu copo de vinho.
– Realmente pude admirar de perto sua obra e devo lhe dizer que ela ficou parecendo uma tigresa. Agora que ela está começando a caminhar com as próprias pernas, mas acredito que depois de amanhã já poderei coloca-la pra trabalhar de maneira mais ativa. Como não está trabalhando, estou pensando em utilizar a referencia obliqua a partir da próxima noite.
– Como assim?
– É algo que se usa muito em Corinto . Escravo que não trabalha, não come e se for muito impertinente cortamos a água também, caso em que não duraria mais que cinco dias.
– Parece cruel. Funciona?

– Normalmente voltam rastejando como vermes, e temos a vantagem de não estragar a mercadoria, que estaria disponível para venda com uma simples reposição de fluidos.
– Interessante método. Vou experimentar um dia.
– Eu gostaria de ver os animais disponíveis senhor Télio, pois caso algum candidato se qualifique, será necessário um animal compatível com nosso grau de atuação.
– Claro capitão, não se pode ter um Falcão ficando para trás em uma missão por sua montaria ser inferior aos animais de seus companheiros.
– O senhor verá que os preços praticados aqui são adequados a oferta e em nada deixamos a desejar aos animais de Pella ou Corinto .
– Acredito, senhora. O meu cavalo baio foi adquirido junto aos seus criatórios em Megara e nunca me decepcionou.
– Certamente para acompanhar a Conquistadora é necessário um tipo especial de cavalo, capitão Xilant.
– Certamente. Quero parabeniza-la quanto ao jantar, senhora Fabíola e o entretenimento fornecido, no entanto cabe a mim salientar que a Conquistadora possui normas rígidas quanto aos Falcões utilizarem uma mulher contra sua vontade e mesmo com as escravas, abusos não são tolerados .
– Não se preocupe, capitão. Posso assegurar que todas as que estão servindo de entretenimento aqui esta noite , estão aqui por sua própria escolha, não tendo havido nenhum tipo de coação e todas serão remuneradas de igual maneira.
– Tenho curiosidade sobre isso que ouvimos ontem, que a senhora mantem um rígido programa de treinamentos para todas as suas escravas, como se fossem um regimento militar ou algo assim. É realmente verdade?
– Os humanos são semelhantes aos cavalos tenente Plauto, ficando mais saudáveis se alimentados adequadamente, manejados com atenção e receberem dose adequada de descanso, água e exercícios. Elas ficam mais fortes e apresentam atitudes mais prontas para suas tarefas com uma obediência mais aguçada.
– Mas a senhora não correria o risco de estar produzindo uma força que se voltaria contra a senhora em algum momento? Não seria melhor mantê-las frágeis?
– Está para nascer uma escrava que conseguirá vencer Fabíola em uma luta, tenente. Mesmo entre meus homens de segurança, poucos podem vencê-la, ela é uma lutadora em seu próprio direito.
– Estamos nos estabelecendo na região a muito pouco tempo e já fornecemos ervas para o hospital , começando agora a auxiliar na reforma, capitão Xilant, com a produção se estruturando corretamente, porém em mais duas luas teremos uma remessa de animais digna de ser apresentada em sua Divisão. No momento terei imensa honra de mostrar-lhe os melhores da manada para sua avaliação daqueles que

prometem alcançar seus padrões em pouco tempo. Os potros nascidos sob nossos cuidados estão sendo manejados desde seus primeiros passos para constituírem cavalos de guerra treinados e prontos em poucos verões.
– Excelente. Amanhã virei pela tarde observar estas promessas, no momento temos de nos retirar para a pousada porque na alvorada começarão os testes. Talvez a senhora gostasse de testar suas habilidades com o nosso padrão?
– Obrigada, mas não capitão. Não seria justo com os outros candidatos eu passar nos testes e depois eles terem que conviver comigo e seu orgulho ferido, seria imensamente constrangedor.
– Vamos, senhora, seria somente uma rodada e prometo que a senhora não sairá muito ferida. Afinal, nossa senhora Conquistadora é uma mulher muito bonita e nem por isso deixa estes homens levarem o melhor na luta de espadas. Uma aposta seria adequada, senhor Télio. O melhor cavalo da manada contra um contrato exclusivo de três verões de fornecimento para o primeiro pelotão.
– Acho melhor não. A Conquistadora poderia ficar ofendida de uma mulher derrotar um de seus preciosos Falcões .
– Acrescentemos um contrato de servidão de uma lua, assim aquele que perder pagará com seu suor a derrota. Se a senhora Fabíola vencer, o Falcão trabalhará como seu servo pessoal por uma lua e se ela for derrotada deverá trabalhar para seu vencedor pelo mesmo período.
– Mas como eu trabalharia para um Falcão da Conquistadora ?
– Atuará como sua serva pessoal da mesma maneira que ele atuaria sob suas ordens e apenas por um período, ambos podendo ainda cuidar de seus interesses particulares durante doze marcas de vela diárias. Quase o contrato de Perséfone.
– O que pensas querido?
– Concordo, mas não me responsabilize pelo modo como seu Falcão irá se sentir ao ser derrotado por minha esposa.
– Tenho alguns Falcões em transito no momento e assim que chegarem colocarei um a lutar com sua esposa, combinado?
– Combinado, capitão.
Xilant levanta, despedindo-se dos donos da casa, agradecendo a excelente recepção. Monta com sua escolta sendo seguido pelos demais convidados que o acompanham até a entrada da cidade.
Ao entrar em seu quarto na pousada, percebe que sua sentinela foi rendida por um companheiro e entra no aposento buscando a vela para iluminar enquanto desamarra sua armadura e serve-se de vinho como uma forma de retirar a poeira da estrada.
– Trouxemos um odre do melhor vinho de Heidi, espero que lhe agrade, senhor.
– Certamente, Dinia. Como foi a viagem, como ficou a propriedade e a menina,

sargento?
Enquanto falava, Xilant fazia sinais com as mãos indicando que aquilo que fosse dito no quarto poderia facilmente ser ouvido em outro aposento e que Xena continuaria com a charada de seu disfarce se lhe fosse conveniente.
– A jovem ficou bem, em pé e cavalgando embora triste por ter perdido sua égua preferida ao mesmo tempo que a companhia de Néia e sua mãe está agradecida ao senhor por ter permitido que eu ficasse para trás até o total reestabelecimento dela. Os bandidos não apareceram ali nem em nenhum local da região e Aristeu chegou falando de um casal de ricos comerciantes se estabelecendo em Abelar como criadores de cavalos e na área da construção. Parece que estão fazendo uma grande reforma no hospital daqui e estes criadores estão proporcionando a mão de obra e materiais.
– Muito bem, sargento. Eu e a tenente vamos cavalgar para conversar e você esta designada para escolta, juntamente com Hisar e Gaius.
– Sim, senhor.
Saíram da pousada em passo tranquilo numa formação em que Gaius iria na frente e Hisar atrás, com Xilant, Dinia e Xena avançando lado a lado para as colinas a leste dos portões da cidade. Xena procurou lenha e se pôs a fazer uma fogueira, enquanto Dinia e Xilant sentavam um frente ao outro junto a fogueira que estava sendo armada. Para quem olhava de fora, eram três militares a conversar e dois a fazer guarda.
Xena olhou para Xilant e disse apenas uma palavra:
– Relatório.
Xilant passou tudo que havia acontecido com os testes na procura pelo posto de falcão, o que era dito na pousada sobre o atendimento do hospital e a reforma iniciada e também a infiltração de Télio e Fabíola junto da elite local.
– Então amanhã começarão os testes práticos e você convidou Fabíola para participar?
– Sim, mas não escolhemos ainda qual Falcão irá combater com ela, nem se é de nosso interesse que ela vença. Amanhã a tarde deverei ir escolher alguns cavalos, então poderemos receber relatório mais detalhados de nossos dois infiltrados e devo dizer Conquistadora, que eles executaram muito bem esta parte de sua missão.
– Concordo, também ouvi coisas interessantes sobre estes dois. Creio que devemos dormir e nos preparar para amanhã.
– Não seria correto Fabíola atacar um superior, capitão. A sargento Ohana poderia enfrenta-la e decidir no combate se seria interessante para nossos planos ter um Falcão na casa de Fabíola .
– Concordo com Dinia que pode ser interessante ter alguém dentro da casa de Fabíola, mas mais interessante é o fato que Fabíola poderia chegar até a senhora sem despertar suspeitas.

– Tens razão, Xilant. Se ela vencer a aposta, estabeleceremos um contrato interessante com este casal e o Império e ela poderá se chegar a mim sempre que estiver entediada com suas funções na casa. Amanhã deverá chegar um despacho de Terquien sobre as questões em Corinto , assim que tivermos o relatório de Télio e sua esposa vamos enviar para Terquien a nominata dos que temos conhecimento para que Elthor os coloquem em vigilância discreta, agora vamos dormir que tenho uma luta pra realizar amanhã.
– Não apenas uma luta, Ohana, mas perde-la com convicção. Fabíola é capaz de lhe apresentar um real desafio, perderia para a Conquistadora , mas se Ohana não realizar as proezas de saltos e giros que nossa soberana é capaz, Fabíola poderá vencer com relativa segurança.
– Não esqueça de providenciar meu desjejum mais cedo, sargento. Temos de ter tudo pronto pra quando o capitão resolver começar o treino.
– Sim senhora, tenente. Hahahahahahaahhaha.
Montando com presteza, dirigiram-se a pousada, onde Xena dormiu em sua cama com Dinia acomodando-se confortavelmente no chão e descansaram da viagem procedida da granja de Heidi até Abelar em tempo recorde.
Na manhã seguinte, Ohana serviu o desjejum na mesa ao canto do salão, deixando os oficiais de costas para a parede e observando todo o recinto. Tanto Milenti como Gaius organizaram os testes que iniciariam com exercícios simples de espadas, passando para lutas em duplas. Diferente de outras seleções, não interessava aos Falcões quem permanecia em pé após duelar, mas a técnica e o empenho. A Conquistadora sempre disse que técnica se aprende treinando, mas caráter era algo que o individuo precisava ter para entrar no ninho.
Faltando duas marcas de vela para o meio do dia, Télio e Fabíola, alguns de seus homens e duas escravas, surgiram no campo de treino estabelecido à frente da pousada.
– Bom dia capitão.
– Bom dia senhor Télio. Vejo que a senhora Fabíola resolveu aceitar o meu convite, estamos honrados.
– Um instante para tomar uns goles de água e refrescar um pouco o rosto que poderemos começar, capitão. Espero que seu Falcão não se importe de cortar um pouco as asas.
– Com certeza ela não se importará nem um pouco, se você vencer será justo que use suas asas como achar melhor. Tenente Dinia!
– Sim, senhor.
– Chame a sargento Ohana e vamos começar.
– Quando Xena surge na frente de Fabíola ela simplesmente não sabe como proceder, até que a própria Conquistadora dá o tom que seguiriam dali pra frente.

– Fico muito honrada em poder demonstrar à senhora algumas habilidades desenvolvidas no ninho, madame.
– Quando quiser , sargento.
– As duas travam um duelo parelho, estocada por estocada, ataques e defesas vão se alternando com a dominância ora de uma , ora de outra. Em nenhum momento Xena facilita a vida de Fabíola , que por sua vez realiza cada vez mais intrincados movimentos e combinações. Este treino demonstrativo de avaliação tem sua contenda encerrada em três situações possíveis: a perda da espada, um corte ou colocar o adversário em clara situação de morte, como a ponta da espada na garganta, por exemplo.
Depois de quase uma marca de vela Xena tenta uma estocada que Fabíola desvia, ficando com o cotovelo na altura do rosto da adversária e calçando seu pé com o calcanhar, assenta violenta cotovelada fazendo a sargento Ohana cair de costas, derruba sua espada usando um chute com a curva do pé, quando no mesmo giro coloca a ponta de sua espada na garganta da Falcão, ficando encerrada a contenda.
Xena selevantafuriosa, praguejandoebuscandosuaespadaquecolocanovamente na bainha do lado esquerdo do quadril e limpando o pó do corpo reclama que foi somente um golpe de sorte e isto não ficaria assim, se tivesse outra oportunidade.
– Ohana! Componha-se imediatamente!
Enquadrando-se em prontidão, Xena assume novamente seu disfarce.
– Sim, tenente.
– Você perdeu, justo e quadrado e devo dizer, senhora Fabíola que se desejar, há um lugar entre os Falcões para alguém com sua habilidade.
– Muito obrigada, capitão, mas tenho meus afazeres e à nossa maneira eu e meu marido também servimos à Conquistadora e ao Império.
– A sargento sabia os termos da disputa, então ela é sua até a próxima lua, para seu uso pessoal, ficando restrito apenas seu uso para coisas que firam as leis do Império ou diretrizes da própria Conquistadora .
– Talvez eu a leve pra casa até amanhã e envie de volta. Tenho muitas escravas e realmente não precisaria de mais uma pessoa na minha volta. Seria possível eu envia-la para a pousada, onde poderia ser de algum auxilio ao senhor Troxineus ou a jovem Amanda, que tão bem nos acolheram quando chegamos, chamando-a quando estivesse desejando sua companhia. Estaria de acordo com este arranjo, sargento?
– Como a senhora desejar, madame.
– Então estamos acertados. Tragam algumas cervejas para comemorar este exercício e vamos voltar à nossa casa. Vocês duas, vão com ela e ajudem a servir , desejo cerveja para todos! Talvez seja melhor trazer dois barris aqui pra fora, andem!
– Realmente estou impressionado. Nunca imaginei que sua esposa tivesse tal disposição guerreira, senhor Télio.

– Como lhe disse, tenente Plauto, existe poucos que poderiam vencer minha amada numa luta de espadas e agora parece que terei um Falcão dentro de casa pelo menos por esta noite.
– Ela daria um ótimo divertimento noturno querido.
– Talvez, mas não gosto de carne de Falcão, são indigestos.
Rido de sua piada, após um breve descanso e confraternização montaram em seus cavalos e retornaram à propriedade de Télio, com Ohana indo no meio das duas escravas da casa. Após o almoço, resolveram cavalgar pelos campos ao norte e averiguar a manada principal, aproveitando o momento para conversar.
– Agora desejo um relatório completo Télio.
– Ao seu comando Conquistadora. O dono da pousada tem grande respeito pelos combatentes, acolhendo uma órfã de um combatente da batalha de Eiraskan sem segundos pensamentos e nos auxiliou quando chegamos aqui, sem ao menos saber o quanto realmente significava nossa fortuna e ao que parece acolheu também um sanador de nome Troxineus que parece ser um homem justo e leal, devido ao seu modo de vida espartano e dedicação aos pacientes mesmo sem remuneração alguma. Ele não dá a entender fazer parte das negociatas realizadas no hospital . Sobre nossa casa
– Procuramos manter uma certa fama de excêntricos mas justos e firmes, com regras bem definidas na direção da casa, adquirindo escravos alheios ao local e mantendo o grupo antigo com lealdade cruzada entre a gratidão e medo. Optamos por exigir que todos os escravos conheçam três línguas dos povos do império, dando a eles algo do que se ocupar que não sejam nossas atividades.
– Seis grandes proprietários estão organizados e possuem um grupo de assalto, constituído por cinco elementos de cada propriedade e o tenente Plauto desvia a milícia para outro lado quando vão agir, sendo relatado que o capitão Zolio coordena ação semelhante em Larínia. O administrador do hospital solicita verba para construir um atendimento de no mínimo vinte e cinco salas, mas proporciona no máximo cinco e faz também alterações na aquisição de ervas e na quantidade de atendimentos por sanador. Formamos recentemente acordo para fornecer erva adulterada em metade de capim sem valor, com comprovantes de trezentas dracmas, mas recebendo apenas duzentas e também mão de obra pras reformas do hospital com um comprovante de mil dracmas, mas pagamento real de duzentas por noite.
– Se tudo correr bem, poderão nos dar uma nominata das possibilidades de acordos semelhantes com administradores e oficiais por todo império, considerando que nossa fortuna se estende por todo mundo conhecido e certamente o oferecimento de uma comissão ao administrador do hospital daqui se tal acontecesse, ajudará na decisão.
– Há um mediador de negócios chamado Diestor que possui grande penetração

na região, sendo um abusador, mesmo de escrava alheia e cruel em seus castigos. O conselho da cidade apresenta um número de corruptos considerável e até agora identificamos somente três, mas o senhor Aristeu não está entre eles. Estamos em busca de provas que possam ser levadas a julgamento, pois a palavra de uma escrava não é considerada viável embora seja fonte confiável e a maneira como foi lançada por ela a informação faz crer que não inventaria algo assim. Por enquanto foi apenas o que conseguimos descobrir, senhora.
– Está bem. Creio que “emprestar-me” ao dono da pousada em reconhecimento de seu bom acolhimento e ajuda quando chegaram aqui seria uma forma engraçada de utilizar sua vitória para que todos vissem diariamente sua superioridade e ao mesmo tempo deixa-me numa posição de ver e ouvir o andamento da cidade ao mesmo tempo em que seus novos parceiros ficariam mais tranquilos de não ter uma Falcão na propriedade.
– Como a senhora gostaria de ser tratada em nossa casa, majestade?
– Eu estou desejando um banho quente, uma boa cama e talvez uma agradável companhia para a noite Fabíola.
– Poderíamos deixar a cargo de minha incrível personalidade, recebe-la como uma hospede, o que daria a senhora algum descanso real, afinal como disse meu amado marido, minha palavra é lei nesta casa.
– Certo, então trate-me como se a Conquistadora em pessoa estivesse em sua casa, senhora Fabíola.
Voltando a casa grande em passo descansado, Fabíola e Xena conversam sobre as maneiras de lidar com a fortuna do casal. Xena decide enviar junto com a nominata de envolvidos, despacho para que as propriedades de Clito sejam colocadas oficialmente em nome de Fabíola e que um baú com cinco mil talentos de ouro sejam entregues na propriedade vindo diretamente de Corinto , como pagamento de novos cavalos recentemente adquiridos das propriedades de Atenas pertencentes a Clito, trazendo mais substância ao disfarce do casal.
– Dóris!
– Sim, minha senhora.
– Organize o quarto de hóspedes, providenciando um banho quente para a sargento Ohana e envie as intocadas, Xantara e Polínia para atende-la no que ela desejar. Avise Xantara que ela não gostaria de repetir o que fez com Diestor, pois eu não serei tão gentil quanto ele e que pondere que fracassar agora seria desastroso para ela e vocês todas.
– Sim, senhora.
Algum queijo, pães e frutas foram colocados no jardim, juntamente com uma boa jarra de vinho, a disposição de ambas. Ficaram conversando amenidades, quando Dóris veio chamar Xena para seu banho.

– Seu banho já está providenciado, senhora.
– Devo me retirar, obrigada senhora Fabíola, por sua hospitalidade.
– Tudo fazemos para agradar Atena, protetora da hospitalidade nesta casa. Que sua estada conosco seja agradável, pois foi uma adversária de grande valor, sargento.
– Mostre o caminho, mulher.
Dóris foi seguindo pelos corredores da casa, até os aposentos destinados a Ohana, onde cinco jovens abaixo dos vinte verões e Polínia aguardavam para Xena manifestar seu desejo . Dóris ia se retirar, mas ao levantar a mão direita, Xena impediu sua saída e a visão destas meninas trouxe o pensamento sobre uma princesa amazona que mais e mais estava invadindo seu mundo.
Xena analisava a situação e Gabrielle.
Ela era corajosa e ao seu próprio modo pagava pra ver, quando interesses acima de seu simples conforto estavam em jogo. É lindo de ver como Gabrielle argumenta a favor de seu ponto de vista e sua coragem em enfrentar a Conquistadora mesmo que receba uma ameaça ou duas, fazia valer a pena parar e observar.
Xena nem lembrava há quanto tempo não era tratada de igual pra igual e, no entanto não era só isso, havia algo no seu modo de olhar e se portar que era diferente de tudo que a Conquistadora recordava. Nem Lao Ma era próximo de tal definição e Xena se deu conta que cada vez mais aguardava o jantar com uma ansiedade bem próxima aquela que antecipava a batalha e agora percebia esta mesma ansiosa antecipação em seus encontros matutinos.
Ali na casa de Fabíola se pegou imaginando como Gabrielle reagiria a seu traje, sua beleza pois já sabia como reage ao seu poder, como naquela noite anterior à partida de Gabrielle para as terras amazonas em que Xena percebeu que desejava mais do que a obediência, medo ou a gratidão de Gabrielle. A Conquistadora se deu conta que se interessava em ser o objeto do desejo de Gabrielle e com a princesa amazona em sua mente decidiu que seria gentil e atenciosa em seu prazer com estas escravas, usufruindo de algo novo para ela, usufruindo da sensação de compartilhar o momento e também se interessar pelo prazer de sua parceira. Queria medir as reações das companhias a uma atenção especial. Faria uma espécie de treino para chegar próximo ao coração de sua serva amazona que tinha os olhos da mata, os cabelos do sol e o sorriso do luar.
– Vocês são realmente muito bonitas. Qual de vocês é Xantara ?
– Eu, senhora.
– O que Fabíola quis dizer com você não repetir o que fez a Diestor?
– Faz algum tempo quando não pertencíamos à senhora, o senhor Diestor tentou pegar-me de maneira violenta e eu sem pensar apenas reagi, agredindo-o de forma imprópria.
– Toda agressão por parte de uma escrava, é imprópria e fico surpresa de você

ainda estar inteira e coerente. Realmente tua senhora é misericordiosa. Qual a experiência de vocês em agradar um convidado?
– As jovens são totalmente inexperientes, senhora, não tendo participado de nenhuma maneira dos atos de agradar. Eu sou Polínia e ela é Dóris, ficaríamos extremamente felizes em realizar qualquer desejo que tenha.
– Você sabe muito pouco sobre mim para oferecer-se desta maneira mulher, não quero saber o nome das pequenas, apenas sirva vinho para as meninas e verifique se elas estão com fome ou desejam mais alguma coisa. Vamos nos divertir até mais tarde.
– Imediatamente, senhora.
– Vocês tem uma escolha. Fazer isso por seu próprio caminho e talvez ter algum divertimento, ou tornar as coisas mais violentas. O que escolhem?
As meninas se olham e Xantara fala por todas.
– Faremos tudo que desejar, senhora.
– Certo. Venham para o tapete e esperem convite para participar da festa.
Enquanto toma seu banho, observa Polínia a olhar Xantara e ao sair do banho comenta de forma seca em tom baixo, gelando o sangue de todas na sala.
– Você olha muito pra Xantara, com um interesse mal disfarçado. O que está acontecendo aqui?
– Nada, senhora.
– Não teste sua sorte, mulher.
– Ela é minha irmã, apenas isso senhora.
– Então é hora de você ensinar como fazer as coisas, venha cá.
Xena passou boa parte da tarde divertindo-se com o corpo de Polínia e Dóris enquanto as meninas bebiam e observavam.
– Agora, qual de vocês gostaria de tentar fazer o que eu fiz?
Xilônia e Calie levantam as mãos, entre risadas e Xena autoriza as duas a acariciarem seus corpos ao mesmo tempo, dizendo para Polínia que deveria incentivar a participação, enquanto ela, Xantara e as outras observariam o desempenho do quarteto. Esporadicamente Xena executava um toque delicado numa das três, dando especial atenção a Xantara , mas não as tomou para si.
Após algum tempo as duas meninas perdem o interesse nas mulheres, sendo chamadas para sentar junto de Xena que ordena às outras duas que substituam a dupla, menos Xantara, que fica sentada no tapete a disposição de Xena o tempo todo. Polínia passou quase duas marcas de vela sendo manuseada, apalpada e tocada de todas as formas.
Mandando que as cinco meninas fiquem quietas no tapete, bebendo vinho e se alimentando, Xena sobe na cama e assume pessoalmente o divertimento levando Dóris ao êxtase diversas vezes.
Por fim, ordena a Dóris que lhe faça uma massagem relaxante e toma outro

banho, ordenando que Polínia tome seu banho e faz todas as cinco deitarem no tapete aguardando o momento do jantar.
Depois de muito tempo Xena simplesmente adormece, sendo acordada por Dóris quando a lua já ia alta e o jantar estava preparado no salão principal.
– Minha senhora, o senhor Télio mandou chamar.
– Certo. Como estão as pequenas?
– Dormindo, senhora.
– Deixe-as dormir pois eu quero que se sintam bem amanhã. Você e Polínia tem minha permissão para voltarem a seus alojamentos eu cuidarei muito bem delas no resto da noite.
– Sim, senhora.
Xena se dirigiu ao salão principal sendo recebida como uma hospede muito importante e passado algum tempo retornou aos seus aposentos para descansar até o dia seguinte. Quando o dia estava para amanhecer, acordou as meninas e delicadamente, suavemente, uma após a outra foi colocando num jogo de toques e sensações numa excitação crescente quando colheu a virgindade de cada uma e por mais de uma marca de vela, guiou-as a serem tocadas, fazendo com que o prazer fosse prolongado e a dor esquecida.
Polínia entrou no aposento com o desjejum de Xena , evitando olhar para as cinco meninas no tapete.
– Algum problema, Polínia?
– Não senhora, nenhum. A senhora deseja mais alguma coisa?
– Sim, avise a senhora Fabíola que em uma marca de vela estarei com ela.
Obrigada.
– Sim, senhora.
A sargento Ohana fez seu desjejum, oferecendo aqui e ali algo de alimento para as jovens ajoelhadas no tapete, num canto da sala.
Escorada nas almofadas em sua cama, Xena ordenou que todas se tocassem até ela mandar parar e chamando uma das meninas para cima da cama, calmamente começou mais uma rodada de prazer, pensando no fogo e força da princesa amazona, depois indo até as águas relaxar.
A ideia de estar se envolvendo emocionalmente com Gabrielle era descabida e ela riu do pensamento de estar apaixonada, pois ela era a Conquistadora e não há maneira de estar ficando sensível, no entanto ela não iria negar esta faceta da realidade a si própria, pois embora tenha resolvido aceitar a oferta de Fabiola para a noite, a ingenuidade e o medo destas meninas lembravam muito Gabrielle e Xena sentiu-se bem em acalmar estes medos e proporcionar algo diferente daquilo que era esperado.
Não iria se enganar. Ela estava sentindo muita falta de suas conversas noturnas e certamente Gabrielle teria muito a dizer sobre esta situação no hospital e reprovaria

mansamente qualquer solução violenta. Ainda se lembrava do último argumento entre elas, quando teria enviado para a cruz um grupo de jovens que resolveram atacar o Templo de Atenas em busca de ouro e dracmas.
O jantar aconteceu em um clima de silencio com as questões levantadas por Xena sendo respondidas no estrito sentido de atender a Senhora do Mundo, mas não havia a alma, fogo ou paixão que sempre caracterizavam Gabrielle em suas conversas.
– Absurdo! Imbecis! O que você está pensando Gabrielle? Por que está triste?
– Não é nada demais, minha senhora.
– Não venha com evasivas. O que acontece?
– Estou triste por estes jovens que não tiveram chance na vida, majestade.
– Era só o que faltava! Tu és muito arrogante, amazona. Pensas que eles são algum tipo de vítimas de um regime autoritário e arbitrário? Eles estavam vivos por que eu tenho mantido os inimigos ao largo de nossas fronteiras, caso contrario estariam mortos ou pior a muito tempo. E aí tomam esta atitude de invadir o Templo de Atena. É inconcebível!!!
Gabrielle não dizia nada, fazendo um esforço para manter a boca fechada e o rosto neutro, mirando o chão atenta as necessidades de Xena . Serve uma taça de vinho e alcança para a Conquistadora .
– O que você faria?
– Senhora?
– O que você faria se tivesse que determinar o destino deles?
– Creio que os colocaria a trabalhar para pagar os prejuízos e ao mesmo tempo ensinaria um ofício para que pudessem se manter depois de pagarem sua divida
-Isto teria consequências desastrosas princesa. Você está confundindo um povo honrado como os centauros e as amazonas que possuem um código com estes irresponsáveis que não sabem nada sobre respeitar os outros, a Deusa ou as leis do Império. Sua atitude seria um convite para que todos cumprissem seu exemplo e conseguissem uma melhor colocação na vida e as amazonas não levam facilmente o sacrilégio.
– É certo, porém eles são praticamente crianças , sem um discernimento ou formação acerca do certo e errado.
– Quatorze verões antigos já é idade suficiente para casar, então é idade para se responsabilizar por seus atos.
– É o que digo, minha senhora! Morrer nas cruzes não é se responsabilizar nem aprender, no entanto reparar os danos e compreender o erro é uma maneira de assumir sua culpa e organizar reparação.
– Eles serão crucificados Gabrielle, servindo de exemplo e o medo é a melhor forma de controlar o povo e o sacrilégio deve ser severamente punido.
– Puna então o responsável, não as crianças que mal sabiam o que estavam

fazendo. Atena é a Deusa da sabedoria ! Que sabedoria existe quando o pequeno é punido da mesma forma que o grande?
– O crime foi o mesmo, tanto o pequeno quanto o grande são culpados de sacrilégio.
– Sim, minha senhora, mas não a responsabilidade. Da mesma forma que um peão-soldado é menos responsável pela decisão do ataque do que seu oficial comandante.
– A cadeia de comando?
– Sim, majestade, a cadeia de comando. Estou certa que a Deusa da sabedoria seria satisfeita com um escalonamento da punição de acordo com o grau de responsabilidade.
– Misericórdia pode passar a ideia errada, amazona, de que estamos fracos e nossos inimigos internos ou na fronteira poderiam entender que estamos fazendo um convite para que tentem sua sorte e eu não vou arriscar a vida do meu povo para mostrar misericórdia a esta panda de sacrílegos.
– Permite uma sugestão, minha senhora?
– É bom que valha meu tempo em escutar-te, então aconselho que tu fales apenas se estiver disposta a pagar por ela amazona.
– Envie os líderes adultos para as cruzes com tudo que indicar uma punição exemplar e os jovens fiquem na primeira fila, assistindo tudo para gravarem na alma o castigo para seu crime. Após a morte destes líderes deixe que escolham entre servir à Deusa ou ter o mesmo destino. Manterá sua aura de crueldade que acredita ser tão importante e ao mesmo tempo utilizará sua própria sabedoria, criando nestes jovens a medida exata da justiça.
Novamente o silencio se estendeu e Gabrielle ficou pensando se não foi longe demais, orando à Deusa que ao menos as crianças tivessem uma nova chance.
– Sei… Gaius !
– Conquistadora .
– Chame Akiba, Paleamon e Siana.
Por algum tempo o silencio era tão denso que poderia ser cortado com uma faca ou furado com um punhal. Cada mulher estava imersa em seus próprios pensamentos, com Xena refletindo que Gabrielle pensará muitas vezes antes de tentar interferir em suas decisões novamente e Gabrielle não conseguindo parar de pensar nas crianças que seriam crucificadas por tentarem roubar um templo dedicado à Deusa da sabedoria, sob a guarda dos homens do exército da Conquistadora .
Orava que a Deusa da sabedoria demonstrasse piedade e misericórdia, influenciando o coração da Conquistadora para a verdade de que crianças mal orientadas podem ser redirecionadas em suas atitudes se receberem orientação adequada para jovens abaixo de quatorze verões antigos, até mesmo abaixo de

dezesseis, afinal eles apenas cumpriam ordens equivocadas daquele que era o guia do grupo.
A morte por crucificação é por demais cruel, fazendo o condenado morrer por asfixia, pois os músculos respiratórios tinham grande dificuldade de continuarem atuando, as vezes por dias. Ela pagaria qualquer preço para evitar isso. Akiba, Siana e Palaemon chegaram quase ao mesmo tempo.
– Conquistadora .
– A princesa Gabrielle solicitou uma revisão no processo da invasão ao Templo de Atena e decidi atender seu pedido frente aos seus argumentos e ao preço que ela pagará pessoalmente por cada um dos invasores. Vocês três devem colocar as mãos no grupo e dividi-lo entre si. Siana tomará conta dos que não servirem para o trabalho na guarda ou Akiba não escolher .
Eles deverão realizar tarefas no templo interno do palácio e jardins, Akiba pegará dois para seu serviço pessoal e Palaemon deverá treinar aqueles que tiverem aptidão física e demonstrarem disciplina para serem observadores.
Os cabeças da invasão serão crucificados, mas punidos na forma da antiga tradição amazona da tribo do norte no dia anterior com todo o cuidado de estarem vivos e relativamente fortes quando for o momento de enfrentar a cruz e ela pessoalmente escolherá qual membro de sua escolta fará as honras e este será o primeiro preço Gabrielle, paga-o adequadamente. Dispensados.
Lembrando do olhar de aceitação e gratidão de Gabrielle, Xena vestiu-se para ir ter com a senhora da casa e o sol já tinha levantado quando ela entrou nos jardins a procura de Fabíola.
– Espero que as jovens tenham sido do seu agrado, embora sejam totalmente despreparadas para atender seu gosto refinado, majestade.
– Atenderam bem, mas seria bom evitar chamar-me assim Fabíola, atenha-se aos disfarces, pois nunca sabemos quem pode estar escutando.
– Certo. Você irá para a taverna após o almoço e ficará lá o resto do tempo ajudando a servir as mesas, limpar a pousada e colaborando com o sanador que atende ali. O que achou das meninas?
– A lição que o senhor Diestor ensinou foi muito bem aprendida, não apenas por Xantara , mas por todas. São boas garotas e muito interessadas em servir e aprender, só não entendo por que a senhora as ofertou a mim, realmente não era necessário.
– Uma pequena compensação por ter publicamente humilhado uma Falcão de sua majestade e você fez por merecer sargento. Somente peço que fique entre nós este assunto, pois se a noticia espalhar haverá fila de lutadores ávidos para perder.
– Como o capitão lhe disse ao fazer a aposta, estou a sua disposição e farei como recomendar.
– Recomendo que use o resto da manhã para descansar e se divertir, proponho

que nós lutemos novamente e se você vencer eu lhe darei as cinco que somente foram tocadas por você até hoje, pois pelo que entendi Xantara não chegou a servir Diestor.
– Não poderia aceitar, pois se eu a ferisse seria um desastre para ambas.
– Tenho a sensação de que a venci num golpe de sorte e realmente desejo tirar a dúvida. Acrescento Polínia no negócio e ficam disponíveis somente pra ti enquanto estiveres aqui e quando quiseres as enviarei à Corinto .
– Realmente, senhora, não creio que seria uma boa ideia arriscar uma segunda luta, a senhora poderia se machucar.
– Foi-me dito que estaria a minha disposição, sargento e eu desejo esta contenda.
– E se eu perder? Quer dizer, levo suas escravas se vencer, mas e se eu perder, o que a senhora leva?
– A verdade sobre minhas habilidades.
– Quando a senhora gostaria de começar?
– Em meia marca de vela.
– Certo, mas gostaria que as escravas da casa e alguns de seus homens assistissem. Não quero ser acusada de jogo desleal, porém vamos deixar as meninas aguardando nos aposentos se a senhora concordar.
– Combinado.
Xena só podia sorrir do entusiasmo de Fabíola e sua necessidade de saber se realmente vencera a Conquistadora . A ideia de vencer um jogo por desporto, antes de ir trabalhar na taverna era agradável.
No tempo marcado, Fabíola reuniu alguns homens da segurança e as escravas da casa para assistirem esta luta e Dóris era a única que sabia da nova aposta, para todos os outros seria apenas um exercício antes de Ohana partir para a cidade. A luta durou meia marca de vela , quando Ohana invertendo a pegada da empunhadura, acerta Fabíola no punho fazendo-a derrubar a espada enquanto coloca a lâmina em seu pescoço e somente o incrível controle do próprio corpo que a sargento possuía, impediu que na velocidade do movimento Fabíola fosse decapitada.
– Bom, parece que tenho minha resposta. Obrigada, sargento e vamos tomar um banho relaxando um pouco. Acredito que as meninas possam estar nervosas sem saber o que devem fazer e seria interessante que soubessem seu destino antes de você partir.
– Por favor, trate-as sempre como antes, com exceção de seus serviços na cama que reservo pra mim, a senhora me entende.
– Sem nenhum problema.
Passaram o resto da manhã descansando e Xena realmente admirou o trabalho realizado com os cavalos.
Chegando na pousada, apresentou-se a Xilant, sendo encaminhada para Cortian que a deixou com Amanda para ver no que precisaria de sua ajuda.

No início da terceira tarde estava arrumando um dos quartos quando ouviu uma conversa vinda do quarto ao lado e a menção do nome de Zolio lhe chamou a atenção.
– Agora temos este bando de Falcões na região e não entendo por que Zolio não deixa agirmos. Poderíamos fazer uma emboscada como fizemos com aqueles outros e plantar provas que levassem a um destes Conselheiros honestos que atrapalham nossa atuação.
– Calma, o fato de termos conseguido incriminar Clito não significa que cairiam duas vezes no mesmo truque. Aquele idiota não quis participar e ia denunciar o esquema, agora temos que ter paciência para não atrapalhar tudo. Assim que terminar este período de recrutamento eles vão embora e poderemos agir livremente de novo.
– Agora com este casal ao nosso lado poderemos expandir, parece que a mulher tem menos escrúpulos que o marido.
– Quem liga pros escrúpulos dela, com aquele corpo eu a queria do meu lado de qualquer maneira.
– Cuidado homem, ela maneja aquela espada muito bem.
– Bobagem, se aquele capitão tivesse posto um homem a lutar com ela teria sido derrotada em metade do tempo.
– Por falar em corpo, esta menina da pousada bem que poderia ser de alguma utilidade na cama. Gostaria de pega-la no beco quando fosse buscar os lençóis na corda. Você poderia ficar vigiando.
– Com todos estes Falcões por aqui? Você está louco!!!
– Eles estão ocupados com seus afazeres e ninguém imaginaria que seria possível um ataque agora. Vamos, uma garota destas não surge todo dia.
– Está certo, mas depois não diga que eu não avisei.
A voz de Amanda tira Xena de sua concentração no diálogo do aposento ao lado.
– Ohana vai demorar muito aqui?
– Não Amanda, já está quase pronto. Poderia entrar um minuto, preciso perguntar algo.
– Claro.
– Você conhece os homens do quarto ao lado?
– Eles tem vindo aqui três noites a cada lua desde a organização do festival em Olímpia. Por quê?
– Nada. Achei que conhecia a voz. Posso ajudar em algo?
– Sim, se não for pedir muito. Tem uma caixa na despensa que eu não consigo trazer pra cozinha e Cortian não está, poderia pegar pra mim?
– Claro. Você pode chamar a tenente Dínia, por favor? Ela está na praça com os Falcões e é muito importante que eu fale com ela.
– Sem problema.
Foram as duas para baixo e Xena não teve problemas para localizar a caixa

solicitada, deixando-a próximo à mesa de preparos na cozinha.
– Queria falar comigo Ohana?
– Sim, tenente. Existem dois homens que ocupam o último quarto a esquerda no andar superior e estão planejando atacar a jovem Amanda, então quero ela em vigilância invisível e eles detidos assim que realizarem o ataque. Parece que foram os executores dos Falcões na estrada para Pisatis e também incriminaram a casa de Clito, de Atenas. Prendam-nos.
– Certo.
– Assim que os prenderem levem-nos aos estábulos, fazendo ali quartel e apresentem junto ao Conselho da cidade que eles levantaram armas contra um Falcão, devendo ir à Corinto para julgamento e será tua palavra contra a deles, ficando mais importante que a menina não sofra nada, estou sendo clara Dínia?
– Sim, sargento.
– Vamos ver como o Conselho reage a isso e acataremos a decisão do Conselho, devendo partir para Pisatis logo a seguir. Avise Xilant que desejo falar com ele quando eu for cuidar dos cavalos.
– Sim, sargento.
Algum tempo depois, Xena está cuidando dos cavalos dos hóspedes e Xilant aparece no poço.
– Queria me ver, majestade?
– Sim, quero um mensageiro para Corinto antes da noite, a major Nadira deverá assumir a guarnição de Larinia, temporariamente, pois estou transferindo a quinta e a sexta unidade e ela deverá se mostrar o mais corrupta possível. Que Zolio a veja como uma possível aliada, diga que a oitava e a décima unidade se junte a nona na propriedade de Fabíola. Vamos deixar o casal mais rico, poderoso e nas boas graças da gente daqui. Mande um mensageiro à Télio que seja organizado um banquete de despedida em homenagem a ti . Quero que eles coloquem as mãos na lista de pontos corruptos do Império, portanto Télio e Fabíola devem ser capazes de manipular você capitão de que este foi um caso isolado.
– Ao seu comando.
– Quando você chegar a Larinia, irá se deparar com uma superior corrupta e não poderá fazer nada para mudar isso. Estará somente de passagem antes de voltar a Corinto, o que fará com que eles tenham de apressar seus planos, tendo urgência de contar com nosso casal. Quanto ao hospital, segundo os observadores, o movimento em busca de atendimento é enorme com pessoas desesperadas por uma vaga, tendo viajado por um ciclo completo de lua para chegar até o hospital e conseguirem um lugar de atendimento, mas o índice de atendimento era extremamente baixo e muitos permanecem sem terem conseguido ver um sanador. Investigações discretas dão conta de que a falta de ervas era o principal motivo alegado.

– Temos três guardas se recuperando dos ferimentos de espada recebidos enquanto treinavam no pátio da guarnição.
– Seus ferimentos estavam piorando e a ausência de medicamento para evitar infecçãodeixavaasituaçãoaindamaisdescontrolada, entãopeguedenossosuprimento e solucione a necessidade deles. A fila de cidadãos que acorrem ao hospício tinha gente de toda a região e até de regiões vizinhas e a ordem de atendimento era segundo a gravidade ou a importância do paciente, uma vez que os que podiam mais pagavam uma taxa de manutenção do hospício passando assim a ter prioridade no atendimento.
– O que desejas que façamos?
– A análise dos livros não indica nenhuma anormalidade e as entradas e saídas estavam de acordo com o relatório enviado a Corinto . Toda entrada de doações está religiosamente registrada nos livros, mas também é sabido que livros podem ser alterados e desconfio da existência de um movimento paralelo. Um esquema tão amplo como este de corrupção deveria ter alguma forma de registro das atividades, pois não ficariam confiando na honestidade dos comparsas. Vamos nos afastar e deixar Télio e Fabíola se inteirarem de tudo.
– Certo, mas o que você vai fazer sargento?
– Vou voltar à Corinto, já é passado o tempo da Conquistadora assumir as questões do Império mais amplamente.