-Eu sou a Princesa das Amazonas Trácias. Sejam benvindos senhor Antinelus e senhores da Liga de Comerciantes, estou aqui por ordem da Rainha Melosa, governante das amazonas Trácias e Aquela que Representa Artemis para estabelecer relações diplomáticas e comerciais com Amphipolis. Tenho certeza que chegaremos a um acordo que seja benéfico para todas as partes envolvidas.
-Pelo visto a princesa nos conhece, mas devo dizer que não estamos acostumados a sentar em mesa de negociações com tantas guardas armados ao redor. Se não fosse impossível tal acontecer na taverna de Cirene eu acreditaria que estão aqui para sermos intimidados.
-De maneira alguma. Elas estão aqui por uma questão de protocolo e a capitã da minha guarda real seria capaz de parir um centauro se eu não permitisse a presença delas na sala. Não as considerem presentes, pensem nelas como parte do mobiliário.
-Desculpe princesa, mas mobílias não portam espadas nem andam mascaradas.
-Isto é somente protocolo amazona senhor Antinelus e a máscara se manterá no lugar enquanto estivermos negociando. O senhor tem minha palavra que serão retiradas assim que encerrarmos as negociações sejam quais forem os resultados. Mas o senhor tem razão que é um número demasiado. Por favor sentem-se. Assoyde, sirva cidra para as pessoas na mesa. Nossos convidados e suas irmãs farão bom uso de uma bebida refrescante.
-Ao seu comando alteza.
-Ephiny retire a guarda real para um cuidado externo, reduziremos a presença da guarda pela metade para não criar desconforto em nossos convidados e ao mesmo tempo manter o protocolo. Que você, Kleith, Cora e Eponin sentem comigo.
-Princesa?
-Eu não vou repetir capitã e apenas eu permanecerei mascarada na mesa, nossos amigos se sentirão mais a vontade assim.
-Sim princesa.
-Isto resolvido, formemos a melhor das alianças senhores e que nossos povos possam crescer e se auxiliar mutuamente. Trago saudações de Melosa e o Conselho da Amazonia Nação tem grande interesse em negociar grãos com Amphipolis a um acordo justo então. Podemos oferecer proteção e realizar uma troca interessante pelos alimentos e conhecimentos de seu povo.
-Ouvimos falar da grande força que invadiu o norte da Trácia, acima de Isbar. Ficamos felizes que conseguiram conter estes homens, contudo parece que seu povo não está mais tão forte princesa e nossas madeiras , lãs e grãos são de primeira grandeza sendo aceitos nos mercados de Roma e por toda Ática e Peloponeso, então apenas a promessa de uma possível segurança maior não bastará. Nós queremos um aporte considerável de metais e pagamento em ouro, prata ou pedras.
-Os metais e pedras que refere são negociados pelos Landins em acordo comercial e ponderemos que se estes homens tivessem ultrapassado nossas terras as madeiras que tanto orgulham vocês não seriam mais que escombros. A Imperatriz uniu-se à Nação quando juntos impedimos o avanço deles e acredite senhor Antinelus quando digo que a milícia de Amphipolis não resistiria às três primeiras noites de combate franco ou às várias investidas de assalto que estes homens sistematicamente fizeram por luas.
-Agora temos uma guarnição do Império e não duvido princesa que a Conquistadora seria eficiente em estabelecer as defesas, por isso insistimos no pagamento em pedras e num abastecimento de metais e em troca poderíamos dar preferência às amazonas nas escolhas do tablado, forneceremos os cereais que precisarem e nossos navios poderão fazer o transporte das mercadorias da Nação por todo o Império e além.
-Podemos incluir Amphipolis no uso do acordo e nos benefícios que Landin estende aos nossos aliados, mas o que você oferece é pobre em comparação com nossas vinhas, olivais , cutelaria e principalmente séculos de experiência guerreira na defesa da Nação.
-Estou oferecendo tecidos, alimentos , ervas medicinais e uma escola que ensinaria a usa-las, lã e transporte! Nosso porto é um dos mais importantes da região e é garantida tanto a lã quanto a safra de grãos, ervas e frutas!
-Está oferecendo o excedente da colheita que de outra forma os senhores teriam que usar para alimentar os animais ou deixar apodrecer nos campos ou pomares e a lã que não conseguiram colocar em outros mercados e estará em pouco tempo apodrecendo nos armazéns. Não está tratando com uma pessoa ignorante senhor Antinelus e o senhor está querendo receber os bônus de uma escola formada em honra a Atena e um porto amplo e seguro que somente é assim devido ao investimento que o Império tem feito em Amphipolis. Talvez fosse mais adequado eu fazer tais negociações com o Império que realmente mantém a escola, o templo, o porto e a segurança do mesmo.
-A senhora tem que entender princesa que nós precisamos fazer um aporte de valores para adquirirmos as mercadorias que nos fazem falta ou para quando a colheita não for boa, importar alimentos e os escravos que descem dos navios são de boa qualidade sendo muitas mulheres jovens, assim como aquelas que são vendidas em troca de dívidas. Informaram que as amazonas tem interesse na escravidão.
Ephiny faz menção de levantar da mesa e a mão de Gabrielle a mantém no lugar .
-Poderia me buscar um copo com água capitã? Eu gostaria de experimentar a água do poço do pátio interno da pousada, por favor.
Uma das amazonas postadas na parede atrás de Gabrielle ouve o pedido e se aproxima da mesa buscando pegar a taça que estava vazia na frente da princesa amazona, mas ela rapidamente levanta a taça na direção de Ephiny.
-Pessoalmente capitã e demore seu tempo, voltando aqui apenas após quinhentas batidas.
-Sim alteza.
-Então o senhor afirma que o abastecimento de grãos não é tão garantido assim não lhe parece? Façamos o seguinte senhor Antinelus: Eu lhe pagarei as duas primeiras remessas de grãos e as outras mercadorias em talentos de ouro do Império e as demais remessas vamos fazendo um balanço pelo valor do mercado de Corinto , tanto de seu lado como do nosso. Vou lhe pagar adiantado para que o senhor possa adquirir sementes, forragens e o que mais for necessário, ficando para Amphipolis apenas os encargos com a mão de obra e o uso da terra na próxima remessa, mas exigimos grãos de primeira qualidade e da colheita no tempo e não o que sobrar da comercialização com outros negociantes . A Nação se compromete em auxiliar Amphipolis em caso de necessidade militar e em contrapartida Amphipolis se compromete a receber nossas jovens e auxilia-las em tudo que for necessário para a aquisição de conhecimentos junto ao Templo de Atena . Parece justo pro senhor? Quantos talentos o senhor acredita que seriam necessários?
-A senhora propõe pagar antes que nós colhamos?
-Sim, porque tenho certeza que o senhor sabe as consequências de não cumprir um acordo com meu povo. Eu disse antes senhor Antinelus que a milícia de Amphipolis não sustentaria um embate com os invasores, certamente não o fará com quem venceu tais homens.
-Isto é uma ameaça?
-Que absurdo! Claro que não! Os senhores são livres para decidir negociar conosco ou não, mas sua negativa fará com que meu povo se volte para outros mercados e nunca mais olhe para Amphipolis de forma amistosa no sentido comercial e protetor. Significa apenas que não faríamos mais negócios com esta cidade ou nos ocuparíamos de seus problemas até o final dos tempos. Assim ficará registrado em pedra nos anais da Nação.
-Eu sou Bisênico e não posso falar quanto ao aceitarmos a proteção do povo amazona do ponto de vista militar mas posso garantir alteza que seus termos de comércio são aceitáveis para nós e sua proposta de pagar antecipadamente, participando do investimento inicial é benvinda. As manufaturas são um ponto delicado e o que necessitamos em metalurgia podemos fornecer em ânforas e tecidos de algodão e lã. Certamente haverá quem negocie caso a caso e o fato de utilizarmos o preço estipulado em Corinto é bem visto uma vez que nenhum de nós terá influência no mercado do centro do Império . No entanto eu proponho que a senhora estipule o valor que desejar entregar pela segunda remessa e ele ficaria como um saldo positivo a ser abatido conforme uma média obtida entre o mercado de Corinto, de Atenas e o de Amphipolis pois temos de considerar que estamos afeitos às condições climáticas daqui e não da capital.
-Concordo. Então deixaremos a questão de proteção militar fora de nosso acordo e entregarei a você vinte talentos de ouro por navio para o envio imediato de quatro navios de grãos da primeira ou segunda seleção e para que na próxima colheita mais quatro barcos com grãos e outros itens, sendo que a mercadoria deverá ser entregue e descarregada nas carroças que aguardarão no porto de Luna. Minhas irmãs virão sistematicamente buscar conhecimentos sobre as ervas, pois entendo que o ensino está ligado à importação das mesmas. Minha intendente o procurará e acertará os detalhes. Eponin, chame Ephiny e diga para trazerem cento e sessenta talentos de ouro agora!
-Ao seu comando alteza.
-Quanto aos escravos no porto, a senhora gostaria de escolher?
-Estão dentro do acordo senhor Bisênico, como o restante da mercadoria. Tudo será minuciosamente delineado por minha intendente junto ao senhor amanhã ou depois, dentro deste valor acordado. Ela terá as diretrizes e saberá o que fazer. Estamos feitos com o tratado?
-De minha parte sim alteza.
-Senhor Antinelus?
-Creio que sim, mas não teremos o apoio de suas guerreiras então?
-Entendi que o senhor se opunha a esta parte do acordo, então retirei esta proposta inicial e ficamos na venda simples destas duas remessas e na troca de mercadorias pelo valor médio dos mercados de Corinto , Atenas e Amphipolis para as demais. Está certo para o senhor um acordo inicial de quatro anos?
-Em nome de Atena ! Sim princesa, está certo se os cento e sessenta talentos forem pagos hoje.
-Eles serão pagos agora. Ephiny !
Ephiny e Eponin chegam com um baú cheio de moedas de ouro.
-Infelizmente apenas a metade estará em talentos de ouro, o restante estará em minas e o senhor pode contar as moedas senhor Antinelus , entretanto tenho certeza que estará completo até o último grama, pois seria um crime contra minha honra se faltasse alguma moeda e minhas acompanhantes devem ter verificado quatro vezes no mínimo.
-Sem ofensas alteza, eu contarei, pois foi pra isso que Hades criou o dinheiro e Hermes o comércio.
-Nenhuma ofensa tomada. Fique a vontade. Ephiny, coloque o baú sobre a mesa do senhor Antinelus por favor e deixe que ele conte.
-Sim princesa.
-Eu vou me retirar agora senhores, mas os senhores e suas famílias serão benvindos no jantar de comemoração do acordo entre nossos povos.
-Princesa !
-Sim senhor Bisênico?
-Como a senhora sabia que iríamos fechar um acordo?
-Os senhores são homens inteligentes e eu tinha certeza que fariam o que fosse melhor para Amphipolis. Até a noite senhor Bisênico.
-Até a noite alteza.
-Ephiny, estarei em meu quarto. Peça para Karin levar algo de frutas e cidra aos meus aposentos.
-Sim alteza.
Gabrielle sobe as escadas pensando em quanto conseguiu avançar naquilo que era proposto. Com o cerco dos invasores a Nação ficou desabastecida e seus armazéns estavam com os estoques baixos. Através de Cirene ela sabia que Amphipolis tinha como fornecer quatro navios imediatamente e não poderia deixar passar essa oportunidade. Agora o alimento estava garantido e não foi necessário penhorar o sangue ou a honra de suas irmãs nem das gerações futuras.
-Boa tarde Taíra, Salina.
-Boa tarde alteza.
-Estou aguardando Karin e depois que ela entrar ninguém mais sobe estas escadas sob nenhum motivo, nem mesmo a Conquistadora e vocês, por favor, montem guarda nos primeiros degraus inferiores.
-Sim alteza.
Taíra e Salina descem e se posicionam no primeiro degrau da escada, obstinadas a não permitir a passagem de ninguém que não fosse Karin.
Gabrielle sabia o que devia fazer e tinha certeza que ali seria o local mais indicado.
Entrou observando o banho que Taíra deixou preparado e rapidamente fez uso das águas para tirar o peso da reunião e formular a melhor estratégia para sua decisão e deitada nas águas a princesa das amazonas fecha seus olhos e respira calmamente, sentindo a presença de Artemis em cada pedaço de ar, eleva seu pensamento buscando aquela que representa na terra.

“-Sagrada Artemis , ouve minha súplica! Sobrevivemos ao que estava estipulado como uma dura prova de coragem, força e união e minha irmãzinha poderia ter morrido. Orienta-me Caçadora para que eu possa ser digna da confiança e sentimentos que Karin demonstrou em nossa viagem e de alguma maneira retribuir toda dedicação e fé de minha pequena irmã. Artemis guia minhas palavras e que possam Afrodite e Atena estar comigo neste momento.”
-“Segue teu coração Gabrielle e tenha tranquilidade e com certeza saberá o que fazer. Mais que a busca do prazer de cada movimento, cada ação, tua irmã busca saber-se digna de tua atenção. Ela se entregará a ti como uma oferenda, não um sacrifício. O fará como algo único, pessoal, revestido de emoção e honra, pois definiu em sua alma que por ti vale a pena morrer. Cada ação, cada som dela será uma oração. Que cada gesto teu seja uma esperança e uma certeza de que aos teus olhos ela é neste momento uma manifestação de tudo que a Nação representa e ela é alguém por quem vale a pena viver.”
Acostumada a servir as oficiais em viagem, Karin apenas entra e coloca a sidra e as frutas sobre a mesa guardando silêncio e esperando até que Gabrielle manifeste mais algum desejo, sem interromper os pensamentos aparentemente profundos de sua princesa que sentindo a presença de outra pessoa, sabia de antemão quem era.
-Como você está Karin? Não tivemos muito tempo para trocarmos ideias ultimamente. Como você se saiu na batalha?
-Eu estou bem princesa. Entrei em alguns combates, muito mais em situações de defesa que de ataque, atuando no ataque somente quando fui instada a subir nas arvores e fazer uso do arco longo, então no todo eu estou bem.
-Comovocêsesentiu? Asaçõestomadassobreoshomens, açõesdeinterrogatórios te afetaram?
-Me envergonho de dizer que eu tive pesadelos alteza e ao que parece não sou uma guerreira tão forte quanto deveria mas espero que com o tempo isso melhore.
-Que Artemis nos proteja e você nunca seja colocada em situações semelhantes novamente para se acostumar com a tortura e causar dor em outro ser humano Karin. Uma coisa é na batalha, quando estamos nos defendendo ou defendendo os nossos e outra bem diferente é tratar uma pessoa como se fosse caça ou um borrego
. Você não é menos guerreira apenas por ter sentimentos Karin, ao menos eu espero e desejo que não .
-Perdoe-me alteza. As vezes eu fico confusa sobre como deve se comportar uma guerreira são tantas a observar como a comandante Solari sempre calma e eficiente, sabendo exatamente o que fazer mas ao mesmo tempo perdeu seu temperamento com Leah em Esdel, ou a mestre de armas que consegue ficar marcas e marcas de vela se dedicando a encordoar um punhal para que ele tenha a empunhadura perfeita ou fazendo esculturas incríveis nas bainhas das espadas e as manuseia com perfeição ou a mestre Assoyde que domina o arco em qualquer lugar ou clima.
-Você não pensa em Ephiny?
-A capitã da guarda tem uma energia pulsante e está atenta a todos os detalhes da sua segurança alteza, perdoe a sinceridade princesa mas a senhora não é o ser mais cordato de se proteger , e ela consegue equilibrar entre a obediência e fazer o que é necessário. Nunca a vi reclamar de nada e está sempre pronta quando o assunto é a senhora ou as leis da Nação.
-Mas sabemos como ela fica insuportável quando não dorme por muito tempo né. Heheheheehehe.
-Não posso dizer isso alteza, seria um desrespeito, mas a senhora tem razão.
Ela não é fácil de lidar quando o sono cobra seu pedágio.
-O importante é seguir seu coração Karin que aos poucos irá se estruturar e sua própria forma de ser irá surgindo. Você já tem uma personalidade muito forte.
-Apenas tenho certeza que o principal é proteger a casa real e defender minhas irmãs.
-Então sabes o principal minha irmã.
-Precisa de mais alguma coisa alteza?
-Sim, venha aqui por favor.
-Ao seu comando alteza.
-Não, sem comandos Karin, eu apenas gostaria de conhecer você melhor. Por favor, deixe suas armas sobre a mesa e tire suas botas.
Sem falar mais nenhuma palavra Karin vai mecanicamente retirando as armas e colocando-as sobre a mesa, a seguir foi até a porta e desamarrou as botas, tendo que apoiar-se na parede para conseguir retira-las. O protocolo de guerra ditava que nenhuma amazona ficaria sem armas, ainda mais na presença da realeza e Karin teve de fazer um enorme esforço para não replicar, então considerou que as armas estava a mão, perto o suficiente.
-Deixe suas botas atrás da porta, lave suas mãos na bacia ao lado e venha aqui, por favor.
Sem entender muito onde a princesa iria chegar a jovem amazona lava suas mãos na pequena bacia e segue a princesa até os banhos. A sala estava totalmente iluminada por velas aromáticas e o vapor da água quente formava um quadro de sonhos para a pequena amazona e Karin estende as mãos que a princesa sentada em uma cadeira no centro da sala tomou nas suas e levou aos lábios.
Passando levemente os lábios nas palmas das mãos de Karin, Gabrielle foi sentindo as calosidades formadas pelas infindáveis horas de treinamento com armas e de forma muito lenta foi girando a cabeça para sentir as mãos de Karin também com a pele do rosto. Sua língua ia fazendo o contorno dos dedos, conhecendo cada calosidade.
-Espada, punhal e arco são notáveis em tuas mãos, mas o que são estas marcas aqui na lateral da palma??
Vermelha pelo grau de observação de sua princesa, Karin responde quase numa respiração.
-“São das rédeas dos cavalos alteza, eu tenho atuado domando os animais selvagens”.
-Entendo o que quer dizer, as vezes eu faço isso também, mas em outro sentido. Por favor Karin, retira teu top e tua saia. Eu gostaria de ver teu corpo e descobrir se tens outras marcas ou cicatrizes da batalha. Tens?
-Realmente apenas uma nas costas, mas foi apenas um raspão alteza.
-Como aconteceu?
-Lara e eu fomos cercadas quando íamos para uma posição mais à frente e não havia caminho por sobre as árvores, então descemos para subir na aponia mais adiantada. Fizemos o que nos foi ensinado, mas eles eram três e um conseguiu ficar na minha retaguarda. Eu teria sido fatiada em duas se Lara não tivesse gritado para me afastar princesa, então eu saltei de lado e fiz o giro para impedir o outro atacante de pegar Lara pelo flanco direito. Tudo que sei é que este grandalhão conseguiu raspar a ponta de sua espada em minhas costas antes de ter sua garganta cortada por aquela arma redonda que a Imperatriz usa.
-A Imperatriz salvou você?
-Sim princesa, eu não sei como ela conseguiu ouvir o grito de Lara no meio de todo alvoroço mas ela recolheu sua arma que sempre volta pra ela e me fez um cumprimento de cabeça antes de seguir na batalha. Acho que ela gostou de nosso desempenho.
-Tenho certeza que sim Karin. Venha aqui, deixe-me ver.
Karin se aproxima de Gabrielle e seu corpo se arrepia todo quando a fina linha vermelha é traçada pelos dedos da princesa amazona. Virando novamente Karin para olha-la nos olhos, Gabrielle faz o contorno dos lábios da jovem de pele bronzeada.
-Taíra deixou um banho preparado pra meu uso. Gostaria que você entrasse na banheira Karin. Há algo que eu desejo experimentar fazer.
-Princesa?
-Quando retornei de Corinto na primeira vez, naquela visita que trouxe você e nossas irmãs de volta pra casa a rainha Melosa recebeu-me na cabana real e com um banho nas águas sagradas muito me foi revelado. Eu gostaria de banhar você.
Sem mais nenhuma palavra Karin retirou o triângulo que usava e olhando para Gabrielle entrou nas águas quentes e perfumadas da banheira . Vagarosamente a princesa se aproxima da banheira e ficando de frente para a pequena guerreira começa a despir-se de seu traje e de joelhos ao lado de Karin toma de um pano e um pequeno sabão perfumado e começa a esfregar o corpo da amazona iniciando pelo rosto, descendo para o pescoço com movimentos extremamente lentos e longos demorando-se nos seios e nas coxas da jovem em suas mãos, passando a dar atenção especial aos cabelos curtos e negros , massageando cada ponto como fora ensinada a fazer para a Conquistadora.
Tomando de uma jarra busca água morna em um balde colocado ali para este fim e fazendo uso de um pequeno banquinho para atingir a altura certa lançando água nos cabelos de Karin, Gabrielle retira toda a espuma dos cabelos e ela propõe- se a fazer o mesmo no resto do corpo.
-Por favor, erga-se Karin.
A princesa das amazonas trácias lança água limpa sobre o corpo da jovem com algumas viagens às águas mornas do balde, até que não reste mais nenhum resquício de sabão, deixa a jarra junto ao balde e pegando uma grande toalha branca em suas mãos convida Karin a chegar aos seus braços.
-Venha.
Karin não falava palavra alguma, totalmente hipnotizada pela visão à sua frente sequer protestou por um membro da casa real estar agindo como uma serva, numa total inversão de papéis. Gabrielle secou rapidamente os cabelos e o corpo e lançando a toalha a um canto da sala sem uma palavra volta ao quarto parando no tapete ao lado da cama.
-Karin!
Karin consegue sair de seu estupor ao ouvir a voz de Gabrielle e rapidamente adentra ao quarto parando a três passos de Gabrielle. Ela não conseguia imaginar que problemas teriam ultrapassado a todo contingente amazona na pousada, nem suas irmãs nas escadas.
-Sim princesa?
Gabrielle estava em um peplos branco com um recorte na altura do pescoço que formava uma gama “Y” terminando três dedos abaixo da linha dos seios, exatamente entre eles. Realmente ela encontrou problemas mas não do tipo que imaginou, pois em uma voz baixa, suave e melodiosa Gabrielle faz saber seu pensamento.
-Eu ficaria muito honrada em ser tua parceira de Suaguini, mas entenderei perfeitamente se você não desejar mais ou achar que não é o momento e nada será segurado contra ti. Se você ainda desejar, mas não agora, prometo que o repetirei em outra ocasião. É meu o convite e tua a decisão.
-Pelo Arco Sagrado de Artemis , sim alteza. Por favor, sim!
Gabrielle silencia a guerreira colocando seus dedos nos lábios e passa por trás de Karin com seus dedos fazendo o contorno do rosto enquanto levemente, como uma brisa beija a nuca da amazona sussurrando uma ordem suave aos ouvidos daquela que aceitou –a como parceira nesta viagem.
-Deite-se na cama Karin e relaxe. Em nome da Caçadora, principalmente desejo honrar a ti.
Gabrielle traçou com sua língua e seus lábios cada linha de cicatrizes antigas no corpo da bela morena e sugou as gotas d’água que teimavam em permanecer na pele agora quente . Karin fechou os olhos orando agradecimentos à Caçadora por seu oferecimento ter sido aceito e tremia a cada novo toque da princesa amazona.
Gabrielle deita a seu lado e com muito carinho fita o rosto da jovem, beijando os lábios e com a língua suavemente penetra a boca da amazona enquanto sua mão manipula o seio de Karin que sem perceber tem a princesa beijando seus ouvidos, mordendo levemente e acompanhando a linha de seu pescoço com a boca, terminando por fazer ninho nos seios da morena que não tinha mais noção onde estava. A mão de Gabrielle se desloca para o centro de prazer de sua companheira, manipulando o clitóris enquanto sua boca se tornava presente nos seios e nos ouvidos ao mesmo tempo e depois invertendo os papéis, ambas as mãos jogavam com os mamilos da morena de cabelos curtos enquanto a princesa amazona se posicionava entre as coxas de Karin, suavemente lambendo e sugando, beijando o corpo da escoteira.
Deslizando até os pés de Karin, Gabrielle foi lambendo a pele enquanto suas mãos faziam massagens por todo o membro inferior, partindo da fenda de sensações, não parou um instante de ministrar atenções à jovem buscando intensificar o prazer desta como a Conquistadora fizera durante o Suaguini e nas noites que seguiram.
Ajoelhando na cama instou sua companheira a fazer o mesmo beijando-a de forma ardente que se transformou em algo singelo, meigo e quase inocente. Sentou- se escorada nas almofadas e travesseiros na cabeceira da cama e apoiando as costas de Karin em seu peito ia servindo-lhe uvas enquanto conversavam.
-Você está bem?
-Sim alteza.
Uma pequena lágrima insistiu em descer pelo lado do olho, sendo colhida pela princesa em sua trajetória.
-Eu machuquei você? Por favor, Karin me perdoe ! Eu não tive intenção e é tudo tão novo pra mim também!
-Não princesa, a senhora não me machucou. Somente agora eu compreendo o sentido de chorar de felicidade e eu me senti completa e aceita. Muito obrigada alteza. Foi mágico!
-Fico feliz que você tenha gostado Karin, apenas peço que isto fique entre eu e você.
-Sim alteza, como deve ser.
Olhando pela janela Karin percebe que o Carro de Apolo está fazendo seu trajeto descendente e quase chegando ao final de sua jornada, percebe que seu tempo com a princesa está terminando.
-Daqui a pouco tempo o jantar estará no seu rumo final de preparação. Talvez fosse melhor eu descer e ver no que Solari estaria precisando de um par de mãos ou olhos.
-Talvez. Tome um banho antes de descer Karin e diga a Taíra e Salina que me despertem em duas marcas de vela. As ordens de isolar o andar superior continuam.
-Sim alteza.
Mais tarde, mesmo se colocada sob coação, Karin não saberia dizer como a princesa conseguia estar em todos os lugares e ao mesmo tempo e levada ao clímax por duas vezes seguida não poderia precisar o momento em que Gabrielle colheu aquilo que para ela fora guardado.