Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

‘Till I finally died which started the whole world living

If I’d only seen that the joke was on me

 

Minha mente está límpida novamente. Focada e determinada. Vejo cada passo diante de mim com nitidez completa.

Tinha um problema grave no meu plano anterior. Eu não sabia que eu era animal, pessoa, mulher. E assim, tinha esquecido que os outros eram essas coisas. E que, do mesmo jeito que ali residia minha fraqueza, também residia a de todos.

Em todo tempo livre que tenho que me dedico a conhecer esse ex-estranho, meu corpo. Me toco como ela tinha me tocado. Minhas mãos são as mãos dela. Meu único cuidado é não fazer nenhum barulho. Ninguém pode saber o que estou fazendo.

É o estudo mais prazeroso que já fiz. O estudo do animal em mim. Faço várias vezes por dia. Faço em todos os momentos que posso e de todos os jeitos que consigo. Estarei preparada quando a chance aparecer de novo. E sei que vai acontecer de novo, porque a conheço bem demais.

Uma noite, depois de lutarmos, sou eu que a jogo contra uma árvore e devoro sua boca.

Ela é pega de surpresa. Tenta retomar o controle, mas não deixo. Tenta segurar meus punhos e seguro os dela. Prendo o corpo dela com o meu. Um gemido alto sai da garganta dela.

– Como se atreve… – ela murmura, seu rosto afogueado, seus olhos brilhantes – não é assim, sua pu…

A calo com mais um beijo feroz e me regozijo quando sinto ela se entregar. Saboreio seu pescoço molhado de suor e sinto as pernas dela tremerem.

Finalmente solto um dos punhos dela e minha mão sobe por sua coxa. Pressionando e arranhando.

Ela suspira.

– Você esquece, Xena… eu sou a única aqui que é páreo para você.

O pulso livre dela tenta me atingir mas o seguro de novo e sugo a pele em seu colo.

– Não é assim… – a voz dela é fraca, suplicante.

– Não? Então porque está gemendo? Suspirando? Tremendo?

Ela rosna. A beijo novamente. Suave, doce. Ela me acompanha. Me segue. Liberto os dois pulsos dela e seguro seu rosto entre minhas mãos. Ela me enlaça pela cintura e me aperta contra si.

Esse é o melhor dos beijos que trocamos. Sem a confusão do primeiro. Sem o pavor da primeira vez. Eu estou apenas saboreando a boca dela, com dedicação. É tão absurdamente delicioso.

Não estou mais no controle. Nem ela. É um bailado mútuo.

As mãos dela começam a me percorrer com intenção. Os dedos dela passam por meu pescoço daquele jeito que fazem eu me perder de mim. Minhas mãos também passeiam livres por ela. Pelo menos tão livres quanto podem ser diante de uma armadura.

– Vai ser na sua tenda hoje – eu falo.

Ela só geme em minha boca e sinto a cabeça dela balançando para cima e para baixo. É com dificuldade que nos separamos e caminhamos até lá.

 

***

 

Quando entramos na tenda a primeira coisa que ela faz é tentar ganhar o controle novamente. E eu deixo. Deixo porque preciso. Porque quero. Porque desejo sentir as mãos dela em mim mais uma vez. Uma última vez.

Meus olhos estão bem abertos dessa vez.

Ela me despe com pressa, e eu a ela.

Me joga na cama, se atraca em mim.

– Cadê aquela coragem toda? – provoca – já está aqui de novo, igual a uma putinha necessitada?

Eu agora conheço meu corpo. E conheço as palavras dela. As ouvi inúmeras vezes. Eu adoro.

Ela me dá um tapa forte no rosto. O ardor se espalha por meu corpo inteiro. Eu rio.

– Está rindo? – ela esfrega meus lábios com os dedos – quer mais, hein?

Outro tapa. Uma mão se fecha em meu pescoço e aperta. Com força suficiente apenas para me fazer entender que sou dela naquele momento. Minha respiração falha, não pelo gesto, mas pela ideia.

Ela chupa meus peitos com força dolorida. Já estou tão perto do meu clímax que sinto raiva.

– Eu sabia. Você é só mais uma vadiazinha.

Dois dedos entram em mim sem aviso. Mas a massagem é lenta. Compassada. Gentil.

Esse contraste – entre brutalidade e ternura – me destrói.

Ela puxa meus cabelos com força e me arranca o primeiro orgasmo.

Tudo em mim fica sensível, mas ela não para. Me tortura até o segundo. Aprendi a controlar meus barulhos, mas meu corpo grita em seus tremores.

Ela lambe tudo que sou. Meu gozo, meu suor. Minhas forças começam a voltar e sei que é chegada a hora.

Quero chorar, mas me domino.

Inverto nossas posições e seguro os pulsos dela contra a cama.

– Callisto… – o tom dela é de advertência.

Ataco o pescoço dela com minha boca. Os pulsos dela debatem contra minhas mãos, mas eu seguro firme. Beijo sua boca, mordo seus lábios, sugo sua língua. Ela geme, as pernas delas se contorcem, mas estão presas entre as minhas.

Desço para seus seios e chupá-los quase me faz esquecer meus planos, meus propósitos. Meu fecho nos pulsos dela enfraqueceu, e ela podia ter se libertado, mas não o fez.

– Maldita… – ela fala entre gemidos – maldita…

Aquilo é o bastante para minhas mãos a segurarem com força novamente.

Deslizo meus lábios até o ouvido dela.

– Quer meus dedos em você, Xena?

Ela grunhe. Orgulhosa.

– Não entendi – respondo.

– Puta.

– Isso não é uma resposta – minhas mãos saem dos pulsos dela e nossos dedos se entrelaçam, mas a mantenho segura – você quer?

– Porra… quero… – ela sussurra.

– Vou ter que soltar uma de suas mãos – digo – e você vai ter que permanecer como está. Vai ter que me deixar fazer o que quero.

– Sim… – sinto o corpo dela relaxar sob mim.

Sorrio e liberto uma das mãos dela. Nossas pernas se entrelaçam e pressiono minha coxa em seu sexo. Minha mão livre vai para seu seio e volto a beijá-la.

Por longos minutos, é assim que dançamos. É lânguido, sinuoso, na fronteira entre o terno e o maldito. Alterno meus beijos entre sua boca, seu pescoço, seus seios. Ela não para de se esfregar em mim. Solto sua outra mão e a percorro enquanto beijo tantas partes dela. Ela não faz nada além de se entregar.

Até que finalmente minha mão vai para o meio das pernas dela.

Não entro de imediato. Toco com as pontas dos dedos, faço carinho. Ela se contorce com força. Deslizo um dedo por aqueles lábios. Grandes. Pequenos. Toco quase sem tocar. Ela se debate debaixo de mim e eu mordo com força entre seus seios.

– Paciência – digo.

Ela vai me xingar e eu tapo a boca dela com uma mão.

– Não, não – falo – seja educada. Peça por favor.

Eu liberto a boca dela e o pedido gracioso vem.

– Por favor.

– O que?

– Por favor, Callisto.

– Isso? – escorrego um dedo dentro dela e ela arqueja.

– Sim…

– Mais?

– Sim…

Coloco mais um dedo.

Deuses, estou dentro dela. A sinto, ao redor de meus dedos. Apertando, contraindo. Exploro devagar, cada movimento meu faz ela se mexer de um jeito diferente. Isso é místico, divino.

Com meu polegar, encontro seu clitóris e faço as mesmas massagens lentas que ela fez em mim, dentro e fora dela. Afinal, o que sou senão sua imitação? Tudo que sou, ela que me deu.

Aprecio seu rosto. Olhos fechados, entregue, é como ela está. Ela geme baixo, contida, mas o corpo dela vibra.

– Porra, não pare, Callisto. Não pare…

A beijo devagar. Ela me agarra com força, se fricciona em mim com abandono. Quase perco a noção de mim novamente. É extasiante.

Mas eu lembro. Eu lembro.

Meus lábios encostam de novo no ouvido dela.

– Você lembra de Cirra? – pergunto.

As unhas dela entram em minhas costas. Minha massagem não para, ela aperta mais meus dedos com seu sexo.

– Que? – ela ofega.

– Você lembra de Cirra? – repito. Minha voz perdeu calor, agora é fria, como a dela.

Acontece tão rápido. As mãos delas saem de minhas costas, minha mão sai de dentro dela e eu tenho uma adaga pressionada em sua garganta.

Ela sabe que se tentar qualquer coisa, morrerá imediatamente.

Um silêncio longo se estende, enquanto ela me olha, confusa. Tem ódio em seus olhos e isso me machuca.

– Quem porra é você? – ela arqueja.

– Sou quem sobreviveu ao fogo – pressiono a adaga com mais força no pescoço dela – sou a que se tornou você. Para matar você.

Ela me encara. Choque em seus olhos. E penso ver tristeza. Decepção.

– Voce não vai me matar – ela murmura.

Respondo enterrando a adaga no coração dela. Sangue espirra de sua boca e mancha meu rosto. Tenho que ser rápida para aquilo ser perfeito.

Arranco a arma do peito dela. Pego as mãos convulsivas dela e as envolvo no punho da adaga. Ela estrebucha, os olhos brilhantes ainda nos meus, mas já posso ver a opacidade da morte os assombrando. Envolvo as mãos delas nas minhas e enterro a lâmina em meu próprio coração.

É a maior dor que já senti, mas é a última.

Tudo vai escurecendo muito rápido. Arranco a arma de meu peito e a ponho de lado. Nossos sangues se misturam. O cheiro ferroso é pungente. Com minhas últimas forças, seguro a mão dela, entrelaço meus dedos nos dedos já inertes dela. Deito minha cabeça em seu peito encharcado de sangue e fecho os olhos.

Me pergunto se passarei a eternidade com ela no Tártaro.

Então, quando escrevi essa história, esse era o final. Mas, uns dias depois, um final alternativo apareceu em minha mente. Mas eu não queria perder esse, porque tenho um fraco por tragédia. Então ele está aqui. No próximo capítulo, começa um what if onde Callisto não mata Xena. Por enquanto, fiquem com o final nº 1.

Nota