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Xena estudava a pintura com intensidade, seus olhos perscrutando cada detalhe da figura da mulher enfrentando o dragão. A imagem a intrigava, despertando uma mistura de curiosidade e reconhecimento. “No Japão, o que representaria um dragão?” ela se perguntava, ponderando sobre as possíveis simbologias.

Virando-se para o monge, que observava pacientemente, Xena questionou, “O que é um dragão, nesta pintura?”

O monge, com uma expressão serena, respondeu: “O dragão, em nossa cultura, é um ser de muitas facetas. Pode ser um guardião, um símbolo de sabedoria e força. Mas também pode ser um grande desafio, um obstáculo a ser superado.”

Xena refletiu sobre suas palavras. “Um desafio a ser superado…” murmurou ela. “Então, a mulher na pintura está enfrentando um desafio, uma batalha contra algo formidável?”

“Exatamente,” confirmou o monge. “A mulher representa a coragem necessária para enfrentar grandes desafios. Ela está em uma jornada, não apenas uma batalha física, mas uma jornada espiritual.”

“Uma jornada espiritual…” Xena repetiu, perdida em pensamentos. As palavras do monge ressoavam profundamente, despertando uma compreensão interna. “E Akemi… ela também estava em uma jornada espiritual? Será que eu era o seu dragão, ou ela era o meu?”

O monge olhou para Xena com uma expressão de profunda sabedoria. “Às vezes, em nossa jornada, encontramos dragões em formas inesperadas. Eles podem ser nossos desafios mais difíceis, mas também nossos maiores mestres.”

Xena assentiu, contemplando a ideia. “Então, talvez Akemi e eu… nós fomos dragões um para o outro. Cada uma enfrentando seus próprios desafios, suas próprias batalhas.”

“Exatamente,” disse o monge. “E em cada batalha, há uma lição a ser aprendida, uma verdade a ser descoberta.”

Xena olhou novamente para a pintura, agora com novos olhos. O dragão, a mulher, a batalha – tudo parecia ter um significado mais profundo. “Obrigada,” disse ela, sua voz carregada de gratidão e determinação. “Você me deu muito no que pensar.”

Com isso, ela se afastou da pintura, sua mente fervilhando com novas ideias e possíveis interpretações. A jornada de Xena estava longe de acabar, e cada passo a levava mais perto de entender a complexa teia de sua história com Akemi.

Sentada no chão frio do templo, Xena fechou os olhos, buscando conexão com a energia ao seu redor. O silêncio do templo não era vazio, mas cheio de ecos do passado, sussurros de histórias não contadas. Xena respirou fundo, permitindo que a energia do lugar a envolvesse, guiando seus pensamentos.

“Akemi… o que você realmente queria me dizer com suas palavras enigmáticas? O que estava escondido por trás dos seus olhos tristes?” Xena murmurou para si mesma, tentando desemaranhar as memórias de Akemi.

Ela pensou na jovem Akemi que conheceu – uma menina que, apesar de sua juventude, já carregava o peso do mundo em seus ombros. “Akemi tinha que ser sagaz para sobreviver,” Xena refletiu. “Mas sua sagacidade era uma espada de dois gumes, ocultando tanto quanto revelava.”

Xena ponderou sobre os enigmas de Akemi, questionando-se sobre as verdadeiras intenções da jovem. “Ela falava de amor e honra, mas como ela poderia realmente compreender esses conceitos, dadas as circunstâncias brutais de sua vida?”

O silêncio do templo parecia responder às suas perguntas, trazendo clareza e compreensão. Xena começou a perceber que Akemi, assim como ela, estava presa em uma teia de circunstâncias e escolhas, cada uma tentando encontrar seu próprio caminho em meio ao caos de suas vidas.

“Eu preciso entender o que está escondido nas entrelinhas, nas pausas e no que Akemi deixou de dizer,” Xena concluiu. Ela sabia que a chave para desvendar os mistérios de Akemi e sua própria redenção estava em entender não apenas as palavras de Akemi, mas também seus silêncios e omissões.

No momento em que Xena chegou a essa compreensão, a energia do templo pareceu intensificar-se, envolvendo-a como uma névoa densa e mística. Lentamente, o ambiente ao seu redor começou a se transformar, levando-a para um estado entre sonho e realidade.

Ela se encontrou em um lugar que parecia simultaneamente familiar e estranho. Era o Japão, mas de um tempo passado, um fragmento da história preservado no éter. Lá, viu a jovem Akemi, uma criança ainda, mas com olhos que já carregavam a sabedoria e o peso de muitas vidas.

Akemi estava sentada, brincando tranquilamente, alheia à presença espectral de Xena. Seus movimentos eram graciosos, cada gesto parecendo contar uma história não dita. Xena observou, fascinada, percebendo detalhes que antes lhe haviam escapado.

A jovem Akemi levantou-se e caminhou até um riacho próximo, onde começou a falar sozinha, ou talvez com alguém que Xena não podia ver. Suas palavras eram suaves, mas carregadas de emoção. “Por que me deixou, mãe? Por que ele te levou de nós?” sussurrou Akemi.

Xena sentiu um aperto no coração ao ouvir as palavras de Akemi. Ela começou a entender a dor e a solidão que a jovem havia suportado, a complexidade de seus sentimentos em relação ao pai e à sua situação. “Ela estava buscando respostas também,” pensou Xena. “Tal como eu.”

Akemi então se virou para uma direção específica, como se estivesse falando com alguém que só ela podia ver. “Eu farei o que for preciso para honrar sua memória, mãe. Eu encontrarei uma maneira de libertar nossa família.”

Xena observou, imersa em pensamentos. Essa visão de Akemi oferecia uma nova perspectiva sobre suas ações e decisões. Xena percebeu que, para entender completamente Akemi e sua própria jornada, ela precisaria mergulhar mais fundo nessas memórias, explorar cada aspecto das escolhas e do destino entrelaçado que as unia. Nesse momento, dentro das memórias do éter, Xena viu a cena se desenrolando… a jovem foi arrastada por dois homens grandes para longe do riacho.

… na..

“Calada”

As pernas de Akemi se debatiam contra o vento e ela se dobrava tentando fugir, a cada tentativa de fuga, alguém a surrava. E ela ouvia “no rosto não, ele não gosta que batam no rosto”… quando viu quem seus captores, um deles era um jovem forte que trabalhava para o pai e outro um senhor forte de uns quarenta anos que ela nunca tinha visto. Chegaram num barracão de madeira e a amarraram e amordaçaram.

Ela ficou ali por três dias inteiros sem água, sem comida. Sem ninguém. No primeiro dia ela gritou, mesmo amordaçada, mas seus grunhidos não eram altos e ela não sentia que estava perto de alguém que a pudesse ouv


ir. E se quem a trouxe era o servo de seu pai, seu pai sabia, ela não tinha então para onde ir…