Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

Passado

Ayleen caminhavam lentamente pelos corredores do palácio, sentindo o peso da sua decisão. Parou à porta do seu quarto e suspirou olhando para as janelas, para os archotes nas paredes cinzentas, para a tapeçaria que as cobria. A ideia de deixar o Palácio onde passara boa parte de sua juventude e as pessoas que considerava como família em seu coração lhe doía muito, mas em alguns pontos da vida, o destino impõe mudanças e não dá alternativa a não ser aceitá-las. Ela não era forte como Imogene, e não tinha nenhuma terra em seu nome, como tantos filhos de Senhores, mas se existia algum poder em suas mãos era esse: garantir a segurança de pessoas com quem mais se importava.

Quando ela colocou a mão na fechadura para adentrar seus aposentos, ouviu os passos corridos de botas de couro, e ela soube quem vinha ao seu encontro.

-Ayleen…POR QUE? – Imogene perguntava em voz mais alta do que o necessário, embargada de dor e amargura. – POR QUE VOCÊ FEZ ISSO?

-Imogene, por favor…

-VOCÊ NÃO PRECISAVA. VOCE NÃO DEVIA TER…

Ayleen lhe puxou pelo braço para dentro dos seus aposentos antes que os gritos da morena despertassem a curiosidade de outras pessoas no palácio.

Ela fitou Imogene por alguns segundos na penumbra do aposento iluminado por poucas velas e um candeeiro e suspirou pesadamente.

-Que escolha eu tenho, Gene? Eu tenho quase 19 anos, todo mundo espera que eu me case logo e tenha filhos. Eu não tenho família de sangue ou títulos.

-Mas eu te disse, eu te prometi que poderia cuidar de você!

-E quem cuidará de você, Imogene? – perguntou com um sorriso triste.

-Você sabe que eu sei me cuidar. Você não precisa fazer isso para proteger Devon! Você disse que acreditava em mim, acreditava que eu podia…

-Eu acredito. Você é a pessoa mais forte que eu conheço, e você se tornará a Senhora de Devonshire e vai honrar o legado do seu avô e do seu pai. Mas eu também preciso ser forte. Eu não sei lutar, nem tenho a mesma determinação ou conhecimento que você tem. Mas se eu posso garantir a segurança dos druidas, e no processo ainda conseguir garantir que Devon fique em paz, eu devo fazer isso.

Ayleen falava tentando acalmar a morena, mas ela parecia não estar prestando plena atenção no que era dito. Em sua cabeça, um cenário desesperador se formava e o desespero nos seus olhos era completamente visível.

-Como eu vou ficar sem você? – ela perguntou segurando de leve os ombros da loira, e Ayleen pôde ver uma lágrima escorrendo pelo rosto da amiga. Ela teve que respirar fundo para evitar que as próprias lágrimas começassem a rolar. Imogene quase nunca chorava. Poderiam ser contadas as vezes em que havia visto lágrimas em seus olhos e vê-las agora fazia o seu estômago se retorcer.

-Eu te visitarei – Ayleen disse, secando a lágrima e acariciando o rosto de Imogene que fechou os olhos ao sentir o toque da mão macia da loira.  – A Cornualha não é tão longe…eu te visitarei sempre que puder e nós vamos..

-Você não entende…Como eu poderei viver sem você? – Imogene encostou a testa na de Ayleen, resignada e apertou os olhos tentando em vão, deter as lágrimas – Você não sabe…você não sabe o que significa pra mim?

Ayleen não conteve mais as próprias lágrimas, deixou-as que rolassem livres, libertando do seu peito toda a tristeza que sentia. Sem conseguir mais evitar, fechou a distância entre os seus rostos e encostou os lábios nos de Imogene. Levando a mão novamente ao rosto da morena, lhe acariciou os traços angulados durante aquele beijo, como se quisesse memorizar através dos dedos cada detalhe daquele rosto para sempre. E então, se esticando nos braços da morena, a abraçou forte, tão forte como se sua vida dependesse disso, e ao seu ouvido disse:

-Eu sei. Porque é o mesmo que você significa pra mim. E é por isso que estou fazendo isso.

-Eu te amo, Ayleen. E eu sei que nós podemos achar um jeito de fazer tudo ficar certo…Eu posso dar um jeito, você tem que acreditar em mim.

Ayleen colocou os dedos sobre os lábios fazendo com que Imogene desistisse de falar.

-Eu também te amo e os deuses sabem que eu queria que houvesse outro jeito. E é por isso que eu tenho que partir. Você será a Senhora de Devonshire, e com isso assumirá responsabilidades enormes. Você precisa amar o seu povo e colocar a segurança dele acima das suas vontades pessoais, e eu preciso ser forte e fazer o mesmo, não apenas por vocês, mas pelos druidas.  E eu preciso que você me ajude a ser forte. Por favor, Imogene…

Imogene secou as lágrimas e suspirou, embora em seus olhos ainda pudessem ser visto os claros traços de um coração despedaçado.

Ela segurou o rosto de Ayleen, lhe deu outro beijo, como se quisesse lhe assegurar de tudo que havia dito minutos antes e então olhando em seus olhos disse:

-Eu não vou desistir de você. Eu não vou deixar você me esquecer.

E então abriu a porta e sumiu, correndo pelos corredores do palácio, com seus passos ecoando para trás. Ayleen sem forças sentou-se ao chão abraçando os joelhos e deixando o choro desesperado e cheio de dor lavar sua face. Como ela poderia esquecer Imogene? Ela seria tudo que ela lembraria.

Nota