Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

    Havia focos de fumaça espalhados por toda a cidade. Caos e confusão reinavam nas ruas, e ninguém perdeu muito tempo reparando nas duas mulheres que se protegiam do sol forte debaixo de capuzes e caminhavam de cabeça baixa.

    Os altos muros do castelo estavam praticamente sem guardas. Elas se esgueiraram pelos portões e tentaram caminhar discretamente ao longo da muralha, quando um homem correndo esbarrou nelas.

    – O que estão fazendo aqui? – o homem gritou – saiam da cidade! O rei está louco!

    Gabrielle segurou o braço do homem antes que ele pudesse continuar sua corrida.

    – O que quer dizer? O rei está louco?

    – Vocês não são daqui, são? – o homem ofegava – o rei perdeu a cabeça. Começou a ordenar que o exército atacasse os civis, dizendo que Xena estava escondida em algum lugar por aqui. Primeiro eles acataram, depois começaram a questionar o rei e agora estão divididos. As pessoas estão fugindo, o rei não deixa ninguém chegar perto. Saiam daqui enquanto podem!

    O homem se desvencilhou de Gabrielle e continuou sua fuga.

    – Xena, o que acha que está havendo? – perguntou Gabrielle.

    – Suponho que quando matei Ares o usurpadorzinho entrou em pânico – Xena sorriu – bem, isso facilita as coisas. Podemos usar essa confusão para chegar até ele.

    – Sim – concordou Gabrielle.

    – Escute, Gabrielle. Sobre essa coisa de não matar… isso encerra aqui. Além do mais, eu dou conta disso. Se quiser, pode ir embora. O espetáculo aqui será sangrento.

    – Não seja estúpida – respondeu Gabrielle – eu disse que ia garantir que você voltaria ao trono, e isso ainda não aconteceu.

    – Certo, mas dessa vez faremos do meu jeito.

    Xena tirou o capuz e começou a caminhar até a entrada do castelo. Gabrielle a seguiu. Um dos guardas viu as mulheres entrando e arregalou os olhos. Xena o reconheceu como o que ela quase esganara no calabouço. Sorriu ao ver o pavor se desenhar no rosto do homem, que se virou para fugir.

    – Oh, você não vai! – gritou Xena, sacando sua adaga e atirando na perna do homem, que caiu no chão gritando.

    Xena sacou a espada e correu até ele. Pisou no homem caído, prendendo-o no chão.

    – Queria ter tempo para te matar lentamente – disse Xena – mas terei de me contentar com isso – e atravessou o homem com a espada.

    Gabrielle desviou o olhar. Xena retirou a espada do corpo do homem e continuou o caminho até a câmara real.

    – Xena – começou Gabrielle.

    – Loirinha, sem pregação, por favor.

    – Só queria avisar que está esquecendo a sua adaga.

    – Oh. Que atenciosa – disse Xena, de bom humor – deixarei de presente para o bastardinho.

    Encontraram alguns guardas dispersos no caminho. Gabrielle fazia o possível para adiantar-se e nocauteá-los com seu bastão antes que Xena os matasse. Conseguiu salvar a vida de alguns dessa forma, o que estava, ao mesmo tempo, irritando e divertindo a outra mulher.

    – Ok, estou percebendo seu jogo, Gabrielle.

    – Que jogo? – perguntou Gabrielle inocentemente – estou apenas ajudando você.

    – Vou começar a empalar os corpos dos que você botar pra dormir.

    – Oh, Xena. Isso é desleal até mesmo para você.

    Xena grunhiu e atravessou o peito de um guarda com a espada antes que Gabrielle tivesse tempo de atacá-lo, mas perdeu o seguinte quando a outra mulher correu o golpeou-o direto no queixo com o cajado.

    – Santinha de merda – resmungou Xena, chutando entre as pernas do homem caído.

    Gabrielle apenas sorriu e avançou. 

     

    *** 

     

    Xena espiou o corredor da câmara real antes de entrar nele. Um verdadeiro batalhão guardava a porta dos aposentos do rei.

    – Quantas pessoas têm? – sussurrou Gabrielle.

    – Bastante – disse Xena – mas nada que não possamos resolver.

    Gabrielle ia contestar, mas Xena avançou, parou no meio do corredor e deu seu grito de guerra.

    – Alalalalala shiiiiaaaaaa! – o barulho ecoou pelas paredes de pedra.

    Os homens se viraram para encará-la e, por um momento, não podiam acreditar no que viam.

    – Olá, rapazes – cumprimentou Xena – sentiram minha falta?

    Os homens se entreolharam, sem saber o que fazer. Um deles, que vestia roupas de oficial, saiu de entre os demais.

    – Xena – disse o homem – então o rei não está louco. Você está mesmo viva.

    – Graças à minha amiguinha aqui, Prístimo – Xena apontou Gabrielle com um gesto de cabeça – você parece bem. Acestes realmente se cercou dos piores.

    – Não tenho culpa se você não reconhece talento – Prístimo olhou para Gabrielle – e você, ajudando a mulher que lhe tirou tudo e traindo o homem que lhe transformou em uma dama. Você merece a pior das mortes, Gabrielle – sacou a espada – homens, matem-nas! – ordenou.

    O pequeno batalhão avançou.

    Ao ver os homens que corriam em sua direção, Xena sentiu o sangue começar a pulsar em suas veias. O esgar eufórico que não conseguia segurar sempre que estava prestes a entrar em uma briga estendeu seus lábios. Começou a correr em direção aos homens, sentindo em suas mão o punho da espada que se transformava em uma parte do seu corpo.

    Os guardas, de repente, não eram nada mais do que aborrecidos empecilhos que se interpunham entre ela e sua vontade. E esse tipo de empecilho ela simplesmente destruía.

    Gritou e começou a brandir a espada. Os homens começaram a cair ao seu redor. Pulsos, gargantas e corações eram dilacerados. Artérias eram rompidas a golpes eficientes e precisos de sua espada.

    Xena conseguia distinguir com sua visão periférica um bastão que circulava ao seu redor, derrubando alguns homens. Uma parte remota de si avisava que não devia atingir a pessoa que brandia aquela arma. Sua espada voava ao redor do corpo da outra mulher. Cortou a mão de um homem que estava prestes a atingir a loira. Viu sumir, ao golpe do bastão, uma espada que faria um talho em seu braço.

    Sua lâmina estava vermelha. Não havia mais nada além de uma massa de corpos mortos ou desmaiados. Prístimo, ainda consciente, tentou fugir, rastejando. Xena viu o movimento e avançou até ele. O homem a viu se aproximar, fechou os olhos e se encolheu, choramingando, à espera da morte certa.

    Xena abriu um talho no antebraço do homem. Levantou-o pelo pescoço, encostou-o na parede e começou a apertar sua garganta. O homem agarrava seu braços, tentando se soltar do poderoso gancho, mas não conseguia. Xena viu a vida dele se apagando, extasiada com as linhas vermelhas que começavam a surgir em suas órbitas. Foi arrancada de seu devaneio assassino pelo barulho de um lamento atrás dela.

    Virou-se e viu que era Gabrielle desviando o olhar do que estava fazendo.

    Xena voltou a olhar Prístimo, cuja bexiga tinha se soltado. Era patético. Soltou o homem, que começou a puxar oxigênio e tossir.

    – Saia daqui antes que eu acabe com sua vida miserável – rosnou Xena.

    O homem não se moveu, sem conseguir acreditar que ainda vivia.

    – Não me ouviu, seu idiota?! – gritou Xena – saia daqui!

    Prístimo pareceu recuperar os movimentos do corpo. Levantou-se de um pulo e correu a toda velocidade. Xena o observou se afastar, sentindo-se confusa.

    Um barulho chamou novamente sua atenção, e era o suspiro aliviado de Gabrielle.

    – Por que o poupou? – perguntou Gabrielle.

    – Não tenho a mais puta ideia – disse Xena, mal humorada e arrependida de seu impulso de misericórdia.

    – Hum. Seja qual for o motivo, fico feliz por ele.

    – O cara que disse que você merecia a pior das mortes?

    – Ele disse, não foi?

    – Ah, Gabrielle. Ainda vai acabar morta com esse coração mole.

    – Eu sobrevivi a você. Não acho que tem coisa muito pior.

    – Pare com esses lisonjeios. Estou ficando mal acostumada. Ainda sabe arrombar portas?

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